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Mata dos Cocais
Sandro Menezes Silva
Características geográficas 
E ntre as diversas paisagens que definem os principais biomas e ecossistemas brasileiros, a Mata dos Cocais é uma das menos conhecidas e valorizadas do ponto de vista ecológico. Ocorre nos estados do Piauí, Maranhão e parte do 
Ceará e Tocantins, em uma zona de transição da floresta amazônica com a caatin-
ga nordestina. O clima desta área também é de transição, entre os tipos equatorial, 
semiárido e tropical. 
A parte mais significativa da região de ocorrência da Mata dos Cocais está 
nos estados do Maranhão e Piauí, antigamente incluídos na região chamada de 
“Meio Norte”. Esta região foi proposta principalmente devido à sua constituição 
geológica, uma grande bacia sedimentar, que contrasta com a maior parte do Nor-
deste, cuja origem é predominantemente cristalina1.
Na proposta de classificação em ecorregiões2 do Brasil3, a maior parte da 
Mata dos Cocais foi enquadrada dentro de zonas de transição com características 
específicas, existentes entre os principais biomas brasileiros, como uma forma de 
direcionar os esforços de conservação. A área desta região é de aproximadamente 
144 583 quilômetros quadrados, sendo o babaçu (Attalea speciosa- Arecaceae), 
uma palmeira nativa das regiões norte e nordeste do Brasil, a espécie mais carac-
terística. Existem diversas evidências de que esta formação resulta da degradação 
de áreas com floresta amazônica, onde esta espécie e outras palmeiras ocorrem 
misturadas a várias outras espécies florestais.
Além do babaçu, agrupamentos de pelo menos duas outras espécies de pal-
meiras integram esta região, que são os chamados carnaubais, onde a espécie mais 
característica é a carnaúba (Copernicia	prunifera), e os buritizais, onde o buriti 
(Mauritia	flexuosa) é o elemento mais típico. As condições de ocorrência destas 
três palmeiras assemelham-se pelo tipo de terreno preferencial no qual dessas 
formam os agrupamentos mais expressivos, que são vales de rios e planícies inun-
dáveis. A delimitação de algumas bacias hidrográficas na região Meio Norte pode 
ser definida pela zona de ocorrência do babaçu, assim como nascentes de rios 
podem ser localizadas pela ocorrência de buritizais.
Características gerais
A principal área de ocorrência da Mata dos Cocais inclui os estados do Ma-
ranhão e do Piauí, na Região Nordeste do Brasil, embora os limites exatos desta 
1Diz-se da origem de um embasamento geológico 
quando este é bastante anti-
go, de idade pré-cambriana, 
formado pelo chamado Escu-
do Brasileiro, base de todas 
as demais formações geoló-
gicas do país.
2Cada uma das regiões ecologicamente similares 
reconhecidas para o Brasil, 
em geral com mesmo tipo de 
clima, relevo, geologia e, so-
bretudo, vegetação.
3Disponível no site <www.wwf.org.br>.
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mais informações www.iesde.com.br
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região em diferentes mapas variem. Pode-se dizer que os babaçuais, ou seja, as 
áreas onde predomina o babaçu, são mais características dos vales dos rios Itapi-
curu, Mearim e Pindaré, no estado do Maranhão, e do Rio Parnaíba no Piauí. 
Os carnaubais, onde a espécie de palmeira predominante é a carnaúba (Co-
pernicia	 prunifera), são mais comuns da borda oriental da área de ocorrência 
da Mata dos Cocais, em terrenos com solos argilosos e úmidos, geralmente nas 
várzeas dos rios. Os maiores carnaubais no Brasil ocorrem nos estados do Ceará 
e Piauí, em locais com maior influência do clima semiárido.
Uma terceira espécie de palmeira que ocorre nesta área, formando agrupa-
mentos mais ou menos densos, é o buriti (Mauritia	flexuosa). É comum em solos 
alagados e beiras de rios, onde forma grandes concentrações, frequentemente em 
meio a campos inundáveis. 
