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Corrimentos Vaginais

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Corrimentos Vaginais 
Maria Izabela, Med X. 
O corrimento vaginal é queixa frequente da prática ginecológica diária, podendo ser percebido 
pela mulher ou apenas evidenciado durante exame ginecológico. Geralmente encontra-se 
associado a um processo inflamatório e/ou infeccioso da vulva, vagina ou do colo uterino. 
Causas de corrimento vaginal na mulher adulta: 
Corrimento vaginal fisiológico Vulvovaginites não infecciosas 
- Irritativas; alérgicas; Vaginose citolítica. 
Vulvovaginites Infecciosas 
- Vaginose bacteriana 
-Candidíase vulvovaginal 
- Tricomoníase vaginal 
Cervicites: 
- pelo HPV 
- Gonococo 
- Clamídia 
 
Características clínicas: 
As Vulvovaginites se manifestam por corrimentos vaginais que possuem características 
bastante variadas: 
 Quanto à quantidade: escasso ou abundante 
 Quanto à cor: branco, amarelado, esverdeado ou acinzentado. 
 Textura: homogêneo, fluido ou grumoso. 
 O corrimento pode estar associado a um ou mais dos sintomas: prurido vulvovaginal, 
odor fétido, dor ou ardor ao urinar, dor às relações sexuais e sensação de desconforto 
pélvico. 
Obs: Atenção - esses sinais e sintomas são inespecíficos e muitas infecções genitais podem ser 
assintomáticas. O diagnóstico deve ser baseado no exame ginecológico minucioso. 
No exame clínico ginecológico de paciente com queixa de corrimento 
vaginal: 
Anamnese: 
 A descrição subjetiva da paciente em relação às características do corrimento nem 
sempre é útil para diagnóstico correto, pois nenhum sintoma é único/patognomônico 
de qualquer causa de corrimento vaginal. 
Exame ginecológico: 
1. Inspeção da vulva: atenção às alterações de coloração e presença de lesões. 
2. Exame especular: características do corrimento (quantidade, coloração e textura), 
da parede vaginal e do colo uterino (procurar sinais de processos inflamatórios e 
presença de muco/pus). Lembre-se de que os sinais das Vulvovaginites são 
bastante inespecíficos e enganosos, independentes da experiência do examinador. 
Realizar o diagnóstico baseado apenas nas características clínicas do corrimento 
implica em erro em mais de 50% dos casos. 
Avaliação complementar: 
1. Medida do pH vaginal: consiste em um teste rápido e simples realizado através de 
uma fita de papel indicador de pH colocada em contato com a parede vaginal durante 
1 minuto. Cuidado! Atenção para que a fita não toque o colo, que possui pH mais 
básico do que a vagina (pela presença do muco cervical) e pode causar distorções na 
leitura. A presença de sangue também pode alterar o resultado. O valor normal do pH 
vaginal é entre 3,8 e 4,5. 
2. Teste das aminas (do cheiro): algumas aminas são produzidas pela flora bacteriana 
vaginal, especialmente os anaeróbios. As aminas podem ser identificadas quando o 
conteúdo vaginal é misturado com 1 a 2 gotas de KOH a 10%. Se aumento exagerado 
de anaeróbios (como na Vaginose bacteriana e alguns casos de Tricomoníase), a adição 
de KOH promove volatilização dessas substancias, liberando um odor bastante fétido, 
semelhante a peixe estragado. Nesse caso, o teste é considerado positivo. 
3. Bacterioscopia de conteúdo vaginal: a análise microscópica é o método definitivo para 
diagnóstico etiológico do corrimento. Técnicas utilizadas: à fresco, com KOH a 10% 
e/ou esfregaço corado pelo gram. 
 Achado microscópico típico de conteúdo vaginal normal: células epiteliais 
vaginais em quantidade moderada; predominância de lactobacilos em relação 
às outras espécies de bactérias; ausência de “clue-cells”, tricomonas, hifas e 
esporos de leveduras. 
 É comum também a presença de outras bactérias: bacilos e cocos gram – e +, 
porém em quantidade inferior à de lactobacilos. 
4. Culturas: culturas não quantitativas em meios de rotina não possuem valor 
