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CURRÍCULOS DE GEOGRAFIA E OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS

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CURRÍCULOS DE GEOGRAFIA 
E OS PARÂMETROS 
CURRICULARES NACIONAIS
Programa de Pós-Graduação EAD
UNIASSELVI-PÓS
Autores: Francisco Antonio dos Anjos
Fabiana Calçada de Lamare Leite
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Cristina Danna Steuck
 Prof.ª Jociane Stolf
Revisão de Conteúdo: Prof.ª Elisangela Lenzi
Revisão Gramatical: Prof.ª Marcilda Regina da Cunha Rosa
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 910
 A599c Anjos, Francisco Antonio dos.
Currículos de Geografia e os Parâmetros Curriculares 
Nacionais/ Francisco Antonio dos Anjos [e] Fabiana.
Calçada de Lamare Leite Centro Universitário Leonardo. da 
Vinci – Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2009.x 
71 p. : il.
Inclui bibliografia.
ISBN 978-85-7830-221-4
1. Geografia – Ensino 2. Didática de Geografia
I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. 
II. Núcleo de Ensino a Distância III. Título
Copyright © UNIASSELVI 2009
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Francisco Antonio dos Anjos
Professor de Geografia, com mestrado em 
Desenvolvimento Regional e Urbano, doutorado em 
Gestão Ambiental e pós-doutorado em Geografia Urbana. 
Foi professor do Ensino Fundamental e do Médio durante 
14 anos e, desde 1994, é professor do Ensino Superior 
em Geografia, Planejamento Urbano e Planejamento 
do Turismo.
Fabiana Calçada de Lamare Leite
Graduada em Geografia, pela Universidade 
Federal Fluminense (UFF), com experiência 
no ensino a distância no curso de licenciatura em 
Geografia, tanto em produção de material nas disciplinas 
Geografia Humana e Geografia e Cultura, como em 
teleaulas destas disciplinas e das disciplinas Cartografia 
e Geografia Econômica. Possui mestrado acadêmico 
em Turismo e Hotelaria, pela Universidade do Vale 
do Itajaí (UNIVALI), e participa de grupos de 
pesquisa sobre planejamento urbano.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTuLo 1
o EnSino dE GEoGrAfiA E AS ESCoLAS
do PEnSAmEnTo GEoGráfiCo..........................................................9
CAPÍTuLo 2
oS ConCEiToS fundAmEnTAiS dA GEoGrAfiA E oS PCnS ................29
CAPÍTuLo 3
PCnS E PráTiCAS PEdAGóGiCAS dE GEoGrAfiA ..............................51
APRESENTAÇÃO
Seja bem-vindo(a) à disciplina Currículos de Geografia e os Parâmetros 
Curriculares Nacionais! Nesta disciplina, apresentaremos a você a geografia como 
disciplina de ensino, passando pelo conhecimento da formação do pensamento 
geográfico. Com isto, você conhecerá os conteúdos da geografia como disciplina 
de estudo, nas distintas etapas do processo de ensino-aprendizagem do aluno, e 
aprenderá como trabalhá-los.
Assim, no capítulo 1, para compreender a geografia que estudamos hoje e 
suas formas de abordagem, você estudará sobre a geografia como disciplina de 
ensino e conhecerá como algumas escolas viam o pensamento geográfico no 
Brasil. 
 
No capítulo 2, você conhecerá os conceitos fundamentais que compõem a 
nossa ciência. Além disto, aprenderá como trabalhar com tais conceitos de acordo 
com os conteúdos a serem ensinados em cada etapa do processo de ensino-
aprendizagem.
 
Por fim, o capítulo 3! Neste capítulo, você conhecerá algumas atividades que 
podem ser desenvolvidas em suas aulas para que o conteúdo seja trabalhado 
da melhor maneira para a assimilação do aluno. Aplicar diferentes práticas no 
processo de ensino-aprendizagem pode ser uma forma de estimular o interesse 
do aluno pelo conteúdo. 
 