O ambiente das Matas dos Cocais
O clima nessa área é bem mais úmido do que na caatinga, caracterizado 
por valores de precipitação anual em torno de 1 500 a 2 mil milímetros, como os 
meses mais chuvosos entre março e abril e os mais secos entre agosto e dezembro. 
A média anual de temperatura fica em torno de 26°C, com pequenas variações 
entre os meses do ano.
A principal feição de relevo da área de ocorrência da Mata dos Cocais é de 
planície, em geral acompanhando os planos de inundação dos rios perenes desta 
região do Nordeste, predominantemente suave ondulado. Elevações montanhosas 
são pouco frequentes e raramente ultrapassam os 150 metros de altura. 
Os solos são em geral higrófilos, isto é, sujeitos à saturação hídrica na maior 
parte do ano, com uma camada orgânica superficial espessa. Como a camada de 
água do solo é bastante superficial, as espécies de palmeiras típicas da Mata dos 
Cocais passam a maior parte do tempo com as raízes em um ambiente saturado 
de água, o que é um fator seletivo bastante forte para a maioria das espécies flo-
restais.
Biodiversidade
O nome Mata dos Cocais relaciona-se à predominância fisionômica de espé-
cies de palmeiras, especialmente do babaçu, da carnaúba e do buriti. No entanto, 
outros tipos de vegetação podem ocorrer associados aos bosques de palmeiras, 
como matas	de	galeria4 e campos inundáveis.
Os babaçuais são quase exclusivamente constituídos pelo babaçu, com maior 
expressão em amplas áreas do Maranhão e Piauí. Podem ocorrer associados a car-
naubais e buritizais, porém estes com menor expressão. Chegam a ocorrer mais 
de 1 500 plantas por hectare, com indícios de que em algumas regiões houve um 
avanço da área dos babaçuais sobre a floresta amazônica, o que denota a origem 
antrópica de parte da Mata dos Cocais.
4Tipo de vegetação flo-restal que acompanha o 
curso de um rio, em geral em 
meio a uma paisagem em que 
predominam formações cam-
pestres. Também é conhecida 
como mata	ciliar.
Mata dos Cocais
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mais informações www.iesde.com.br
Mata dos Cocais
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Os carnaubais são comuns também em terrenos mais úmidos, até mesmo 
alagados temporariamente, e como os babaçuais, são formações quase puras. Em 
ambos é comum a presença de algumas espécies herbáceas, principalmente de 
gramíneas, sob a sombra dos palmeirais. 
Os buritizais costumam ocorrer mais próximos às nascentes de pequenos 
rios, em áreas permanentemente alagadas cuja vegetação dominante é campestre. 
Os agrupamentos de buriti normalmente acompanham o curso dos rios, formando 
uma paisagem que na região do Brasil Central é conhecida pelo nome de vereda. 
Cabe destacar que é frequente a ocorrência de campos úmidos em meio às 
áreas de cocais, assim como de florestas ciliares e florestas estabelecidas em solos 
com melhor drenagem. O caráter transicional da Mata dos Cocais, e sua provável 
origem secundária, ao menos em grande parte da área de ocorrência, sugerem 
uma certa variedade de fisionomias vegetacionais, apesar da predominância das 
espécies de palmeiras.
A fauna ocorrente na Mata dos Cocais é pouco conhecida e documentada, 
havendo registros esparsos e genéricos na literatura a respeito de sua composição, 
de suas espécies mais características, seus níveis de endemismos e registros de 
ocorrência de espécies ameaçadas. 
Segundo informações presentes no site do Ibama5, na reserva extrativista do 
Quilombo do Frexal, localizada no Maranhão, em plena zona dos cocais, ocorrem 
várias espécies de fauna comuns na floresta amazônica e na caatinga, como pacas, 
veados, capivaras, cutias, catetos e outros animais, em populações pequenas, que já 
refletem os impactos do desmatamento e da caça de subsistência. Entre as espécies 
mais pescadas nesta reserva, destacam-se a traíra, o pacu, o aracú, a piranha, o piau 
e a piaba, entre outros. De uma forma geral, as espécies mais comuns são as mesmas 
que ocorrem nos biomas vizinhos, com uma diminuição na frequência daquelas que 
dependem de ambientes florestais mais conservados, como observado na Floresta 
Amazônica em toda a borda oeste da Mata dos Cocais.
