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ESTÁGIO IV - CASO PRÁTICO 03

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AO JUÍZO DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE SALVADOR
SOCIEDADE HOSPITAL SAÚDE POSITIVA, pessoa jurídica de direito privado, devidamente inscrita no CNPJ/MF sob nº ..., sediada na na Rua…, Número…, Bairro…, CEP..., na pessoa de seu representante legal, GAREN DE DEMÁCIA, inscrito no CPF/MF sob nº ..., domiciliado no Império de Demácia, por seu advogado que a esta subscreve, com escritório profissional situado na Rua…, Número…, Bairro…, CEP…, mandato anexo, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fundamento no artigo 5º, LXIX, da Constituição Federal, na Lei 12.016/09, , impetrar o presente
MANDADO DE SEGURANÇA COM PEDIDO DE LIMINAR
Contra ato do MUNICÍPIO DE SALVADOR-BA – FAZENDA PÚBLICA, representado pela PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO, pessoa jurídica de direito público, com sede na na Rua…, Número…, Bairro…, CEP..., Salvador - BA, CEP .... Pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I. DO ATO COATOR
	O Impetrado notificou o Impetrante a pagar todos os supostos débitos devidos referentes ao IPTU incidente do imóvel utilizado por esta nas atividades essenciais da sua instituição.
	Ocorre que, a Sociedade Hospital Saúde Positiva é uma sociedade de economia mista, com 99,9% do seu capital social pertencente a União e não possui fins lucrativos, seu objetivo é apenas prestar serviços de utilidade pública, mais especificamente na área da saúde.
	Contudo, como será demonstrado a seguir, tem cabimento o presente mandado de segurança para afastar ato de lesão a direito líquido e certo do Impetrante.
III. DO DIREITO
	No dia ../../…. a Impetrada notificou indevidamente a Impetrante a pagar supostos débitos tributários referentes ao IPTU do imóvel que exerce suas atividades fins. 
	Todavia, tal cobrança é ilegal, pois a Impetrante goza de imunidade tributária, pois além de possuir 99,9% do seu capital social pertencentes à União, exerce suas atividades com o objetivo de prestar serviços à saúde de forma gratuita.
	Em razão disso, as regras do setor privado não podem ser aplicadas a Impetrante, pois constituem situações diversas em relação aos outros agentes que atuam no setor da saúde com o objetivo de obter lucro.
	aAdemais, em que pese as sociedades de economia mista serem sujeitas a cobrança de impostos, elas adquirem imunidade tributária quando passam a prestar serviços públicos à população, sem contraprestação e sem finalidade lucrativa, como é o caso da Impetrante.
	Diante o exposto, percebe-se, também, que estamos diante da imunidade recíproca que tem por fundamento a liberdade, sendo-lhe estranhas as considerações de justiça ou utilidade, logo, os entes públicos não são imunes por insuficiência de capacidade contributiva ou pela imunidade das incidências mútuas, senão que gozam da proteção constitucional em homenagem aos direitos fundamentais dos cidadãos, que seriam feridos com o enfraquecimento do federalismo e da separação dos poderes.
	A imunidade recíproca objetiva a proteção do Federalismo, isto é, protege as pessoas jurídicas de direito público umas das outras, no que concerne à incidência de impostos.
	Neste sentido nos ensina Luciano Amaro: 
“A imunidade recíproca objetiva a proteção do federalismo. O que se imuniza é o “patrimônio, a renda e os serviços” dos entes da federação, o que não impede a incidência de impostos indiretos, como o IPI e o ICMS, mas repele a cobrança de tributos que atinjam o patrimônio dos entes políticos, ainda que não sejam “classificados” como “impostos sobre o patrimônio”. (Amaro, Luciano – Direito Tributário Brasileiro – 15ª Ed. – São Paulo – Saraiva – pág. 151).
	Não apenas isso, no parágrafo 2º do artigo 150 da Constituição Federal explicita que a imunidade recíproca é extensiva apenas às autarquias e às fundações instituídas e das pelo Poder Público, no que concerne ao patrimônio, renda ou serviços vinculados às suas finalidades essenciais ou às delas decorrente. 
 
	Ocorre que, a imunidade tributária recíproca, antes deferida apenas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, extensível originariamente às autarquias e fundações públicas, agora passou a ser considerada também para as empresas públicas e sociedades de economia mista que desenvolvam atividades com monopólio estatal e ou prestação de serviço público essencial. 
 
