Buscar

Métodos Contraceptivos

Prévia do material em texto

7 
 
 
CONTRACEPÇÃO 
 
Mais da metade das gestações não são planejadas e mais da metade usava um método contraceptivo. Contracepção 
depende da sua eficácia e efetividade. 
 
EFICÁCIA DOS MÉTODOS – ÍNDICE DE PEARL 
Número de gestações/100 Mulheres/Ano 
 Uso ideal: uso correto, comumente observado em estudos bem controlados. 
 Uso típico: uso corriqueiro entre a população em geral a taxa de falha é maior devido à falha da usuária. Ex.: esquecer 
de usar ou usar incorretamente o método. 
 
MÉTODOS NATURAIS 
 Coito interrompido. 
 Amamentação: Quando exclusiva, associada a amenorreia, eficácia de 98% primeiros 6 meses. Bloqueio do eixo 
hipotálamo-hipófise, pois a prolactina impede que a mulher ovule. 
 Ogino-Knaus (“Tabelinha”): Só é utilizada em ciclos regulares prévios. Não pode ser utilizada nos extremos da vida 
(adolescência e perimenopausa). 1º dia de menstruação é o 1º dia do ciclo  Conta 14 dias e este é o dia mais fértil  
Conta dois dias para frente e para trás, sendo esses dias o período fértil da paciente. A ovulação é sempre 14 dias antes do 
próximo ciclo ovulatório. 
 Temperatura basal corporal: aumento após a ovulação de 0,2 a 0,5ºC. Evitar relação sexual até 3º dia de aumento de 
temperatura. 
 Muco cervical: evitar relações até 4 dias após o último dia de muco cristalino, fluido e transparente. 
 
DIAFRAGMA 
Associar ao espermicida antes de cada relação sexual, independentemente do ciclo. Colocar em até 6 horas antes da relação 
sexual e retirar em 6-8 horas após. Contraindicações: anomalia da vagina, cistocele ou retocele, AVF ou RVF acentuados, 
prolapso uterino. É utilizado para pacientes que possuem sexos programados. 
 
CONDOM MASCULINO 
Previne doenças sexualmente transmissíveis. Pode ser usados em outros métodos. Desvantagem: falha por uso incorreto 
(15/100/ano). Risco de ruptura em torno de 3% - utilizar somente lubrificantes à base de água (a vaselina pode romper o 
látex). Em paciente com alergia ao látex pode ser utilizado preservativo de poliuretano (Unique®). 
 
CONDOM FEMININO 
Cobrir a genitália feminina interna e externa e base do pênis. Não depende da ereção masculina, não precisa ser retirado 
após a ejaculação. Não deve ser usado em conjunto com o preservativo masculino. 
 
DISPOSITIVO INTRA-UTERINOS (DIU) 
Podem ser do tipo (1) Não medicados ou inertes ou (2) Medicados. Existem os de cobre (primeira e segunda geração) e os 
hormonais, geralmente a base de progestágenos: Progestasert, Mirena® (Levonorgestrel) e Fibroplant. 
 DIU de cobre: o número corresponde à quantidade de cobre na espiral. Seguro para a maioria das mulheres. Não altera a 
fertilidade. Sem interação com medicamentos. Mecanismo ação: ocorre uma reação de corpo estranho (aumento de 
prostaglandinas e citocinas) + alteração de fluido endometrial e tubário + inibe a motilidade do espermatozoide + 
aumento da motilidade uterina. Vantagens: não interage com medicamentos, pode ser usado em casos de 
contraindicações a outros métodos hormonais e facilidade do uso. Desvantagens: perda sanguínea aumentada e 
dismenorreia. Contraindicações (OMS): gestação; DST ativa, DIP atual ou até 3 meses; sepse pós-parto ou pós-aborto, 
atual ou nos últimos 3 meses; cavidade uterina distorcida; sangramento vaginal inexplicável; CA cérvico-uterino, 
endometrial ou ovariana – para início; DTG maligna; TBC pélvica e alergia ao cobre. 
 Mirena®: liberação de 20 mcg/dia no 1º ano e 15 mcg/dia no 2-5º ano. Possui uma durabilidade de 5 anos. Mecanismo 
de ação: corpo estranho + alteração do muco cervical + atrofia endometrial. Eficácia é igual da ligadura tubária (Ip = 0,2). 
Paciente ovula em 80% dos casos. Vantagens: diminui a dismenorreia, diminui o sangramento (amenorreia em 30-50%) e 
facilidade do uso. Desvantagens: cisto ovarinos, sangramentos de escapes, aumento da acne. Contraindicações: CA de 
mama, TVP/TEP atual, doença hepática grave e cardiopatia isquêmica. 
 Cuidados na inserção: inserção na menstruação (colo uterino mais pérvio, menor cólica e ausência de gravidez), exame 
de toque vaginal prévio, profilaxia para endocardite (inserção ou remoção se precisar), testagem para clamídia e 
gonococo (não é obrigatório, o que é obrigatório é examinar fisicamente o paciente). Reavaliação 3-6 semanas. US TV: 
dúvida na colocação do DIU. 
 Complicações: 
 Expulsão: mais comum em até 3 meses de uso. 
8 
 