A utilização das palmeiras
Babaçu
Costuma-se dizer nas regiões norte enordeste, onde esta espécie ocor-
re com maior frequência, que do babaçu aproveita-se tudo. O estipe, como é 
conhecido o caule das palmeiras, é empregado para a construção de casas e 
demais usos como suporte, uma vez que tem grande resistência. A região de 
crescimento das folhas, protegida pelas bainhas foliares, pode ser usada na ali-
mentação como palmito. As folhas são empregadas na cobertura de casas e para 
fabricação de peças rústicas usadas no trabalho diário dos habitantes dos baba-
çuais, como balaios e peças de montaria.
É no fruto que está a maior importância econômica do babaçu, e é por este 
uso que a planta é mais conhecida. Das sementes extrai-se um óleo amplamente 
Existe uma 
fauna típica 
da Mata dos 
Cocais?
5<www.ibama.gov.br>
Mas qual é 
a parte mais 
importante 
do babaçu?
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utilizado nas indústrias de sabão, detergentes, margarinas e demais tipos de gor-
dura vegetal, além de servir de base para a produção de lubrificantes para apare-
lhos de alta precisão. O resíduo da prensagem da semente pode ser usado como 
ração para o gado e a casca do fruto pode ser empregada como material combus-
tível substituto da lenha ou então na preparação do coque siderúrgico. Pesquisas 
desenvolvidas com os frutos do babaçu estimam que ele pode reduzir em até 70% 
as úlceras gástricas, com ação antiinflamatória e praticamente sem toxicidade.
Babaçu
Nome científico: Attalea speciosa Mart. ex Spreng.
Família: Arecaceae (=Palmae)
Sinônimos populares: baguaçu, aguaçu, auaçu, bauaçu
Alguns sinônimos científicos: Attalea apoda Burret, Orbygnia	barbosiana	
Burret, Orbygnia	martiana	Barb. Rodr., Orbygnia	phalerata	Mart., Orbygnia	 
speciosa (Mart.) Barb. Rodr.
Principais características: Palmeira de tronco não ramificado, robusto, 
que pode atingir até 20 metros de altura, com folhas partidas que podem che-
gar a mais de 5 metros de comprimento. As flores são pequenas e reunidas em 
grandes inflorescências, que após a fecundação formam cachos com até 200 
frutos, cada qual podendo chegar a 10-12 centímetros de comprimento quando 
maduro. Em geral cada fruto tem de 4 a 8 sementes, protegidas por um envol-
tório lenhoso, bastante resistente, podendo pesar até 500 gramas. Uma planta 
adulta pode produzir anualmente até 2 mil frutos.
Ocorrência: os conhecidos babaçuais são mais comuns no Maranhão, 
porém a espécie estende-se do Acre ao Tocantins, podendo tanto formar agru-
pamentos mais ou menos densos, como ocorrerem isoladas na floresta ou em 
áreas abertas. Em áreas perturbadas pode tornar-se uma espécie invasora, de-
vido ao seu caráter pioneiro.
Carnaúba 
Os carnaubais são mais comuns 
nos estados do Piauí, Ceará e Rio 
Grande do Norte, sendo a carnaúba, 
sua espécie mais característica, co-
nhecida como árvore da providência 
ou árvore da vida. Tais denominações 
são devidas ao aproveitamento que é 
dado à espécie, da qual usa-se desde 
a raiz até as folhas. Às raízes são atri-
buídas propriedades medicinais, no 
tratamento do reumatismo e da artrite. Queimadas e pulverizadas, substituem o sal 
de cozinha. O estipe, muito resistente, é usado como apoio na construção de casas, 
como postes ou traves. Dos brotos da folha extrai-se um palmito comestível.
Mata dos Cocais
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Mata dos Cocais
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As folhas são usadas na cobertura de casas e para confecção de cordas, 
chapéus, esteiras, cestos e sandálias. A base das folhas desfiada é usada como 
vassoura. Das folhas também é extraída a cera, produto que tornou a carnaúba 
amplamente conhecida, e que representa uma importante fonte de renda em várias 
regiões do Nordeste. A cera acumulada no verso das grandes folhas da carnaúba 
é usada na fabricação de velas, vernizes, ceras, polidores para madeira, imperme-
abilizantes de embalagens e isolantes de materiais elétricos.