diagnóstico para corrimento vaginal. Possuem valor no diagnóstico das Vulvovaginites 
as culturas específicas, reservadas aos casos de recorrência ou dificuldade diagnóstica 
usando os procedimentos anteriores. 
5. Citologia oncótica (Papanicolau): não devem ser usados para diagnóstico das 
Vulvovaginites, apresentando baixa sensibilidade e especificidade. 
O corrimento vaginal fisiológico 
É uma queixa apontada por muitas mulheres e não necessariamente associa-se a patologias, 
sendo simplesmente seu conteúdo fisiológico vaginal. 
A quantidade média diária pode variar com a idade, excitação sexual, estado emocional, fase 
do ciclo menstrual, temperatura ambiente e com a presença de gravidez. 
Características do corrimento vaginal fisiológico: 
 É transparente ou branco, inodoro, de aspecto mucoide, homogêneo ou pouco 
grumoso. 
 O pH vaginal é normal e o teste das aminas negativo. 
 Microscopia: predomínio dos lactobacilos, com células epiteliais descamativas e raros 
leucócitos. 
Nessas mulheres, deve-se orientar quanto à normalidade do quadro e o tratamento é 
educacional. 
Vaginose Bacteriana 
Trata-se da desordem mais frequente do trato genital inferior entre as mulheres em idade 
reprodutiva e a causa mais prevalente de corrimento vaginal com odor fétido. 
É caracterizada pela falta/ausência dos lactobacilos normais vaginais e pelo crescimento 
exacerbado de inúmeras bactérias, como a Gardnerella vaginalis, bacilos e cocos gram 
negativos anaeróbicos, Mycoplasma hominis e outros. Tem etiologia desconhecida. 
 Essas bactérias juntamente com o protozoário Trichomonas vaginalis, produzem 
sialidase, que pode decompor produtos do muco cervical, levando ao corrimento 
bolhoso que cobre a vagina. 
 Os lactobacilos também produzem sialidase, mas em quantidade muito menor do que 
na VB e na Tricomoníase, sendo apenas parte do mecanismo de renovação normal do 
muco cervical, que fica comprometido com o aumento intenso das sialidases. 
 Provavelmente por isso facilitam a ascensão de germes na DIP. As bactérias da VB 
aumentam na época da menstruação, explicando a maior incidência de DIP pós-
menstrual, se houver cervicite associada. 
Fatores associados à perda de lactobacilos: 
 Uso indiscriminado de ATB, diafragma, espermicidas, coito, anel vaginal e outros. 
Sinais e sintomas presentes: 
 Queixa de corrimento perolado, com odor fétido, principalmente após o coito e pós-
menstrual. 
 Exame especular: paredes vaginais íntegras, marrons homogêneas ao Teste de Schiller 
em sua maioria, banhadas por corrimento perolado bolhoso, à custa de aminas 
voláteis. 
Critérios diagnósticos de Amsel: 
 Corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado e de quantidade variável. 
 pH > 4,5 
 Presença de clue cells no exame bacteriscópico, associada à ausência de lactobacilos. 
 Teste das aminas positivo 
A coloração pelo Gram é também bastante utilizada. 
Tratamento: 
 Metronidazol 500 mg, VO , 12/12h, por 7 dias ou 2g, em dose única; 
 Ou Secnidazol ou Tinidazol 2 g VO em dose única; 
 Clindamicina (VO ou creme vaginal) e o Tianfenicol (VO) também são efetivos, porem 
deve ser reservado para casos rebeldes aos tratamentos anteriores. 
 Obs: não há necessidade de tratamento do parceiro, exceto se houver recorrência. 
Candidíase Vulvovaginal 
Caracteriza-se pela infecção da vulva e vagina pelas Candida albicans (80 a 92% dos casos) 
Sua presença no trato genital feminino não equivale à doença, pois pode estar presente em 
mulheres saudáveis. 
Fatores predisponentes: 
Gravidez Uso de corticoide ou 
imunossupressores 
Alterações na resposta 
imunológica da mulher 
(imunodeficiência). 
Anticoncepcionais orais (só 
alta dosagem) 
Hábitos de higiene e 
vestuário inadequados 
(diminuição da ventilação e 
aumento da umidade e calor 
local). 
 
DM melitus (descompensado) Contato da vulva com 
substancias alérgenas e/ou 
irritantes (talco, perfume, 
desodorante). 
 
