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Classificação Doutrinária do Direito Penal

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DIREITO PENAL I
PROF. JARDEL SABINO DE DEUS
3º PERÍODO 
DIREITO PENAL – CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
DIREITO PENAL SUBSTANTIVO X DIREITO PENAL ADJETIVO
	DIREITO PENAL SUBSTANTIVO
	DIREITO PENAL ADJETIVO
	Corresponde ao direito penal material 
Crime e Pena
	Corresponde ao direito processual
Processo e Procedimento
DIREITO PENAL – CLASSIFICAÇÃO DOUTRINÁRIA
 DIREITO PENAL OBJETIVO X DIREITO PENAL SUBJETIVO
	DIREITO PENAL OBJETIVO
	DIREITO PENAL SUBJETIVO
	Traduz o conjunto de leis penais em vigor no país.
EX: CP e toda legislação especial (lei de drogas, de organização criminosa, etc.).
	Refere-se ao direito de punir do estado.
+ DP SUBJ POSTIVO: Capacidade de criar e executar normas penais. OBS: Compete ao Estado.
- DP SUBJ NEGATIVO: Poder de derrogar normas penais ou restringir seu alcance. OBS: Compete aos tribunais, especialmente ao STF por meio do controle concentrado de constitucionalidade. 
LIMITES AO “JUS PUNIENDI”
Quanto ao MODO: O direito de punir deve respeitar direitos e garantias fundamentais do cidadão. A constituição proíbe penas cruéis, desumanas e degradantes, bem como proíbe a pena passar da pessoa do condenado, exige a individualização da pena etc.
Como bem explica Canotilho, mesmo que nos casos em que o legislador se encontre constitucionalmente autorizado a editar normas restritivas, permanecerá vinculado à salvaguarda do núcleo essencial dos direitos, liberdades e garantias do cidadão.
LIMITES AO DIREITO DE PUNIR DO ESTADO
LIMITES AO “JUS PUNIENDI”
Quanto ao ESPAÇO: Em regra, aplica-se a lei penal brasileira aos fatos ocorridos no território nacional. A regra é trabalhar o princípio da territorialidade (art. 5º,CP).
Art.5º,CP – Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Quanto ao TEMPO: Em regra por mais grave que seja um crime, ele PRESCREVE, extinguindo o direito de punir do Estado. Limite temporal ao direito de punir, afinal o direito punitivo estatal não pode perdurar pela eternidade.
OBS 1: Existem casos excepcionais de imprescritibilidade (art.5º, XLII, XLIV, CF/88 – racismo e ação de grupos armados contra o Estado).
LIMITES AO “JUS PUNIENDI”
OBS 2: O direito de punir é monopólio do Estado, ficando proibida a justiça privada. Ajustiça privada pode caracterizar exercício arbitrário das próprias razões (art. 345,CP).
Art. 345, CP – Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena – detenção, de quinze dias a um mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
CUIDADO!– Há um caso que o Estados tolera punição privada paralela a punição estatal:
Legítima defesa? NÃO!
** ESTATUTO DO ÍNDIO (art.57 da lei nº 6001/73)**
Art.57, lei 6001/73 – Será tolerada a aplicação, pelos grupos tribais, de acordo com as instituições próprias, de sanções penais ou disciplinares contra os seus membros, desde que não revistam caráter cruel ou infamante, proibida em qualquer caso a pena de morte.
 
LIMITES AO “JUS PUNIENDI”
Parou aqui 09/02/2018
LIMITES AO “JUS PUNIENDI”
O TPI é exceção ao monopólio do direito de punir do Estado?
O TPI não representa exceção a exclusividade do direito de punir do Estado. O art. 1º do Estatuto de Roma, consagra o principio da complementariedade (O TPI somente será chamado a intervir quando a justiça repressiva interna falhar se torne omissa ou insuficiente).
É criado, pelo presente instrumento, um Tribunal Penal Internacional (“o Tribunal”). O Tribunal será uma instituição permanente, com jurisdição sobre as pessoas as pessoas responsáveis pelos crimes de maior gravidade com alcance internacional, de acordo com o presente Estatuto, e será complementar ás jurisdições penais nacionais. A competência e o funcionamento do Tribunal reger-se-ão pelo presente estatuto. 
 
DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA X
 DIREITO PENAL PROMOCIONAL/POLITICO/DEMAGOGO 
	DIREITO PENAL DE EMERGÊNCIA	DIREITO PENAL PROMOCIONAL/POLITICO/DEMAGOGO
	Atendendo as demandas de criminalização, o Estado cria normas de repressão ignorando garantias do cidadão.
	O estado, visando a consecução dos seus objetivos políticos, emprega leis penais desconsiderando o princípio da intervenção mínima.
	Finalidade: devolver o sentimento de tranquilidade para a sociedade.
	Finalidade: usar o direito penal para transformação social
	EX: Lei dos crimes hediondos Lei 8.072/90 
EX: sequestro de Abílio Diniz, morte de Daniela Perez...
	EX. Estado criando contravenções penais de mendicância (REVOGADA) para acabar com os mendigos ao invés de melhorar políticas públicas.
DIREITO PENAL SIMBÓLICO
A lei nasce sem qualquer eficácia jurídica ou social.
EX: Proibição da marcha da maconha – a referida marcha é a expressão da liberdade de expressão; lei das palmadas; projeto que tenta transformar em crime a participação em passeatas mascarado.
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
	1ª VELOCIDADE	Enfatiza infrações penais mais graves, punidas com pena privativa de liberdade, exigindo procedimento mais demorado, observando todas as garantias penais e processuais.
	2ª VELOCIDADE
	Flexibiliza direitos garantias fundamentais, possibilitando uma punição mais célere, mas, em contrapartida, prevê penas menos rigorosas como penas alternativas.
	3ª VELOCIDADE
	Mescla a 1ª velocidade e a 2ª velocidade.
Idealizadas por SILVA SANCHEZ. Trabalha com o tempo que o Estado leva para punir o autor de uma infração penal ou mais ou menos severa.
 Defende uma punição do criminoso com pena privativa de liberdade (1ª velocidade);
 Permite, para determinados crimes, a flexibilização de direitos e garantias constitucionais (2ª velocidade).