Os frutos da carnaúba são usados como alimento para o gado, sendo ainda 
utilizados na fabricação de doces caseiros. As sementes são ricas em óleo, que 
ainda não é explorado em escala industrial.
A carnaúba tem grande potencial ornamental, sendo uma excelente alterna-
tiva para locais úmidos, como margens de rios e lagos.
Buriti 
O óleo dos frutos, amplamente utilizado na indústria cosmética, tem sido 
um dos principais produtos obtidos em escala industrial do buriti. Os buritizais 
chegam a ter uma densidade de 550 plantas por hectare, tendo as plantas femini-
nas duas a oito florações durante ao ano. Cada cacho contém em média 850 frutos, 
sendo possível obter 20 quilos de óleo por planta ao ano. Considerando uma média 
de 250 plantas por hectare, é possível obter-se um total anual de 5 mil quilos de 
óleo vegetal por hectare ao ano.
Este óleo tem sido promissor na pesquisa brasileira de produção de bio-
diesel, juntamente com óleos provenientes de outras espécies oleaginosas do norte 
e nordeste do país.
As folhas do buriti são usadas na fabricação de artesanato refinado, como 
bolsas, chapéus, tecidos, esteiras e abanadores, sendo bastante procurado nos 
mercados de artesanato do Nordeste.
A polpa dos frutos do buriti é empregada na fabricação de uma bebida co-
nhecida como vinho	de	buriti, bastante apreciada em algumas regiões do Piauí. 
Também é usada na fabricação de doces e licores, comuns nas feiras livres e mer-
cados de várias cidades do Piauí e Ceará. 
Óleo de buriti integra novo plástico. 
Material emite e absorve luz e seria 
biodegradável, diz pesquisa 
da Universidade de Brasília (UnB)
(LOPES, 2005)
O escritor Guimarães Rosa menciona o buriti, palmeira típica do cerrado, 
a cada meia página de seu clássico Grande	Sertão:	Veredas. 
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Mas, por mais íntimo que fosse da planta, provavelmente não imaginaria 
que cientistas da UnB dariam uma função high-tech	ao óleo de buriti: criar 
plásticos que emitem e absorvem luz – e, de quebra, biodegradáveis.
Desenvolvido pela química Jussara Angélica Durães, que está fazendo 
seu doutorado sobre o tema, o trabalho já conseguiu integrar o óleo da palmei-
ra ao poliestireno e ao polimetacrilato, os mesmos materiais que compõem os 
copos plásticos e lentes de óculos escuros, por exemplo.
Ambos são polímeros, ou seja, moléculas gigantescas compostas de uni-
dades idênticas que se repetem várias vezes. “Uma das possibilidades seria 
aplicar a mistura à fabricação de polímeros para telas de computador, que se-
riam finas e maleáveis”, diz Durães. Segundo a química, cujo trabalho é orien-
tado por Maria José Araújo Sales, a ideia de usar o óleo como um componente 
dos polímeros surgiu principalmente por causa de suas propriedades ópticas, 
como a de absorver luz visível e na faixa do ultravioleta. 
Entre os vários componentes do óleo, dois são os principais responsáveis 
por essas propriedades. São o caroteno, um pigmento amarelo-avermelhado 
que é usado pelo organismo de quem consome a planta para fabricar vitamina 
A; e o ácido oleico, que responde por 76% do óleo de buriti.
“O tipo de ligação dessas moléculas permite que os elétrons delas mu-
dem facilmente de um nível de energia para outro”, explica a pesquisadora da 
UnB.
Quando o elétron absorve energia (na forma de luz, por exemplo), muda 
de nível; ao retornar ao nível original, ele devolve a energia novamente na 
forma de luz.
“Assim, o óleo absorve e emite [luz] o tempo todo”, diz Durães.
