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Avaliação do sistema respiratório Maximino Rocha Lorena O tórax forma a caixa óssea, ou caixa torácica, e acomoda e protege diferentes estruturas: o coração, os pulmões e espaços pleurais, o mediastino e parte do esôfago. (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) A inspeção clínica constitui o primeiro elemento do exame físico do tórax. Nesse exame, cada região deve ser comparada com a região correspondente do hemitórax oposto, procedimento muito útil para a detecção de pequenos desvios da normalidade. A inspeção clínica divide-se em: • Estática – se examinam a forma do tórax e suas anormalidades; • Dinâmica – se observam os movimentos respiratórios, suas características e alterações. INSPEÇÃO CLÍNICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) Na inspeção estática, observa-se o tórax avaliando sua configuração e possíveis anormalidades congênitas ou adquiridas, localizadas ou difusas, simétricas ou não. • Alterações tegumentares As alterações tegumentares incluem presença de cicatrizes, especialmente relacionadas à esternotomia e drenagem torácica, além da presença de edemas, fístulas torácicas e alterações na coloração, como hiperemia, palidez ou cianose. INSPEÇÃO ESTÁTICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Alterações musculares Nas alterações musculares, observa-se presença de atrofia musculares, encurtamentos ou hipertrofia, especialmente da musculatura acessória da respiração. Pacientes acamados, com DNM ou desnutridos podem apresentar atrofia dos músculos da parede torácica, assim como atrofia muscular periférica, com consequente redução na capacidade funcional e restrição das atividades físicas e da vida diária. INSPEÇÃO ESTÁTICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Alterações osteoarticulares As principais alterações osteoarticulares referem-se aos diâmetros e ao formato da caixa torácica. ○ Ângulo de Charpy Definido como um ângulo formado pelas últimas costelas, sendo utilizado para caracterização da morfologia do tórax e do biotipo do paciente INSPEÇÃO ESTÁTICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Alterações osteoarticulares As principais alterações osteoarticulares referem-se aos diâmetros e ao formato da caixa torácica. INSPEÇÃO ESTÁTICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Alterações nas extremidades É importante verificar alterações nas extremidades a fim de observar a presença de baqueteamento ou hipocratismo digital. Esse sinal é caracterizado pelo aumento (hipertrofia) das falanges distais dos dedos e das unhas das mãos e está associado a diversas doenças, principalmente cardíacas e pulmonares. INSPEÇÃO ESTÁTICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Alterações na parede abdominal Anormalidades abdominais encontradas em quadros de hepatoesplenomegalia, ascite ou distensão gástrica podem levar à restrição na expansibilidade torácica, com consequente redução dos volumes e das capacidades pulmonares e aumento do trabalho muscular respiratório. INSPEÇÃO ESTÁTICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) Na etapa de inspeção dinâmica do exame físico, avaliam-se o padrão respiratório, a FR, o ritmo respiratório, a expansibilidade torácica e o esforço muscular respiratório. INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Padrão respiratório Para avaliar o padrão respiratório, observa-se a movimentação do tórax e do abdome com o objetivo de reconhecer em que regiões os movimentos são mais amplos, definindo assim, os seguintes padrões: ○ respiração torácica ou costal – em bipedestação ou sedestação, a movimentação ocorre predominantemente na porção superior da caixa torácica; trata-se do padrão ventilatório característico das mulheres; ○ respiração diafragmática ou abdominal – a movimentação da metade inferior do tórax e do abdome superior ocorre principalmente no posicionamento em supino; homens e, em especial crianças, apresentam esse tipo de padrão ventilatório; ○ padrão paradoxal – caracteriza-se por retração da parede abdominal e projeção externa do tórax durante a inspiração (Figura 6); ocorre na presença de fadiga ou paralisia diafragmática. Podem existir movimentos respiratórios paradoxais entre os dois hemitórax secundários à instabilidade unilateral da caixa torácica (fraturas múltiplas de arcos costais). INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Esforço respiratório O aumento do esforço respiratório pode ser caracterizado pela presença dos seguintes sinais clínicos: ○ contração da musculatura acessória da inspiração, em especial, da musculatura cervical (esternoclidomastóideo e escalenos); ○ contração da musculatura expiratória (abdominais); ○ batimento das asas do nariz (BAN); ○ tiragens intercostais ; ○ Dispneia. INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Frequência respiratória A FR de um adulto durante o repouso oscila entre 12 e 20 incursões por minuto (ipm), e suas anormalidades são assim denominadas: ○ Bradipneia (FR ≤ 10ipm), comum em pacientes com TCE e overdose de drogas; ○ Taquipneia (FR ≥ 20-24ipm), geralmente associada a aumento da impedância resistiva ou elástica, hipoxemia arterial grave (pressão parcial de oxigênio no sangue arterial – PaO2≤ 50mmHg), exercício intenso, ansiedade ou dor; ○ Apneia (parada temporária da respiração ao final da expiração); ○ Apneuse (parada temporária da respiração ao final da inspiração). INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Ritmo respiratório Os ritmos respiratórios anormais associam-se