Então, vamos iniciar os estudos! 
CAPÍTULO 1
o EnSino dE GEoGrAfiA E AS ESCoLAS 
do PEnSAmEnTo GEoGráfiCo
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Apontar as características do processo da construção do ensino de geografia.
 3 Comparar as etapas do ensino de geografia nas diferentes escolas do 
pensamento geográfico.
10
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
11
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
ConTExTuALizAção
À medida que começamos a estudar uma disciplina, precisamos, também, 
saber como, o que e de que maneira estudar. Além disto, precisamos saber como, 
o que e de que maneira ENSINAR.
Pensando nisto, este primeiro capítulo busca apontar as características 
do processo da construção do ensino de geografia. Mas, para chegar a 
este apontamento, passaremos pela conceituação do ensino de geografia 
e destacaremos a identificação e a consideração de cada realidade como 
uma importante fatia da composição do todo. Isto significa afirmar que a 
interação entre a realidade vivida e a realidade estudada, considerando cada 
particularidade, é componente fundamental no entendimento da relativização 
e inserção do conteúdo em cada grupo no processo de ensino-aprendizagem. 
Discutiremos, ainda, o papel do livro didático e do paradidático em sala, vistos 
como um dos principais instrumentos utilizados pelos professores em sala de 
aula. 
Em continuidade, você se deparará com uma discussão que é o nosso 
desafio de todos os dias: como tornar as aulas interessantes e despertar, 
sempre, o interesse do aluno pelo conteúdo a ser transmitido? 
O primeiro capítulo encerra com as escolas do pensamento geográfico no 
Brasil, que nos farão entender, a cada momento, as características e posturas do 
pensamento geográfico as quais se refletem em atitudes, conteúdos e maneiras 
de ensinar a geografia em sala de aula. 
GEoGrAfiA E EnSino 
Antes de você estudar sobre as diferentes escolas do pensamento geográfico, 
é importante que entenda algumas questões relacionadas ao ensino da geografia. 
Neste sentido, partimos da ideia de que a geografia é um ramo do 
conhecimento que possui uma linguagem específica, sendo necessário 
que o aluno se aproprie não apenas do vocabulário próprio desta 
ciência, como também seja capaz de realizar uma leitura compreensiva 
do espaço geográfico. Para a realização de uma leitura crítica do 
ambiente, torna-se fundamental associar a vivência pessoal aos 
conceitos específicos.
Para a realização 
de uma leitura 
crítica do 
ambiente, torna-
se fundamental 
associar a 
vivência pessoal 
aos conceitos 
específicos.
12
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
Se nós, professores, passássemos a considerar devidamente 
o saber do aluno (seu espaço real), integrando-o ao saber 
espacial que a escola deve transmitir-lhe [...], tal atitude 
poderia trazer profundas e benéficas conseqüências a nossa 
prática de ensino (VESENTINI et al, 1989, p. 85).
Nesta etapa da nossa disciplina, entenderemos, também, quais 
saberes devem ser considerados no ensino da geografia, como 
articular à realidade espacial mais próxima e à mais distante, bem 
como qual o papel do professor e do livro didático no processo de 
ensino aprendizagem. É isto que veremos a seguir!
Você já se perguntou: O que é geografia? Para que estudar geografia? Por 
meio destes questionamentos, podemos começar a entender a abrangência do 
conceito da ciência geográfica. 
Existem muitas definições de geografia. No entanto, a maioria delas apresenta 
a mesma essência. Se considerarmos que esta ciência estuda as relações entre 
os homens e a relação destes com a natureza, é necessário que o professor desta 
disciplina assuma seu compromisso com a sociedade. Castrogiovanni e Goulart 
(1998, p. 130) demonstram categoricamente que,
A Geografia, mais especialmente, enquanto disciplina 
escolar deve levar o aluno a entender o espaço. Como as 
sociedades historicamente transformam a base territorial 
apartir de seus interesses e contradições. Como se 
apropriam dos elementos da natureza (recursos) que 
são desigualmente distribuídos. A territorialidade implica 
localização, orientação e representação dos elementos 
(dados) sócio-econômicos e naturais.
 Mas, por que estudar geografia? Callai (1999) aponta três razões:
• para conhecer o mundo e obter informações;
• para analisar e tentar explicar o espaço produzido pelo homem;
• para complementar a formação do cidadão. 
Ao conhecer o mundo e estudar diversas formas de organização espacial, 
procuramos compreender as causas que deram origem às formas resultantes das 
relações entre o homem e a natureza.
Desta maneira, você concordará que cabe à geografia, pelos assuntos e 
conceitos sobre os quais trata, um papel importante na formação do cidadão. 
13
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
No capítulo 2, você conhecerá os conceitos fundamentais da 
geografia e suas respectivas orientações de ensino nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCN). 
A geografia, ao ser estudada, deve considerar o aluno na sociedade 
em que vive. Deve, ainda, permitir ao aluno que se perceba como 
participante do espaço que estuda e perceba que “os fenômenos que 
ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e estão 
inseridos num processo de desenvolvimento.” (CALLAI, 1999, p. 58). 
Este é o nosso desafio! Temos que fazer a geografia uma 
disciplina interessante que se relacione com a sociedade e que seja o 
resultado da interação e integração entre o espaço primitivo e o espaço 
constantemente transformado pelo homem. 
O estudo da geografia deve possibilitar aos alunos a 
compreensão das inter-relações da sociedade com a natureza, como 
também o entendimento de que as ações individuais ou coletivas 
trazem consequências tanto para a sociedade quanto para o meio 
natural.
Para fazermos da geografia uma disciplina interessante, temos, 
primeiramente, que entender a essência do que é o ensino, de como se dá 
esse processo de ensino-aprendizagem, para, então, desenvolver recursos que 
despertem o interesse do aluno pela mesma. Segundo Cavalcanti (1998, p. 25), 
o ensino:
[...] é um processo de conhecimento pelo aluno, mediado 
pelo professor e pela matéria de ensino, no qual devem 
estar articulados seus componentes fundamentais: objetivos, 
conteúdos e métodos de ensino. Neste sentido, os objetivos 
sociais e pedagógicos gerais de ensino e os objetivos específicos 
da geografia escolar é que orientam a seleção de ensino. No 
entanto, é o uso de um método de ensino adequado que pode 
viabilizar os resultados almejados. Se se quer ensinar os alunos 
a pensarem dialeticamente, importa definir ao mesmo tempo em 
que conteúdos permitem a eles o exercício desse pensamento e 
o modo sob o qual esse exercício é viável.
Temos que fazer 
a geografia 
uma disciplina 
interessante que 
se relacione com 
a sociedade e que 
seja o resultado 
da interação e 
integração entre 
o espaço primitivo 
e o espaço 
constantemente 
transformado pelo 
homem.
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 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
Assim, é possível perceber que a articulação entre os objetivos, os conteúdos 
e os métodos de ensino é fundamental para a constituição de um ensino ideal. 
Cabe ao professor trabalhar sempre a articulação destes componentes com a sua 
linguagem em sala de aula.
Sobre os conteúdos, ressaltamos que precisam ser trabalhados ponderando 
uma tríplice função: resgatar o conhecimento produzido cientificamente, reconhecer 
e valorizar o conhecimento que cada um traz e dar um sentido social para o 
conhecimento que resulta desta relação (CALLAI, 2001). 
Haja vista que a escola é um espaço importante da vivência humana e 
que não pode ser separada da tônica da vida social, devemos fundamentar a 
nossa prática pedagógica em alguns princípios que garantam e articulem essas 
interações. Tais princípios devem nortear a prática da sala de aula no mesmo grau 
de importância e ser complementados, em vista da diversidade de realidades a 
que se destinam.
Você já parou para refletir sobre a influência que a escola exerce 
sobre a vida social e vice-versa? Por isto, estes dois meios de vivência 
humana devem agir em conjunto, em tom de complementaridade, 
bem como somar valores. 
Neste sentido, faz-se necessária a presença de um professor que realize a 
mediação entre a teoria e a prática, entre o saber do aluno e a cultura elaborada, 
e que domine não só os conteúdos, como também as metodologias capazes 
de desenvolver a capacidade intelectual e o pensamento autônomo e criativo. 
Sobre isto, Moretti (2001, p. 95) afirma que, “no processo ensino/aprendizagem, a 
relação aluno é caracterizada como um tipo especial de relação. Essa relação que 
tem por objetivo básico a aprendizagem é sempre mediada pelo saber”.
Há necessidade de um professor dinâmico que valorize a vivência do aluno 
e que possibilite discussões na sala de aula, promovendo, assim, de maneira 
interdisciplinar, a articulação dos conteúdos de geografia com os das outras áreas. 
De acordo com Saviani (1994, p. 81),
isto exige, evidentemente, dos educadores um compromisso 
político que deve se expressar na sua capacidade de 
ultrapassar aparências e captar distorções, o que é impossível 
sem o domínio do conteúdo a ser trabalhado e dos métodos 
e técnicas que possibilitem sua transmissão-assimilação/
apropriação. 
15
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
Você, caro(a) pós-graduando(a), já deve ter compreendido que ensinar 
geografia, além de ser um desafio, é também uma questão contraditória. A 
geografia, a exemplo da globalização, está sendo chamada para explicar o 
mundo.
A educação, para ter sentido à sociedade, necessariamente, 
deve possibilitar o seu entendimento no presente. É o 
entendimento, o desvelamento da sociedade no presente que 
lhe dá sentido. O presente é colocado aqui como o ‘realizar-
se’, o estar se realizando. [...] O presente não descarta a 
história e não ignora o futuro. (STRAFORINI, 2004, p. 29).
O professor precisa estar bem consciente do que é geografia, para que serve 
e qual a sua função como disciplina escolar. Sua visão de mundo, ou seja, sua 
postura frente aos eventos da sociedade e a seus alunos implica diretamente no 
posicionamento em sala de aula.
Leia mais sobre a ciência geográfica e o ensino de geografia no 
livro Geografia, escola e construção do conhecimento, de Lana 
de Souza Cavalcanti, da Editora Papirus, São Paulo, 1998.
A disciplina escolar geografia corresponde ao conjunto de saberes da ciência 
geográfica (e, no caso, da realidade brasileira, de tantas outras que não têm lugar 
no Ensino Fundamental e no Médio, como, por exemplo, astronomia, economia, 
geologia), convertido em conteúdos escolares a partir de uma seleção e de uma 
organização daqueles conhecimentos e procedimentos tidos como necessários à 
formação geral do aluno. De acordo com Cavalcanti (1998, p.168),
o confronto dos dois tipos de conhecimento – o conhecimento 
cotidiano (as representações sociais) e o conhecimento 
científico – ajuda a perceber os encontros e os desencontros 
entre eles, o que, por sua vez, traz importantes indicações de 
como trabalhar com os alunos, considerando o conhecimento 
como parâmetro inicial para a mobilização do educando 
e para a sua ressignificação no final do processo ensino-
aprendizagem. 
A geografia do Brasil, por exemplo, ministrada em sala de aula, deve 
abordar o espaço geográfico e a sociedade brasileira e compreender sua 
dinâmica e organização social como um todo. Isto possibilita o conhecimento 
das distintas realidades existentes em nosso país, sendo o início para o 
estudo de realidades específicas, como o caso de Santa Catarina, com a 
caracterização de sua colonização, as principais atividades industriais e 
econômicas, entre outros aspectos. No entanto, tais estudos não podem se16
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
esgotar nos limites do estado ou país, pois, se entendemos o planeta Terra 
como um geossistema, todos os acontecimentos mundiais estão direta ou 
indiretamente interligados. Este aspecto é importante, pois permite que o 
aluno associe, por meio de algo que tenha observado ou vivenciado, o real e 
o abstrato.
O material didático e a metodologia de ensino utilizados pelos professores 
também precisam ser dinâmicos e sempre atualizados. Não queremos entrar no 
mérito das dificuldades enfrentadas pela maioria dos professores, principalmente 
nas escolas públicas, no que concerne à infraestrutura e recursos pedagógicos, 
baixa remuneração, falta de cursos para atualização, ou seja, a existência destas 
dificuldades não extingue o objetivo maior que é transformar jovens em futuros 
cidadãos, conscientes e críticos da realidade que os cerca. Este é o desafio. 
Visite o site Portal do Professor, do Ministério da Educação 
(http://portaldoprofessor.mec.gov.br). Neste site, você encontrará 
textos, dicas de novos sites, notícias atualizadas, objetos de 
aprendizagem para dinamizar suas aulas, dicas de ensino, além de 
links para acesso a diversas revistas sobre educação. 
Quanto aos livros didáticos e paradidáticos que, atualmente, são responsáveis 
por auxiliar os professores no ensino da geografia do Brasil, estes são, muitas 
vezes, os únicos instrumentos utilizados pelo professor em sala de aula. Por se 
tratar de um assunto amplo, dinâmico e complexo, existem algumas dificuldades 
no que diz respeito à associação de materiais paradidáticos ao conteúdo do livro 
didático.
Como o livro didático é o principal instrumento para auxiliar tanto professores 
quanto alunos no processo de ensino-aprendizagem, tais deficiências precisam 
ser sanadas.
Leia mais sobre a utilização do livro paradidático no texto O livro 
paradidático em sala de aula: do planejamento ao uso, de Bernardo 
Mançano Ferandaes. In: CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. 
Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto Alegre: 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998. p. 149-152.
17
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
O livro didático é, ainda, um dos mais tradicionais recursos impressos do 
ensino. Em relação ao seu uso, Schäffer, (1998, p. 133) diz que “está associado a 
uma função social e pedagógica relevante: a construção do conhecimento através 
do trabalho com texto impresso, o que permite a ampliação deste universo de 
conhecimento”.
Por vivermos numa sociedade em que a maioria das informações é veiculada 
na forma de textos, o livro didático também segue este formato, sendo, é claro, 
apenas um dos instrumentos existentes. Sobre a origem do livro didático, Bezerra 
e Luca (2006, p. 27) destacam que este instrumento
enraíza sua tradição no século XIX, em países que exerceram 
forte preponderância nos primórdios do sistema educacional 
brasileiro. É conhecida a importância atribuída às coleções 
de livros didáticos na França da Terceira República, que 
consagrou o modelo de escola laica, gratuita e obrigatória.
Em complemento, Schäffer (1998, p. 134) coloca que “o livro didático 
tem sido visto, em todos os países, como o instrumento fundamental para a 
homogeneização [...]. Nesta perspectiva, passa a ser uma peça da engrenagem 
da produção e reprodução do sistema.” 
Mas, como reconhecer um bom livro didático? Quais são as principais 
características que um bom livro didático deve ter? Para Castrogiovanni e Goulart 
(1998, p.130), um bom livro didático de geografia deve levar em consideração:
• a fidedignidade das informações;
• o estímulo à criatividade;
• uma correta representação cartográfica;
• uma abordagem que valoriza a realidade;
• que enfoque o espaço como uma totalidade.
Como é muito difícil encontrar um livro didático perfeito, é fundamental que 
o professor busque alternativas que facilitem a construção do conhecimento pelo 
aluno e enriqueçam, assim, o processo de ensino-aprendizagem. Exemplo para 
isto seria, a fim de promover debates sobre as questões atuais e da realidade 
próxima vivida, abordar os problemas socioambientais e econômicos, como a 
questão da degradação do meio ambiente, a poluição de rios, a reciclagem do lixo 
ou as disparidades econômicas e sociais.
Todavia, não podemos ignorar a existência das novas mídias e a influência 
destas na vida dos jovens e adolescentes. É preciso que a geografia aproveite 
este momento e as utilize para renovar o ensino nas escolas. Um site educacional 
que apresente temas para o ensino da geografia, dicas para professores, links, 
18
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
ferramentas, artigos, entrevistas, enfim, um ambiente aberto para a participação 
de professores poderá servir de apoio para aqueles que possuem dificuldades em 
encontrar material paradidático para complementar o conteúdo do livro didático.
Procure sempre se atualizar! A Revista Nova Escola é uma boa 
maneira para começar! Acesse o site: http://revistaescola.abril.com.
br/ e leia matérias, notícias, assista a vídeos e conheça algumas 
novidades do “mundo da educação”.
Este desafio desdobra-se em outro, também atual: a renovação no ensino. O 
professor Nelson Kaercher (1999, p.71) afirmava, no final da década passada, que 
“o movimento de renovação da Geografia Brasileira já tem mais de quinze anos, 
mas o seu sopro renovador ainda está distante da maioria das salas aulas”. Callai 
(1999, p. 42) complementava com a afirmação de que “a disciplina geografia, 
mesmo nos dias de hoje, na maioria dos casos, continua sendo aquela disciplina 
descritiva há muito superada nas discussões acadêmicas”. A geografia ainda 
enumera fatos, informa fenômenos e os lugares em que estes ocorrem, descreve 
paisagens e regiões. Este ainda parece um desafio não plenamente suplantado.
Um outro desafio reside no fato de que as tradicionais propostas educacionais, 
vistas como antiquadas, harmônicas e homogeneizadas, têm proposto direções 
bastante renovadoras. Com isto, não podemos mais usar a justificativa do 
tradicionalismo que está engendrado nas propostas governamentais, pois este 
fato está cada vez mais distante da realidade. O desafio se coloca em apresentar 
um ensino renovado por meio de práticas educativas concernentes ao momento 
atual.
É preciso que o professor acredite que é possível e não desista frente às 
dificuldades. No que diz respeito aos desafios e objetivos da geografia escolar, 
Straforini (2004, p. 43) coloca que
a Geografia assume, assim, papel central na busca de uma 
outra possibilidade para a existência humana que não esteja 
centrada na mercadoria; afinal, como ciência das técnicas, 
ela é capaz de conhecer a condição científica e política das 
técnicas e, a partir disso, propor um novo uso a elas.
19
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Com suas palavras, expresse o que é e para que estudar 
geografia. 
 ______________________________________________________
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 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
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2) Como vimos, o livro didático é um dos instrumentos de ensino 
mais utilizados pelo professor. Neste sentido, quais as principais 
características que este instrumento deve apresentar para 
proporcionar uma base de ensino de qualidade? 
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Agora que você já relembrou alguns aspectos importantes do processo 
de ensino-aprendizagem, assim como as características da geografia como 
disciplina de ensino, entenderemos como aconteceu a construção do pensamento 
geográfico brasileiro até os dias atuais. 
AS ESCoLAS do PEnSAmEnTo GEoGráfiCo
no BrASiL
A geografia pode ser considerada, na sua essência, uma ciência 
que concebe o espaço como uma construção das sociedades. É 
possível, por exemplo, reconhecer as marcas deixadas pelas gerações 
passadas na paisagem, realizadas por meio da força do trabalho e das 
ferramentas existentes na época, para suprir as necessidades daquele 
momento. Com o passar do tempo, principalmente pela escrita, o 
A geografia pode 
ser considerada, 
na sua essência, 
uma ciência 
que concebe o 
espaço como uma 
construção das 
sociedades.
20
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
conhecimento tem sido passado de geração para geração, fazendo com que as 
necessidades mudem e exigindo, assim, que as ferramentas de trabalho também 
evoluam. Com ferramentas mais apropriadas, o poder de transformação da 
paisagem pelo homem se amplia, acarretando numa metamorfose contínua.
Neste sentido, o espaço nos revela as formas como os seres 
humanos se relacionam entre si e com a natureza a partir do trabalho. 
Isto, sem esquecer, é claro, que somos parte desta natureza e que 
humanizamos este espaço conforme nossas necessidades e interesses.
Esta constante transformação que ocorre nas sociedades também 
ocorreu na geografia enquanto ciência moderna e em seu corpo 
conceitual. Da geografia tradicional até os momentos atuais, muitos 
paradigmas foram quebrados e novas correntes de pensamento surgiram.
 