 
 Perfuração uterina: parcial ou incompleta. 
 Translocação: atravessa a parede uterina, englobando por aderências peritoneais (0,1-2%). 
 Gestação: 50% aborto espontâneo – remover o DIU no 1º trimestre. Trabalho de parto prematuro (aumenta 4x). 
 
LIGADURA TUBÁRIA 
Atentar para a legislação acerca disso! Informações sobre outros métodos mínimos devem ser realizadas 60 dias antes do 
procedimento. A ligadura pode ser realizada em mulheres maiores de 25 anos ou com 2 filhos vivos. É vetado esse 
procedimento em períodos de parto, aborto ou até 42 dias após parto/aborto. O procedimento pode ser feito durante a 
cesárea se existe risco futuro após cesarianas consecutivas anteriores (deve ser assinado por pelo menos 2 médicos). 
Necessita de assinatura e consentimento pós-informado pela paciente e pelo parceiro. Pode ser por laparoscopia (menor 
morbidade e maior rapidez) ou laparotomia (evitar danos excessivos). 
 
VASECTOMIA 
Anestesia local. É necessária a anticoncepção 60 dias após o procedimento – requer confirmação de azoospermia com 
espermograma. 
 
MÉTODOS HORMONAIS 
Estrogênio + progesterona ou só progesterona. Principal mecanismo de ação: bloqueiam o eixo hipófise-hipotálamo 
ovariano, inibindo o pico de LH (= inibição da ovulação + atrofia endometrial + espessamento do muco cervical). Ocorre, 
também, alteração do endométrio e da motilidade tubária, impedindo o transporte e a fixação do óvulo. 
 
 Métodos hormonais combinados: Todos levam estrógeno + progesterona em sua base. 
 Baixas doses: menos de 50 mcg etinil-estradiol (EE). 
 1ª Geração: 50 mcg ou menos de EE. 
 2ª Geração: 35, 30 ou 20 mcg EE+ (levonorgestrel ou ciproterona). 
 3ª Geração: 30, 20 ou 14 mcg EE + (desogestrel e gestodeno). 
No SUS existe o Ciclo 21 e o Microvlar que é 30 mcg EE + Levonogerstrel. Outras opções: Drospirenona + 30 ou 20 mcg 
EE. Valerato de estradiol + Dienogest (natural multifásico). 17 b-estradiol + Acetato Nomegstrol (natural monofásico). 
Existem vários tipos de anticoncepcionais. Atualmente, opta-se pelos de baixa dose (contendo 50 mcg ou menos de etinil-
estradiol), associados com progestágenos, que protege o endométrio e possibilita reduzir a dose de estrogênio. A grande 
diferença entre as pílulas está na progesterona constituinte. Os estrogênios apresentam efeito anti-androgênicos, melhorando 
a acne e hirsutismo. Além disso, a progesterona acarreta na atrofia do endométrio e apresentam afinidade pelos receptores 
de mineralocorticoides (efeito anti-mineralocorticoide = diuréticos). 
 Uso correto do ACO: Início no 1º dia de menstruação. Tomadas diárias no mesmo horário. Reiniciar após intervalo de 4- 
7 dias, estendido ou contínuo. Recomendações: (1) Esquecimento do horário – eficaz até 12 horas. (2) Diarreia ou 
vômitos – associar outro método. Se tiver diarreia ou vômito após 4 horas, tem que tomar outra. (3) Medicamentos que 
alteram a eficácia – associar ou trocar de método. Alguns medicamentos que podem diminuir a eficácia de ACO 
combinados e da pílula de progesterona: Anticonvulsivantes (carbamazepina, fenitoína, topiramato, barbitúricos, 
oxcarbamazepina e primidona), antibióticos (Rifampicina e Rifabutina) e alguns antiretrovirais. Nesses casos, preferir 
por injetáveis combinados (Mesigyna) ou de progesterona (Depoprovera ou Contracept), implantes e DIU. 
 Principais benefícios: diminui o CA de colo, diminui o câncer de endométrio (diminui 50% o risco a partir de 5 anos de 
uso, benefício até 10 anos após o térmico), diminui o câncer de ovário (diminui 40-50%, benefício até 15 anos após a 
interrupção do tratamento), diminui a dismenorreia primária/menorragia,endometriose e cistos ovarianos. 
 Efeitos colaterais: náusea e vômitos, cefaleia, irritabilidade, acne ou seborreia, retenção hídrica, mastalgias, alterações 
da libido, sangramentos de escape (ocorre por atrofia do endométrio). Enfatizar benefícios! 
 
