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Câncer buca� Incluindo nesse título o câncer de lábio (radiação solar crônica) também mesmo com fator etiológico diferente do câncer intra oral CAVIDADE ORAL - EXAME CLÍNICO Mucosa é tudo = Gengiva, mucosa labial, freio, papilas, vermelhão do lábio, limite do lábio com a pele, mucosa jugal, gengiva posterior, vestíbulo, fundo de saco de vestíbulo, palato duro, pregas palatinas, raf palatina, palato mole, istmo das fauce, língua O CÂNCER BUCAL DISTINGUINDO ENTRE OUTROS CÂNCERES DE CABEÇA E PESCOÇO - REGIÕES DE OCORRÊNCIA DE CÂNCER DE CABEÇA E PESCOÇO = São os cânceres que afetam essas regiões. Contudo o câncer bucal é um tipo de câncer de cabeça e pescoço, sendo o mais comum entre eles EPIDEMIOLOGIA DO CÂNCER BUCAL • Estimativa de novos casos na população brasileira: 15.190 (11.180 homens e 4.010 mulheres) (2020 - INCA). • Relação homem/mulher (1,5:1 - a cada mulher se tem 1,5 homens atingidos). • Indivíduos brancos, a partir dos 50 anos. (caso seja mais jovem e fora dessa faixa etária o desfecho da doença é mais preocupante) • Altamente infiltrativo (rapidamente consegue fazer metástase para linfonodos cervicais), tendência a metástases linfonodais (as células do câncer conseguem produzir enzimas e moléculas capazes de degradar as junções intracelulares se espalhando e atingindo a corrente sanguínea) Os sítios anatômicos mais comuns são regiões vascularizadas por vasos linfáticos e sanguíneos (borda lateral de língua e assoalho bucal - mais de 70%) Doença multifatorial, sendo necessário vários comportamentos além da carcinogênese O CÂNCER BUCAL LESÃO FUNDAMENTAL É UMA ÚLCERA OU TUMOR (massa exofítica que cresce para fora, mostrando um aumento de volume) Muitas lesões começam assim Eritroplasia (lesão vermelha com aspecto aveludado, bem delimitada com região com uma além de erosão uma úlcera). - Carcinoma no início, ulceração inicial (não é afta e nem dói) raramente se tem relato de dor, desconforto ou incômodo mais associado a um trauma secundário ou o comprometimento de algum feixe nervoso pelas células malignas Na parte posterior são (papilas folhadas e não vesículas) ou seja normal da língua, pregas próximo a inserção da língua Diferente do câncer a afta doi Outra lesão, nessa se tem uma úlcera que afeta parte do assoalho bucal é parte da língua (individuo destentado) Bordas da úlcera = bordas em rolete (significa que a lesão está proliferando e invadindo o conjuntivo) Correlação entre o que se está vendo e oque está acontecendo histologicamente (invasão das células neoplásicas dentro do conjuntivo subjacente). Neste caso as bordas não são tão expressivas. Regiao central (úlcera com uma membrana fibrinopurulenta) A lesão fundamental também pode ser um tumor Lesão acima, um tumor (ultrapassa o tamanho de nódulo), massa exofítica (de dentro para fora é seu crescimento) recoberta por membrana esbranquiçada com áreas avermelhadas. Próximo ao carcinoma, uma leucoplasia. Lesão com rápido crescimento Paciente jovem Bordas em rolete (ao palpar é mais endurecida). Pode haver desconforto mais frequentemente não dói Lesão tão grande que não pode ser delimitada Afeta gengiva, rebordo alveolar, fundo de saco de vestíbulo, soalho bucal, gengiva, envolve dente Membrana branca e placas Lesão ulcerada, com formação e presença de placas brancas, com limites imprecisos, envolvendo rebordo gengival e alveolar anterior, na mandíbula, na região do dente 33 e 33, se estendendo para o assoalho. Lesão afetando o rebordo, gengival, região dentada Úlcera, com formação de placas brancas com áreas avermelhadas, provavelmente apresenta um odor característico de tecido necrosado, recoberto por pseudomembranas Lesão curiosamente com região esbranquiçada (exposição óssea da base da mandíbula) Câncer de boca é uma neoplasia de tecido mole, contudo o mesmo é tão infiltrativo, que dependendo do tempo e do padrão pode haver um espalhamento também para o tecido ósseo (imagem radiográfica acusa a lesão ou seja região osteolítica) Características e dados na anamnese ajuda a diagnosticar a lesão (tempo longo, sem dor, início com mancha branca, hábitos tabagistas). Neste caso biópsia em qualquer área (idealmente área que se consegue saturar e com formato navicular, contudo como se trata de um tecido friável se tem dificuldade) Cirurgia com ressecção ampla e margens de segurança (extremamente mutiladora) CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DAS LESÕES • Ulcerações, nódulos ou massas tumorais. • Pode haver áreas sangrantes, áreas necrosadas, odor. • Dor não é um achado comum, e quando presente