No Brasil, influenciado pela escola francesa, Delgado de Carvalho iniciou a 
implantação do pensamento geográfico no país. Até então, a geografia era uma 
matéria apenas ensinada no nível secundário, não tendo adquirido o prestígio 
de cátedra universitária e, desta forma, relegada ao segundo plano. Delgado 
de Carvalho preocupou-se com o ensino da geografia da época e propôs a 
distribuição mais precisa e lógica dos conteúdos. 
A seguir, apresentamos algumas indicações de leitura para 
aumentar o seu conhecimento sobre o assunto que estamos 
estudando! 
• Leia mais no livro Para onde vai o ensino de geografia, de Ariovaldo 
Umbelino de Oliveira (Org.), Editora Contexto, São Paulo, 1998.
• Sobre a passagem da geografia tradicional para a geografia 
crítica, leia mais no livro O ensino de geografia no século XXI, 
da Editora Papirus, texto de José Willian Vesentini: REALIDADES 
E PERSPECTIVAS DO ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL (p. 
219-248).
• Saiba mais sobre a Escola Francesa no livro Geografia, ciência 
da sociedade, de Manual Correa de Andrade, páginas 69-74.
A geografia brasileira, de caráter científico, passou a existir no país a partir 
da década de 1930. Surgiu, com isto, a dicotomia entre a ciência acadêmica e a 
disciplina escolar. 
Da geografia 
tradicional até os 
momentos atuais, 
muitos paradigmas 
foram quebrados 
e novas correntes 
de pensamento 
surgiram.
21
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
A geografia, no então denominado ginásio, nada mais era do que a dos livros 
didáticos (manuais) que, geralmente, expressavam o que havia sido desenvolvido 
até os meados do século XIX na Europa, ou seja, eram enumerações de nomes 
de rios, serras, montanhas, cidades, etc. Enquanto isso, na academia, o conceito 
de região, em sua dimensão territorial, marcava os estudos, sob forte tendência 
lablachiana, originada do francês Vidal de La Blache . As correntes que dela se 
desdobraram passaram a ser chamadas de geografia tradicional. 
É relevante você saber que, entre outros aspectos, Vidal de La 
Blache preocupava-se com a desigual distribuição da população pela 
superfície da Terra e que desenvolveu estudos sobre as relações 
entre o homem e o meio físico. Admitia que este exercia alguma 
influência sobre o homem e que, por sua vez, dependendo das 
condições técnicas e do capital que possuísse, o homem também 
poderia exercer influência sobre o meio. Daí surgiu a expressão 
POSSIBILISMO. 
No ensino, a geografia tradicional se traduzia pelo estudo descritivo das 
paisagens naturais e humanizadas dissociadas do sentido do homem pelo 
espaço. Os alunos eram orientados a descrever, relacionar os fatos naturais e 
sociais, fazer analogias entre eles e elaborar suas generalizações ou síntese. A 
pretensão era ensinar uma geografia neutra. Esse contexto marcou, também, a 
produção de livros didáticos que se apresentavam como manuais.
A partir da década de 1960, no Brasil, a revolução pragmática procurava 
uma nova forma de interpretar o espaço. Isto porque buscava suas bases na 
matemática e na estatística, razão pela qual foi conhecida, também, como 
geografia quantitativa. Esta tendência incentivava a elaboração de diagnósticos 
sobre um determinado espaço por meio de uma descrição numérica exaustiva 
sobre as suas características e, ainda, as tendências de evolução dos fenômenos 
ali existentes. (MORAES, 1995).
Nessa fase, os geógrafos, em geral, com deficiente formação matemática 
e estatística, eram levados a ter uma preocupação com modelos abstratos de 
conhecimento, fugindo da análise e do conhecimento da realidade que o país 
atravessava com o regime autoritário do governo brasileiro.
22
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
Leia mais sobre o conceito e as características da geografia 
quantitativa no capítulo IV do livro Por uma geografia nova, de 
Milton Santos. 
Uma nova forma de interpretar o espaço foi trazida pela revolução marxista 
que se apresentou como outro movimento que contestava tanto a geografia 
tradicional como a pragmática, assumia uma posição crítica diante da realidade 
social e lutava por uma sociedade mais justa. Esse movimento abriu, para o campo 
disciplinar, momentos de reflexões sobre a renovação no ensino de geografia o 
qual ganhou conteúdos políticos que, por sua vez, passaram a ser significativos 
na formação do cidadão.
Para Moraes (1998, p.166), 
[...] formar o indivíduo crítico implica estimular o aluno 
questionador dando-lhe não uma explicação pronta do mundo, 
mas elementos para o próprio questionamento das várias 
explicações. Formar o cidadão democrático implica investir na 
sedimentação no aluno do respeito à diferença considerando a 
pluralidade de visões como um valor em si. 
Para aprofundar seu conhecimento sobre a etapa da revolução 
marxista, leia o livro A geografia: isso serve, em primeiro lugar, 
para fazer a guerra, de Yves Lacoste. 
Outro momento que merece destaque é a geografia crítica. No ensino, 
esta escola do pensamento geográfico destaca a importância de que o aluno 
compreenda as diferentes sociedades, como se organizam na prática do seu 
cotidiano. O espaço é considerado uma totalidade em que as dinâmicas naturais 
interagem nos fatores econômicos, sociais e políticos.
Além disto, a geografia crítica procura avançar, não se limitando aos 
conteúdos tradicionais e incorporando novos temas ligados às lutas de classes 
sociais, relação de gênero, ênfase na participação do cidadão, compreensão 
das desigualdades, das exclusões, dos direitos sociais, das lutas ecológicas e 
da questão ambiental. Preocupa-se com o desenvolvimento da autonomia, da 
criatividade e da criticidade do educando que questiona uma sociedade mais justa 
e igualitária na qual os direitos das minorias sejam preservados.
23
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
No século XX, a geografia quese apresenta busca relacionar as várias 
abordagens da ciência geográfica. A renovação do ensino de geografia, em termos 
de distribuição de conteúdos, em todos os níveis escolares, deve ser adaptada 
aos novos temas, relacionar o que é ensinado à vivência cotidiana dos alunos e 
buscar soluções frente às dificuldades que produz a acumulação de informação 
geográfica no processo ensino-aprendizagem. 
Neste sentido, buscando associar a realidade mundial ao contexto social 
de cada grupo, Wettstein (1998) nos apresenta alguns temas que devem estar 
presentes nas discussões e no conteúdo do ensino de geografia nas salas de 
aula:
a) Em geografia política
Os temas relacionados à geografia política estão associados, em sua maioria, 
a posições de poder e domínio que, por sua vez, se relacionam a questões 
econômicas e sociais. Assim, os temas sugeridos são: 
• o processo massivo de descolonização;
• a subida ao poder pelos movimentos de libertação;
• a multiplicação do número de sociedades em processo de revolução e 
consolidação das mesmas como sistemas de governo estáveis;
• o aumento crescente do número de países em desenvolvimento em rápida 
transformação, principalmente nos aspectos econômico e social;
• as tentativas de participação popular de base;
• os avanços progressivos na formação de alinhamentos entre países em 
desenvolvimento.
b) Em geografia econômica 
Assim como os temas sugeridos para discussão relacionados à geografia 
política, os temas de geografia econômica não deixam de estar próximos a 
assuntos de cunho político, se concordarmos que o perfil econômico de cada 
país, em parte, corresponde ao seu poder político frente às realidades mundiais. 
Sendo assim, são temas sugeridos para debates em sala de aula em geografia 
econômica: 
• a crescente nacionalização dos recursos naturais básicos;
• a constante superação do prejuízo sobre o esgotamento dos recursos naturais;
• a criação de associações de países produtores de matérias-primas, não 
apenas de combustíveis e de outros produtos extrativos, mas também de 
24
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
produtos agrícolas;
• a resposta às multinacionais com a criação de empresas multilatinas;
• as tentativas de melhor intercâmbio entre os países em desenvolvimento;
• o surgimento de novos centros de decisão econômica e financeira em países 
em desenvolvimento;
• as tentativas de colaboração financeira e tecnológica para o desenvolvimento.
c) Em geografia social 
Mais um conjunto de temas que respondem ao cenário mundial e 
representanm sua diversidade em distintas localidades se discutidos com 
fundamento e propriedade: 
• a superação das escalas geográficas limitativas: possibilidade de acesso aos 
problemas mundiais como se fossem os do próprio país;
• a vigência do nacionalismo como prática social, mais do que como prática 
política ou prática ideológica;
• a criação de mecanismos e instituições para o intercâmbio de informações;
• a contribuição dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos para a 
construção de teorias científicas sobre as relações econômicas e sociais.
Por fim, aproximando da realidade social, política e econômica brasileira, nós 
deixamos a você a sugestão de alguns temas que também merecem estar nos 
assuntos da sala de aula de geografia: 
• as crises econômicas do sistema capitalista e suas consequências no cenário 
nacional brasileiro;
• o papel dos recursos naturais na economia e a preocupação com a respectiva 
escassez;
• a produção e a utilização de fontes de energia alternativa;
• as consequências do aquecimento global;
• a vertente cultural da globalização.
Como você pode perceber, os temas a serem levados para dentro de sala de 
aula não se esgotam, pois o mundo, em constante transformação, é uma sala de 
aula em constante atualização. Cabe a nós, professores, saber fazer destes fatos 
conteúdo da disciplina de geografia. 
25
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
Agora que você já conheceu algumas sugestões de temas que 
merecem estar nas aulas de geografia, tanto em um contexto mais 
abrangente como em uma situação mais específica, este momento 
se reserva para você sugerir novos temas e explicar o porquê de 
ser estudado, assim como qual a relação entre o tema e o contexto 
social em que se insere.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 
ALGumAS ConSidErAçõES 
Neste capítulo, buscamos apresentar a você uma breve conceituação sobre 
ensino. Além disto, você conheceu este conceito associado às características e 
ao perfil do ensino de geografia. Desta maneira, ficou mais claro compreender de 
que maneira os assuntos devem ser trabalhados como conteúdo de sala de aula. 
 