ANEL VAGINAL 
Composto de 15 mcg EE + 120 mcg Etenogestrel/dia. Iniciar no 1º-5º dia de menstruação. Permanece durante 3 semanas e 
depois um intervalo livre de 7 dias. Pode ser expelido acidentalmente – reintroduzir em 3h no máximo e contracepção 
auxiliar por 7 dias. Vantagens: nível constante de hormônios, menos esquecimento e menos sintomas gastrintestinais. 
 
ADESIVO TRANSDÉRMICO 
Composto de 30 mcg EE + 150 mcg Norelgestromina/dia. O método de uso é 1 adesivo/semana por 3 semanas (iniciar no 
primeiro dia de menstruação). Não altera a liberação diária por exercício ou calor. Vantagem: diminui esquecimento. Possui 
uma eficácia semelhante ao ACO. É contraindicado e pacientes com > 90 kg (panículo adiposo muito extenso dai na absorve 
direito). 
 
INJETÁVEIS COMBINADOS 
 Valerato de estradiol 5 mg + Enantato de Noretisterona 50 mg (Mesigyna®). 
9 
 
 
 Cipionato de estradiol 5 mg + Acaetato de Medroxiprogesterona 25 mg (Cyclofemina®). 
Primeira aplicação no primeiro dia de ciclo (máximo 5º dia) e após a cada 30 dias. Tolerância de 3 dias de atraso. 
 
PÍLULAS DE PROGESTÁGENOS 
 Minipílulas: Acetato de Noretindrona 350mcg. Usado em pacientes com contraindicação ao estrógeno e na 
amamentação. Deve ser ingerido continuamente e regular. Não são anovulatórias. 
 Progestágeno de média dose: Desogestrel 75 mcg. É anovulatório, além alterar o muco cervical (tornar espesso) espesso 
e promover a atrofia endometrial. Deve ser ingerido continuamente. É seguro fora da amamentação. Desvantagem: 
sangramento de escape. 
Toda pílula só de progesterona tem que ser contínua para fazer efeito. Se tiver pausa = gravidez. 
 
INJETÁVEL DE PROGESTERONA 
O principal representante é o Acetato de Medroxiprogesterona (AMP) 150mg. Tem como mecanismo de ação, a inibição da 
ovulação + atrofia endometrial + alteração do muco cervical (pode ocorrer sangramentos irregulares ou amenorreia em 20- 
40% dos casos). Deve ser aplicado a cada 3 meses. Possui uma taxa de descontinuação de 41% em 1 anos, visto que ocorre 
sangramento vaginal (manejo com Estrogênio ou Ácido Mefenâmico). É seguro para pacientes com CI ao uso de EE. Discreta 
diminuição da massa mineral óssea (avaliar criteriosamente o uso em adolescentes) e atraso em até 18 meses para o retorno da 
fertilidade. 
 
ANTICONCEPÇÃO DE EMERGÊNCIA 
Possui seu início em até 72h. Pode ser utilizado em casos de relação sexual não-planejada, falha do método de uso e 
violência sexual (estupro). Possui uma eficácia de 75-80%, associada a demora no uso do método. Principal representante: 
Levonorgestrel 750 mcg em 2 tomadas intervaladas por 12 horas ou 1,5 mg em dose única 
 
IMPLANTES SUBDÉRMICO 
Principal representante é o Implanon – Etonogestrel. Duração de 3 anos. Vantagens: anestesia local e retorno imediato de 
fertilidade. Desvantagens: alto custo, sangramento de escape, acne. 
 