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VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
	1ª VELOCIDADE	2ª VELOCIDADE	3ª VELOCIDADE
	Pena privativa de liberdade	Pena alternativa	Pena privativa de liberdade
	Procedimento garantista	Procedimento flexibilizado	Procedimento flexibilizado
	EX. CPP	EX. Lei 9.099/95 
 Juizados Especiais	EX. Lei 12.850/13 (organizações criminosas)
QUADRO COMPARATIVO
VELOCIDADES DO DIREITO PENAL
Hoje temos doutrina anunciando a 4ª VELOCIDADE do Direito Penal, ligada ao Direito Penal Internacional, mirando suas normas proibitivas contra aqueles que exercem (ou exerceram) chefia de Estados e, nessa condição, violam (ou violaram) de forma grave tratados internacionais de tutela de direitos humanos. Para tanto, foi criado pelo Estatuto de Roma, o TPI.
Trata-se da primeira instituição global permanente de justiça penal internacional, com competência para processar e julgar crimes que violam as obrigações essenciais para a manutenção da paz e da segurança da sociedade internacional em seu conjunto
FONTES DO DIREITO PENAL
FONTE MATERIAL (fábrica) – de onde vem o DP – trata-se de fonte de produção da norma penal – ORGÃO encarregado de criar o DP.
Art. 22/CF88. Compete privativamente à União legislar sobre: I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
Parágrafo único. Leis complementares poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo.
IMPORTANTE! – Lei complementar pode autorizar o ESTADO a legislar sobre o DP incriminador no seu âmbito. EX. Criminalização pelo Estado quanto ao desmatamento de uma determinada vegetação que somente exista nele.
Lugar de onde vem e como se exterioriza o Direito Penal.
FONTES DO DIREITO PENAL
FONTE FORMAL (como se exterioriza) – É o instrumento de exteriorização do DP (propaga o produto fabricado)
	FONTE FORMAL	
	DOUTRINA CLÁSSICA	DOUTRINA MODERNA
	Imediatas : Lei	Imediatas: Lei, CF, TIDH, jurisprudências, princípios e atos administrativos (normal penal em branco).
	Mediatas : Costumes e Princípios gerais do Direito.	Mediata: Doutrina, Costumes?
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
LEI – Fonte formal imediata / É a única fonte formal capaz de criar crime e cominar pena;
CONSTITUIÇÃO FEDERAL – Fonte formal imediata.ATENÇÃO! A CF/88 NÃO pode criar crime ou cominar pena. Nela encontramos normas gerais e abstratas de direito penal e mandados constitucionais de criminalização.
#Pergunta fase oral MPSP - Se A CF/88 é superior a lei (Kelsen), porque ela não pode criar infrações penais ou cominar sanções?
 R. Em razão de seu processo rígido e moroso para sua alteração. 
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
Muito embora não possa criar infrações penais ou cominar sanções, a CF nos revela o DP estabelecendo patamares mínimos (mandado constitucional de criminalização) abaixo dos quais a intervenção penal não se pode reduzir.
Mandado constitucional de criminalização – NÃO CRIA CRIME / NÃO COMINA PENA- Ele estabelece patamares a serem observados pelo legislador no momento de criar crime e cominar pena.
EX: - art. 5º,XLII, CF - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão (patamares mínimos), nos termos da lei (a lei é quem cria o crime de racismo e comina a sua pena); 
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível (patamares mínimos) a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
EXISTEM MANDADOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO IMPLÍCITOS? 
R. de acordo com a maioria existem mandados implícitos com a finalidade de evitar a intervenção deficiente do Estado. São os imperativos de tutela.
EX. O legislador não poderia retirar o crime de homicídio do ordenamento jurídico, porque a CF garante o direito a vida. Assim, o direito a vida seria um mandado constitucional de criminalização implícito. IMPLICITAMENTE O LEGISLADOR ESTA EXIGINDO UMA PUNIÇÃO SEVERA AO CRIME DE HOMICÍDIO. 
OBS: o direito a vida é garantido intra e extrauterina, com base neste mandado constitucional implícito, questiona-se a legalidade dos movimentos pró aborto.
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
CF
TIDH
Ratificadas por quórum especial
STATUS CONSTITUCIONAL
TIDH
STATUS SUPRALEGAL
Ratificadas por quórum comum
LEIS ORDINÁRIAS
STATUS 
LEGAL
TRATADOS INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS - É uma fonte formal imediata / Os tratados que versam sobre direitos humanos podem ingressar no nosso ordenamento jurídico de suas formas (STF):
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
ATENÇÃO! Respeitável corrente doutrinária se posiciona no sentido de que os tratados, versando sobre direitos humanos (e somente eles), uma vez subscritos pelo Brasil, se incorporam automaticamente e possuem – sempre – caráter constitucional, a teor do disposto nos §§ 1º e 2º, do art. 5º da CF/88. (FLÁVIA PIOVESAN).
CUIDADO: importante esclarecer que os tratados e convenções não são instrumentos hábeis à criação de crimes ou cominação de penas para o direito interno (apenas para o direito internacional). Assim, antes do advento das Leis 12.694/12 e 12.850/13 (que definiram, sucessivamente, organização criminosa), o STF manifestou-se pela inadmissibilidade da utilização do conceito de organização criminosa dado pela Convenção de Palermo, trancando a ação penal que deu origem à impetração, em face da atipicidade da conduta (HC nº 96007).
O Supremo autoriza a utilização dos tratados internacionais de direito humanos para o direito penal não incriminador, aquele que não cria crime ou comina pena.
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
JURISPRUDÊNCIA – É fonte formal imediata / Revela o direito penal, podendo inclusive ter caráter vinculante(SÚMULAS VINCULANTES).
Ex: Art. 71,CP – (Crime continuado) Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo (jurisprudência propõe 30 dias no máximo), lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
PRINCÍPIOS – É fonte formal imediata / Não raras vezes, os Tribunais absolvem ou reduzem penas com fundamentos em princípios.
Ex: Princípio da insignificância ou da bagatela (revelam atipicidade penal)
ATOS ADMINISTRATIVOS – É fonte formal imediata quando complementa norma penal em branco.