Em seguida, apresentamos a você as principais escolas do pensamento 
geográfico e suas distintas maneiras de interpretar e estudar as ocorrências e 
as relações estabelecidas na superfície terrestre. Nesse momento, foi possível 
perceber que, com o passar do tempo e o desenvolvimento de estudos, as 
maneiras de interpretar os fatos também se alteraram.
Por último, ficou registrada a sugestão de alguns temas atuais que merecem ser 
trabalhados em sala de aula como conteúdos da disciplina geografia.
 
Agora, fica o convite para darmos continuidade aos seus estudos com 
o conteúdo do capítulo 2. Você conhecerá, neste capítulo, os conceitos 
fundamentais da geografia, as abordagens e os conteúdos dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais. Vamos lá! 
26
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
rEfErênCiAS
BEZERRA, Holien Gonçalves; LUCA, Tânia Regina de. Em busca da qualidade – 
PNLD História. In: SPOSITO, Maria E. B. (Org.). Livros didáticos de geografia 
e história: avaliação e pesquisa. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2006. p. 27-54.
CALLAI, Helena Copetti. A formação do profissional de geografia. Ijuí: UNIJUÍ, 
1999.
______. A geografia e a escola: muda a geografia? Muda o ensino? Terra Livre, 
São Paulo, n. 16, p. 133-152, 1º sem/2001. 
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos; GOULART, Lígia Beatriz. A questão do Livro 
didático em geografia: elementos para uma análise. In: CASTROGIOVANNI, 
Antonio Carlos. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto 
Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998. p. 129-132.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do 
conhecimento. São Paulo: Papirus, 1998.
KAERCHER, Nestor André. Desafios e utopias no ensino de geografia. Santa 
Cruz do Sul: EDUNISC, 1999.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia: pequena história crítica. São Paulo: 
Hucitec, 1995.
______. Geografia e ideologia no ensino de 1º grau. In: BARRETO, Elba Siqueira 
de Sá. Os currículos do ensino fundamental para as escolas brasileiras. 
Formação de Professores: Campinas: Autores Associados, 1998. 
MORETTI, Mericles Thadeu. O contrato didático. Santa Catarina: UFSC, 2001.
SAVIANI, Dermeval. Saber escolar, currículo e didática: problemas da unidade 
conteúdo/método no processo pedagógico. Campinas: Autores Associados, 1994.
SCHÄFFER, Neiva Otero. O livro didático e o desempenho pedagógico: 
anotações de apoio à escolha do livro texto. In: CASTROGIOVANNI, Antonio 
Carlos. Geografia em sala de aula: práticas e reflexões. 2. ed. Porto Alegre: 
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 1998. p. 133-147. 
STRAFORINI, Rafael. Ensinar geografia: o desafio da totalidade-mundo nas 
séries iniciais. São Paulo: Annablume, 2004.
27
O EnsinO dE GEOGrafia E as EscOlas dO PEnsamEntO 
GEOGráficO
 Capítulo 1 
VESENTINI. J. W. (Org.) et al. Geografia e ensino: textos críticos. Campinas: 
Papirus,1989.
WETTSTEIN, Gérman. O que se deveria ensinar hoje em geografia. In: 
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de (Org.). Para onde vai o ensino de geografia. 
São Paulo: Contexto, 1998. p. 125-134. 
 
