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IQ-UFBA Departamento de Química Orgânica QUI-B37 – Química Orgânica Básica Experimental I-A 2018.2 RELATÓRIO DE ATIVIDADES Título: Reação de esterificação. Preparação e purificação do acetato de isoamila Data: 06/12/18 Autor: Olívia Christiane Dias Santos Alcântara 1. Introdução 1.1 Objetivos ● Discutir o mecanismo de uma reação de esterificação; ● Sintetizar o acetato de isoamila a partir de uma reação de esterificação; ● Conhecer as condições experimentais para uma reação de esterificação; ● Utilizar a destilação simples como métodos de separação de um produto orgânico líquido; ● Determinar o rendimento do produto sintetizado; ● Avaliar a quantidade de resíduos gerados. 1.2 Fundamentação teórica Os ésteres são uma classe de substâncias químicas largamente encontradas na natureza. Os ésteres mais simples tendem a apresentar odores agradáveis. Em muitos casos, os sabores e fragrâncias característicos de flores e frutas devem-se que apresentam a função éster em sua estrutura. Uma exceção importante são os óleos essenciais. As qualidades organolépticas (sabores e odores) de frutas e flores devem-se, frequentemente, a misturas complexas nas quais predomina um éster. Em relação às propriedades físicas dos ésteres, estes apresentam elevada volatilidade, o que é evidenciado pelo fato de mostrarem aromas característicos. Dessa forma, conforme uma das regras da Química Orgânica, a volatilidade é proporcional à aromaticidade do composto. Os ésteres inferiores são líquidos e voláteis, de odor agradável. À medida que aumenta a cadeia carbônica tornam-se oleosos (óleos vegetais e animais) e os superiores são sólidos (gorduras e ceras). São insolúveis em água e solúveis em solventes apolares. Por não possuírem ligações intermoleculares por pontes de hidrogênio apresentam ponto de fusão e ponto de ebulição inferiores à de álcoois e ácidos de peso molecular semelhante, o que explica seu aroma característico. Um dos ésteres que podem ser produzidos em laboratório é o acetato de 3-metil-1-butila (acetato de isoamila), um éster muito usado no processo de aromatização, tendo um forte odor de banana quando não está diluído e um odor remanescente de pêra quando está diluído em solução, o acetato de isoamila tem odor agradável, sendo um dos feromônios liberados durante as ferroadas de abelha. O acetato de 3-metil-1-butila pode ser preparado a partir do 3-metil-1- butanol (álcool isoamílico) e ácido acético, mediante aquecimento e na presença do ácido sulfúrico, isto é, por meio de uma reação de esterificação de Fisher. A esterificação de Fischer é uma reação que ocorre entre álcoois e ácidos carboxílicos para formar um éster. Elas se desenvolvem muito lentamente na ausência de ácidos fortes, mas alcançam o equilíbrio em poucas horas, quando o ácido e álcool são refluxados com pequena quantidade de catalisadores ácidos e fortes como H2SO4 ou HCl. A esterifica esterificação é um exemplo de reação que entra em equilíbrio. 1.3 Reação principal e possíveis reações secundárias Figura 1: Reação de síntese do acetato de isoamila 1.4 Mecanismo da reação principal Figura 2: Mecanismo da reação de síntese do acetato de isoamila 2. Parte experimental 2.1 Resumo do experimento 2.2 Desenho da Aparelhagem Figura 3: Esquematização de sistema de refluxo 2.3 Materiais i) Reagentes e soluções Tabela 1: Reagentes e soluções utilizadas na execução do procedimento Soluções e reagentes Quantidade Concentração Ácido sulfúrico 2 mL concentrado Ácido acético glacial 15 mL -- Álcool isoamílico 12 mL -- Solução aquosa de bicarbonato de sódio 20 mL saturada Água destilada 80 mL -- ii) Vidrarias Tabela 2: Vidrarias