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IMUNOLOGIA – BÁRBARA ALBUQUERQUE AZEVEDO MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA MECANISMO DE RESISTÊNCIA o É aplicada uma força ao dente. o Estiramento e compressão das fibras. o Fluido intersticial é comprimido contra as paredes ósseas e drenado lentamente para fora do alvéolo. o Resistência hidráulica ao movimento dental (fluido quer voltar para o seu local). o Ocasiona a volta do dente para sua posição normal. COMO ACONTECE A MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA o Modificações biológicas são observadas no ligamento periodontal, no osso alveolar e nas raízes dos dentes movimentados. o Ligamento periodontal: áreas hialinas e distensão das fibras. o Osso alveolar: reabsorções ósseas frontal e à distância. o Raízes dos dentes movimentados: reabsorções. o Alterações morfológicas e quantitativas das células clásticas no ligamento periodontal e em meio ao osso alveolar. o A biologia da movimentação dentária induzida se modifica pela intensidade da força, o tipo do movimento, o período de observação, os dentes envolvidos, a morfologia radicular e da crista óssea, o plano dos cortes microscópicos e a influência de medicamentos. EFEITOS DA MOVIMENTAÇÃO DENTÁRIA ÁREAS HIALINAS o A força aplicada no dente comprime os vasos do ligamento periodontal. o Consequentemente, gera hipóxia e fuga e/ou morte celular. o A matriz extracelular altera a relação bioquímica e organizacional dos seus componentes resultando em áreas de maior concentração proteica, com união de densos feixes de fibras colágenas. o Isso resulta em áreas microscopicamente pobres em células e de aspecto eosinofílico homogêneo, denominadas áreas hialinas da matriz extracelular. CÉLULAS CLÁSTICAS o A compressão dos vasos sanguíneos gera hipóxia e, consequentemente, morte celular. o Na morte celular, há desintegração celular e tecidual, gerando especialmente proteínas livres, que desencadearão fenômenos vásculo- exsudativos próprios do processo inflamatório. o Os elementos plasmáticos derivados do exsudato inflamatório, principalmente, os derivados do ácido araquidônico, citocinas e fatores de crescimento induzirão a osteoclasia no local. o Associação da colagenase liberada pelos osteoblastos com a colagenase do exsudato inflamatório promove a perda de uma extensa área de tecido osteóide. o Expõe a superfície óssea à ação das células clásticas e promove, indiretamente, efeito quimiotático para essas células, devido à exposição dos cristais de hidroxiapatita. o Interação de citocinas, fatores de crescimento e protaglandinas com os receptores de osteoblastos e macrófagos induz a mobilização de mais células clásticas para a superfície óssea exposta. o O conjunto celular constituído por células clásticas, osteoblastos e macrófagos constitui as unidades de reabsorção ou osteorremodeladoras. REABSORÇÃO ÓSSEA FRONTAL o Ocorre quando a força é moderada e gera o mínimo de áreas hialinas no ligamento periodontal. o Não se observam alterações significantes na organização dos cementoblastos da superfície radicular e raramente ocorre exposição do cemento na raiz. REABSORÇÃO RADICULAR o O excesso de força gera compressão dos vasos sanguíneos do ligamento periodontal e ausência de oxigênio no local, provocando a morte dos cementoblastos. o A resistência da superfície radicular à reabsorção resulta da propriedade dos cementoblastos não apresentarem, na sua membrana celular, receptores aos mediadores estimuladores da reabsorção óssea. o Para que ocorra a reabsorção radicular, previamente deve haver perda da camada cementoblástica. o A superfície radicular fica desnuda e exposta à ação das células clásticas que respondem aos mediadores da reabsorção. DISTENSÃO DAS FIBRAS DO LIGAMENTO PERIODONTAL o As fibras do ligamento periodontal, nos lados de tensão, são estiradas e os vasos sanguíneos parcialmente colabados durante a movimentação dentária induzida. o Os mediadores químicos aumentam em pequenos níveis e estimulam a aposição óssea nessas áreas. o Microscopicamente, observam-se o aumento da matriz osteóide no lado de tensão e a reinserção das fibras locais. o Mediante forças excessivas, notam-se também áreas de reabsorção radicular e óssea nos locais de estiramento das fibras periodontais. o Isso ocorre porque há o rompimento das fibras do ligamento periodontal, aumento nos níveis de mediadores ligados à inflamação e consequente desencadeamento dos fenômenos reabsortivos. AÇÃO DAS CITOCINAS LADO DE COMPRESSÃO o A hipóxia vai gerar um processo inflamatório. o Síntese de citocinas pró-inflamatórias (principalmente TNF e IL-1). o Produção de RANKL e ativação do eixo RANK – RANKL. o Ativação de osteoclastos: liberação de TRAP (desmineralização óssea) e iNOS (microfragmentação óssea). o Reabsorção óssea. LADO DE TENSÃO o Estiramento das fibras do ligamento periodontal. o Ausência de citocinas