CAPÍTULO 2
oS ConCEiToS fundAmEnTAiS dA
GEoGrAfiA E oS PCnS
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Descrever os conceitos fundamentais da geografia. 
 3 Interpretar os conceitos fundamentais da geografia de acordo com os PCNs.
30
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
31
Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
ConTExTuALizAção
No capítulo 1, você conheceu as principais características da geografia como 
disciplina de ensino, além de ter aprendido a identificar as características deste 
ensino em diferentes escolas do pensamento geográfico. Com esta base, você já 
está pronto(a) para encarar o capítulo que iniciamos agora: o capítulo 2!
Neste capítulo, inicialmente apresentamos alguns conceitos fundamentais 
que compõem o ensino de geografia. São eles: ESPAÇO, PAISAGEM, LUGAR, 
REGIÃO e TERRITÓRIO. 
Mas, antes de detalhar cada um destes conceitos e mostrar suas aplicações 
em conteúdos a estarem presentes em sala de aula, torna-se necessário 
contextualizar a geografia na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
Assim, após esta contextualização, você estará pronto(a) para entender 
plenamente cada um dos conceitos mencionados. Tais conceitos serão 
trabalhados um por um no contexto exposto e discutidos com base nos Parâmetros 
Curriculares Nacionais e, em complemento, em definições trabalhadas por autores 
renomados da nossa área: a geografia. 
 
