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Atividade sobre a Primeira Meditação “Agora, pois, que meu espírito está livre de todos os cuidados, e que consegui um repouso assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opiniões. Ora, não será necessário, para alcançar esse desígnio, provar que todas elas são falsas, o que talvez nunca levasse a cabo; mas, uma vez que a razão já me persuade de que não devo menos cuidadosamente impedir-me de dar crédito às coisas que não são inteiramente certas e indubitáveis do que às que nos parecem manifestamente ser falsas, o menor motivo de dúvida que eu nelas encontrar bastará para me levar a rejeitar todas. E, para isso, não é necessário que examine cada uma em particular, o que seria um trabalho infinito; mas, visto que a ruína dos alicerces carrega necessariamente consigo todo o resto do edifício, dedicar-me-ei inicialmente aos princípios sobre os quais todas as minhas antigas opiniões estavam apoiadas.” (Primeira Meditação, §2) Explique essa passagem da Primeira Meditação. Na primeira meditação Descartes aborda a questão da dúvida em relação aos sentidos, razão e imaginação e no menor motivo já ser uma desculpa para duvidar, tendo dessa forma a necessidade de se desligar de suas antigas opiniões. “Das Coisas que se Podem Colocar em Dúvida”, tem como peculiaridade o fato de não se tratar aí de “estabelecer verdade alguma, mas apenas de me desfazer desses antigos prejuízos”, o que está ressurgindo é o velho tema da confiabilidade, da evidência se a gente pode confiar naquilo que a gente acredita, dúvidas como será que nossas percepções do mundo não seria percepções turvadas dessa força maligna? os sentidos são alvo de críticas, pois, as qualidades dos objetos ou das coisas do mundo as quais são percebidas por nós será que são realmente o que percebemos? Descartes se utiliza das ordens da razão para apresentar suas ideias, pois sua argumentação segue um encadeamento lógico onde uma informação se liga a outra. Há coisas que não podem ser enganosas, como o fato de ele estar sentado, escrevendo. A não ser, que ele se compare a loucos, que se asseguram ser uma coisa, quando na verdade são outra. O que nos faria tomar por coisa existente, alguma coisa que de fato não faz o menos sentido afirmá-lo como existente? No trecho: “Agora, pois, que meu espírito está livre de todos os cuidados, e que consegui um repouso assegurado numa pacífica solidão, aplicar-me-ei seriamente e com liberdade em destruir em geral todas as minhas antigas opiniões” ele refere-se que irá se desligar de todo conhecimento adquirido, nesse sentido acredita-se que ele está referindo-se ao modo aristotélico do conhecimento. É preciso observar que Descartes à medida que progride a meditação, essa proposta de dúvida fica cada vez mais ampla, cada vez mais forte e com um objetivo e colocado um argumento que precisamos levar em consideração que se é possível nesse cenário cético de dúvida alcançar pelo menos uma certeza que nos desse segurança para reconstruir a partir de seus fundamentos aquilo que chamamos de alicerce da ciência do conhecimento. Os sentidos são alvo de críticas para Descartes, pois, as qualidades dos objetos ou das coisas do mundo as quais são percebidas por nós será que são realmente o que percebemos? Descartes diz que é homem e que lhe ocorre às vezes confundir seus sonhos com a realidade, e o choque é tanto que é quase capaz dele se persuadir e dizer que está dormindo. Supõe-se então que estamos dormindo e que todos os nossos atos não passam de meras ilusões e que nosso corpo não é como o vemos. Enfim em função de todas essas dúvidas se declara com a intenção de se desfazer de todas suas antigas opiniões e começar tudo novamente desde os fundamentos para ver se é possível estabelecer essa segurança do conhecimento (uma questão de natureza epistemológica) e dessa forma se tem a dúvida como estratégia para rejeitar essas antigas opiniões que ao longo do texto apresentado por ele que não podemos ter por verdade aquilo que ainda nos comete de dúvida. E essa incapacidade do conhecimento metódico cartesiano não surge do nada, mas num contexto das figuras de Deus e do gênio maligno de proliferação céticas e anticéticas. Descartes se dá por conta então que precisa cuidar de si mesmo, explorando até onde vai estas dúvidas e quais são os limites das nossas operações racionais B) Indique e comente onde no texto onde ocorre a aplicação do critério utilizado por Descartes para duvidar. É preciso salientar que a dúvida é dividida em duas etapas, onde a primeira surge a indagação sobre os sentidos, e a segunda sobre o imaginário e a própria razão. Porém o critério utilizado se encontra no trecho 4 da primeira meditação, “Mas, ainda que os sentidos nos enganem às vezes no que se refere às coisas pouco sensíveis e muito distantes, encontramos talvez muitas outras das quais não se pode razoavelmente duvidar, embora as conhecêssemos por intermédio deles: por exemplo, que eu esteja aqui, sentado junto ao fogo, vestido com um chambre, tendo este papel entre as mãos e outras coisas desta natureza. E como poderia eu negar que estas mãos e este corpo sejam meus? A não ser talvez que eu me compare a esses insensatos, cujo cérebro está de tal modo perturbado e ofuscado pelos negros vapores da bile que constantemente asseguram que são reis quando são muito pobres; que estão vestidos de ouro e de púrpura quando estão inteiramente nus; ou imaginam ser cântaros ou ter um corpo de vidro. Mas quê? São loucos e eu não seria menos extravagante se me guiasse por seus exemplos.”
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