Ex: A lei 11.343/06 trata sobre o crime de TRÁFICO DE DROGAS, todavia a PORTARIA 348 do Ministério da Saúde/ANVISA vem nos informar o que é droga, quais substâncias se enquadram como drogas para o direito brasileiro.
FONTES FORMAIS IMEDIATAS SEGUNDO A DOUTRINA MODERNA
DOUTRINA – 
# E OS COSTUMES?
R. são classificados como fontes informais do direito penal.
COM ISSO EXAURIMOS AS FONTES DO DIREITO PENAL.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
O ato de interpretar é necessariamente feito por um sujeito que, empregando determinado modo, chega a um resultado.
	COMO VAMOS ESTUDAR?	
	1 	Quanto ao sujeito que interpreta
	2	Quanto ao modo que ele interpreta
	3	Quanto ao resultado que ele chega
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
1 – QUANTO AO SUJEITO
a) Interpretação autêntica (ou legislativa) – é aquela fornecida pela própria lei.
EX: art. 327,CP – conceito de funcionário público.
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública.
a) A interpretação autentica (ou legislativa), fornecida pela própria lei, subdivide-se em:
Contextual – editada pontualmente com a norma penal que a conceitua. 
EX: LEI DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA – essa lei já define em seu art. 1º o conceito de organização criminosa
Posterior - lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. 
EX: NORMA PENAL EM BRANCO;
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
b) DOUTRINÁRIA OU CIENTÍFICA: É a interpretação formulada pelos estudiosos.
c) INTERPETAÇÃO JURISPRUDÊNCIA: É o significado dado as leis pelos tribunais.
OBS: pode ter caráter vinculante.
CUIDADO!
E A EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS DO CÓDIGO PENAL?
R. é exemplo de interpretação doutrinária, feita pelos doutos que trabalharam no projeto do CP. Já no processo penal ela é dada por lei, por isso é autêntica ou legislativa.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
2 – QUANTO AO MODO
a) GRAMATICA / FILOLÓGICA - (TJMS) – considera o sentido literal das palavras.
b) TELEOLÓGICA – Perquire a intenção objetivada na lei – Entrada de aparelhos celulares e seus acessórios no sistema prisional - STF
c) HISTÓRICA – Indaga a origem da lei – o julgador vai na história da lei a ser interpretada e verifica o que se pretendida quando de sua formulação.
d) SISTEMÁTICA – Interpretação em conjunto com a legislação em vigor e com os princípios gerais de direito
e) PROGRESSIVA OU EVOLUTIVA – Busca-se o significado legal de acordo com o progresso da ciência do direito.
3 – QUANTO AO RESULTADO
a) DECLARATIVA/DECLARATÓRIA: É aquela em que a letra da lei representa exatamente aquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando.
b) RESTRITIVA: A interpretação reduz o alcance das palavras da lei para corresponder a vontade do texto.
c) EXTENSIVA (É A QUE MAIS CAI EM PROVAS): Amplia-se o alcance das palavras para corresponder a vontade do texto legal.
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
RELEMBRANDO AS ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
		QUANTO AO SUJEITO	QUANTO AO MODO	QUANTO AO RESULTADO
	1	Autêntica	Literal	Declarativa
	2	Doutrinária	Teleológica	Restritiva
	3	Jurisprudencial	Histórica	Extensiva
	4		Sistemática 	
	5		Progressiva	
ATENÇÃO! 
A doutrina cita, ainda, duas espécies de interpretação:
1 - INTERPRETAÇÃO “SUI GENERIS” 
Se subdivide em: EXOFÓRICA E ENDOFÓRICA
a) EXOFÓRICA:O significado da norma interpretada não está no ordenamento normativos
Art. 20,CP (“tipo”) - quem define o quem é tipo legal é a doutrina – e não a lei.
Art. 20,CP - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
b) ENDOFÓRICA: o texto normativo interpretado empresta o sentido de outros textos do próprio ordenamento jurídico normativo (interpretação muito utilizada nas normas penais em branco).
EX: art. 237 do CP – a expressão “impedimento para casamento” é interpretada de acordo com o Código Civil. 
Art. 237,CP - Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
ATENÇÃO! 
A doutrina cita, ainda, duas espécies de interpretação:
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA - APROFUNDANDO
# Admite-se interpretação extensiva contra o réu?
1ª C – (Nucci e L.R Prado): SIM, mesmo que contra o réu. É indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu (a tarefa do intérprete é evitar injustiças). A CF não proíbe interpretação extensiva contra o réu.
2ª C – (LFG / Defensoria Pública): NÃO, contra o réu. Socorrendo-se do princípio do “in dubio pro reo”, não admite interpretação extensiva contra o réu (na dúvida, o juiz deve interpretar em seu benefício). Art. 22, § 2º do Estatuto de Roma.
3ª C – (Zaffaroni): Em regra, não cabe interpretação extensiva contra ao réu, salvo quando interpretação diversa resultar num escândalo por sua notória irracionalidade. (Esta corrente está presente nos julgados do STJ e STF).
INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA - APROFUNDANDO
OBS: Esta 3ª C, está presente nos julgados dos Tribunais Superiores
EX: Art. 157, § 2º, CP – aumenta a pena quando houver emprego de arma.
O que significa ARMA?
Temos DUAS correntes quanto ao conceito de arma:
1ª C (Corrente restritiva) – é todo instrumento fabricados com finalidade bélica (arma de fogo, espadas etc) 
2ª C / STJ e STF (Corrente ampla) – arma seria qualquer instrumento, fabricada com ou sem finalidade bélica – desde que sirva ao ataque – TRATA-SE DA CORRENTE ADOTADA PELOS TRIBUNAIS SUPERIORES.
ATENÇÃO! Quem estuda pelo R. GRECO, o autor entende que a interpretação analógica é uma espécie de interpretação extensiva (minoria) tratando as duas como a mesma coisa. 
CUIDADO! Não podemos confundir INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA com INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA.
O Código, atento ao Princípio da Legalidade detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante, passe também a ser abrangido no dispositivo. (exemplos seguidos de formula genérica de encerramento)
Exemplo 1: Art. 121, § 2º, I, II, III e IV, do CP (HOM.QUALIFICADO).