pró-inflamatórias. o Ativação do eixo RANK – OPG. o Osteoclasto ligado a OPG produz BMP e morre. o OPG se liga aos osteócitos, que se diferenciam em osteoblastos. o BMP estimula os osteoblastos à formação óssea. DOR DA MOVIMENTAÇÃO ORTODÔNTICA o Inicia-se algumas horas após a aplicação de uma força. o Pico máximo aproximadamente 6 horas após e pode continuar até cerca de 5 dias. o Resulta do estiramento e distorção dos tecidos devido às forças mecânicas e da interação dos múltiplos mediadores inflamatórios com os receptores locais da dor. o Principais mediadores: bradicinina, histamina, prostaglandinas e serotonina. o Outras variáveis podem afetar a resposta dolorosa, como fatores emocionais. PORQUE NÃO OCORRE A ANQUILOSE ALVEOLODENTÁRIA o Entre às fibras, fibroblastos, vasos e nervos do ligamento periodontal se encontram os Restos Epiteliais de Malassez que liberam mediadores, especialmente o EGF ou Fator de Crescimento Epitelial ou Epidérmico. o Em áreas com EGF, na superfície do tecido ósseo estimula-se a reabsorção, sem formação de novas camadas superficiais. EGF: FUNÇÕES o Regular e estimular a proliferação e a diferenciação, em especial nos epitélios. o Nos tecidos bucais, os receptores para EGF estão presentes em todos os epitélios, inclusive no epitélio juncional. o No entanto, não foram detectados EGFr nos tecidos pulpares e periodontais. o O EGF estimula a mitose em várias linhagens celulares como o epitélio, fibroblastos, condrócitos, endotélio, músculo liso e hepatócito. o Nas superfícies epiteliais, estimula a proliferação, diferenciação, organização e queratinização das camadas superficiais no processo regenerativo em ulcerações cutâneas e mucosas. o O EGF tem revelado uma potente atividade na indução à reabsorção óssea, inclusive na osteoclastogênese. o A participação do EGF na movimentação dentária induzida tem sido confirmada em alguns estudos que promovem um aumento desse fator de crescimento nos tecidos periodontais. RESTOS EPITELIAIS DE MALASSEZ o Atuam na manutenção do espaço periodontal, evitando a anquilose alveolodentária pela liberação continuada de EGF. o Durante o tratamento ortodôntico, não ocorre anquilose alveolodentária, pois os restos epiteliais de Malassez não são destruídos durante o deslocamento dentário induzido. o Participam do processo de reorganização do ligamento periodontal, inclusive protegendo a raiz nas áreas onde ocorreram reabsorções e influenciando positivamente na cementogênese. o Participam da movimentação dentária induzida, pois promovem um aumento de EGF nos tecidos periodontais, auxiliando na reparação das áreas radiculares reabsorvidas e na cementogênese. o A movimentação dentária induzida estimula a proliferação dos Restos Epiteliais de Malassez, aumentando sua capacidade proliferativa e seu tamanho, favorecendo a renovação tecidual doligamento periodontal e o deslocamento dentário, em função de estimular a reabsorção óssea. o Na movimentação ortodôntica, os Restos Epiteliais de Malassez não morrem ou desaparecem, eles continuam ativos e estimulados a proliferar e produzir mediadores para colaborar na reorganização tecidual, cementogênese e reparação da superfície radicular que tenha sofrido reabsorção. o Os Restos Epiteliais de Malassez deixam o tecido ósseo periodontal distante da raiz por liberarem mediadores – como o EGF – indutores da osteoclasia. PORQUE NÃO OCORRE REABSORÇÃO DAS RAÍZES o Os cementoblastos formam uma camada protetora na superfície das raízes, escondendo o dente do resto do corpo, inclusive do osso. o A eliminação dos cementoblastos provocam uma reabsorção passageira que pode ser pequena ou grande, mas dificilmente leva à perda do dente. o Os cementoblastos voltam a se formar no local. Ela se chamará Reabsorção Externa Inflamatória e ocorre mais no ápice da raiz. o Embrulhando as raízes e isolando-as do osso, se tem uma membrana bem fininha chamada ligamento periodontal. Dentro dele tem uma rede bem fininha de epitélio que fica secretando um líquido chamado EGF (Fator de Crescimento Epidérmico) que estimula o osso a ficar longe do dente, mantendo a distância de 0,25mm em média. o Se alguém matar esta rede chamada de Restos Epiteliais de Malassez, o osso encosta no dente (anquilose), as células do osso reabsorvem a raiz e no lugar vai colocando osso, o que se chama de Reabsorção por Substituição. Tratamento ortodôntico não provoca este tipo de reabsorção. o Logo abaixo na gengiva, o esmalte se encontra com o cemento da raiz. Nesta linha de encontro, todos os dentes têm defeitos pequenos em forma de janelas que expõem a dentina. A gengiva tem um "gel" que esconde essas janelas, mas no traumatismo dentário a inflamação induzida vai dissolver este gel e no local a dentina terá a Reabsorção Cervical Externa. o A única reabsorção que leva a perda do dente é a Reabsorção por Substituição.
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