Extensão ou Comunicação

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Sociedade, agricultura e 
comunicação de tecnologias
EXTENSÃO OU COMUNICAÇÃO?
Professora: Cristina Amarante
TERMO EXTENSÃO
AÇÃO DE ESTENDER ALGO
Extensão ........................ Transmissão
Extensão ........................ Sujeito ativo (o que estende)
Extensão ........................ Conteúdo (que é escolhido por quem estende)
Extensão ........................ Recipiente (do conteúdo)
Extensão ........................ Entrega (de algo que é levado por um sujeito que se
encontra “atrás do muro” àqueles que se encontram “além do muro”, “fora do muro”.
Daí que se fale em atividades extra-muros)
Extensão ........................ Messianismo (por parte de quem estende)
Extensão ........................ Superioridade (do conteúdo de quem entrega)
Extensão ........................ Inferioridade (dos que recebem)
Extensão ........................ Mecanicismo (na ação de quem estende)
“CAMPO ASSOCIATIVO”, O TERMO EXTENSÃO SE ENCONTRE EM 
RELAÇÃO SIGNIFICATIVA COM TRANSMISSÃO, ENTREGA, DOAÇÃO, 
MESSIANISMO, MECANICISMO, INVASÃO
CULTURAL, MANIPULAÇÃO, ETC.
ENTRETANTO A AÇÃO EXTENSIONISTA ENVOLVE, QUALQUER QUE SEJA O 
SETOR EM QUE SE REALIZE, A NECESSIDADE QUE SENTEM AQUELES QUE A 
FAZEM, DE IR ATÉ A “OUTRA PARTE DO MUNDO”, CONSIDERADA INFERIOR, 
PARA, À SUA MANEIRA, “NORMALIZÁ-LA”. PARA FAZÊ-LA MAIS OU MENOS 
SEMELHANTE A SEU MUNDO.
ESTENDER SEUS CONHECIMENTOS E SUAS TÉCNICAS AO HOMEM PARA 
TRANSFORMAR O AMBIENTE EM QUE VIVEM
É O MODELO DE EXTENSÃO QUE FOI DIFUNDIDA NA “REVOLUÇÃO 
VERDE”, NA AGROINDÚSTRIA E NO AGRONEGÓCIO, NO QUAL O PAPEL 
DO EXTENSIONISTA É ESTENDER ALGO A ALGUÉM
TEMOS A FONTE DE CONHECIMENTO ATRAVÉS DE PESQUISAS, E DO 
MEDIADOR QUE É O EXTENSIONISTA 
SEGUNDO ESSES TERMOS O HOMEM É TRANSFORMADO EM “COISA” , 
NEGANDO A SUA PARTICIPAÇÃO NA TRANSFORMAÇÃO DO MEIO EM 
QUE VIVE
SERIA ESTE O PAPEL DA EXTENSÃO?
DESVALORIZAMOS O AGRICULTOR, SEUS CONHECIMENTO LOCAIS 
SOBRE SEU ECOSSISTEMA DE FORMA PROPOSITAL, POIS É MAIS DIFÍCIL 
PASSAR CONHECIMENTO A QUEM JÁ POSSUI ALGUM
A EXTENSÃO DEVE SER EDUCATIVA LIBERTADORA, 
SEGUNDO PAULO FREIRE
DEVEMOS TER UMA REFLEXÃO CRÍTICA DO SIGNIFICADO DE 
EXTENSÃO, SEM CONTUDO NEGARMOS A IMPORTÂNCIA DO PAPEL 
DO MÉDICO VETERINÁRIO COMO UM EDUCADOR
NÃO SE PODE CAIR EM CONTRADIÇÃO DE SER UM EDUCADOR E 
AGIR DE FORMA A “PERSUADIR AS POPULAÇÕES RURAIS A 
ACEITAR NOSSA PROPAGANDA E APLICAR ESTAS POSSIBILIDADES”
NÃO PODEMOS ACEITAR A PERSUASÃO COMO FORMA DE 
EDUCAÇÃO, POIS A MESMA SÓ EXISTE QUANDO ENCARNA A BUSCA 
DO HOMEM UNS PELOS OUTROS NO MUNDO EM QUE ESTÃO
SEGUNDO PAULO FREIRE, A EDUCAÇÃO É LIBERTADORA. A 
PERSUASÃO É DOMESTICADORA
SUJEITO (EXTENSIONISTA)- OBJETO (CAMPONESES)
NÃO SE SUBMETE NEM AO CAMPONÊS E NEM A NINGUÉM À 
PERSUASÃO DA PROPAGANDA. DEVE-SE PROBLEMATIZAR SUA 
SITUAÇÃO AO HOMEM, FAZENDO-O CAPTAR CRITICAMENTE A 
REALIDADE E ATUAR SOBRE ELA
NÃO CABE AO EXTENSIONISTA ESTENDER SUAS
TÉCNICAS, ENTREGÁ-LAS, PRESCREVÊ-LAS; PERSUADIR 
OS CAMPONESES E TORNÁ-LOS O PAPEL EM BRANCO 
PARA SUA PROPAGANDA.