 
Quadro clínico: 
 Prurido vulvovaginal (principal sintoma e de intensidade variável); 
 Corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (leite coalhado), 
levemente aderido à parede vaginal; 
 Ardor ou dor à micção; 
 Dispareunia de introitovaginal 
 Hiperemia, edema, fissuras e maceração da vulva. 
Cândida recorrente é definida quando a paciente refere 4 ou mais episódios de CVV 
sintomáticos em um ano e geralmente é causada por C. albicans susceptível aos imidazólicos 
em regime supressivo por pelo menos seis meses, uma vez por semana, com 4 controle dos 
sintomas em 90% das pacientes 
Diagnóstico: 
 O aspecto clínico típico é suficiente para um diagnóstico correto na maioria das vezes, 
dispensando a realização de outros exames. Porém, nem sempre o corrimento típico 
está presente. 
 Exame microscópico a fresco do conteúdo vaginal – presença de hifas ou esporos 
birrefringentes. 
 Está associada a pH normal vaginal <4,5 
 Esfregaço do conteúdo vaginal corado pelo método de gram; 
 Cultura: só tem valor quando em meios específicos, sendo o método diagnóstico mais 
sensível. 
Obs: Vale ressaltar que clinicamente, com o teste de Schiller, com ou sem o colposcópio, a 
Candidíase apresenta colpites em pontos, por vezes erosiva, quando a resposta inflamatória é 
muito intensa, já diferenciando da Vaginose bacteriana, que além de ter pH alto, mantém as 
paredes íntegras, pois não há aderência de placas ao epitélio vaginal, como ocorre na 
candidíase, levando à intensa inflamação nas pacientes sintomáticas. 
Tratamento: 
 Tópico (via preferencial nos casos esporádicos): Miconazol, Tioconazol, Isoconazol e 
etc. todos os derivados imidazólicos possuem eficácia semelhante. 
 Sistêmicos (casos recorrentes e de difícil controle, impossibilidade de TTO tópico ou 
preferencia pelo paciente): Itraconaozl, Flucanazol e Cetoconazol. 
 Obs: parceiro não deve ser tratado de rotina. 
Tricomoníase Vaginal 
É a principal vaginite sexualmente transmissível, causada pelo protozoário Trichomonas 
vaginalis. Por conta disso, deve-se chamar o (s) parceiro (s) para a consulta e tratamento 
conjunto. 
Trata-se de uma infecção cervicovaginal, em que o colo uterino apresenta microulcerações que 
dão aspecto de morango/framboesa. É, ainda, uma cervicocolpite e acomete o epitélio 
escamoso e não a mucosa glandular primariamente, podendo ainda se estender à uretra, 
glândulas de Skene e Bartholin. O processo inflamatório é bastante intenso e pode veicular 
outros agentes infecciosos bacterianos e virais. 
Quadro clínico: 
 Corrimento abundante amarelo-esverdeado, bolhoso e com odor acre “de vinagre”; 
 Processo inflamatório importante (vagina e colo uterino); 
 Cervico-colpite difusa e local (aspecto de framboesa e Shiller “onçoide”- microlesões 
focais típicas da Tricomoníase); 
 Prurido, disúria e dor pélvica ocasional; 
 Mais da metade das mulheres portadoras de Tricomoníase são assintomáticas. 
Diagnóstico: 
 O aspecto clínico não é suficiente para o diagnóstico correto em mais de 50% dos 
casos; 
 Exame microscópico a fresco do conteúdo vaginal – observação direta dos parasitas e 
de grande número de leucócitos; 
 Esfregaço do conteúdo vaginal corado pelo Método de gram ou Papanicolau; 
 Na maioria dos casos, teste das aminas +. 
Obs1: O protozoário sobrevive em meio ácido, entretanto, a transudação inflamatória das 
paredes vaginais eleva o pH para 6,7 a 7,5 e nesse meio alcalino, pode surgir flora bacteriana 
patogênica, estabelecendo Vaginose associada. 
Obs2: A Tricomoníase vaginal pode alterar a classe da citologia oncótica. Nos casos de 
alterações oncológicas não acentuadas do colo uterino associadas à Tricomoníase, deve-se 
tratar a infecção e repetir a citologia em 2-3 meses. 
Tratamento: 
 Metronidazol 2 g, VO, dose única OU 250 mg VO de 8/8 horas, por 7 dias; 
 Secnidazol ou Tinidazol 2 g VO dose única. 
 Para alívio sintomático, pode-se associar o tratamento tópico com Metronidazol gel 1 
aplicação vaginal à noite por 1 semana. 
 Na gravidez: mesmo esquema das não grávidas, devendo realizar tratamento somente 
após início do 2° trimestre. 
Vaginose citolítica* 
Consiste no aumento do resíduo vaginal fisiológico por exacerbação da flora de lactobacilos.

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