Neste sentido é o entendimento da Suprema Corte: 
 
CONSTITUCIONAL. Tributário – EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E TELÉGRAFOS: IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA: C.F., art. 150,VI, a. EMPRESA PÚBLICA QUE EXERCE ATIVIDADE ECONÔMICA E EMPRESA PÚBLICA PRESTADORA DE SERVIÇO PÚBLICO: DISTINÇÃO. I – As empresas públicas prestadoras de serviços público distinguem-se das empresas que exercem atividade econômica. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é prestadora de serviço público de prestação obrigatória e exclusiva do Estado, motivo por que está abrangida pela imunidade tributária recíproca: C.F., art. 150, VI,a. II – RECONHECIDO E PROVIDO. (dju 3/9/2004)
	Dessa forma, conclui-se que de fato, a Impetrante exerce uma atividade de prestação de serviço público e que apesar de sua natureza jurídica de direito privado, necessário se faz a sua equiparação a autarquia, para o fim de reconhecer em seu favor a imunidade tributária recíproca, tendo em vista ao que dispõe a jurisprudência brasileira e o artigo 150, parágrafo 2º, da Constituição Federal. Veja,
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
§ 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
III. DO PEDIDO LIMINAR 
	Em virtude da absoluta inobservância pela Autoridade Coatora da norma de imunidade tributária que impede a incidência do IPTU sobre o imóvel objeto do contrato de arrendamento celebrado pela Impetrante, localizado no Porto de Santos, resulta cabal a presença do fumus boni iuris.
	Presente também é o periculum in mora, uma vez que a Impetrante já se encontra sujeita à exigência do recolhimento do imposto, conforme cobrança já recebida. 
	Importa ressaltar que se a Impetrante não promover o pagamento do imposto, sem que esteja respaldada por decisão judicial, será submetida pela Autoridade Coatora às coercitivas de cobrança, dentre as quais a negativa de certidão de regularidade fiscal, inscrição do débito em dívida ativa e, por fim, a propositura de ação de Execução Fiscal. 
	Tem-se, assim, que o pleito de concessão da medida liminar encontra-se em perfeita consonância com as disposições do artigo 7°, inciso III, da Lei n° 12.016/2009 do Código de Processo Civil Brasileiro, visando à suspensão dos recolhimentos de exação, uma vez presentes os requisitos ensejadores do referido instituto (fumus boni iuris e periculum in mora). Veja,
Art. 7oAo despachar a inicial, o juiz ordenará:
(...)
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao pedido, quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica.
	Portanto, eis que comprovados os requisitos autorizadores da medida, há de ser concedida a liminar pleiteada para, nos termos do artigo 7° da Lei 12.016/2009 c/c artigo 151, inciso IV, determinar a imediata suspensão do crédito tributário concernente ao lançamento do IPTU em relação ao imóvel denominado "...", que é utilizado para as atividade fins da Impetrante.
	Por fim, visando afastar qualquer dúvida que paire sobre o pedido liminar ora em comento, o provimento requerido goza de total reversibilidade, somente suspendendo a exigibilidade de tributo indevido até final decisão, atendendo ao dever de cautela jurisdicional.
IV. DOS PEDIDOS
	Diante o exposto, requer a Vossa Excelência:
a) Diante do exposto, requer a Impetrante,nos termos do artigo 7°, inciso III, da Lei n° 12.016/2009 e do artigo 151, inciso IV, do Código Tributário Nacional, seja concedida a medida liminar inaudita altera parte para o fim de suspender imediatamente a exigibilidade do crédito tributário decorrente do lançamento do IPTU, em relação ao imóvel XXXXX, utilizando para as atividades fins da Impetrante, abstendo-se a Autoridade Coatora de praticar contra a Impetrante quaisquer atos tendentes à exigência do crédito tributário suspenso por força da concessão da medida ora requerida;
b) A concessão de tutela antecipada para a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, até final decisão;
c) Ao final, requer a Impetrante seja concedida em definitivo a segurança ora pretendida, confirmando-se a liminar porventura concedida, declarando-se, por sentença, o direito líquido e certo da Impetrante em não se submeter à exigência perpetrada pela Autoridade Coatora decorrente do lançamento do IPTU, condenando, também, a Ré ao pagamento de custas e despesas processuais;
f) Que as intimações sejam feitas na pessoa da advogado já qualificado nos autos, com escritório profissional em ..., sob pena de nulidade nos termos do art. 39, I, do CPC.
	Dá-se a causa o valor de R$...
Nestes termos,
Pede deferimento.
Local e Data.
Advogado...
OAB nº...

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