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ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII ✓ Cervicites (infecções do epitélio cilíndrico) ✓ Vulvovagintes (da vulva e da vagina) ✓ Ulceras genitais (doenças venéreas) A cavidade peritoneal da mulher tem uma característica diferente do homem, porque tem contato direito com o sistema externo, sendo necessário todo um sistema de defesa contra infecções para impedir que os microrganismos ascendam para a cavidade. No canal vaginal existe uma flora de lactobacilos chamados de bacilos de Doderline, que fazem com que o glicogênio forme ácido láctico, que diminui o pH vaginal (uma das proteções contra infecções). Certas situações podem alterar esse meio vaginal, como o hiperestrogenismo, por exemplo, que causa uma atrofia do epitélio vaginal, formando menos ácido láctico e alterando o pH da vagina, por uma simples mudança do meio vaginal. • NA VULVA: ✓ Epitélio estratificado queratinizado ✓ Pelos pubianos abundantes ✓ Coarctação dos lábios menores (barreira mecânica) ✓ Substâncias, como o ácido undecilênico (bactericida) Quando realiza uma episiotomia é uma região muito próxima do ânus, portanto, se esperaria uma infecção pós operatória pela proximidade entre os dois sistemas, mas é muito raro ter infecção, pois a vulva possui muitos mecanismos de proteção. • VAGINA: ✓ Acidez normal (pH de 4 a 4,5) ✓ Flora de lactobacilos de Doderline (transformam o glicogênio em ácido láctico) ✓ Peroxido de hidrogênio ✓ Assoalho pélvico ✓ Justaposição ✓ Pregueado mucoso (pregas circulares por toda a vagina) → quando se aproxima do colo do útero, deixam de ser justapostas, formando os formices/fundo de saco vaginal • COLO DO UTERO: ✓ Muco endocervical (forma um tampão e impede a ascensão) ✓ Substâncias bactericidas ✓ Integridade anatômica • TIPO I: 90 a 95% de Doderline 5 a 10% de outras bactérias Ausência ou raros polimorfonucleares • TIPO II: 50% de bacilos de Doderline 50% de outras bactérias Maior quantidade de polimorfonucleares • TIPO III: disbiose Ausência de Doderline 100% de outras bactérias Polimorfonucleares em grande quantidade Existem duas formas de laudar o Papanicolau, uma das formas é em classes (classe I, II, III, IV, V). Mas o papa não tem a finalidade de detectar a flora vaginal, e sim detectar se há alterações no colo do útero, mas acaba identificando a flora. Além de poder ser laudado pelos tipos, pode ser também pela classificação de Bethesda. OBS: a maioria das mulheres que possuem vida sexual ativa possuem uma flora vaginal um pouco alterada. A flora vaginal do tipo III pode levar a sintomas, principalmente odor vaginal. • DESEQUILÍBRIO DA FLORA VAGINAL: Aumento exagerado de bactérias anaeróbicas (Gardnerrella vaginallis, Bacterioides sp etc). São bactérias que já existiam no meio vaginal, mas aumentam em quantidade. Além disso, juntamente, tem ausência ou diminuição acentuada dos lactobacilos. Contudo, uma quantidade exagerada de lactobacilos pode causar uma vaginose citolítica. Portanto, tanto o exagero, quanto a ausência de lactobacilos pode levar a um quadro de disbiose). ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII O epitélio da vulva é epitélio glandular. Alguns microrganismos têm trofismo para epitélio glandular, como gonococo, Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis, Mycoplasma hominis, Trichomonas vaginalis, Herpes simplex. Epitélio glandular na uretra, nas glândulas de Skene e glândulas de Bartholin. As glândulas formam um pentágono, muito comum para essas infecções. • CLASSIFICAÇÃO: ✓ Gonocócicas ✓ Não gonocócicas Hoje em dia é comum se fazer exame para Chlamydia e Gonococo juntamente com o Papanicolau (citologia em meio líquido). Essa citologia tem essa vantagem, de pesquisar essas infecções concomitantemente. CHLAMYDIA GONOCOCO • Assintomática (na maioria das vezes) • Sintomas leves (corrimento mucopurulento, dispareunia, disúria) A disuria pode ocorrer por causa do pentágono blenorrágico, pode acometer a uretra também. • Complicações → microrganismo ascender e acometer as tubas uterinas e o peritônio pélvico • Bartolinite (abcesso da glândula de Bartholin). • Muco cervical purulento e friável • Doença inflamatória pélvica: • Esterilidade • Gravidez ectópica (diminui a luz da tuba e impede que o zigoto chegue na cavidade uterina) • Dor pélvica crônica (aderências pélvicas) Se houver sinais de cervicites, pedir bacterioscopia ou papanicolau em meio líquido para pesquisa desses microrganismos. • TRATAMENTO DAS CERVICITES: ✓ Azitromicina 1g VO dose única (mais usada) ✓ Doxicilina 100mg VO 12/12h por 7 dias ✓ Eritromicina 500mg VO 6/6h por 7 dias ✓ Ofloxacin 400 mg VO dose única ✓ Ciprofloxacina 500 mg VO dose única ✓ Cefixima 400 mg VO dose única ✓ Ceftriaxona 250 mg IM dose única ✓ Tianfenicol 2,5g VO dose única ✓ Deve tratar o parceiro também. Manifestações inflamatórias e/ou infecciosa do trato genital feminino inferior, ou seja, vulva, vagina e epitélio escamoso do colo uterino (ectocervicite). • IMPORTÂNCIA: ✓ Pode interferir nas tarefas cotidianas ✓ Pode interferir nas relações sexuais → ex: vaginose bacteriana causa odor fétido durante as relações sexuais ✓ Transmissão do HIV (relações com um portador do vírus + vulvovaginite leva a soluções de continuidade, que pode facilitar a transmissão do HIV) ✓ Infertilidade (por comprometimento das tubas uterinas) ✓ Carcinoma do colo (tipo viral → HPV) • TIPOS: ✓ Infecciosas (a maioria das vulvovaginites. ✓ Não infecciosas • NÃO INFECCIOSAS: ✓ Alérgicas (perfume, corantes de roupas intimas, absorventes diários, gel espermicida) ✓ Agentes químicos ✓ Agentes físicos (radioterapia) ✓ Trauma ✓ Corpos estranhos (OB, preservativos) ✓ Atrofia senil → pós menopausa, atrofia do epitélio vaginal (altera o pH e causa odor) ✓ Diabetes mellitus → pode levar a uma vulvite • VULVOVAGINITES INFECCIOSAS: ✓ Infecções sépticas ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII ✓ Doenças venéreas ✓ Vaginose bacteriana ✓ Fúngicas ✓ Protozoários ✓ Helmintos (muito raro) ✓ Virais (Herpes genital) ✓ Dermatozoonoses (raro também) • QUADRO CLÍNICO: ✓ Corrimento ✓ Sintomas locais (ardência, dor local) ✓ Prurido ✓ Ardor ✓ Sangramento ✓ Odor • PROPEDÊUTICA: ✓ Anamnese → qual é a queixa dessa paciente (odor, prurido) ✓ Exame clínico → acerta em 50% dos casos (pode caracterizar algumas vulvovaginites), mas nem sempre é o suficiente ✓ pH vaginal ✓ Exame à fresco → material da vagina em lâmina com SF ✓ Bacterioscopia ✓ Teste das aminas ✓ Cultura ✓ Vaginose bacteriana Tricomoníase Candidíase 45% das mulheres (quase metade dos casos de vulvovaginites). É uma disbiose (alteração do meio vaginal) Flora vaginal do tipo III (predomínio menor ou ausência de lactobacilos e maior de bactérias anaeróbicas) Infecção polimicrobiana (não é uma infecção por um agente único) • FATORES DE RISCO: ✓ Sexo oral ✓ Duchas vaginais ✓ Tabagismo ✓ Questão socioeconômica ✓ Sexo na menstruação ✓ Relação sexual em idade