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1 Melinna Cardoso P5 Tutoria de Semiologia II – 22.07 Objetivos: ✓ Pesquisar sobre os termos desconhecidos; ✓ Relacionar a sintomatologia com os possíveis diagnósticos; ✓ Identificar os exames específicos de acordo com as hipóteses diagnósticas. 1. Termos a esclarecer: • Hemoptoico: Indivíduo que, através da tosse, expele sangue dos pulmões, traqueia e brônquios; quem sofre de hemoptise. • Trepopneia: Tipo de dispneia que surge, em geral, em decúbito lateral, devido à patologia contralateral. • Vômica: expulsão, por meio da tosse, de secreções supuradas provenientes dos pulmões. Ocorre quando uma cavidade é drenada, bruscamente, para o brônquio. • Pectorilóquia: Audição percetível das palavras pela auscultação sobre a parede torácica e que, em regra, é indicativa de consolidação parenquimatosa pulmonar. 2. Sinais e sintomas: • Principais manifestações clínicas: dispneia e tosse (seca ou produtiva); • Exame físico: Inspeção: Expansibilidade diminuída; Palpação: Frêmito toracovocal aumentado; Percussão: Submacicez ou macicez; Ausculta: Respiração brônquica substituindo o murmúrio vesicular, broncofonia ou egofonia, pectorilóquia e estertores finos. Fonte: Exame Clínico: Bases para a prática médica, 6ª edição. 3. Exames complementares: O diagnóstico da PAC é realizado com base no quadro clínico, devendo ser confirmado pela radiografia de tórax. Indica-se a realização de tomografia computadorizada (TC) de tórax apenas se houver dúvida diagnóstica e suspeita de complicações, como derrame pleural loculado. A identificação etiológica da pneumonia é desnecessária em pacientes ambulatoriais, devendo ser iniciado o tratamento empiricamente. Nos casos de PAC grave, deve-se tentar o diagnóstico etiológico, visto que se associa a menor mortalidade. Pode-se realizar hemoculturas, exame do escarro, aspirado traqueal e lavado broncoalveolar para obtenção do agente etiológico. Testes sorológicos não devem ser utilizados rotineiramente. PNEUMONIA A pneumonia é definida como uma doença inflamatória aguda de causa infecciosa (bactérias, fungos, vírus) que afeta os espaços aéreos. • A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é aquela adquirida fora do ambiente hospitalar ou desenvolvida nas primeiras 48 horas após a internação. • Já a pneumonia adquirida no hospital (PAH) manifesta-se após 48 horas da admissão hospitalar. Etiologia: • Em relação à PAC, o Streptococcus pneumoniae (Pneumococo) é o agente mais frequente em todas as idades, sendo responsável por cerca de dois terços das PACs. Entre todos os agentes, os típicos – S. pneumoniae, H. influenzae, M. catarrhalis, K. pneumoniae, S. aureus, S. pyogenes e P. aeroginosas – mais frequentemente cursam com um quadro típico de típico de pneumonia. Os atípicos - Mycoplasma pneumoniae, Chlamydophila pneumoniae, Legionella 2 Melinna Cardoso P5 pneumophila e os vírus respiratórios – cursam com um quadro mais arrastado, com predomínio de tosse com pouca expectoração e febre baixa, lembrando mais um quadro gripal. • Quando se trata de PH, até o 4º dia de internação (início precoce), são mais vistos: Pneumococo, M. catarrhalis e H. influenzae. S. aureus sensíveis à oxacilina; já os agentes mais frequentes após o 5º dia de internação (início tardio), são: Pseudomonas aeruginosa, Escherichia colli, Klebsiella pneumoniae e Acinetobacter spp e S. aureus resistentes à oxacilina. Vale ressaltar que os agentes etiológicos variam entre as instituições e, por isso, é importante conhecer a flora local para que o tratamento seja mais específico e eficaz. Clínica: • Pacientes com Pneumonia costumam apresentar quadro de tosse com ou sem expectoração, dispneia, febre e dor torácica, porém, outros sintomas menos comuns podem aparecer, como dor pleurítica, mialgias, anorexia e fadiga. • Ao exame físico, pode ser visto taquicardia, taquipneia, hipotensão, crepitações, redução dos murmúrios vesiculares, aumento do frêmito toracovocal, sinais de consolidação. Em relação aos idosos, o limiar de suspeita para pneumonia deve ser mais baixo, pois os mesmos podem não manifestar febre, tosse ou dispneia, e geralmente apresentam-se confusos, com mudanças na capacidade funcional e ainda agravamento de uma doença de base preexistente. Diagnóstico: • O diagnóstico é baseado nos achados clínicos – febre, tosse, dispneia, dor torácica - juntamente com exame físico – estertores crepitantes, sinais de consolidação, taquipneia e taquicardia – e alterações radiológicas. • Os principais padrões de alterações vistas na radiografia de tórax são: consolidação lobar, focos de consolidação, opacidades intersticiais e cavitação. • Outros testes diagnósticos: - Hemograma: completa o diagnóstico clínico, podendo apresentar leucocitose (>12.000) ou leucopenia (< 60mmHg) ou hipercapnia (PaCO2 > 45mmHg) e indicar suplementação de oxigênio ou internação na UTI. - Hemocultura: geralmente indicada aos pacientes com pneumonia considerada grave ou refratária ao tratamento. - Cultura de escarro: difícil obtenção de amostras adequadas e com qualidade. Deve ser realizado apenas quando há condições adequadas. Geralmente