utilizadas na execução do procedimento Vidrarias Quantidade Capacidade Erlenmeyer 1 250 mL Balão volumétrico de fundo redondo 1 125 mL Béquer -- 250 mL Funil de separação 1 -- Bastão de vidro 1 -- Proveta 4 5, 50 e 100 mL iii) Materiais diversos Tabela 3: Materiais utilizados na execução do procedimento Materiais Quantidade Porcelana porosa -- Espátula 1 Papel de filtro -- Gelo -- Panela 1 iii) Equipamentos utilizados Tabela 4: Equipamentos utilizados na execução do procedimento Equipamentos Quantidade Balança semi-analítica 1 Manta de aquecimento 1 Aparelhagem para sistema de refluxo 1 Aparelho de destilação simples 1 2.4 Tabela de reagentes e produtos Reagentes e Produtos MM (g/mL) Quantidades Proporção mL g mol Teórica Usada Álcool isoamílico 88,148 12 9,72 0,1103 1 1 Ácido acético glacial 60,05 15 15,75 0,2623 1 2,4 Sub-total (reagentes) - - 25,47 - - - Ácido sulfúrico 98,08 2 3,68 - - Total (reagentes, catalisador, solvente etc.) - - 29,15 - - - Acetato de isoamila 130,19 - - - 1 - 2.5 Tabela de propriedades físicas Substância MM (g/moL) D g/mL Tf oC Te oC Solubilidade (g/100 mL) H2O EtOH CHCl3 Et2O Álcool isoamilico 88,148 0,81 -117 -131 -- Insolúvel -- -- -- Ácido acético glacial 60,05 1,05 - 17 117 1,370 Solúvel Solúvel -- Solúvel Ácido Sulfúrico 98,07 1,84 10,38 337 - Solúvel -- -- -- Bicarbonato de sódio 12,01 1,8 -- -- -- Solúvel Solúvel Solúvel Solúvel Acetato de isoamila 130,19 0.87 147 148-1 51 1,634 Insolúvel -- -- -- 2.6 Tabela de propriedade toxicológicas (resumo objetivo) Substância Propriedades (riscos à saúde, inflamabilidade, reatividade) Ácido salicílico Inalação: Poeiras pod em causar irritaç ão do sistem a respiratório (dados não publicados) . Contato com a pele: Pode prov ocar uma leve irrita ção na pele, em c aso de contato prolongado ou r epetido. Levemente irritante em aplicação cutâne a em coelhos ( dados não publicados ). Contato com os olhos: Altam ente irritante para os olhos, pode causar lesões oculares (dados não publicados Metanol Causa irritação á pele, a os olhos e a o aparelho respira tório se inalado ou ingerido. Afeta o sistem a nervoso ce ntral e o fígado. É rapidamente absorvido pelas vias sanguíneas do corpo Salicilato de m etila Sintomas de Superexp osição: Depressão, enjôo, dificuldade de respirar, dor de garganta, vom ito. Ol hos: Pode causar irritaç ão. Ingestã o: Pode causar vomito e diarr éia. Pode ser p erigoso se inalado. Efeitos s istêmicos de exposição incluem depressão, convulsão, falha respiratór ia, colapso cardíaco e morte. Inalação: Causa irritação do trato r espiratório, pode levar a pneum onia e edema pulm onar. Pode c ausar danos a os pulm ões. Exposição crônica: P ode causar danos a os rins e fígado. Repet ida exposição pode causar distúrbios m etabólicos Ácido sulfúrico A inalação de vapor o u névoa pode caus ar tosse, espirr os, sangram ento nasal, broncospasm o, dificuldade r espiratória e edema pu lm onar. A ingestão causa corros ão das m embranas m ucosas da boca, garganta e esôfago, dor epigástric a intensa com náuseas e vôm itos sem elhantes a borra de café, edem a de glote e asfixia Carbonato de sódio Ingestão: Pode causar irritação im ediata e possíveis danos à m ucosa bucal e ao trato gastro intestinal. Inalação: P ode causar irritação nasal e espirros. Contato com a pele: Pode causar desidrataçã o e reações alérgicas. Em m isturas com o suor podem causar irritações. Contato com os olhos: Partículas nos olhos por longo período, p odem causar severasirritaçõ es e danos aos teci dos e ao glo bo ocular. Diclorometano Inalação Pode ser perigoso se f or inalado. Pode causa r um a irritação do aparelho respiratório . Inges tão Pode ser per igoso se for engolido. Pe le Pode ser perigoso s e for absorto pela pe le. Pode cau sar um a irritação da pele. Olhos Pode c ausar um a irritação dos olhos. Sulfato de sódio anidro Produto não perigoso. 