a alterações da FR, intervalo entre as fases do ciclo ventilatório e amplitude dos movimentos ventilatórios. São eles: Cheyne-Stokes – caracteriza-se por aumento e diminuição da frequência e profundidade da respiração, seguidos de períodos de pausas respiratórias. As causas mais frequentes são a IC, a hipertensão intracraniana, o AVE e o TCE. INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Ritmo respiratório Os ritmos respiratórios anormais associam-se a alterações da FR, intervalo entre as fases do ciclo ventilatório e amplitude dos movimentos ventilatórios. São eles: Biot – apresenta-se com duas fases – a primeira constituída de apneia, e a segunda composta por movimentos inspiratórios e expiratórios anárquicos quanto ao ritmo e à amplitude. Quase sempre indica grave comprometimento cerebral; INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Ritmo respiratório Os ritmos respiratórios anormais associam-se a alterações da FR, intervalo entre as fases do ciclo ventilatório e amplitude dos movimentos ventilatórios. São eles: Kussmaul – caracteriza-se por respirações profundas e rápidas, seguidas ou não de pausas inspiratórias e expiratórias. A acidose metabólica é a sua principal causa INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Expansibilidade torácica Normalmente, a expansibilidade torácica é simétrica e equivalente nos dois hemitórax. As doenças que acometem ambos os pulmões ou a caixa torácica provocam redução bilateral da expansibilidade, o que é comumente observado nas DNMs, DPOC e patologias restritivas. INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Tosse e expectoração A tosse constitui um sintoma de grande variedade de patologias pulmonares e extrapulmonares, sendo um mecanismo reflexo em resposta a um estímulo químico ou mecânico dos receptores presentes na mucosa do trato respiratório superior. A tosse reflexa é composta pelas fases de irritação, inspiração profunda, compressão e expulsão. Denominações comuns: ○ Produtiva ○ Seca ○ Eficaz ○ Ineficaz INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) A palpação torácica consiste em utilizar o TATO para a percepção das estruturas da caixa torácica, sejam elas partes moles ou estruturas ósseas, visando a avaliar a presença de anormalidades como edemas, enfisemas subcutâneos, desvios de traqueia, alterações de sensibilidade, expansibilidade torácica e temperatura, além da obtenção do frêmito toracovocal. PALPAÇÃO TORÁCICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Frêmito toracovocal Composto de sons e vibrações gerados pelas cordas vocais durante a fala e transmitidos por vias aéreas, pulmões e parede torácica. Torna-se mais perceptívelem condições como condensações, neoplasias e derrame pleural, estando reduzido na presença de pneumotórax ou hiperinsufl ação. • Percussão torácica A percussão torácica produz um som grave (baixa frequência) de baixa intensidade (fraco) e, por consequência, denominada vibração. ○ Macicez – aumento da densidade pulmonar (por exemplo: condensações, preenchimento alveolar, derrame pleural, hepatização pulmonar) associado ao aumento da intensidade dos sons produzidos; ○ Timpanismo – diminuição da densidade pulmonar (por exemplo: pneumotórax, enfisema pulmonar) associada à redução da intensidade dos sons gerados. INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) • Percussão torácica A percussão torácica produz um som grave (baixa frequência) de baixa intensidade (fraco) e, por consequência, denominada vibração. ○ Macicez – aumento da densidade pulmonar (por exemplo: condensações, preenchimento alveolar, derrame pleural, hepatização pulmonar) associado ao aumento da intensidade dos sons produzidos; ○ Timpanismo – diminuição da densidade pulmonar (por exemplo: pneumotórax, enfisema pulmonar) associada à redução da intensidade dos sons gerados. INSPEÇÃO DINÂMICA (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) A ausculta deve ser realizada durante todo o ciclo respiratório, descrevendo a presença e a distribuição normal dos sons da respiração, assim como a presença de anormalidades na localização desses sons. ○ Normais ou fisiológicos – som pulmonar e ruído traqueal; ○ Adventícios contínuos – roncos e sibilos; ○ Adventícios descontínuos– crepitações e atrito pleural. AUSCULTA pulmonar (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) AUSCULTA pulmonar (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) (ANDRADE, F.M.D et al, 2010) Ruidos adventícios Ruído Período de ausculta Indicação Doenças relacionadas Roncos Inspiração e expiração Secreção em VA's de grande calibre Bronquiolite, pneumonia, DPOC Sibilos Inspiração e expiração Insp: Secreção em VA's de médio e pequeno calibre. Exp: broncoespasmo /broncoconstrição, edema e secreção. Estertores creptantes Inspiração Abertura súbita de alvéolos, antes colabados por pressão de líquido no espaço alveolar, ou processo inflamatório. Estertores subcreptantes Inspiração e Expiração Secreção grossa em VA's de pequeno calibre Inspiração: pneumonia, DPOC Expiração: Asma, DPOC, Bronquiolite, SDRA, bronquiectasias, Edema agudo, pneumonia, SDRA, derrame pleural Edema pulmonar, bronquite. Referências bibliográficas HASIMOTO, H.K; KALIL, M.E. Exame Físico do Sistema Respiratório. In: JÚNIOR, F.V.A; SOUZA, A.B.G (Eds.). Manual de exame físico. São Paulo: Guanabara Koogan, 2019. p. 189-204. ANDRADE, F.M.D et al (Eds.). AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM TERAPIA INTENSIVA. Porto Alegre: PROFISIO, 2010.
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