precoce ✓ Múltiplos ou novos parceiros ✓ Atividade sexual com outras mulheres ✓ DIU (aumento do muco cervical, que é alcalino, pode alterar a flora) Quanto mais frequentes as relações sexuais, maior a chance de alteração da flora vaginal. • ETIOLOGIA: é uma infecção polimicrobiana ✓ Gardnerella vaginalis ✓ Ureaplasma urealyticum ✓ Mobiluncus sp ✓ Mycoplasma hominis ✓ Prevotela sp • QUADRO CLÍNICO: O preventivo não é feito na paciente com vaginose, primeiro trata a situação, depois retorna para colher o material. ✓ Corrimento branco-acinzentado(não se queixa de odor, ardor) ✓ Assintomáticas ✓ Dor nas relações (pouco frequente) ✓ Odor na menstruação e pós coito ✓ Relações inflamatórias incomuns ✓ Complicações infecciosas no ciclo gravídico-puerperal e pós operatório → deve tratar (não é muito comum, porque o pH vaginal da grávida é muito ácido, muito ácido láctico, o que dificulta o crescimento do bactérias anaeróbicas) As bactérias anaeróbicas produzem algumas substâncias que estão em meio líquido do conteúdo vaginal. Quando a paciente tem relação, o sêmen alcalino ou o sangue da o Strepto o Treponema pallidum (sífilis) o Hemophilus ducrey o Bacilo de Donovan o Bacilo de Koch o Gonococo o Chlamydia tracomatis o Fúngicas o Papilomavirus o Herpesvirus o Oxiurus o Larvas de mosca ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII menstruação alcaliniza o meio vaginal, e essas substâncias produzidas pelas bactérias anaeróbicas volatilizam, causando o odor. • TESTE DAS AMINAS: KOH 10% → alcaliniza o meio vaginal, volatilizando os conteúdos bacterianos. Portanto, se visualizar um conteúdo que parece vaginose, realizar o teste das aminas para confirmar o diagnóstico. • CRITÉRIOS DE AMSEL: 1. conteúdo vaginal → branco-acinzentado em pequena quantidade 2. pH acima de 4,5 3. teste das aminas/Wiff positivo (KOH 10%) – teste da baforada 4. células epiteliais da vagina recobertas por bactérias (clue cells ou células guia) – pode fazer um exame a fresco (com SF) ou coloração com Gram para visualizar essas células Se tiver 3/4 → diagnostico confirmado. • CRITÉRIO DE NUGENT: Por pontuações. Vai dando pontuações para cada alteração. • TRATAMENTO: Antibióticos para bactéria anaeróbica, o mais comum é o metronidazol (500mg 2x por dia por 7 dias). Secnidazol é dose única. Embora a dose única seja mais cômodo, o melhor método para tratar é por 7 dias, porque a resposta por dose única é mais baixa. O metronidazol causa um efeito antabuse, gosto ruim/metálico na boca e não pode ser ingerido com bebidas alcoólicas, náuseas e vômitos. Alternativas ao antibiótico: - Yakult na vagina (lactobacilos) → mas não funcionou porque os lactobacilos presentes na vagina e no Yakult são diferentes. - substâncias acidificantes (ácido acético) → ninguém usa mais - probióticos → muito utilizado hoje, altera tanto a flora do TGI, quanto do trato vaginal NÃO precisa tratar o parceiro, porque não é uma DST, é apenas uma mudança do meio vaginal. É difícil de ser vista hoje (7 a 35%). • ETIOLOGIA: Trichomonas vaginalis (protozoário) É uma DST (DEVE tratar o parceiro). Pode levar a uma doença inflamatória pélvica aguda → para ter uma doença inflamatória pélvica é preciso ter Clamydia ou Gonorreia no colo do útero. O tricomonas é um protozario flagelado, e essas duas bactérias grudam nele, sendo vetor que leva bactérias para dentro da cavidade uterina. Além disso, o espermatozoide também pode ser vetor. • QUADRO CLÍNICO: ✓ Corrimento abundante, amarelo- esverdeado