Diante desses truques interessantes, os pesquisadores da UnB passaram a 
estudar meios de incorporar o óleo aos plásticos já existentes. 
[...] o produto do buriti foi integrado aos polímeros na forma de esferas 
minúsculas, com cerca de cinco micrômetros (um micrômetro é um milésimo 
de milímetro).
Óculos escuros
Além da possível utilização em telas de computador, a pesquisadora es-
tima que os polímeros com a mistura do óleo poderiam entrar na composiçãode LEDs (diodos emissores de luz, na sigla inglesa), peças comuns em PCs e 
telefones celulares, bem como em películas protetoras de óculos escuros e até 
janelas de avião.
Testes de resistência em laboratório sugerem que o material seria biode-
gradável, embora os pesquisadores ainda não saibam estimar com precisão 
quanto tempo seria necessário para que eles se decompusessem na natureza.
“De qualquer maneira, essa propriedade não deve diminuir a vida útil dos 
plásticos”, afirma Durães.
Os compostos desenvolvidos no projeto já geraram um pedido de patente, 
que foi depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). 
Mata dos Cocais
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Mata dos Cocais
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Para Durães, há outra vantagem ambiental no uso do buriti: “promovería-
mos a utilização sustentável de um recurso do cerrado para fins industriais”.
Um composto com propriedades mais modestas, o amido de mandioca, 
também está sendo usado pelo grupo para fabricar plásticos ecologicamente 
corretos.
Segundo Durães, nesse caso a molécula está sendo incorporada à fabrica-
ção de copos de plástico, com bons resultados. Além da mandioca, o óleo de 
buriti também entra na fórmula.
Impactos ambientais
Na região dos babaçuais, é comum a substituição das palmeiras por planta-
ções de arroz, devido principalmente à ocorrência destas em solos úmidos, propí-
cio a esta cultura. O cultivo da soja também avança sobre algumas áreas da Matas 
dos Cocais, notadamente mais perto dos limites entre ela e o cerrado, provocando 
fortes alterações na paisagem, com drenagem de terrenos e uso de grande quanti-
dade de insumos agrícolas.
A industrialização da região Meio Norte também tem levado vários babaçu-
ais ao desaparecimento, especialmente a partir da década de 1980, quando várias 
plantas industriais foram instaladas no Maranhão para dar suporte à exploração 
mineral realizada na região amazônica.
O avanço das pastagens também tem contribuído para a redução das áreas 
de babaçuais e carnaubais, embora estas espécies tenham grande capacidade de 
regeneração.
O próprio crescimento populacional verificado em algumas regiões do Nor-
deste, notadamente nas proximidades das maiores cidades, também tem provoca-
do a degradação dos cocais, especialmente pelo corte e queima das palmeiras para 
uso da área para construção de habitações.
Apesar da importância econômica da carnaúba, especialmente em função 
do uso que a cera da espécie tem na indústria da informática, números resultan-
tes de uma pesquisa realizada pelo Núcleo da Seca da Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte mostram que 70% dos carnaubais plantados na região do 
Vale do Açu, polo produtor de cera do Nordeste, desapareceram nos últimos 30 
anos. Aproximadamente 17 mil hectares da área que restou foram utilizados para 
produção da cera nos municípios, sendo que a cada ano milhares de hectares são 
substituídos por atividades mais lucrativas.
Conservação e alternativas sustentáveis
Uma das formas mais efetivas para proteção da biodiversidade, são as uni-
dades de conservação. Na legislação brasileira que trata especificamente deste 
assunto6, são reconhecidas duas categorias de unidades de conservação, deno-
minadas de “proteção integral” e de “uso sustentável”. Estas últimas têm como 6Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, Decreto 4.340 
de 22 de agosto de 2002.
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objetivo principal compatibilizar a conservação da natureza e o uso sustentável 
dos seus recursos naturais, com base no conteúdo do chamado plano	de	manejo 
da unidade, validado pelo seu respectivo Conselho Deliberativo. Esta é a instância 
responsável pelo gerenciamento da área, tendo como presidente o representante 
do órgão gestor da reserva.