LARCS – LONG ACTION REVERSIVBLE CONTRACEPTION. 
Alta eficácia e rápido retorno à fertilidade. DIU de cobre/prata, endoceptivo (Mirena®) e implantes (Implanon®). 
 
DOENÇAS QUE AUMENTAM O RISCO DA MULHER QUANDO EXPOSTA A GESTAÇÃO – CONTRACEPÇÃO 
EFICAZ. 
DM, LES, AVC, CA de ovário ou endométrio, CA de mama, epilepsia, HAS, DTG, doença cardíaca valvular, 
insuficiência cardíaca, cardiopatia congênita, cirrose descompensada, anemia falciforme, HIV, mutações trombogênicas e CA 
hepático. 
 
CRITÉRIOS DE OMS 
1. Não há restrição quanto ao uso do anticoncepcional. 
2. A vantagem de utilizar o método geralmente supera os riscos teóricos ou comprovados. 
3. Não se recomenda a menos que não se tenha outros métodos disponíveis. 
4. Não deve ser utilizado. 
!!! Critério de elegibilidade do uso de contraceptivo – WHO. 
 
HIV 
O DIU é efetivo e seguro em pacientes HIV positivas. Não foi encontrada associação entre DIU e aquisição do HIV. 
Infecção por HIV não aumentou o risco de complicações (incluindo DIP). CD4 < 200 células/ml é categoria 3 para inserção. 
O uso de TARV diminui a eficácia dos métodos hormonais. O uso de preservativo não só evita a transmissão do vírus como 
previne reinfecções e aumenta a eficácia do método. 
 
LES 
Em pacientes com LES atentar para o maior risco de trombose, imunossupressão medicamentosa e/ou exacerbação da 
doença. Cuidar ainda mais se a paciente apresentar AC Antifosfolipídeos positivos – o risco de tromboembolismo é ainda 
maior. DMPA – cuidar se em uso de corticoterapia pela diminuição DMO. ACO parece não aumentar recidivas em LES 
estável. 
 
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA (IRC) 
A excreção dos metabólitos dos esteroides é: (1) Etinilestradiol – 40% renal e 60% biliar. (2) Estradiol – 90% renal e 10% 
biliar. A menor excreção renal dos esteroides não aumentou o risco metabólico. Precaução do uso de ACO em nefropatas: 
10 
 
 
(1) Drosperinona (análoga da espironolactona) – cuidar com o aumento do potássio sérico. (2) DIU pode ser utilizado em 
transplantados. (2) ACO aumenta a biodisponibilidade de imunossupressores, ex.: Ciclosporinas (cuidar com 
hepatotoxicidade), Tacrolimus/Sirolimus e Prednisolona. 
 
TROMBOSE VENOSA PROFUNDA 
O risco de mulheres jovens sem uso de ACO terem é de 1, enquanto que naquelas mulheres que fazem o uso em baixas 
doses é de 2. Ou seja, não existe muita diferença. O Levonorgestrel é o hormônio que menos propicia a trombose. O risco 
de TVP aumenta no primeiro ano de uso de pílula tanto para segunda quanto para terceira geração. O tabagismo propicia 
um risco maior de trombose arterial do que venosa. 
 
USO DE ACO EM HIPERTENSAS 
Aumenta a pressão diastólica média. Aumenta em 4x a chance de doença arterial periférica. Aumenta em 9x o risco de IAM 
e pode aumentar de 1,7-2,5x o risco de AVC isquêmico. 
 
ENXAQUECA 
Aumenta de 2-4x o risco de AVC isquêmico em usuárias de ACO. Pacientes com enxaqueca com aura possuem 
contraindicação absoluta. Pacientes com enxaqueca sem aura com < 35 anos podem utilizar, porém caso aparecer aura em 
um período de 1 ano usando o ACO é necessário a interrupção absoluta. Pacientes com enxaqueca sem aura mas com > 35 
anos não podem usar. 
 
CONTRACEPÇÃO NO PUERPÉRIO 
 Amamentação: progestágenos (Minipílula, injetável de progestágeno e progestágenos de média dose) ou DIU até 6 
meses pós-parto (pode manter após). 
 Não amamentado: qualquer método após 3 semanas do parto, respeitando o risco de tromboembolismo. Antes de 3 
semanas: pílulas de progesterona e implante. Não pode usar combinados, pois aumenta ainda mais o risco embólico. 
 DIU cobre ou endoceptivo: até 48 horas pós-parto ou após 4 semanas do parto.

Mais conteúdos dessa disciplina