EQUÍVOCOS DA EXTENSÃO
O OBJETIVO DO EXTENSIONISTA É TENTAR FAZER COM QUE AQUELES 
SUBSTITUAM SEUS “CONHECI MENTOS”, ASSOCIADOS A SUA AÇÃO 
SÔBRE A REALIDADE, POR OUTROS. E ESTES SÃO OS CONHECIMENTOS 
DO EXTENSIONISTA.
ESPERA-SE QUE O CAMPONÊS MUDE SUA FORMA EMPÍRICA DE 
TRATAR A TERRA POR OUTRA, CAUSANDO UMA MUDANÇA. 
PORTANTO A EXTENSÃO RURAL ATUA COMO UM CAMPO TÉCNICO 
DE MUDANÇAS
 A TAREFA DO EDUCADOR, EM SUA PLENA CONSCIÊNCIA, DE QUE NÃO 
SABE TUDO E DE QUE SEMPRE PODE APRENDER MAIS, É TRANSFORMAR O 
INDIVÍDUO EM OUTRO QUE PENSA QUE NADA SABE EM OUTRO QUE PENSA 
QUE SABE ALGO PARA APRENDER SEMPRE MAIS. 
 PRESSUPOSTO QUE POUCO SEI (MAS SEI ALGO) E QUE ESSE ALGO DEVE 
SER COMPARTILHADO COM O POUCO QUE O OUTRO SABE
 LEVO O MEU CONHECIMENTO AO CAMPONÊS E DEVO ESTAR PRONTO E 
ABERTO AO CONHECIMENTO E EXPÊRIÊNCIAS DELE
A TRANSFERÊNCIA DE CONHECIMENTO NÃO É ALGO ESTÁTICO. 
NECESSITA DA PARTICIPAÇÃO CURIOSA DO SUJEITO, DA BUSCA 
CONSTANTE E REFLEXÃO CRÍTICA
CONHECER É TAREFA DE SUJEITO , NÃO DE UM OBJETO
SÓ SE APRENDE AQUILO QUE SE APREENDE. QUEM É APENAS 
PREENCHIDO DE INFORMAÇÕES QUE CONTRADIZEM SUA FORMA DE 
ESTAR NO MUNDO, NÃO APRENDE
 PROBLEMATIZAR A REALIDADE, COMPREENDER OS “COMOS E OS 
PORQUÊS”
 POR QUE ADOTAMOS CERTAS TECNOLOGIAS? O QUE ELAS REPRESENTAM 
NA MINHA REALIDADE? TEMOS TODAS AS INFORMAÇÕES DESSE MODELO 
DE AGRICULTURA QUE ESTAMOS ADOTANDO? QUAIS SÃO OS MITOS ? 
PRECISO DE TRANSGÊNICOS E AGROTÓXICOS PARA ACABAR COM A 
FOME NO MUNDO?QUAIS OS MODELOS DE IMPACTOS DESSE TIPO DE 
AGRICULTURA? OS AGRICULTORES CONHECEM OS IMPACTOS À SAÚDE, 
MEIO AMBIENTE?