Os referidos dispositivos trabalham com interpretação analógica(exemplos seguidos de formula genérica de encerramento);
A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (INTRALEGEM)
A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (INTRALEGEM)
Art. 121. Matar alguém:
 I - mediante paga ou promessa de recompensa (exemplos de torpeza), ou por outro motivo torpe;
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura (exemplos de insídia, crueldade e perigo comum) ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum;
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido;
A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA (INTRALEGEM)
Exemplo 2: Art. 306,CTB (Código de Trânsito Brasileiro)
O artigo trabalha com interpretação analógica.
 Art. 306,CTB - Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência (encerramento genérico abrangendo outros psicotrópicos além do álcool):
Assim, NÃO dá para confundir I. Extensiva com a I. Analógica.
Interpretação Extensiva – amplia-se o alcance da palavra contida na norma
Interpretação Analógica – exemplos seguidos de encerramento genérico 
RESUMINDO
ATENÇÃO! 
A INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA não se confunde com ANALOGIA.
ANALOGIA - Não é forma de interpretação, mas de integração.
OBS: Pressupõe lacuna (ausência de lei para o caso concreto). Não há lei para ser interpretada.
Analogia: Parte-se do pressuposto de que não existe lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar.
EX: Fato “A” x Fato “A1” (semelhantes), onde somente existe lei que regule o fato “A”.
#DIANTE DISSO, É POSSIVEL ANALOGIA NO DP?#
PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
a) Certeza de que sua aplicação será favorável ao réu (analogia in bonam partem) 
b) Existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (insto é, omissão INVOLUNTÁRIA do legislador).
ATENÇÃO! A omissão VOLUNTÁRIA não admite analogia – é o que o STF chama de “silêncio eloquente”.
Exemplo1 – Omissão involuntária – onde É POSSÍVEL analogia in bonam partem
 Art. 181, I, do CP: É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
PRESSUPOSTOS DA ANALOGIA NO DIREITO PENAL 
Exemplo 2 – Art. 155, § 2º, do CP – Furto Privilegiado 
Não é aplicável ao roubo, uma vez que a intenção voluntária do legislador é não privilegiar esse tipo de crime.
O furto é privilegiado quando o réu é primário e o bem subtraído é de pequeno valor – mesmo assim o legislador não quis privilegiar o roubo – por esta razão não se pode aplicar o § 2º ao crime de roubo por analogia vez que o SILÊNCIO ELOQUENTE É PROPOSITAL PELO LEGISLADOR.
 Furto - Art. 155,CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
	INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA	INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA	ANALOGIA
	FORMA DE INTERPRETAÇÃO	FORMA DE INTERPRETAÇÃO	FORMA DE INTEGRAÇÃO
	EXISTE NORMA PARA O CASO CONCRETO	EXISTE NORMA PARA O CASO CONCRETO	NÃO EXISTE NORMA PARA O CASO CONCRETO
	AMPLIA-SE O ALCANCE DA PALAVRA	EXEMPLOS SEGUIDOS DE ENCERRAMENTO GENÉRICO	CRIA-SE NOVA NORMA A PARTIR DE OUTRA (só quando for favorável ao réu)
PRINCÍPIOS GERAIS DE DIREITO PENAL
	1º GRUPO	2º GRUPO	3º GRUPO	4º GRUPO
	Princípios relacionados a MISSÃO do DP	Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE	Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO	Princípios relacionados com a PENA (DP II)
Por questão meramente didática vamos estudar os Princípios do DP formando
4 grupos:
		Princípios relacionados a MISSÃO do DP
	Princípios relacionados com o FATO DO AGENTE
	Princípios relacionados com o AGENTE DO FATO
	Princípios relacionados com a PENA (DP II)
	1
	Principio da Exclusiva Proteção dos bens jurídicos	Princípio da Exteriorização ou Materialização do fato	Princípio da Responsabilidade Pessoal	Princípio da Dignidade da Pessoa Humana
	2	Princípio da Intervenção Mínima	Princípio da Legalidade	Princípio da Responsabilidade Subjetiva	Princípio da individualização da Pena 
	3		Princípio da Ofensividade/Lesividade	Princípio da Culpabilidade 	Princípio da Proporcionalidade
	4			Principio da Isonomia 	Princípio da Pessoalidade
	5			Princípio da Presunção de Inocência	Princípio da Vedação “bis in idem”
PRINCÍPIOS RELACIONADOS A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL
 PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DOS BENS JURÍDICOS
O DP deve servir apenas para proteger bens jurídicos relevantes indispensáveis ao convívio em sociedade.
Bem Jurídico: É um ente material ou imaterial, haurido do contexto social, de titularidade individual ou metaindividual, reputando como essencial para a coexistência e o desenvolvimento do homem em sociedade.
MPMG – No que consiste a espiritualização do Direito Penal?
R. Percebe-se uma expansão da tutela penal para abranger bens jurídicos de caráter coletivo, difuso, ensejando a denominada “espiritualização” ou desmaterializaçãoou dinamização ou liquefação do bem jurídico.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
O DP é norteado pelo P. da Intervenção Mínima, apresentando as seguintes características: 
a) SUBSIDIARIEDADE; b) FRAGMENTARIEDADE.
O DP só deve ser aplicado quando estritamente necessário, de modo que sua intervenção fica condicionada ao fracasso das demais esferas de controle (caráter subsidiário), observando somente os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (caráter fragmentário).
 
EX:
PRINCÍPIOS RELACIONADOS A MISSÃO FUNDAMENTAL DO DIREITO PENAL
IMPORTANTE!
(CONCURSO – FASE ORAL JUIZ TJES) O princípio da insignificância ou da bagatela é desdobramento lógico de qual característica da intervenção mínima?
R: É um desdobramento lógico da fragmentariedade.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA (APROFUNDANDO)
É um princípio limitador do DP
É uma causa de atipicidade material
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA DE ACORDO COM OS TRIBUNAIS SUPERIORES STJ/STF
Requisitos para admissão de aplicação do princípio:
Ausência de PERICULOSIDADE social da ação
Reduzido grau de REPROVABILIDADE do comportamento
Mínima OFENSIVIDADE da conduta do agente
Inexpressividade da LESÃO jurídica causada
P-R-O-L
OBS: A doutrina de Paulo Queiroz afirma que os tribunais superiores criaram 4 requisitos que dizem a mesma coisa.
OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
1. STF e STJ: Para aplicação do princípio da insignificância, deve ser consideram a capacidade econômica da vítima (STF – RHC 96813; STJ – Resp 1224.795)
2. Prevalece no STF e STJ: Ser incabível o princípio da insignificância para o reincidente, portador de maus antecedentes, ou criminoso habitual (STF-HC 115707/2013, Segunda Turma; STJ AREesp 334272/2013, Quinta Turma).
3. Prevalece no STF e STJ: Não ser possível o princípio da insignificância no furto qualificado (falta o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento).
4. STF e STJ: Não admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais precisamente moeda falsa (STF-HC 105.829)
OBSERVAÇÕES SOBRE O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
5. STF admite o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por funcionário público. STJ não admite.
No entanto, STF e STJ admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a Administração Pública praticados por particulares.
6. Prevalece no STF e STJ: Não ser admissível o princípio da insignificância no porte de drogas para uso próprio.
7. STF e STJ: Não admitem o princípio da insignificância em nenhuma forma de tráfico.
8. STF e STJ: Tem decisões admitindo o p. da insignificância nos crimes ambientais (há importante divergência sobre o assunto).
IMPORTANTE DIFERENCIAR – (JUIZ – TJMS)
P. DA BAGATELA PRÓPRIA – Os fatos já nascem irrelevantes para o direito penal – trata-se de uma causa de atipicidade material. 
EX: Subtração de caneta BIC
P. DA BAGATELA IMPRÓPRIA – Embora relevante a infração penal praticada, a pena diante do caso concreto é desnecessária – trata-se de uma hipótese de falta de interesse de punir do Estado (o fato é típico, ilícito e culpável, mas não é punível).
EX: Perdão judicial no homicídio culposo.
CUIDADO! Não podemos confundir o P. da insignificância com o P. da adequação social.
P. DA INSIGNIFICÂNCIA ≠ P. DA ADEQUAÇÃO SOCIAL
P. DA ADEQUAÇÃO SOCIAL: Apesar de uma conduta se ajustar a um tipo penal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida.
# Aqui finalizamos o 1º grupo de princípios e subprincípios voltados a MISSÃO do DP.
		SEMELHANÇA	DIFERENÇA
	P. DA INSIGNIFICÂNCIA	Ambos limitam o 
Direito Penal	Analisa a 
“Irrelevância da lesão ao bem jurídico tutelado”
	P. DA ADEQUAÇÃO SOCIAL		Analisa a “aceitação da conduta
 pela sociedade”
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
PRÍNCIPIO DA EXTERIORIZAÇÃO OU MATERIALIZAÇÃO DO FATO
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, isto é, FATOS.
ATENÇÃO! Veda-se o Direito Penal do autor: consistente na punição do indivíduo baseada em seus pensamentos, desejos e estilo de vida.
CONCLUSÃO: O DP brasileiro segue DP do FATO.
Ex: Art. 2º,CP – Ninguém pode ser punido por FATO que lei posterior deixar de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
O nosso ordenamento penal, de forma legítima, adotou o DP do fato, mas que considera circunstâncias relacionadas ao autor, especialmente quando da análise da pena. - isso garante a individualização da pena (art. 59, do CP).
Apesar de vedar-se o direito penal do autor, ainda no Brasil existem resquícios de punição de pessoas quanto ao estilo de vida.
Até 2009 ainda era considerada contravenção penal a MENDICÂNCIA (art. 60 do DL 3688/41 – alterado pela Lei 11.923/2009)
VADIAGEM (art. 59 do DL 3688/41) Só pratica o vadio que não tem condição de manter sua subsistência com recursos lícitos, ou seja, somente pratica a contravenção o vadio pobre.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
PRINCIPIO DA LEGALIDADE – PRÓX. AULA
PRINCIPIO DA OFENSIVIDADE / LESIVIDADE
Exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado.
CRIME DE DANO – ocorre efetiva lesão ao bem jurídico. Ex. Art. 121, CP.
CRIME DE PERIGO – basta risco de lesão ao bem jurídico. Ex. Embriaguez ao volante (art. 306 CTB) porte de arma (art. 14 Est. do Desarmamento)
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
CRIME DE PERIGO
a) Perigo Abstrato: O risco de lesão é absolutamente presumido por lei
b) Perigo Concreto: Divide-se em:
De vítima determinada – O risco deve ser demostrado indicando pessoa certa em perigo
De vítima difusa – O risco deve ser demostrado dispensando vítima determinada
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O FATO DO AGENTE
Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional. Presumir prévia e abstratamente o perigo significa, em última análise, que o perigo não existe.
Essa tese, no entanto, hoje não prevalece no STF. No HC 104.410, o Supremo decidiu que a criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado.
Ex: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para configurar o crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).
Ex. Arma desmuniciada – STF – jurisprudência atual – crime de perigo abstrato – demanda efetiva proteção do Estado.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Proibir-se o castigo pelo fato de outrem. Está vedada a responsabilidade penal coletiva, impondo-se a responsabilização individual.
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO
a) Obrigatoriedade da individualização da acusação 
É proibida a denúncia genérica, vaga evasiva
O MP deve individualizar os comportamentos
OBS: Nos crimes societários, os tribunais flexibilizam essa obrigatoriedade em razão de decisões colegiadas.
b) Obrigatoriedade de individualização da pena
Mandamento constitucional
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
 
Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, ficando a sua responsabilidade condicionada à existência da voluntariedade (dolo/culpa).
Resumo: está proibida a responsabilidade penal objetiva, isto é, sem demonstração de dolo ou culpa.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
(2ª Fase para Delegado da PCDF) – Temos doutrina anunciando dois casos de responsabilidade penal objetiva (autorizados por lei):
1º – Embriaguez ao volante
Crítica: A teoria da “actio liberi in causa” exige não somente uma análise pretérita da imputabilidade mas também da consciência e vontade do agente.
2º – Rixa qualificada (com ocorrência de morte)
Crítica: só responde pelo resultado agravador quem atuou frente a ele com dolo ou culpa, evitando-se responsabilidadepenal objetiva.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE
Postulado limitador do direito de punir
Só pode o Estado impor sanção pena ao agente imputável (penalmente capaz) com potencial consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento) quando dele exigível conduta diversa.