Com certeza, todo este conteúdo ficará bem claro e você levará este 
conhecimento direto para sua sala de aula!
Então, vamos lá! Bem-vindo(a) ao capítulo 2!
oS ConCEiToS fundAmEnTAiS dA
GEoGrAfiA E oS PCnS 
Como sabemos, todas as ciências possuem um conjunto de categorias e 
conceitos que constituem sua fundamentação e que estão relacionados ao seu 
conhecimento. Por ser uma ciência social, a geografia tem como um de seus 
objetos de estudo a SOCIEDADE. Sendo assim, para entender a sociedade como 
objeto de estudo da geografia, faremos o uso das categorias elementares que 
compõem a nossa disciplina e de seus respectivos conceitos. 
Como você já deve saber, entre alguns motivos para o aluno estudar 
geografia está a possibilidade de compreender seu papel no conjunto das relações 
sociais com a natureza, sejam suas ações individuais ou em grupo, e as possíveis 
consequências. 
32
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
E onde entra o papel do professor?
O professor tem necessidade de resolver o compromisso entre o 
que ensina e o que quer ensinar. Assim, o saber escolar pressupõe, como 
requisito, a existência de um discurso de referência academicamente 
fundamentado. É neste sentido que o desenvolvimento de conceitos 
geográfico nos permite uma sistêmica da realidade social a partir das 
categorias determinantes. 
A geografia tem por objetivo estudar as relações entre o processo 
histórico na formação das sociedades humanas e o funcionamento 
da natureza por meio da leitura do lugar, do território, a partir de sua 
paisagem. (BRASIL, 1998, p. 26).
No que se refere ao Ensino Fundamental, com base nos 
Parâmetros Curriculares Nacionais, é importante considerar quais são 
as categorias da geografia mais adequadas para os alunos em relação 
a essa etapa da escolaridade e às capacidades que esperamos que 
eles desenvolvam. Neste sentido, a categoria de ESPAÇO deve ser o 
objeto central de estudo. Em complemento, as categorias PAISAGEM, 
LUGAR, REGIÃO e TERRITÓRIO devem ser abordadas como seu 
desdobramento.
Inicialmente, você conhecerá, de maneira resumida, as categorias 
fundamentais da geografia. Ainda neste capítulo, no próximo momento, 
detalharemos estas categorias para sua melhor compreensão e interpretação. 
Sendo assim, são categorias fundamentais da geografia: 
• ESPAÇO – É onde percebemos a produção humana, nas suas diferentes 
épocas e atuações. São levados em consideração na formação do espaço: 
fatores políticos, econômicos, religiosos e culturais. O espaço é dinâmico e 
não deve ser entendido apenas como um fragmento.
• PAISAGEM – É a face de um território ou região ou a representação de um 
dado momento. São levados em consideração no estudo da paisagem: o 
relevo, a orientação dos rios e córregos da região, o conjunto de construções 
humanas, a distribuição da população, o registro das tensões, os sucessos e 
fracassos da história dos indivíduos e grupos que nela se encontram.
O professor tem 
necessidade 
de resolver o 
compromisso entre 
o que ensina e o 
que quer ensinar.
No Ensino 
Fundamental, 
as categorias da 
geografia mais 
adequadas para os 
alunos em relação 
a essa etapa 
da escolaridade 
são: ESPAÇO, 
PAISAGEM, 
LUGAR, REGIÃO e 
TERRITÓRIO.
33
Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
• LUGAR – É o ponto de referência do indivíduo; é o local em que uma ou 
várias pessoas se identificam. O lugar pode ser ainda identificado como 
espaço onde as pessoas têm vínculos afetivos: uma praça onde a pessoa 
brinca desde menino, a janela de onde vê a rua, o alto de uma colina de onde 
avista a cidade.
• REGIÃO – É a parcela do espaço que revela uma particularidade que a 
diferencia das demais. Essa particularidade é identificada por um conjunto de 
fatores, como econômicos, físicos, sociais, entre outros.
• TERRITÓRIO – Pode ser considerado um conjunto de paisagens, de lugares, 
de regiões, uma área delimitada. Compreender o que é território também 
implica em compreender a complexidade da convivência, nem sempre 
harmônica, em um mesmo espaço, da diversidade de tendências, ideias, 
crenças, sistemas de pensamentos e tradições de diferentes grupos sociais, 
gangues, povos e etnias. 
Cabe à geografia, a partir destas categorias, compreender os espaços físico e 
humano como um local unificado e totalizante. Por meio do ensino, professores e 
alunos poderão entender que o espaço, a paisagem, o lugar, a região e o território 
são construídos e que os processos resultantes devem ser abordados de forma 
que possam promover um estudo mais amplo de questões sociais, econômicas, 
políticas e ambientais.
Com estes conceitos, além de você entender melhor a sociedade, você 
aprenderá mais um pouco sobre o pensamento geográfico. Isto porque cada 
conceito que você conhecer está inserido em um contexto da construção do 
pensamento da geografia e não se esgota nessa definição, criando margem para 
a realização de amplos debates.
Antes de você conhecer a fundo cada um dos conceitos fundamentais da 
geografia e suas respectivas caracterizações, torna-se essencial contextualizar a 
geografia na proposta dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
De início, você precisa saber que os Parâmetros Curriculares Nacionais 
devem servir de apoio às discussões e ao desenvolvimento do projeto educativo 
de sua escola. Além disto, os PCNs devem estar presentes na reflexão sobre sua 
prática pedagógica, no planejamento de suas aulas e na análise e seleção de 
materiais didáticos e de recursos tecnológicos para que possam contribuir para 
sua formação e atualização profissional.
34
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
A geografia, na proposta dos PCNs (BRASIL, 1998), tem um tratamento 
específico como área. Isto porque oferece os instrumentos essenciais para a 
compreensão da realidade social e a intervenção nessa realidade. Assim, 
por meio dela, podemos compreender como diferentes 
sociedades interagem com a natureza na construção de seu 
espaço, as singularidades do lugar em que vivemos, o que o 
diferencia e o aproxima de outros lugares e, assim, adquirir 
uma consciência maior dos vínculos afetivos e de identidade 
que estabelecemos com ele. Também podemosconhecer as 
múltiplas relações de um lugar com outros lugares, distantes 
no tempo e no espaço, e perceber as relações do passado 
com o presente. (BRASIL, 1998, p. 15).
É importante que você compreenda cada conceito fundamental 
que compõe a geografia e dê conta de aplicar sua definição a uma 
realidade. Isto possibilita seu estudo com maior propriedade e 
entendimento. 
Independente da área de estudo, os Parâmetros Curriculares Nacionais 
(BRASIL, 1997, p. 7-8) indicam, como objetivos do Ensino Fundamental, que os 
alunos sejam capazes de:
• Compreender a cidadania como participação social e política, assim como 
exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais, adotando, no dia a 
dia, atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às injustiças, respeitando 
o outro e exigindo para si o mesmo respeito.
• Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes 
situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de 
tomar decisões coletivas.
• Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, 
materiais e culturais como meio para construir progressivamente a noção de 
identidade nacional e pessoal e o sentimento de pertinência ao país.
• Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem 
como aspectos socioculturais de outros povos e nações, posicionando-se 
contra qualquer discriminação baseada em diferenças culturais, de classe 
social, de crenças, de sexo, de etnia ou outras características individuais e 
sociais.
35
Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
• Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, 
identificando seus elementos e as interações entre eles, contribuindo 
ativamente para a melhoria do meio ambiente.
• Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de 
confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de 
inter-relação pessoal e de inserção social, para agir com perseverança na 
busca de conhecimento e no exercício da cidadania.
• Conhecer o próprio corpo e dele cuidar, valorizando e adotando hábitos 
saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida e agindo com 
responsabilidade em relação à sua saúde e à saúde coletiva.
• Utilizar as diferentes linguagens – verbal, musical, matemática, gráfica, 
plástica e corporal –, como meio para produzir, expressar e comunicar suas 
idéias, interpretar e usufruir das produções culturais, em contextos públicos e 
privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação.
• Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos para 
adquirir e construir conhecimentos.
• Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-
los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a 
capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua 
adequação.
Pensamos que você já saiba que a geografia é uma área de conhecimento 
comprometida em tornar o mundo compreensível para os alunos, explicável 
e passível de transformações. Neste contexto, a geografia assume grande 
relevância nos Parâmetros Curriculares Nacionais, pois as temáticas com as 
quais trabalha na atualidade encontram-se permeadas pela busca de um ensino 
voltado para a conquista da cidadania brasileira. (BRASIL, 1998).
De uma maneira bem prática, é importante destacar que os Parâmetros 
Curriculares Nacionais de geografia propõem um trabalho pedagógico com 
os seguintes propósitos: “ampliação das capacidades dos alunos do ensino 
fundamental de observar, conhecer, explicar, comparar e representar as 
características do lugar em que vivem e de diferentes paisagens e espaços 
geográficos.” (BRASIL, 1998, p. 15).
Para que o trabalho pedagógico seja realizado com êxito, nós, professores, 
devemos dar subsídio aos alunos para que, ao longo do Ensino Fundamental, 
construam um conjunto de conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos 
36
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
e atitudes relacionados à geografia. De acordo com os Parâmetros Curriculares 
Nacionais (BRASIL, 1998, p. 34-35), esse conjunto de conhecimentos deve 
permitir que os alunos sejam capazes de:
• Conhecer o mundo atual em sua diversidade, favorecendo a compreensão de 
como as paisagens, os lugares e os territórios se constroem;
• Identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas conseqüências 
em diferentes espaços e tempos, de modo que construam referenciais 
que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões 
socioambientais locais;
• Conhecer o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, de modo 
que compreendam o papel das sociedades na construção do território, da 
paisagem e do lugar;
• Compreender a espacialidade e temporalidade dos fenômenos geográficos 
estudados em suas dinâmicas e interações;
• Compreender que as melhorias nas condições de vida, os direitos políticos, os 
avanços tecnológicos e as transformações socioculturais são conquistas ainda 
não usufruídas por todos os seres humanos e, dentro de suas possibilidades, 
empenhar-se em democratizá-las;
• Conhecer e saber utilizar procedimentos de pesquisa da Geografia para 
compreender a paisagem, o território e o lugar, seus processos de construção, 
identificando suas relações, problemas e contradições;
• Orientá-los a compreender a importância das diferentes linguagens na 
leitura da paisagem, desde as imagens, música e literatura de dados e de 
documentos de diferentes fontes de informação, de modo que interpretem, 
analisem e relacionem informações sobre o espaço;
• Saber utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a 
espacialidade dos fenômenos geográficos;
• Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a sócio-diversidade, 
reconhecendo-os como direitos dos povos e indivíduos e elementos de 
fortalecimento da democracia.
37
Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
Atividade de Estudos: 
1) Conforme você estudou, os Parâmetros Curriculares Nacionais 
indicam os objetivos do Ensino Fundamental, ou seja, o que os 
alunos devem ser capazes de realizar ao concluí-lo. A seguir, 
estão dois objetivos listados e você deve explicar cada um deles 
aproximando-os do conteúdo da geografia como disciplina de 
ensino: 
a) Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas 
diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de 
mediar conflitos e de tomar decisões coletivas.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
b) Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões 
sociais, materiais e culturais como meio para construir 
progressivamente a noção de identidade nacional e pessoal e o 
sentimento de pertinência ao país.
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
 ______________________________________________________
Agora, vamos retomar ao assunto apresentado no início deste capítulo e que 
merece um maior aprofundamento conforme foi dito: os conceitos fundamentais 
da geografia! 
Vale lembrar, mais uma vez, que, ao criar situações de aprendizagem que 
usem o seu cotidiano, o aluno perceberá que a geografia está presente no seu 
dia-dia. Assim, a partir da vida do aluno, o professor deve contextualizar o que 
será aplicado e buscar novos métodos de ensino. Reforçamos, desta forma, a 
postura dialética do professor mediador, estimulando no aluno o interesse e o 
empenho pelas novas descobertas e construindo em conjuntoo seu aprendizado 
para que ele viva a geografia como um conhecimento dinâmico presente em sua 
vida. 
38
 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
Para um processo de ensino-aprendizagem mais “eficiente”, 
aproxime o estudo das categorias e conceitos a exemplos que cabem 
no cotidiano em que o aluno está inserido. Isto facilitará para o aluno a 
apreensão do conteúdo ensinado. 
a) Espaço
O primeiro conceito fundamental que devemos conhecer é o de ESPAÇO! 
Esta é a categoria geral, a categoria mais abrangente da geografia. Mas, para 
que você possa entender melhor esta categoria, nos remeteremos ao nosso dia-
a-dia. Você já reparou em quantos momentos do seu dia você utiliza o conceito 
de espaço? Apostamos que em muitos momentos! Assim como em nossa rotina 
diária, a categoria espaço também pode ser utilizada na geografia em diversos 
momentos e maneiras de interpretação.
Para você começar a entender, Santos (1997) afirma que o espaço 
é a acumulação desigual de tempos. Assim, “o espaço na Geografia 
deve ser considerado uma totalidade dinâmica em que interagem 
fatores naturais, sociais, econômicos e políticos”. (BRASIL, 1998, p. 27).
Assim, por ser entendido como uma totalidade dinâmica, o espaço 
se transforma ao longo dos tempos históricos, e as pessoas redefinem 
suas formas de viver e de percebê-lo.
Na geografia tradicional, o espaço não era conhecido como um 
conceito fundamental. No entanto, para Ratzel (apud DUARTE; MATIAS, 
2005, p. 192), o espaço “era a base indispensável para a vida do 
homem”. Era no espaço que o homem constituía suas condições de trabalho. Em 
relação a esta ligação do homem com seu espaço de vida, Correa (1995) diz que 
o domínio deste elemento torna-se fundamental para a história e a sobrevivência 
humanas. 
A geografia tradicional caracteriza-se pelo conjunto de 
correntes do pensamento geográfico no período de 1870 a 1950. Foi 
nesse período que a geografia tornou-se disciplina nas universidades 
europeias.
 