3. Resultados, discussão, observações e conclusões 3.1 Observações Após a adição dos reagentes, submeteu-se o balão ao aquecimento com refluxo, por 1 hora. Durante o período de refluxo da mistura reacional foi se modificando de esbranquiçado para amarelo e em seguida para castanho. Essa mudança de coloração não é devida à formação do acetato de isoamila, mas à presença de impurezas no meio. Figuras 4, 5 e 6. Figura 5: Mistura reacional no início do aquecimento Figura 6: Sistema de refluxo utilizado Figura 7: Coloração castanha após o aquecimento em refluxo com formação de duas fases. Após o aquecimento em refluxo, verificou-se a coloração castanha, como já dito e verificou-se ainda a formação de duas fases. A formação do sistema heterogêneo, indica a ocorrência de uma reação química. Neste caso, houve uma reação de esterificação, em que o ácido acético é primeiramente protonado pelo ácido sulfúrico, que atua como catalisador da reação e sem seguida, ocorre o ataque nucleofílico ao ácido acético pelo álcool isoamílico (conforme figura 2). A protonação do ácido acético, o deixa mais eletrofílico, por conta da carga positiva formada. O uso do catalisador, é importante nesse sentido, pois permite que a reação aconteça à uma velocidade razoável. Com a ocorrência da reação, há a formação de água e do acetato de isoamila. Como este produto tem baixa solubilidade em água, há a formação de uma fase orgânica e outra aquosa, conforme observado experimentalmente. Cabe salientar que há também como aumentar o rendimento da reação, pelo deslocamento do equilíbrio, seja pela retirada de produto, ou pela adição de reagentes em excesso. Para essa reação específica, poderia se ter usado o aparelho de Dean-Stark, para retirada de água formada. Como não se tinha o aparelho de Stark, utilizou-se o ácido acético em excesso (conforme tabela de reagentes e produtos). Em seguida realizou-se o resfriamento em banho de gelo, e as lavagens do produto com auxílio de funil de separação. As lavagens com água foram necessárias para retirada do excesso de ácido do meio e a lavagem com bicarbonato foi realizada para a neutralização do ácido presente. O bicarbonato é uma base fraca que reage com ácido gerando CO2 e água: Figura 8: Reação do bicarbonato com ácido Figura 9: Resfriamento do produto em banho de gelo Figura 10: Lavagem inicial do produto com água destilada Figura 11: Lavagem final do produto com água destilada Observa-se que nas lavagens iniciais, a fase aquosa obtida era mais turva e na última lavagem, essa fase foi límpida (Figuras 10 e 11). Isso evidencia que houve purificação da produto durante o processo. Após as lavagens, foi obtida uma fase orgânica turva (devido à presença de umidade). À esta, foi adicionado um sal anidro, para retirada da umidade. Em alguns minutos após a adição, verificou-se que o líquido tornou-se límpido. Figura 12: Fase orgânica turva, após processos de lavagem. Figura 13: Produto límpido, após a adição de sulfato de magnésio Em seguida, realizou-se a destilação simples para purificação do produto obtido (Figura 14 e 15). Durante a destilação, as primeiras 20 gotas foram descartadas e a partir disso a temperatura inicial foi anotada: 135ºC. Ao final da destilação a temperatura foi 144ºC. A faixa de ebulição obtida (135-144ºC) é condizente com a temperatura de ebulição descrita na literatura para o acetato de isoamila (142ºC), de maneira que é possível afirmar que este composto, de fato foi sintetizado no