pode denotar que o tumor atinge os nervos locais. • Geralmente os pacientes com tumores avançados também denotam linfonodos palpáveis no pescoço . CARACTERÍSTICAS RADIOGRÁFICAS DAS LESÕES • Lesão radiolúcida difusa (mal delimitada com bordas irregulares), irregular, com aspecto de “roído por traças”. CONTUDO APENAS COM RADIOGRAFIA NÃO É POSSÍVEL AFIRMAR Clínica é soberana, radiografia é complementar EXAME CLÍNICO - CADEIAS LINFONODAIS Sempre palpar os linfonodos Pacientes com lesões de câncer bucal podem apresentar linfonodos metastáticos como na imagem (linfonodo fixo e solido, não é possível se mover. Significa que o espalhamento das células tumorais já se infiltrou inclusive na cápsula do linfonodo) Linfonodos aumentado de volume mas ainda moles - Significa que esta metástase ainda não se espalharam para a cápsula, ou seja isenta O CÂNCER BUCAL – FATORES DE RISCO EXTERNOS OU EXTRÍNSECOS • Principais fatores de risco: uso crônico de tabaco em suas diferentes formas (cigarros industrializados, palha, cachimbo, charuto, noz de areca, masca de bétel, fumo de rolo). • Álcool - principalmente associado ao tabaco , efeito sinergístico onde o álcool potencializa o efeito carcinogênico do tabaco • HPV (subtipos 16 e 18) já observados em lesões de câncer de boca. Virus que facilita a carcinogênico • Radiação UV (exclusiva para o câncer de lábio). O CÂNCER BUCAL –PATOGÊNESE - Célula epitelial contém uma série de mecanismos que controlam a célula (apoptose, por exemplo). Contudo no processo de carcinogênese ocorre a alteração de proteínas que controlam processos como esses por exemplo (desregulação de ciclina, problemas com as caspases, moléculas anti apoptóticas vão se expressar mais. • Alterações nas células, resultantes de fatores genéticos (internos) e epigenéticos (influenciados pelo ambiente) = desregulação de vias que regem a proliferação, apoptose, envelhecimento celulares. • Todas essas mutações interferem na "leitura" da molécula de DNA sem alterar sua sequência. DNA defeituoso = disfunção Cancer = perda do controle da divisão EXEMPLO DE FATOR EPIGENÉTICO (alteração molecular que pode causar exteriormente) = Inserção de um grupo metil no DNA (metilação) ou adição de acetil ou seja acetilação da histona (prejudica o enovelamento correto do DNA) ocasionando mutações LINFONODOS FIXOS E ENDURECIDOS LINFONODOS MÓVEIS E ENDURECIDOS Células tumorais já se espalharam inclusive para a cápsula desses linfonodos Provavelmente cápsula ta isenta DNA enrolado até virar cromossomo Histonas que ajudam a enrolar e desenrolar o DNA O CÂNCER BUCAL E O CONCEITO DE CAMPO DE CANCERIZAÇÃO • Também chamado de “defeito de campo” ou “efeito de campo”. Mutações que se acumulam gerando uma lesão precursora (leucoplasia). Contudo não impede o surgimento de uma nova lesão devido ao campo alterado. Alteração molecular , para que ela fique visível deve aparecer uma lesão • Neste contexto, assume-se que alterações moleculares iniciais em células da mucosa oral normal levariam à formação de um campo alterado. Este campo tem aparência clínica normal. • Em seguida, o campo expande sobre uma superfície maior da mucosa e alterações moleculares adicionais levam ao aparecimento de uma lesão precursora ou cancerizável. Esta lesão pode ser uma leucoplasia. • Novas alterações (genéticas ou epigenéticas) podem levar à transformação maligna da lesão precursora ou o aparecimento de nova lesão precursora próxima da lesão transformada → Epitélio da mucosa e tecido conjuntivo dividido pela membrana basal Na região do epitélio se tem uma camada basal com células pluripotente (camada germinativa) - Alteração inicial (área de mucosa na qual vai ocorrer uma mutação). Células mutantes - Como a camada basal é germinativa essa alteração molecular (não é visível a olho nu). Células vão se multiplicando e se dividindo. Consequentemente a alteração começa a se expandir por uma área maior ou seja um campo - Campo com alteração molecular e dentro dele se desenvolve uma lesão visível como a leucoplasia por exemplo - Lesão pode se transformar em carcinoma. - Em outra área diferente aparece outra lesão devido ao campo alterado - O carcinoma foi excisado contudo sem mexer na lesão precursora que pode se desenvolver em outro carcinoma - Ou seja mesmo excisado podem aparecer outros tumores devido ao campo de cancerização - Clinicamente normal contudo molecularmente alterado O CÂNCER DE LÁBIO • Principal fator de risco: exposição prolongada, crônica aos raios UV. Frequência maior em lábio inferior (anatomicamente o sol expõem mais nesta região) • Taxas de sobrevida e prognóstico mais