 QUANDO PROBLEMATIZAMOS ESSA REALIDADE, NOS IMBUÍMOS DE UMA 
RESPONSABILIDADE EM BUSCAR SOLUÇÕES
 É MUITO COMUM CRITICAR O USO DE AGROTÓXICOS E PESTICIDAS EM 
TRABALHOS AGROECOLÓGICOS, MAS GERALMENTE NÃO SE APRESENTAM 
SOLUÇÕES DEIXANDO O AGRICULTOR MAIS CONFUSO
 A MEDIDA QUE PROBLEMATIZAMOS A REALIDADE:
 REFORÇAMOS NOSSO COMPROMISSO EM BUSCAR SOLUÇÕES E ALTERNATIVAS 
PARA ESSE MODELO 
 NOS APROXIMAMOS DA COMUNIDADE, DO AGRICULTOR E DAS SUAS 
FAMÍLIAS
SEGUNDO PAULO FREIRE TODOS NÓS TEMOS UMA 
IDEOLOGIA. A QUESTÃO É SABER SE A SUA IDEOLOGIA 
É VOLTADA PARA A LIBERTAÇÃO DOS OPRIMIDOS OU 
PARA A MANUTENÇÃO DELES
PRESSUPOSTOS DE UMA EXTENSÃO BASEADAS NA EDUCAÇÃO 
LIBERTADORA:
 O CONHECIMENTO NÃO SE TRANSMITE, ELE SE CONTRÓI A PARTIR DE UM 
DIÁLOGO DE SABERES. AS DUAS PARTES DEVEM TROCAR INDORMAÇÕES. 
 PROBLEMATIZAREM A REALIDADE EM QUE VIVEM
 DECISÃO EM CONJUNTO (EXTENSIONISTA- AGRICULTOR) E ECOLETIVA (ENTRE 
AGRICULTORES)
 APREENDER A REALIDADE (EMPODERAR-SE)
NÃO SE DISCUTE NENHUMA BASE TÉCNICA SEM O AGRICULTOR 
ENTENDER ONDE ESTÁ INSERIDO NO CONTEXTO
 QUAIS AS QUESTÕES POLÍTICAS ENVOLVIDAS?
 COMO LIDAR COM LEGISLAÇÕES AMBIENTAIS? 
EXISTEM NO MEIO CAMPONÊS IDEIAS E 
PENSAMENTOS LIGADOS A MAGIA:
Ex: No nordeste brasileiro, é comum combater a praga de lagartas, fincando-se três
estacas em forma de triângulo no lugar mais castigado por elas. Na extremidade de
uma das estacas há um prego em que o camponês espeta uma delas. Está convencido 
de que as demais, com medo, se retiram, “em procissão”, entre uma estaca e outra. 
Enquanto espera, contudo, que se vão, perde o camponês sua colheita, em parte ou 
em grande parte.
EX: Em uma região do norte do Chile, conta um agrônomo que, em seu trabalho
normal, encontrou uma comunidade camponesa totalmente impotente em face do
poder destruidor de uma espécie de roedores que dizimavam sua plantação.
Perguntando-lhes o que costumavam fazer em tais casos, ouviu dos camponeses que,
ao lhes ser imposto, pela primeira vez, semelhante “castigo”, haviam sido salvos por
um sacerdote. Este fez umas orações e os ‘animalitos’ fugiram assustados até o mar, onde 
morreram afogados”
COMO SUBSTITUIR TODOS ESSES MÁGICOS PROCEDIMENTOS POR TÉCNICAS 
MODERNAS? COM CERTEZA NÃO É COM O MODELO DE EXTENSÃO 
MECANICISTA
O PENSAMENTO NÃO É ILÓGICO, ESTÁ LIGADO A UMA LINGUAGEM E 
ESTRUTURA DO MODO DE ATUAR. TENTAR SOBREPOR ESSE PENSAMENTO 
É VISTO COMO INVASIVO E DESESTABILIZADOR INTERNO
A SIMPLES PRESENÇA DE OBJETOS NOVOS, DE UMA TÉCNICA, DE UMA
FORMA DIFERENTE DE PROCEDER, EM UMA COMUNIDADE, PROVOCA 
ATITUDES QUE PODEM SER DE DESCONFIANÇA, DE RECUSA, TOTAL OU 
PARCIAL, COMO DE ACEITAÇÃO TAMBÉM.
A SUBSTITUIÇÃO DE PROCEDIMENTOS MÁGICOS POR TÉCNICAS 
“ELABORADAS”, ENVOLVE O CULTURAL, OS NÍVEIS DE PERCEPÇÃO QUE 
SE CONSTITUEM NA ESTRUTURA SOCIAL; ENVOLVEM PROBLEMAS DE 
LINGUAGEM QUE NÃO PODEM SER DISSOCIADOS DO PENSAMENTO, 
COMO AMBOS, LINGUAGEM E PENSAMENTO, NÃO PODEM SÊ-LA DA 
ESTRUTURA.