OBS: Esses são os elementos da culpabilidade integrantes do crime.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
Isonomia Substancial (e não formal): Deve-se tratar de forma igual o que é igual e desigualmente o que é desigual.
OBS: Com base nesse princípio o STF julgando ADC 19, afastou alegações de inconstitucionalidade da Lei Mª da Penha, observando que o princípio da isonomia é SUBSTANCIAL e não formal.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM O AGENTE DO FATO
PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA
Art. 5º, LVII CF/88 – “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”
Adota o princípio da presunção de inocência ou de não culpa?
Concurso de Def. Pública: Não trabalha com o principio da presunção de não culpa (só com o princípio da presunção de inocência).
Demais concursos: Trabalham com os princípios como sinônimos (presunção de inocência ou não culpa)
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DE NÃO CULPA
A) Qualquer restrição a liberdade do investigado ou acusado somente se admite após a condenação definitiva;
OBS: admite-se prisão provisória quando IMPRESCINDÍVEL
CPP – CRÍTICA A REDAÇÃO DO CPP
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência (QUANDO IMPRESCINDÍVEL PARA) da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011).
DESDOBRAMENTOS DO PRINCÍPIO DA 
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA OU DE NÃO CULPA
B) Cumpre a acusação o dever de demonstrar a responsabilidade do réu, e não a este comprovar sua inocência;
C) A condenação deve derivar da certeza do julgador – consagra-se o in bubio pro reo.
Ex: SÚMULA VINCULANTE 11 - Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
ATENÇÃO! NOVO ENTENDIMENTO DO STF
É possível a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em apelação, ainda que pendente de julgamento Resp ou RE?
Imagine a seguinte situação hipotética:
João foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão, tendo sido a ele assegurado na sentença o direito de recorrer em liberdade.
O réu interpôs apelação e depois de algum tempo o Tribunal de Justiça manteve a condenação.
Contra esse acórdão, João interpôs, simultaneamente, recurso especial e extraordinário.
João, que passou todo o processo em liberdade, deverá aguardar o julgamento dos recursos especial e extraordinário preso ou solto? É possível executar provisoriamente a condenação enquanto se aguarda o julgamento dos recursos especial e extraordinário? É possível que o réu condenado em 2ª instância seja obrigado a iniciar o cumprimento da pena mesmo sem ter havido ainda o trânsito em julgado?
POSIÇÃO ANTERIOR DO STF: NÃO – HC 84078, Rel. Min. Eros Grau, 
Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2009.
A CF/88 prevê que ninguém poderá ser considerado culpado até que haja o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII, da CF/88). É o chamado princípio da presunção de inocência (ou presunção de não culpabilidade) que é consagrado não apenas na Constituição Federal, como também em documentos internacionais, a exemplo da Declaração
Universal dos Direitos do Homem de 1948.
Logo, enquanto pendente qualquer recurso da defesa, existe uma presunção de que o réu é inocente.
Dessa forma, enquanto não houver trânsito em julgado para a acusação e para a defesa, o réu não pode ser obrigado a iniciar o cumprimento da pena porque ainda é presumivelmente inocente.
Assim, não existia no Brasil a execução provisória (antecipada) da pena. Em virtude da presunção de inocência, o recurso interposto pela defesa contra a decisão condenatória era recebido no duplo efeito (devolutivo e suspensivo) e o acórdão de 2º grau que condenou o réu ficava sem produzir efeitos.
Este era o entendimento adotado pelo STF desde o leading case HC 84078, Rel. Min. Eros Grau, Tribunal Pleno, julgado em 05/02/2009.
Obs: O condenado poderia até aguardar o julgamento do REsp ou do RE preso, desde que estivessem previstos os pressupostos necessários para a prisão preventiva (art. 312 do CPP). Dessa forma, ele poderia ficar preso, mas cautelarmente (preventivamente) e não como execução provisória da pena.
2ª) Posição ATUAL do STF: SIM
STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016.
É possível o início da execução da pena condenatória após a prolação de acórdão condenatório em 2º grau e isso não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. O recurso especial e o recurso extraordinário não possuem efeito suspensivo (art. 637 do CPP e art. 27, § 2º da Lei nº 8.038/90). Isso significa que, mesmo a parte tendo interposto algum desses recursos, a decisão recorrida continua produzindo efeitos. Logo, é possível a execução provisória da decisão recorrida enquanto se aguarda o julgamento do recurso.
O Min. Teori Zavascki defendeu que, até que seja prolatada a sentença penal, confirmada em 2º grau, deve-se presumir a inocência do réu. Mas, após esse momento, exaure-se o princípio da não culpabilidade, até porque os recursos cabíveis da decisão de segundo grau ao STJ ou STF não se prestam a discutir fatos e provas, mas apenas matéria de direito.
Para o Relator, “a presunção da inocência não impede que, mesmo antes do trânsito em julgado, o acórdão condenatório produza efeitos contra o acusado”.
"A execução da pena na pendência de recursos de natureza extraordinária não compromete o núcleo essencial do pressuposto da não culpabilidade, na medida em que o acusado foi tratado como inocente no curso de todo o processo ordinário criminal, observados os direitos e as garantias a ele inerentes, bem como respeitadas as regras probatórias e o modelo acusatório atual. Não é incompatível com a garantia constitucional autorizar, a partir daí, ainda que cabíveis ou pendentes de julgamento de recursos extraordinários, a produção dos efeitos próprios da responsabilização criminal reconhecida pelas instâncias ordinárias".
O Ministro Teori, citando a ex-Ministra Ellen Gracie (HC 85.886) afirmou que “em país nenhum do mundo, depois de observado o duplo grau de jurisdição, a execução de uma condenação fica suspensa aguardando referendo da Suprema Corte”.
• Votaram a favor da execução provisória da pena 7 Ministros: Teori Zavascki, Edson Fachin, Roberto Barroso, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes.