Um exemplo de unidade de conservação de uso sustentável localizada na 
região de ocorrência da mata dos cocais é a reserva extrativista7 do Quilombo 
do Frexal, localizada no estado do Maranhão. A criação dessa reserva está ligada 
à luta da comunidade negra do Frexal pelo reconhecimento do estado ao direito 
de terem acesso à terra, garantido aos remanescentes das comunidades de qui-
lombos no texto da Constituição do Brasil. A Reserva está situada no município 
de Mirinzal e foi criada pelo Decreto 536 de 20 de maio de 1992, com uma área 
aproximada de 9 542 hectares.
Em termos de acesso, a reserva é cortada na direção norte-sul, pela Rodovia 
MA-006, que liga a área a São Luís, capital do estado, a uma distância aproxima-
da de 300 quilômetros. A reserva está incluída na área de proteção ambiental da 
Baixada Maranhense, criada por um decreto estadual em junho de 1991.
Existem três pequenas comunidades no interior da Reserva, onde vivem 
cerca de 180 famílias. Embora muitas áreas de babaçuais tenham sido devasta-
das, ainda existem grandes extensões onde a exploração extrativista é praticada, a 
despeito do baixo preço que o produto atinge no mercado, nas mãos dos atraves-
sadores. A produtividade média dos babaçuais da reserva é de 608,7 quilos por 
hectare, com uma produção anual em torno de 82 500 toneladas.
A amêndoa de babaçu é utilizada para a produção de óleo e leite e suas 
folhas na confecção de cestos e construção de casas. A casca dos frutos é usada 
na produção de carvão vegetal. As outras palmeiras ocorrentes na região, como 
o buriti, o açaí, o tucum e a bacaba têm uso mais restrito, basicamente como 
alimento, porém com importância na economia doméstica. Diversas plantas têm 
usos na medicina popular das comunidades, entre as quais a contra-erva, bol-
do, quina, pega-pinto, para-tudo, algodão, jataúba, janaúba, bacuri, santa-maria, 
araticum, catinga-de-bode, junca, goiaba azeda, andiroba, quando-é, assussena, 
pinhão branco e jaborandi. Também são bastante utilizadas algumas espécies de 
cipós para confecção de artefatos de pesca e para amarrar cercas e casas.
A Mata dos Cocais, ambiente transicional entre a Amazônia e a caatinga, 
não tem recebido a atenção devida por parte dos estudiosos que trabalham em um 
ou no outro bioma. Muitas vezes interpretadas como formações secundárias, não 
têm sido alvo de ações efetivas de conservação da biodiversidade como outros 
biomas têm sido. Com uma riqueza de espécies relativamente baixa, onde três 
espécies de palmeiras são amplamente dominantes dependendo do local consi-
derado. No entanto, considerando a importância econômica e social que estas 
espécies têm na região, a proposição de alternativas que sejam de fato sustentáveis 
para a população envolvida e que garantam a manutenção dos palmares é urgente. 
O que se vê na maior parte da região da Mata dos Cocais são iniciativas isoladas 
do poder público e de organizações não governamentais, que mostram que alguns 
7Categoria de unidade de conservação de uso sus-
tentável criada em área em 
que populações tradicionais 
praticam extrativismo dos 
recursos naturais, que tem 
como objetivos principais 
garantir o uso sustentável dos 
recursos naturais por estas 
populações, mantendo seus 
modos de vida e cultura.
Mata dos Cocais
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Mata dos Cocais
201
caminhos podem ser mais interessantes para a utilização destes recursos, espe-
cialmente agregando-se valor aos produtos obtidos das palmeiras.
O uso de produtos destas espécies na obtenção de materiais usados em pro-
cessos tecnológicos de ponta acenam com uma perspectiva mais consistente nesta 
direção, não eliminando a necessidade de melhoria nas condições de coleta dos 
produtos das palmeiras, especialmente dos frutos do babaçu e das folhas da car-
naúba, feitas até os dias de hoje de forma rudimentar e sujeita a riscos.