DESTA FORMA, A SUBSTITUIÇÃO DO PROCEDIMENTO EMPÍRICO DOS 
CAMPONESES POR NOSSAS TÉCNICAS “ELABORADAS” É UM PROBLEMA 
ANTROPOLÓGICO, EPISTEMOLÓGICO E TAMBÉM ESTRUTURAL. NÃO PODE, 
POR ISSO MESMO, SER RESOLVIDO ATRAVÉS DO EQUÍVOCO A QUE 
CONDUZ O CONCEITO DE “EXTENSÃO”.
HÁ O EQUÍVOCO DE NÃO VER A REALIDADE COMO TOTALIDADE.ISTO SE 
REPETE, POR EXEMPLO, QUANDO SE TENTA A CAPACITAÇÃO DOS CAMPONESES 
COM UMA VISÃO INGÊNUA DO PROBLEMA DA TÉCNICA. ISTO É, QUANDO NÃO 
SE PERCEBE QUE A TÉCNICA NÃO APARECE POR CASUALIDADE; QUE A TÉCNICA 
BEM ACABADA OU “ELABORADA”, TANTO QUANTO A CIÊNCIA DE QUE É UMA 
APLICAÇÃO PRÁTICA, SE ENCONTRA, COMO JÁ AFIRMAMOS, CONDICIONADA
HISTÓRICO-SOCIALMENTE.
“SUAS ATITUDES EM FACE DA EROSÃO, DO REFLORESTAMENTO, DA SEMEADURA, 
DA COLHEITA, TÊM QUE VER COM SUAS ATITUDES COM RELAÇÃO AO CULTO 
RELIGIOSO, AO CULTO DOS MORTOS, À ENFERMIDADE DOS ANIMAIS E À SUA 
CURA, CONTIDAS ESTAS MANIFESTAÇÕES TÔDAS EM SUA TOTALIDADE CULTURAL. 
COMO ESTRUTURA, ESTA TOTALIDADE CULTURAL REAGE GLOBALMENTE. UMA DE 
SUAS PARTES AFETADA PROVOCA UM AUTOMÁTICO REFLEXO NAS DEMAIS”
PAULO FREIRE
QUANDO SE TENTA MODIFICAR TÉCNICAS REFERENTES ÀS CRENÇAS, 
COMO SE AMEAÇAM AS CRENÇAS QUE, POR SUA VEZ, DETERMINAM 
TÉCNICAS E FORMAS DE AÇÃO E DE COMPORTAMENTO.
O CONHECIMENTO NÃO SE ESTENDE DO QUE SE JULGA SABEDOR ATÉ 
AQUÊLES QUE SE JULGA NÃO SABEREM; O CONHECIMENTO SE CONSTITUI NAS 
RELAÇÕES HOMEM-MUNDO, RELAÇÕES DE TRANSFORMAÇÃO, E SE 
APERFEIÇOA NA PROBLEMATIZAÇÃO CRÍTICA DESTAS RELAÇÕES.
POR ISSO QUE O PAPEL DO AGRÔNOMO E DO VETERINÁRIO DEVE IR ALÉM 
DO ADESTRAMENTO E TREUNAMENTO DE CAMPONESES. SE PRENDER 
SOMENTE A ISTO PODE ATÉ LHE TRAZER UMA ALTA RENTABILIDADE, MAS 
NÃO TERÁ CONTRIBUÍDO EM NADA OU QUASE EM NADA COMO 
HOMENS. 
SOMENTE HÁ COMUNICAÇÃO QUANDO HÁ DIÁLOGO
A TENDÊNCIA DO EXTENSIONISMO É CAIR FACILMENTE NO USO DE TÉCNICAS 
DE PROPAGANDA, DE PERSUASÃO, NO VASTO SETOR QUE SE VEM CHAMANDO 
“MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA”.
OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM MASSA, ATRAVÉS DE CUJAS TÉCNICAS 
AS MASSAS SÃO CONDUZIDAS E MANIPULADAS, E, POR ISTO MESMO, NÃO 
SE ENCONTRAM COMPROMETIDAS NUM PROCESSO EDUCATIVO-
LIBERTADOR
O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO HUMANA NÃO PODE
ESTAR ISENTO DOS CONDICIONAMENTOS SÓCIO-CULTURAIS.