• Ficaram vencidos 4 Ministros: Rosa Weber, Marco Aurélio, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
	ANTES	ATUALMENTE
	Não se admitia a execução provisória da pena antes do trânsito em julgado
	É possível a execução provisória da pena mesmo antes do trânsito em julgado desde que exista acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação
	A execução provisória da pena ofende o princípio da presunção de não culpabilidade (ou princípio da presunção de inocência).
	A execução provisória da pena NÃO ofende o núcleo essencial do princípio da presunção de não culpabilidade(ou princípio da presunção de inocência).
	O réu, mesmo condenado pelo Tribunal em 2º grau, só pode ser obrigado a iniciar o cumprimento da pena após terem sido julgados os recursos especial e extraordinário interpostos pela defesa.
	O réu pode ser obrigado a iniciar o cumprimento da pena se o acórdão do Tribunal de 2º grau for condenatório mesmo que, desta decisão, ele tenha interposto recurso especial e extraordinário.
	Os recursos especiais e extraordinário interpostos pela defesa contra o acórdão condenatório de 2º grau possuíam efeito suspensivo por força do princípio da presunção de inocência.
	Os recursos especiais e extraordinário interpostos pela defesa contra o acórdão condenatório de 2º grau NÃO possuem efeito suspensivo. A Lei determinou isso e não há inconstitucionalidade nesta previsão.
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EM RESUMO, ESTA FOI A CONCLUSÃO FIXADA PELO STF:
A execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência. STF. Plenário. HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 17/02/2016.
PERGUNTA - Para que seja iniciado o cumprimento da pena é necessário que o réu tenha sido condenado em 1ª instância (pelo juiz) e esta sentença tenha sido confirmada pelo Tribunal (2ª instância) ou ele poderá ser obrigado a cumprir a pena mesmo que o juiz o tenha absolvido e o Tribunal reformado a sentença para condená-lo?
Para início do cumprimento provisório da pena o que interessa é que exista um acórdão de 2º grau condenando o réu, ainda que ele tenha sido absolvido pelo juiz em 1ª instância. Dessa forma, imagine que João foi absolvido em 1ª instância. O MP interpôs apelação e o Tribunal reformou a sentença para o fim de condená-lo, isso significa que o réu terá que iniciar o cumprimento da pena imediatamente, ainda que interponha recursos especial e extraordinário.
A execução provisória pode ser iniciada após o acórdão penal condenatório proferido em grau de apelação, não importando se a sentença foi absolutória ou condenatória.
Para o início da execução provisória não se exige dupla condenação (1ª e 2ª instâncias), mas apenas que exista condenação em apelação e a interposição de recursos sem efeito suspensivo.
PRINCÍPIOS RELACIONADOS COM A PENA
	1	PRINCÍPIO DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
	2	PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA 
	3	PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
	4	PRINCÍPIO DA PESSOALIDADE 
	5	PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DO “BIS IN IDEM”
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
1 – INTRODUÇÃO
Art. 5º, II, CF - “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”;
Art. 5º XXXIX - “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”;
Art. 1º, CP - “Não há crime sem lei anterior que o defina, Não há pena sem prévia cominação legal.”
OBS: Destaque-se que vários documentos internacionais também preveem o princípio da legalidade (EX. Estatuto de Roma que criou o TPI).
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
2 - CONCEITO
Real limitação ao poder estatal de interferir na esfera das liberdades individuais.
OBS: daí sua inclusão na CF (art. 5º) e nos tratados internacionais de direitos humanos.
LEGALIDADE = significa, RESERVA LEGAL (não há crime sem lei) + ANTERIORIDADE (lei anterior).
QUESTÃO DE PROVA (segunda fase OAB) - Disserte sobre os fundamentos do princípio da legalidade.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
3 – FUNDAMENTOS DO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
FUNDAMENTO POLÍTICO – Vincula o Poder Executivo e o Judiciário a leis formuladas de forma abstrata (impede o poder punitivo arbitrário)
FUNDAMENTO DEMOCRÁTICO – Representa o respeito ao princípio da separação de poderes (compete ao parlamento a missão de elaborar leis)
FUNDAMENTO JURÍDICO – Lei prévia e clara produz importante efeito intimidativo (Cesare Beccaria)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
Art. 1º CP - “Não há crime (ou infração penal?) sem lei anterior que o defina. Não há pena (ou sanção penal) sem prévia cominação legal.”
Crime: abrange contravenção penal?
Pena: abrange medida de segurança?
Art. 3º Código Penal Militar: “As medidas de segurança regem-se pela lei vigente ao tempo da sentença, prevalecendo, entretanto, se diversa, a lei vigente ao tempo da execução”
LEGALIDADE = RESERVA LEGAL + ANTERIORIDADE
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
A) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI
Princípio da reserva legal:
- Lei ordinária (regra)
- Lei complementar
Medida provisória pode criar crime?
R: Não sendo lei, mas ato do executivo com força normativa, a MP não cria crime, não comina pena.
É possível MP versando sobre direito penal não incriminador? Medida provisória pode extinguir a punibilidade?
Lembrando: o Art. 62, § 1º, I, “b” CF, proíbe Medida Provisória versando sobre Direito Penal (matéria incluída pela EC 32/01).
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001)
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:
I – relativa a:
b) direito penal, processual penal e processual civil;
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
A DOUTRINA DIVERGE:
1ªC – Com o advento da EC 32/01, ficou claro que MP não pode versar sobre direito penal (incriminador ou não incriminador) – ESSA CORRENTE PREVALECE ENTRE OS CONSTITUCIONALISTAS.
2ªC – A EC 32/01 reforça a proibição da MP sobre direito penal incriminador, permitindo matéria de direito penal não incriminador.
Posição do STF
- O STF admitiu a MP não incriminadora nº 417/08, que impedia a tipificação penal de determinados comportamentos relacionados com a posse de arma de fogo.
- Desde 1997 outras MP's regularam questões em matéria de direito penal tributário e previdenciário.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
Resoluções (CNJ, CNMP, TSE etc), podem criar crimes ou cominar penas?
R:Não sendo leis em sentido estrito, não podem criar crimes e cominar penas.