favorável para o paciente. Taxa de cura de 90% Lesão também é uma úlcera, ou nódulo Aumento de volume geralmente demonstrando ulceração, bordas em rolete, demonstrando a capacidade infiltrativa das células tumorais dentro do tecido conjuntivo adjacente. Lábio é um região mais ressecada logo as lesões podem apresentar formação de crostas Queilite actínica lesão precursora Lesão localizada no lábio inferior do lado esquerdo próximo à comissura se estendendo do dente 34 até 31 Bordas elevadas e endurecidas, o centro apresenta crosta. Neste caso a biópsia não faz tanta diferença no local no qual vai ser feito. Preferência de biópsia perilesional principalmente devido a sultura CÂNCER DE BOCA: DIAGNÓSTICO • Achados clínicos, histórico do paciente levantados na anamnese e exames complementares (exame de imagem, tomografia dependendo da extensão como na maxila - lesão intra óssea) e a biópsia incisional para fechar o diagnóstico • Achados histopatológicos: biópsia incisional (desejável é atingir certa profundidade do tecido em espessura e em profundidade) CÂNCER DE BOCA : ACHADOS HISTOPATOLÓGICOS Carcinoma no microscópio → Tecido epitelial maligno proliferando (proliferação maligna em células epiteliais). Carcinoma (tumor maligno em região de epitélio). Carcinoma epidermóide ou de células escamosas = Nome apropriado para o câncer de boca → Proliferação maligna de queratinócitos neoplásicos (assume formato de ninhos, lençóis ou cordões) Quando sua origem vem de células epiteliais se trata de uma lesão diferenciada = Quanto mais diferenciado mais característica de células que deram origem a esse tumor vão estar presentes como neste caso se trata células produtoras de queratina (queratinócitos) dentro do tumores se observa depósitos de queratina (pérolas córneas) logo ainda se trata de um tumor diferenciado. QUANTO MAIS DESDIFERENCIADO UM TUMOR É (MORFOLOGIA NÃO LEMBRA EM NADA AS CÉLULAS DE ORIGEM) MAIS AGRESSIVO O MESMO É TUMOR MAIS ANAPLÁSICOS = INFILTRAM MAIS, MAIS REINCIDIR CÂNCER DE BOCA: ACHADOS HISTOPATOLÓGICOS Proliferação maligna de células escamosas em ninhos, lençóis ou cordões, exibindo pleomorfismo celular e nuclear, mitoses atípicas, hipercromasia, pérolas de ceratina. Célula maligna grandes demais, pequenas demais (alteração na proporção núcleo citoplasma), hipercromasia, mitose atípica CÂNCER DE BOCA: TRATAMENTO • O papel do CD: encaminhamento para o serviço de referência (equipe multidisciplinar). • Antes do início do tratamento – dentista pode fazer atendimento odontológico visando a eliminação de potenciais focos de infecção/inflamação (extração). • Cirurgia: ressecção ampla com margem de segurança . Esvaziamento cervical em caso de afetar linfonodos • Radioterapia (60-70 Gy) e/ou quimioterapia (Cisplatina). • Após – CDtem uma participação na manutenção da saúde oral e reabilitação. ESTADIAMENTO Estadiamento → Gravidade do tumor, adota um sistema chamado TNM (tamanho, envolvimento de linfonodo, ausência ou presença de metástase) LUGARES DE MAIOR INCIDÊNCIA DE METÁSTASE DO CÂNCER DE BOCA = Pulmões (depois dos linfonodos cervicais esses são os órgãos mais acometidos por metástase), fígado, ossos e por fim os rins CUIDADOS COM O PACIENTE EM TRATAMENTO - EFEITOS DA TERAPIA ANTINEOPLÁSICA • Mutilações (dificuldades na mastigação, deglutição, fala, trismo, dor, alteração do paladar) • Infecções bacterianas, fúngicas, virais. • Destruição de glândulas salivares (pacientes oncológico tem xerostomia) – cáries, doença periodontal e infecções oportunistas • Osteorradionecrose (osso que recebe radiação ficando pobre na vascularização) • Mucosite oral. (alteração da mucosa) - Pode haver necessidade de próteses maxilofaciais Efeitos adversos CUIDADOS COM O PACIENTE EM TRATAMENTO - EFEITOS DA TERAPIA ANTINEOPLÁSICA Caries causada pela xerostomia devido ausencia da saliva Osteorradionecrose ou seja mínimos traumas expoem osso e o mesmo necrosa Precisa ser removido A radiação e a quimioterapia deixam o epitélio fino, atrófico dessa forma ele fica suscetível a traumas pequenos e podem ficar de ligeiro vermelho até resultando em úlceras com participação de células inflamatórias e microrganismos penetrando a região Autolimitante Aparace logo nas primeiras semanas MUCOSITE ORAL Possui diversos níveis de gravidade Primeira foto → Último grau = Úlcera com formação de pseudomembranas purulentas dolorosas espalhadas por toda mucosa do paciente presentes também em crianças com leucemia por exemplo Dependendo da gravidade o paciente vem a óbito Inicialmente associado ao vermelho com sensação de ardência (laser ajuda acelerando a cicatrização)