solicitados para pacientes com indicação de internação em UTI, refratários ao tratamento, alcoolistas, com doenças hepáticas ou pulmonares graves, entre outros. Tratando-se de Pneumonia Hospitalar, considera-se o diagnóstico quando há um infiltrado radiológico novo ou progressivo associado à pelo menos dois dos seguintes critérios: febre; secreção traqueal purulenta; leucopenia ou leucocitose; e hipoxemia. Na PH, é sempre recomentado colher escarro ou aspirado traqueal, caso o paciente esteja intubado. Estratificação de risco: • A avaliação da gravidade do quadro do paciente é importante para determinar se há ou não necessidade de internamento. • Atualmente, o critério para internação mais utilizado para aqueles pacientes com PAC é o CURB-65: C – nível de consciência (avaliar se há confusão mental) U – ureia > 50 mg/dL 3 Melinna Cardoso P5 R – frequência respiratória ≥ 30 ipm B – “blood pressure” PAS < 90 mmHg e/ou PAD ≤ 60 mmHg 65 – idade > 65 anos Pontuação CURB 65: 0 – 1: Tratamento ambulatorial 2: Internação de curta estadia ou tratamento ambulatorial supervisionado ≥3: Internação hospitalar 5: Considerar leito em UTI Utilizar os critérios da ATS pera definir internação na enfermaria ou UTI Critérios da ATS: UTI se 1 critério maior ou 3 critérios menores: • Critérios maiores: instabilidade hemodinâmica com necessidade de vasopressores (choque séptico), necessidade de ventilação mecânica, ventilação não invasiva, FiO2 > 40% para manter saturação de oxigênio > 90%. • Critérios menores: FR ≥ 30 ipm, PaO2/FiO2 ≤ 250, infiltrado multilobar, confusão ou desorientação, uremia, leucopenia, trombocitopenia, hipotermia, hipotensão necessitando reposição volêmica grave. Tratamento: A terapia antimicrobiana é iniciada de forma empírica. Pneumonia adquirida na Comunidade: • Tratamento ambulatorial: Empírico, busca cobrir os patógenos mais comuns (S. pneumoniae, M. pneumoniae, C. pneumoniae, H. influenza) Os antimicrobianos recomendados sãoa Azitromicina e a Claritromicina (macrolídeos). • Pacientes com comorbidades: azitromicina ou claritromicina + β- lactâmico OU fluoroquinolona (levofloxacino, moxifloxacino, gemifloxacino). Se houver suspeita de aspiração e infecção por anaeróbios, associar β-lactâmico (exemplo: amoxicilina) com inibidores de β-lactamase (clavulanato ou sulbactam). OBS: Caso o paciente tenha alergia à penicilina, administra-se clindamicina. Duração do tratamento – até que o paciente se torne afebril por 72h; de 7 a 14 dias para os germes atípicos. • Internação em enfermaria: 1ª dose via parenteral nas primeiras 4 horas após admissão hospitalar. • Antimicrobianos mais usados – Levofloxacino, Moxifloxacino, Gatifloxacino (fluroquinolonas) OU Azitromicina OU Claritromicina (macrolídeos) associados a β-lactâmicos com inibidores de β-lactamase OU Cefalosporina de 2ª ou 3º geração (Cefuroxima, Cefotaxima, Ceftriaxone). • Internação em UTI: o tratamento será semelhante ao de pacientes internados na enfermaria, caso o paciente não apresente risco para infecção por pseudomonas. Entretanto, não se deve utilizar fluoroquinolonas em monoterapia. Preferir a combinação de β-lactâmicos + Macrolídeos OU β-lactâmicos + Fluoroquinolonas. Caso haja fatores de risco para pseudomonas, deve-se utilizar um β- lactâmico antipseudomonas (piperacilina-tazobactam ou cefepime ou ceftazidima ou meropenem ou imipenem) + ciprofloxacino. Pneumonia Hospitalar: Tratamento deve ser iniciado sempre por via endovenosa, sendo transferido para via oral a depender da resposta do paciente. 4 Melinna Cardoso P5 Recomenda-se usar antibiótico de menor espectro quando é possível identificar o patógeno, e, em casos de culturas negativas, suspender os antimicrobianos, com objetivo de evitar excesso de drogas de amplo espectro e emergência de germes multirresistentes. • Pneumonia de início precoce: os antimicrobianos mais utilizados são Levofloxacino, Moxifloxacino (quinolonas) OU Amoxicilina + clavulanato, Amoxicilina + sulbactam, Ampicilina + sulbactam (β-lactâmicos + inibidores de β-lactamase) OU Ceftriaxone (Cefalosporina de 3ª geração sem atividade antipseudomonas). • Pneumonia precoce grave/de início tardio/risco de resistência: terapia combinada com dois agentes antipseudomonas – Cefepime, Ceftadizima (cefalosporinas com atividade antipseudomonas) OU Meropenem (carbapenêmico) OU Piperacilina-Tazobactam + Ciprofloxacino ou Levofloxacino OU Gentamicina (aminoglicosídeo) + Vancomicina. Referências bibliográficas 1. Longo, DL et al. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 19th ed. New York: McGraw- Hill, 2015. 2. Goldman, L.; Schafer, AI. Goldman’s Cecil Medicine. 25th ed. Philadelphia: ElsevierSaunders, 2016. 3. MARTINS, M. A.; CARRILHO, F. J.; ALVES, V. A. F.; CASTILHO, E. A.; CERRI, G. G. Clínica Médica, volume 2: doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, emergências e terapia intensiva. 2. ed. Barueri, Sp: Manole Ltda, 2016. 7 v. 4. SCHWARTZMANN, Pedro V. et al. Pneumonia comunitária e pneumonia hospitalar em adultos. Medicina (ribeirão Preto), Ribeirão Preto, v. 43, n. 3, p.238-248, julho/setembro 2010.
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