Por ser entendido 
como uma 
totalidade 
dinâmica, o 
espaço se 
transforma ao 
longo dos tempos 
históricos, e 
as pessoas 
redefinem suas 
formas de viver e 
de percebê-lo.
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Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
Conforme descrevem os PCNs (BRASIL, 1998), os métodos e as teorias da 
geografia tradicional tornaram-se insuficientes para apreender a complexidade do 
espaço. Assim, a descrição – que era adotada como um dos principais métodos 
– tornou-se insuficiente para explicar tamanha complexidade; “era preciso realizar 
estudos voltados para a análise das ideologias políticas, econômicas e sociais”. 
(BRASIL, 1998, p. 21).
Assim, a partir dos anos de 1960, surgiu uma tendência crítica à geografia 
tradicional, sob influência das teorias marxistas. Essa crítica tinha como centro 
de preocupações as relações entre a sociedade, o trabalho e a natureza na 
produção e apropriação dos lugares e territórios. Para entender melhor, essa nova 
perspectiva defendia que não bastava explicar o mundo: era preciso transformá-
lo!
Vale destacar que, para o aluno, o marxismo contribuiu para a 
compreensão e explicação do processo de produção do espaço. Um exemplo 
que pode auxiliar seu entendimento é a compreensão das desigualdades na 
distribuição da renda e da riqueza em seu espaço de manifestação repleto de 
contradições.
Você deve se lembrar da importância de o aluno compreender as 
diferentes formas de as sociedades se organizarem para produzirem bens e 
serviços!
Neste sentido, conforme destacam os PCNs (BRASIL, 1998), podemos 
apontar as seguintes categorias do marxismo como fundamentais para revelar ao 
aluno condições concretas do seu cotidiano na sociedade: 
• relações sociais de produção,
• modos de produção,
• meios de produção, 
• forças produtivas e 
• formação social.
Porém, o que representou para o ensino essa nova perspectiva de interpretar 
o espaço? Essa nova perspectiva influenciou uma série de propostas curriculares. 
No entanto, 
essas propostas foram centradas basicamente em questões 
referentes a explicações econômicas e a relações de trabalho 
que se mostravam, pelo discurso que usavam, inadequadas 
para os alunos distantes de tal complexidade nessa etapa da 
escolaridade (BRASIL, 1998, p. 22). 
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 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
Na década de 1970, o conceito de espaço apareceu como um conceito-chave 
da geografia, e uma das maiores preocupações compreendia a identificação 
das categorias de análise do espaço. Em resumo, os geógrafos desse período 
definiam espaço como o local de reprodução das relações sociais de produção.
Por isso, você deve estar entendendo que não há uma generalização de 
características que compõem este conceito, pois cada realidade, cada local de 
reprodução da sociedade se configura em um conjunto de características 
únicas que compõem aquele determinado espaço. Desta maneira, 
devemos fazer com que os nossos alunos entendam o espaço em que 
vivem: o somatório e a relação entre os distintos fatores econômicos, 
sociais e políticos que organizam cada realidade vivida!
Milton Santos foi um geógrafo que marcou o pensamento dessa 
época e definiu ainda, quatro categorias para analisar o espaço: forma, 
função, estrutura e processo. 
Leia mais sobre as quatro categorias de análise do espaço 
propostas por Milton Santos em: SANTOS, Milton. Espaço e método. 
São Paulo: Nobel, 1985. 
Em um momento seguinte, já mais próximo aos dias atuais, a categoria 
do espaço ganhou um entendimento a mais ao aceitar, em sua conceituação, 
a presença do espaço abstrato, centrado a partir da experiência. Um dos 
principais autores para esta perspectiva, Tuan (1983), apresenta como 
exemplo desse pensamento o espaço pessoal, o espaço mítico, entre outros 
que respondem ao sentimento e à imaginação das necessidades humanas 
essenciais.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), 
na geografia, falar do imaginário significa procurar compreender os espaços 
subjetivos, ou seja, tentar entender os mapas mentais que as pessoas constroem 
para se orientarem no mundo. 
É fundamental esclarecer que o conceito de imaginário, 
para efeito de nosso estudo, está relacionado ao conceito de 
representações. 
Milton Santos 
foi um geógrafo 
que marcou o 
pensamento 
definiu ainda, 
quatro categorias 
para analisar o 
espaço: forma, 
função, estrutura e 
processo.
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Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
Assim, ao trabalhar com o imaginário no estudo do espaço, facilitamos 
a interlocução com o aluno e compreendemos o significado que as diferentes 
paisagens, lugares e coisas têm para ele.
Em resumo, uma das características que os PCNs de geografia buscam 
para definir o corpo de conteúdos é a tendência conceitual de explicar para 
compreender.
Como você pode perceber, a conceituação desta categoria realmente não se 
esgota! Busque novas referências para dar continuidade a este estudo, porque, 
agora, partiremos para entender a conceituação de outra categoria fundamental 
da geografia: a PAISAGEM.
 
Atividade de Estudos: 
1) Como vocês acabaram de estudar, com o passar do tempo 
e o registro de novas teorias, o conceito de representações 
passou a pertencer à categoria de ESPAÇO. Para exercitar, 
gostaríamos que você registrasse no papel a representação 
do ambiente em que vive. Pode ser o bairro, a rua, a cidade. 
O importante é “tirar” do imaginário e representar as relações 
conforme você as interpreta. 
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b) Paisagem
Ao apresentara categoria paisagem, cabe destacar que todas as categorias 
fundamentais da geografia encontram-se relacionadas entre si e que seu pleno 
entendimento pode ser realizado por essa relação entre suas definições. Como 
exemplo, você aprendeu que, para Santos (1997), o espaço é a acumulação 
desigual de tempos. O mesmo autor, ao referir-se à paisagem, diz que esta é o 
resultado desta acumulação, o que reforça o caráter de complementaridade entre 
os conceitos sobre os quais estamos estudando!
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 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
Assim como a categoria espaço, a paisagem também sofreu alterações em 
seu entendimento conceitual.
No ensino, a paisagem estava presente nos estudos somente da descrição, 
dissociada de sua representação para o homem no espaço. Em relação aos 
procedimentos didáticos adotados, estes promoviam, principalmente, a descrição 
e a memorização dos elementos que compõem as paisagens como dimensão de 
observação; “os alunos eram orientados a descrever, relacionar os fatos naturais 
e sociais, fazer analogias entre eles e elaborar suas generalizações ou sínteses.” 
(BRASIL, 1998, p. 22).
Desta maneira, percebemos que a pretensão era ensinar uma geografia 
neutra, a geografia tradicional, pois as explicações sobre a paisagem deveriam 
estar livres de qualquer forma de compreensão ou subjetividade que confundisse 
ou influenciasse o observador.
Com as novas correntes do pensamento geográfico e a presença da 
abordagem relacional, o objetivo da geografia de estudar as relações entre o 
processo histórico na formação das sociedades humanas e o funcionamento 
da natureza passou, a partir de sua paisagem, pela leitura do lugar, do 
território. Assim, 
na busca dessa abordagem relacional, trabalha com diferentes 
noções espaciais e temporais, bem como com os fenômenos 
sociais, culturais e naturais característicos de cada paisagem, 
para permitir uma compreensão processual e dinâmica de 
sua constituição, para identificar e relacionar aquilo que, na 
paisagem, representa as heranças das sucessivas relações 
no tempo entre a sociedade e a natureza em sua interação. 
(BRASIL, 1998, p. 26).
Para você estudar, então, a paisagem e, consequentemente, 
ensinar a aprender o que entendeu por paisagem, deve sempre se 
lembrar de que a paisagem é o aspecto formal originado do produto da 
sociedade em um momento de sua organização. (CARLOS, 1979).
Esta categoria tem um caráter específico para a geografia! De 
acordo com os PCNs, a paisagem é uma unidade visível do território 
que possui identidade visual; é caracterizada por fatores de ordem 
social, cultural e natural, bem como contém espaços e tempos distintos. 
(BRASIL, 1998).
A paisagem é o velho no novo e o novo no velho!
 