experimento. Figura 14: Sistema de filtração simples utilizado para purificação do produto obtido Figura 15: Destilação simples do produto Após a destilação, o acetato de isoamila foi pesado, obtendo-se 9,89g de rendimento. Sendo o rendimento indicado de 9,4g. 3.2 Avaliação da eficiência da reação ou processo i) Rendimento Teórico (RT); Reagente Limite: Alcool isoamílico Logo: 88,148g de Alc.isoamilico -------- 130,19g de Acetato de Isoamila 9,72 g ------- X x = 14,36g ii) Rendimento Indicado (RI); O rendimento indicado para essa reação é 9,4g iii) Rendimento Obtido (RO); O rendimento obtido foi 9,89g iv) Rendimento percentual (R%); 14,36g --------- 100% 9,89 g -------- X = 68,87 % v) Economia de átomos (EA%); EA (%) = 130,19/ ( 88,148 + 60,05) = 0,8785x100 = 87,85% vi) Fator ambiental E (Fator E). Fator E: (25,17 -9,89)/ 9,89 = 1,93 3.3 Conclusões Através do experimento foi possível realizar a síntese do acetato de isoamila, a partir do álcool isoamílico, por meio de uma reação de esterificação. Nesse processo foi possível verificar a necessidade do uso de catalisador para ocorrência da reação à uma taxa razoável e também a necessidade de se induzir o deslocamento do equilíbrio, pelo uso de um reagente em excesso, neste caso o ácido acético, para obtenção de um rendimento satisfatório. O acetato de isoamila obtido teve sua identidade confirmada pelo faixa de ebulição obtida no processo de destilação ( 135-144ºC) que foi próximo do ponto de ebulição descrito na literatura para este composto (142ºC). Cabe ressaltar que este composto tem aplicação na indústria como solvente e fixador de determinadas essências e é também um dos responsáveis pelo aroma da banana. Tem valor comercial na faixa de R$43,50 por 10mL. O processo de síntese experimental teve sua eficiência avaliada pela obtenção do rendimento e parâmetros da química verde. Em relação ao rendimento, este foi satisfatório (9,89g - 68,87%) haja vista que foi superior ao rendimento indicado (9,4g). O percentual de Economia atômica obtido foi elevado 87,85% indicando que esse processo leva quase que exclusivamente à obtenção do produto principal. Em relação ao fator E, este não foi tão satisfatório (1,93) pois indica que para obtenção de 1g do produto, gasta-se quase duas vezes mais de reagente, o que implica em geração de resíduos. 4. Bibliografia ● Apostila Nº 01/2018 - IQ- Química Orgânica Experimental – UFBA - Instituto de Química. Departamento de Química Orgânica. Salvador – BA – 2018 ● FERREIRA, Ronan. Preparação e Purificação e Purificação do Acetato de do Acetato de Isopentila. Química Orgânica Experimental I. Disponível em: < http://www.tterra.com.br/projetos/quimica_credie/produtos/solventes/Tolueno.pdf>. Acesso em: 10 de Dez 2018 ● Ficha de segurança (FISPQ), Quimidrol, Ácido Sulfúrico, 2007. Disponível em: < http://www.tterra.com.br/projetos/quimica_credie/produtos/solventes/Tolueno.pdf>. Acesso em: 04 dez 2018 ● MCMURRY, J. Química Orgânica. Trad. J.A. e Souza. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1997. v. 2. ● Ficha de segurança (FISPQ), Merck Milipore, Álcool isoamilico,2007. Disponível em: <https://www.merckmillipore.com/INTERSHOP/web/WFS/Merck-DE-Site/en_US//EUR/Show DocumentFile?ProductSKU=MDA_CHEM100978&DocumentId=100978_SDS_BR_Z9.PDF& DocumentType=MSD&Language=Z9&Country=BR&Origin=PDPf>. Acesso em: 10 Dez 2018 ● https://www.fca.unicamp.br/portal/images/Documentos/FISPQs/FISPQ-%20Acido%20Acetico .pdf ● Preço do Acetato de isoamila: Disponível em: <https://www.quinari.com.br/loja/acetato-de-isoamila/> Acesso em 13 de Dez de 2018. https://www.quinari.com.br/loja/acetato-de-isoamila/
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