Quebradeiras de Coco recebem o 
prêmio Banco Mundial de Cidadania 2005
(MARANHÃO, 2005)
O projeto de aproveitamento integral do coco babaçu das mulheres rurais de Itapecuru-Mi-rim, que fazem parte do Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Rurais do Maranhão, foi reconheci-
do como uma experiência social inovadora pelo Banco Mundial, que concedeu às quebradeiras de 
coco o terceiro lugar no prêmio Banco Mundial de Cidadania 2005 – Voz Mulher. 
O primeiro lugar ficou com um projeto de floricultura de uma associação de mulheres da Pa-
raíba. Em segundo lugar foi escolhido o projeto de capacitação de mulheres indígenas na geração 
de renda através do artesanato (elas aprenderam o valor de produzir renda e de comercializar). O 
Coletivo de Mulheres do Maranhão dividiu o terceiro lugar com a Associação dos Beijuzeiros da 
Bahia. 
Concorreram ao prêmio do Banco Mundial somente as mulheres rurais do Nordeste, sendo 
que os nove estados inscreveram três projetos inovadores de desenvolvimento sustentável cada 
um, com um total de 27 experiências inscritas. 
A experiência das quebradeiras de coco de Itapecuru faz parte do Projeto Quebra Coco, 
desenvolvido pela Superintendência da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, vinculada à Se-
cretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, Seagro, para as mulheres 
rurais que vivem do extrativismo vegetal do coco babaçu. 
Para Maria Domingas Marques Pinto, presidente do Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Ru-
rais, as quebradeiras de coco aproveitam o óleo para fazer o sabão e o sabonete. Já do mesocarpo 
elas fazem biscoitos, pães, bolos e chocolate. Maria Domingas disse ainda que “o reconhecimento 
do Banco Mundial à experiência de geração de renda com o coco babaçu em Itapecuru-Mirim 
valoriza a cidadania da mulher rural quebradeira de coco e reconhece o projeto econômico de 
aproveitamento integral do coco babaçu”. 
O superintendente estadual de Agricultura Familiar e Reforma Agrária, José Mário Frazão, 
ressaltou que a premiação reconhece o trabalho de inclusão social das quebradeiras pelo Projeto 
Quebra Coco. Ele disse ainda que o projeto é o resultado de mais de 15 anos de pesquisas para a 
construção da concepção técnica. 
O próprio Frazão esteve à frente dos estudos e experimentos, em que foi criado um conjunto 
de máquinas que quebram e separam os componentes do coco. A torta, um resíduo da extração do 
óleo, é associada à farinha amilácea do mesocarpo para compor uma ração usada na alimentação 
de aves caipiras e suínos, agregando valor ao produto. 
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A secretária estadual de Agricultura, Conceição Andrade, disse que essa premiação do Ban-
co Mundial reconhece o esforço empreendedor da mulher rural maranhense que vem procurando 
inserir-se na economia de mercado com projetos produtivos sustentáveis de geração de renda: 
“Esse prêmio é um importante selo de certificação a um projeto de agricultura sustentável, que 
promove o desenvolvimento com equilíbrio, preservando os recursos naturais”. “O projeto é fruto 
da parceria entre o governo do estado e das mulheres quebradeiras de coco socialmente organiza-
das”, completou Conceição Andrade. 
Além do projeto de aproveitamento integral do coco babaçu, do Coletivo de Mulheres, tam-
bém disputaram pelo Maranhão ao prêmio do Banco Mundial, o projeto de fabricação de sabo-
netes de andiroba, da Associação de Produtores de Andiroba de Axixá (que tem financiamento 
do Programa de Combate à Pobreza Rural, PCPR) e o projeto de capacitação e qualificação para 
garantir emprego e renda, do Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa. 
Uma das unidades do Projeto foi construída numa parceria do governo do estado com o 
Banco Mundial. Para o superintendente Estadual do Núcleo de Programas Especiais (Nepe), Gua-
lhardo Prazeres, o selo “atesta que o projeto está dando certo e melhorando a qualidade de vida 
das trabalhadoras rurais maranhenses. As mulheres do Projeto Quebra Coco, de Itapecuru-Mirim, 
conquistaram um selo internacional, podendo comercializar seus produtos como oriundos de um 
projeto social de uma comunidade rural brasileira”. 