A paisagem 
é o aspecto 
formal originado 
do produto da 
sociedade em 
um momento de 
sua organização. 
(CARLOS, 1979).
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Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
Santos (1988), de uma maneira mais clara, define a paisagem como tudo 
aquilo que nós vemos, o que a nossa visão é capaz de alcançar.
Ao falarmos da paisagem de uma cidade, por exemplo, estaremos nos 
referindo ao seu relevo, a sua rede hidrográfica, as suas vias pavimentadas, 
às construções, à distribuição de sua população e suas marcas, entre outros 
aspectos. Nessa paisagem, está expressa a história de uma sociedade, o acúmulo 
de suas marcas ao longo do tempo. 
Será que você consegue perceber o caráter particular de uma resposta para 
a definição de uma determinada paisagem? 
A paisagem é sempre heterogênea e se configura por 
acréscimos e substituições. (SANTOS, 1988).
Além disto, cada vez que a sociedade passa por mudanças, sejam estruturais 
ou conjunturais, em ritmo e intensidade variados, a paisagem se transforma para 
adaptar-se a essas novas necessidades. Neste sentido, a análise da paisagem 
deve focar as dinâmicas de suas transformações, e não apenas a descrição e o 
estudo de uma realidade aparentemente estática.
Conforme destacam os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998), 
para o trabalho em sala de aula, a análise da paisagem requer a compreensão da 
dinâmica entre os processos sociais, físicos e biológicos inseridos em distintos 
contextos. A preocupação básica é “abranger os modos de produzir, de existir e 
de perceber os diferentes lugares e territórios como os fenômenos que constituem 
essas paisagens e interagem com a vida que os anima”. (BRASIL, 1998, p. 27).
Assim, torna-se imprescindível observar e tentar explicar o que permaneceu 
ou foi alterado em determinada paisagem, isto é, os elementos do passado e do 
presente que ali convivem.
Para você entender e refletir!
Espaço e paisagem são conceitos distintos: PAISAGEM é a 
materialização de um dado momento da sociedade, e o ESPAÇO 
resulta da relação entre a sociedade e a paisagem. 
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 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
c) Lugar 
A terceira categoria fundamental da geografia que você conhecerá agora é 
LUGAR. Conhecendo esta categoria, você também conhecerá seu conceito em 
distintos momentos do pensamento geográfico e seu papel no ensino da nossa 
disciplina!
Inicialmente, na geografia tradicional, as categorias lugar e região eram 
vistas como dimensão objetiva que resultava da interação entre o homem e a 
natureza. Mas, atualmente, estas categorias estão sendo vistas (e estudadas) em 
uma nova dimensão. Assim,
o lugar deixou de ser simplesmente o espaço em que ocorrem 
interações entre o homem e a natureza para incorporar as 
representações simbólicas que constroem juntamente com a 
materialidade dos lugares e com as quais também interagem. 
(BRASIL, 1998, p. 19).
Outra vez Santos (1997) nos auxilia a entender o conceito de 
lugar ao afirmar que cada lugar é, à sua maneira, o mundo. Assim, 
o lugar pode ser entendido como um local determinado de um 
complexo de relações, como uma localidade onde se encontram 
concentradas combinações de variáveis sociais. 
Leia mais sobre o estudo e a interpretação da categoria lugar 
e seus desdobramentos em O lugar no/do mundo, de Ana Fani A. 
Carlos. São Paulo, Hucitec, 1996. 
É importante que você saiba que a categoria lugar está relacionada à 
categoria paisagem, pois o sentimento de pertencer a um território e a sua 
paisagem significa fazer deles o seu lugar de vida e estabelecer uma identidade 
com eles. De certa forma, podemos afirmar que o lugar possui identidade! Neste 
contexto, a categoria lugar 
traduz os espaços com os quais as pessoas têm vínculos 
afetivos: uma praça onde se brinca desde criança, a janela 
de onde se vê a rua, o alto de uma colina de onde se avista 
a cidade. O lugar é onde estão as referências pessoais e o 
sistema de valores que direcionam as diferentes formas de 
perceber e constituir a paisagem e o espaço geográfico. É por 
intermédio dos lugares que se dá a comunicação entre homem 
e mundo. (BRASIL, 1998, p. 19).
O lugar pode ser 
entendido como um 
local determinado 
de um complexo 
de relações, como 
uma localidade 
onde se encontram 
concentradas 
combinações de 
variáveis sociais. 
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Assim, o lugar é o universo em que o aluno vive! Seja ele grande ou pequeno, 
é onde nossos alunos se sentem “em casa”. 
d) Região
O conceito de região, em sua dimensão territorial, por muito tempo, marcou 
os estudos de geografia. Fazer geografia era “explicar a diversidade regional do 
mundo como território, com a pretensão de encontrar alguns princípios gerais que 
explicassem sua diversidade regional.” (BRASIL, 1998, p. 20).
Por algum período, o conceito de região parecia estar esquecido. No entanto, 
neste momento atual em que a globalização é um assunto presente, reaparece um 
forte interesse em estudar as regiões, entendidas como os lugares que mantêm 
uma interação solidária na busca de autonomia e identidade. 
Para esclarecer um pouco mais, Gomes (1995) afirmaque a 
região pode ser compreendida como o território ocupado, com uma 
organização do espaço desenvolvida determinando um modo de vida. 
Assim, podemos entender que a região é o lugar ao qual pertencemos, 
o lugar estruturado.
Vidal de La Blache, com outros estudiosos da época, denominaram 
região como uma unidade de análise geográfica, um dado da realidade 
que exprimia a forma de os homens se organizarem no espaço. Assim, a 
nossa função seria descrever, explicar e delimitar esse recorte espacial. 
Leia mais sobre o conceito de região no texto O conceito de 
região e sua discussão, de Paulo César de Castro Gomes, no livro 
Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995. 
p. 49-76. 
A noção de região é bastante complexa. Por isso, refletiremos sobre alguns 
assuntos relacionados a este conceito! Vale a pena estender esta discussão a 
seus alunos em sala de aula!
• Atualmente, a realidade aparece cada vez mais como homogênea, anulando 
aparentemente, as diferenças. Estas diferenças emergem da homogeneidade 
como manifestações de regionalismo político, cultural e religioso.
Gomes (1995) 
afirma que a 
região pode ser 
compreendida 
como o território 
ocupado, com 
uma organização 
do espaço 
desenvolvida 
determinando um 
modo de vida.
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• Devido à proximidade da noção de região com a de planejamento, há uma 
desmontagem dos planos de desenvolvimento regional enfraquecendo a 
noção de região.
• A multiplicidade de estudos regionais banaliza o estudo do conceito.
• A discussão a respeito da noção de região coloca a questão da unidade 
geográfica.
e) Território 
Em uma aproximação entre as categorias, podemos afirmar que a categoria 
paisagem possui uma relação estreita com a categoria território (que veremos 
ainda neste capítulo). Pode, até mesmo, ser considerada como o conjunto de 
paisagens. É algo criado pelos homens; é uma forma de apropriação da natureza.
Inicialmente, esta categoria estava presente nos estudos biológicos do final 
do século XVIII. Nesse momento, o território era definido como uma área onde 
uma espécie desempenhava todas as funções vitais para o seu desenvolvimento. 
Assim, o território era entendido como “o domínio que os animais e as plantas têm 
sobre porções da superfície terrestre.” (BRASIL, 1998, p. 27).
Vamos ver como dois importantes estudiosos da geografia entendiam o 
conceito de território?
Augusto Comte, por meio de estudos comportamentais, incorporou 
a categoria território aos estudos da sociedade. Ratzel (apud DUARTE; 
MATIAS, 2005) definiu o território como uma apropriação do espaço. 
Neste sentido, o território, para as sociedades humanas, seria 
representado pela identificação de posse em determinada parcela do 
espaço. 
Souza (1995) considera o território como um espaço definido e delimitado a 
partir de relações de poder.
Na geografia política, o território surge como o espaço concreto em si, 
composto por suas características naturais, construído e apropriado por um grupo 
social. Nesta área, o território pode ser entendido, também, como um conceito 
político base para explicar fenômenos geográficos relacionados à organização da 
sociedade e suas interações com as paisagens.
O território, para 
as sociedades 
humanas, seria 
representado 
pela identificação 
de posse em 
determinada 
parcela do espaço.
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O território é uma categoria fundamental quando estudamos a 
sua conceitualização ligada à formação econômica e social de uma 
nação. Neste sentido, é o trabalho que qualifica o território como 
produto do trabalho social. (BRASIL, 1998, p. 27-28) 
É importante você saber que tão relevante quanto compreender a categoria 
de território é compreender a complexidade de convivência em um mesmo espaço! 
Na realidade brasileira, por exemplo, o sentimento de pertinência ao território 
nacional envolve a compreensão da diversidade das culturas que aqui convivem 
e que, mais do que nunca, buscam o reconhecimento de suas especificidades. 
(BRASIL, 1998).
 
Assim, conforme destaca Souza (1995), ocupação do território gera raízes 
e identidade. Desta forma, um grupo não pode ser entendido sem o território que 
ocupa, pois sua identidade sociocultural está associada às características do 
“concreto” no qual está instalado. 
Albagli (2004) vai mais além e detalha que a formação, a dinâmica e a 
diferenciação dos territórios estão vinculadas a uma variedade de dimensões, 
como:
• Dimensão física: suas características geológicas e recursos naturais e 
aquelas resultantes dos usos e práticas dos atores sociais.
• Dimensão econômica: formas de organização espacial dos processos 
sociais de produção, de consumo e de comercialização.
• Dimensão simbólica: conjunto específico de relações culturais e afetivas 
entre um grupo e lugares particulares.
• Dimensão sociopolítica: meio para interações sociais e relações de 
dominação e poder.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais, você encontra uma dica fundamental 
para nós, professores de geografia: a importância da diferenciação entre o 
conceito de território e territorialidade! Vamos entender essa diferença? 
Conforme você acabou de estudar, o território refere-se a um campo 
específico de estudo da geografia. Ele é representado
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 CurrÍCuLoS dE GEoGrAfiA E oS PArâmETroS CurriCuLArES nACionAiS
por um sistema de objetos fixos e móveis, como, por exemplo, 
o sistema viário urbano representando o fixo e o conjunto dos 
transportes como os móveis. Ambos constituem uma unidade 
indissolúvel, mas que não se confundem. Outro exemplo pode 
ser a unidade formada pela moradia com a população. No 
limite mais abstrato, o da indústria e do fluxo de trabalhadores. 
(BRASIL, 1998, p. 28).
Quanto ao conceito de territorialidade, podemos afirmar que complementa 
o conceito de território. Isto porque representa a condição necessária para a 
existência da sociedade como um todo, um sistema de comportamento. Assim, 
o conceito de territorialidade refere-se “às relações entre um indivíduo ou grupo 
social e seu meio de referência, manifestando-se nas várias escalas geográficas 
[...] e expressando um sentimento de pertencimento e um modo de agir no âmbito 
de um dado espaço geográfico.” (ALBAGLI, 2004, p.28). 
Atividade de Estudos: 
Agora que você conheceu os conceitos fundamentais da geografia, 
apresente a diferenciação entre REGIÃO e TERRITÓRIO.
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ALGumAS ConSidErAçõES 
 
Neste capítulo, buscamos aproximar você dos conceitos fundamentais que 
compõem a geografia e contextualizá-los nos Parâmetros Curriculares Nacionais. 
Assim, você será capaz de trabalhar de maneira adequada cada um dos conceitos 
aprendidos nas situações e temáticas apresentadas em sala de aula.
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Os COnCeitOs Fundamentais da GeOGraFia e Os PCns Capítulo 2 
Além disto, buscamos mostrar, mais uma vez, a importância de aproximar 
os conceitos da realidade por meio de exemplos que ilustram a teoria e facilitam a 
compreensão de cada um dos conceitos trabalhados. Isto tudo sempre acompanhado 
de dicas de leitura para aprofundar ainda mais seus estudos.
Com isto, você adquiriu mais bagagem de conhecimento

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