CUIDADO! As menções a condutas criminosas nas Resoluções do TSE são meras consolidações de tipos penais previamente tipificados por leis.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
B) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ANTERIOR
- Princípio da anterioridade
- Proibição da retroatividade maléfica da lei penal
CUIDADO! A retroatividade da lei penal só é vedada se ela for maléfica, a retroatividade benéfica é garantia do cidadão.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
C) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ESCRITA
Proíbe-se o costume incriminador (costume não cria crime e não comina pena)
Para que serve o costume no Direito Penal?
R: Para a interpretação. O Costume deve ser secundum legem.
EX: No crime de furto – se praticado em repouso noturno – a pena é aumentada.
Mas o que é repouso noturno?
R: É o costume quem vai nos dizer.
COSTUME PODE REVOGAR INFRAÇÃO PENAL?
Discute-se na contravenção do jogo do bicho.
1ªC – Admite-se o costume abolicionista ou revogador da lei nos casos em que a infração penal não mais contraria o interesse social deixando de repercutir negativamente na sociedade.
Conclusão: jogo do bicho não mais deve ser punido, pois a contravenção foi formal e materialmente revogada pelo costume.
2ª C – Não é possível o costume abolicionista. Entretanto, quando o fato já não é mais indesejado pelo meio social, a lei não deve ser aplicada pelo magistrado.
Conclusão: jogo do bicho, apesar de formalmente contravenção, nãoserve para punir o autor da conduta, pois materialmente revogada.
COSTUME PODE REVOGAR INFRAÇÃO PENAL?
Discute-se na contravenção do jogo do bicho.
3ª C – (PREVALECE) – Somente a lei pode revogar outra lei. Não existe costume abolicionista.
Conclusão: jogo do bicho permanece infração penal, servindo a lei para punir o contraventor enquanto não revogada por outra lei.
O QUE O STF NOS FALA?
O STF indeferiu HC em que a Defensoria Pública do Estado de São Paulo requeria, com base no princípio da adequação social, a declaração de atipicidade da conduta imputada a condenado como incurso nas penas do art. 184, § 2º, do CP. Sustentava-se que a referida conduta seria socialmente adequada, haja vista que a coletividade não recriminaria o vendedor de CD’s e DVD’s reproduzidos sem a autorização do titular do direito autoral, mas, ao contrário, estimularia a sua prática em virtude dos altos preços desses produtos, insuscetíveis de serem adquiridos por grande parte da população. 
Asseverou-se que o fato de a sociedade tolerar a prática do delito em questão não implicaria dizer que o comportamento do paciente poderia ser considerado lícito. Salientou-se, ademais, que a violação de direito autoral e a comercialização de produtos “piratas” sempre fora objeto de fiscalização e repressão. Afirmou-se que a conduta descrita nos autos causaria enormes prejuízos ao Fisco pela burla do pagamento de impostos, à indústria fonográfica e aos comerciantes regularmente estabelecidos. Rejeitou-se, por fim, o pedido formulado na tribuna de que fosse, então, aplicado na espécie o princípio da insignificância — já que o paciente fora surpreendido na posse de 180 CD’s “piratas” — ao fundamento de que o juízo sentenciante também denegara o pleito tendo em conta a reincidência do paciente em relação ao mesmo delito.
HC 98898/SP, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 20.4.2010. (HC-98898)
O STJ afastou essa tese na SÚMULA 501:
SÚMULA 501: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no art. 184, § 2º, do CP, a conduta de expor à venda CD e DVDs piratas.
D) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI ESTRITA 
- Proíbe-se a utilização da analogia para criar tipo incriminador (a analogia in bonam partem é permitida)
EX1: A lei fala que o TRÁFICO DE DROGAS é equiparado a crime hediondo, contudo a lei não fala nada sobre a ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.
O STF nos afirma que se fizermos essa equiparação estaremos fazendo analogia in malam partem
O STJ afastou essa tese na SÚMULA 501:
EX2: Art. 155, § 3º do CP (FURTO)
§3º – Equipara-se à coisa alheia móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
Abrange-se sinal de TV a cabo?
1ª C – BITENCOURT – Sinal de TV não é energia, pois não se gasta, não se consome. Abranger sinal de TV é fazer analogia in malam partem, por isso vedado pelo DP.
2ª C – NUCCI – Sinal de TV é espécie de energia, caracterizando o crime, não havendo que se falar em analogia.
E ai, o que prevalece?
O STF FOI CHAMADO A SE MANIFESTAR E NOS DISSE O SEGUINTE:
A 2ª Turma do STF, no julgamento do HC 97.261 declarou a atipicidade da conduta do agente que subtrai sinal de TV à cabo asseverando ser impossível a analogia incriminadora com o crime de furto de energia elétrica.
E) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI CERTA
- Princípio da Taxatividade (ou da determinação).
OBS: exige-se clareza dos tipos penais, exige-se fácil compreensão
Ex: Art. 41, B, do Estatuto do Torcedor – PROVOCAR TUMULTO NOS ESTÁDIOS.
Ex: Art. 288-A do CP -ASS. CRIMINOSA. Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer dos crimes previstos neste Código (Incluído pela lei nº 12.720/2012)
F) NÃO HÁ CRIME OU PENA SEM LEI NECESSÁRIA
- É um desdobramento lógico do princípio da intervenção mínima.
P. da Intervenção mínima: a) orienta onde o Estado deve proibir, e; b) onde o Estado deve deixar de proibir.
MPBA – Correlacione o princípio da legalidade com o garantismo penal.
R: O P. da Legalidade é o vetor basilar do garantismo penal. Garantismo é o mínimo de poder punitivo do Estado em face das máximas garantias do cidadão.
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE - DESDOBRAMENTOS
(PRINCÍPIO RELACIONADO COM O FATO DO AGENTE)
A) LEGALIDADE FORMAL
Obediência aos devido processo legislativo (LEI VIGENTE)
B) LEGALIDADE MATERIAL
O conteúdo do tipo deve respeitar direitos e garantias do cidadão (LEI VÁLIDA)
- CONCLUSÃO: Nem sempre a lei vigente será lei válida
EX: Regime integralmente fechado para crimes hediondos ou equiparados (Lei 8.072/90) – O STF ao argumento de que violaria a dignidade da pessoa humana julgou inconstitucional o dispositivo que previa o referido regime. (Tinha-se, com isso uma lei vigente mas não válida).
ATÉ A PRÓXIMA AULA!

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