Junto com Maria Domingas, estiveram em Recife representando as mulheres rurais mara-
nhenses, Francerli Santos Neres, Associação de Produtores de Andiroba de Axixá, e Josanira 
Rosa Santos da Luz, Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa. 
“O prêmio é mais uma forma de participação social das comunidades, de aproximar a so-
ciedade civil das operações do Banco Mundial; de ajudar as comunidades a buscarem recursos e 
participarem dos programas de governo, estreitando relações com o banco” definiu Carla Zardo, 
assistente do Departamento da Sociedade Civil do Banco Mundial, em Brasília. 
O prêmio Banco Mundial de Cidadania foi entregue durante o Encontro Nordeste de Experi-
ências Sociais Inovadoras, em Recife no final da semana passada. 
O Projeto Quebra Coco
O Projeto Quebra Coco faz parte do programa Apoio ao Extrativismo e Preservação dos 
Babaçuais, que foi criado pela Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento 
Rural, desde 2002, para dar suporte ao aproveitamento integral e à racionalização do sistema pro-
dutivo nas comunidades rurais organizadas e nos assentamentos rurais da reforma agrária, onde 
o coco babaçu representa importante fonte de renda para as famílias. O projeto tem um polo de 
processamento do coco babaçu com cinco unidades satélites e uma unidade central para processar 
e comercializar óleo, sabonete, mesocarpo e carvão. 
Unidade piloto – O foco do Quebra Coco é o processamento integral dos frutos, aumentando 
a eficiência da exploração através da quebra mecânica do coco, com o envolvimento das mulheres 
quebradeiras em todas as fases do beneficiamento. 
A unidade piloto, base de demonstração para outras comunidades e de pesquisas para o de-
senvolvimento de novos produtos, funciona no povoado de Olho D’água das Guaribas. 
Metas – Inclusão social das mulheres quebradeiras de coco por meio da melhoria na renda, 
nas condições de trabalho e no número de postos de trabalho das famílias rurais que vivem da 
atividade extrativa do coco babaçu:
Mata dos Cocais
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Mata dos Cocais
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 Preservação dos ecossistemas dos babaçuais maranhenses estimulando a exploração ra-
cional e integrada do coco; 
 Aproveitamento da mão de obra que sobrevive deste extrativismo nas comunidades rurais; 
 Incremento na criação de animais de pequeno e médio portes (aves e suínos) usando como 
fonte de alimentação a ração produzida a partir do mesocarpo e da torta do babaçu. 
Destino da produção 
 O óleo produzido é vendido para a União de Clubes de Mães de Itapecuru-Mirim, que trans-
forma o produto em sabonetes. 
 A torta e o mesocarpo estão sendo utilizados na ração de aves caipiras e suínos. O mesocar-
po está sendo usado também na produção do amido industrial. Já o carvão obtido do coco babaçu 
está servindo como matéria para produção de carvão ativado. 
Fabricação do sabonete 
A unidade de fabricação de sabonetes naturais de babaçu foi criada em Itapecuru-Mirim 
através de uma parceria entre a União dos Clubes de Mães do município e o governo do estado, 
através do programa de Apoio ao Extrativismo e Preservação dos Babaçuais. A produção é feita 
a partir do óleo extraído pela unidade de Olho D’Água das Guaribas. As mulheres associadas aos 
30 Clubes de Mães de Itapecuru trabalham na unidade em regime comunitário.
1. Faça uma pesquisa na internet, em revistas e em estabelecimentos comerciais, como farmácias 
e mercados, de produtos que utilizam matérias-primas extraídas das espécies de palmeiras que 
predominam na mata dos cocais – babaçu, carnaúba e buriti. Reúna as informações obtidas em 
um quadro sinóptico, apresente aos seus colegas e discuta em grupo as formas de utilização 
mais encontradas e o quanto estas formas agregam de valor ao produto obtido das plantas.
2. Preencha o quadro abaixo com as principais formas de utilização das diferentes partes das pal-
meiras típicas da Mata dos Cocais.Parte usada/Espécie Babaçu Carnaúba Buriti
Raízes
Caule (estipe)
Folhas
Frutos
Sementes
Outros usos
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