e bolhoso ✓ Odor desagradável (não tanto quanto na vaginose) → pode dar teste das aminas fracamente positivo ✓ Ardor, prurido ✓ Disuria e dispareunia ✓ Hipertemia (só em associação com doença inflamatória pélvica aguda, causando febre e dor pélvica) ✓ Dor em baixo ventre ✓ Colo em framboesa (erosão do epitélio do colo do útero e da vagina) → normalmente o colo do útero e a vagina são de coloração rósea, nesse caso, nos pontos de erosão do epitélio começa a ficar um pontilhado vermelho ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII • TESTE DE SCHILLER: Pincelar o colo do útero com uma substância iodada chamada lugol. O iodo se fixa ao glicogênio. O colo normal é revestido por um epitélio plano estratificado, que se cora pelo iodo (coloração castanha), pela presença de glicogênio (o iodo se fixa no glicogênio). Quando esse epitélio sofre erosões, os locais dessas erosões não serão corados pelo iodo, porque não conseguirá se fixar → COLPITE TIGRÓIDE (pontos não corados em que o iodo não se fixou). • DIAGNÓSTICO: ✓ Exame a fresco (soro fisiológico e olhar na lâmina) ✓ Bacterioscopia (coloração por gram, giensa, Papanicolau) ✓ Cultura – meio de Diamond (raro) ✓ Colpocitologia oncótica (pode ser visto clue cells ou o próprio trichomonas) • TRATAMENTO: Igual ao da vaginose, só que na vaginose era preverivel tratar por 7 dias, enquanto na tricomoníase pode ser em dose única. ✓ Metronidazol 2g VO dose única ✓ Tinidazol 2g VO dose única ✓ Metronidazol 500 mg VO 12/12h por 7 dias ✓ Secnidazol 2g VO dose única ✓ Metronidazol gel 0,75% 2x/dia por 5 dias Lembrar de tratar o parceiro. Prevalente em 24% das mulheres. É candidose o correto, e não candidíase, porque a cândida não é uma infecção e sim uma reação alérgica. O fungo libera antígenos, e o organismo libera antígeno- anticorpo (é uma reação alérgica, portanto, e não uma agressão pela cândida). 75% das mulheres sofrem um episodio durante a vida. Esse fungo também pode estar presente no trato gastrointestinal, por isso que tem que ser tratado por via oral e vaginal (para evitar reinfecção). • ETIOLOGIA: Cândida albicans (80 a 90%) Cândida tropicalis Torulopsis glabrata Encontra esporos, hifas, micélios no exame a fresco e na bacterioscopia. • NÃO COMPLICADA: o Episódios isolados o Sintomas leves a moderados o Achados de C. albicans o Não grávida o Não diabética • COMPLICADA: o Mais de 4 recorrências o Sintomas ou achados graves o Cândida não albicans o Deficiência imunológica associada o Gravidez, diabetes, outras infecções vulvovaginais associadas • QUADRO CLÍNICO: ✓ Corrimento branco (parece coalhada) ✓ Prurido ✓ Ardor ✓ Edema ✓ Disuria (pode ser por fissuras na vulva) ✓ Dispareunia ✓ Fissuras • FATORES PREDISPONENTES: ✓ DM ✓ Contraceptivos hormonais (o estrogênio) ✓ Gestação (pH ácido) ✓ DIU ✓ Antibióticos ✓ Corticosteroides e quimioterápicos ✓ Alimentação ✓ Sistema imunológico e reações alérgicas ✓ Doenças crônicas ✓ Neoplasias ✓ AIDS ✓ Obesidade • DIAGNÓSTICO: ✓ Exame a fresco ✓ Bacterioscopia ✓ pH < 4,5 (meio ácido) ✓ Cultura ✓ Teste das aminas é negativo ✓ Meio de Sabouraud-Nickerson ✓ Antifunfigrama (para ver qual droga atua sob aquele fungo) • TRATAMENTO SISTÊMICO: ✓ Cetoconazol ✓ Fluconazol ✓ Itraconazol (mais na forma não albicans) • TRATAMENTO TÓPICO: ✓ Nistatina ANA PAULA – MEDICINA UNIMES XXII ✓ Miconazol ✓ Terconazol ✓ Iconazol ✓ Isoconazol ✓ Tioconazol ✓ Butaconzol ✓ Ácido bórico
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