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Depressão ⇒ A depressão maior é definida como humor deprimido diário que perdura por um período mínimo de duas semanas. Um episódio caracteriza-se por tristeza, indiferença, apatia ou irritabilidade, em geral associadas a alterações nos padrões de sono, apetite e peso; agitação ou lentidão motora; fadiga; dificuldade de concentração e tomada de decisões; sentimentos de vergonha ou culpa; e pensamentos de morte ou de estar morrendo. ⇒ Pacientes em luto ou pesar podem apresentar muitos desses sinais e sintomas da depressão maior, embora com ênfase geralmente nas sensações de vazio e de perda, e não anedonia (perda da capacidade de sentir prazer ) e perda de autoestima; além disso, a duração costuma ser menor. Entretanto, em determinados casos, o diagnóstico de depressão maior pode ser firmado mesmo no contexto de uma perda significativa. ⇒ O Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da América Latina ⇒ 5,8% dos habitantes sofrem com o problema. ⇒ 50% dos pacientes com transtorno depressivo maior têm início do quadro entre os 20 e os 50 anos, e a média de idade para o aparecimento dos sintomas é em torno dos 20 anos. #Em crianças, existem diferenças de prevalência: entre os 3 e os 5 anos, acomete 0,5%; entre os 6 e os 11 anos, 1,4%; e, entre os 12 e os 17 anos, 3,5%. # Algumas populações de idosos se mostram mais suscetíveis, como os pacientes que sofrem de várias doenças agudas ou crônicas. # Pessoas divorciadas ou sem relacionamentos interpessoais de caráter íntimo apresentam mais propensão a apresentar depressao. # A taxa de depressão ao longo da vida é cerca de 1,9 vez maior em mulheres do que em homens. ⇒ Etiologia e fisiopatologia: A causa exata dos transtornos depressivos é desconhecida, mas fatores genéticos e ambientais contribuem. # A depressão é mais comum entre parentes de 1º grau de pacientes deprimidos, e a concordância entre gêmeos idênticos é alta. # Teorias apontam que ocorram alterações dos níveis dos neurotransmissores ⇒ desregulação dos neurotransmissores colinérgicos, catecolaminérgicos (noradrenérgicos e dopaminérgicos) glutamatérgicos e serotoninérgicos (5-hidroxitriptamina) ⇒ A desregulação neuroendócrina pode ser um fator, com ênfase particular em 3 eixos: hipotálamo-hipófise- adrenal, hipotálamo-hipófise-tireoide e hormônio do crescimento. # Fatores psicossociais também parecem estar envolvidos ⇒ eventos estressores (separações e perdas) comumente precedem episódios de depressão maior em pessoas predispostas. # Certos fármacos, como corticóides, alguns betabloqueadores, interferona e reserpina, também podem resultar em transtornos depressivos ⇒ O abuso de algumas drogas recreativas (p. ex., álcool, anfetaminas) pode levar a ou acompanhar a depressão. Quadro clinico ⇒ A depressão é uma condição complexa, caracterizada por sintomas afetivos, cognitivos, psicomotores e físicos. ⇒ Os principais sintomas são: redução de energia e da capacidade de sentir prazer (anedonia) e humor depressivo (às vezes irritabilidade) ou desinteresse com apatia. # Quando mais acentuada, também se observam retardo psicomotor (lentidão de raciocínio, queda na concentração, cansaço) e pensamentos e sentimentos enviesados para o polo negativo (p. ex., baixa autoestima, culpa, pessimismo, tédio, desesperança, morte). # A realidade é distorcida para o negativo e os deprimidos aumentam ou criam problemas. Sintomas físicos, como insônia (inicial ou com despertar precoce; sono não reparador) e alterações no apetite e no peso são comuns. # Em alguns pacientes, o humor deprimido é tão profundo que as lágrimas secam; eles relatam que ficam incapazes de sentir as emoções habituais e sentem que o mundo se tornou sem cor ou sem vida. ⇒ Durante a consulta o medico deve fazer as seguintes perguntas, referentes às duas últimas semanas: 1. Tem se sentido triste, desanimado, deprimido durante a maior parte do tempo, quase todos os dias? 2. Tem perdido o interesse e o prazer nas coisas que consumava gostar? ⇒ Se uma das duas respostas for positiva, continuar com as perguntas abaixo: # Houve mudança significativa do seu apetite? # Tem problemas para dormir quase todas as noites (dificuldade para pegar no sono, desperta durante a noite, dorme mais do que o habitual)? # Tem falado ou se movido mais lentamente que o habitual ou, tem se sentido inquieto ou incapaz de permanecer parado? # Tem se sentido cansado, sem energia quase todos os dias? # Tem tido dificuldade para tomar decisões, concentrar-se ou problemas de memória quase todos os dias? # Tem tido pensamentos desagradáveis em várias ocasiões, como por exemplo: preferia estar morto ou de lastimar-se ou ferir a si mesmo? ⇒ Interpretação: 3 – 4 respostas positivas: depressão leve 5 – 7 respostas positivas: depressão moderada 8 – 9 respostas positivas: depressão grave ⇒ Para se fazer o diagnostico de depressao maior ⇒ ≥ 5 dos seguintes devem estar presentes quase todos os dias durante o mesmo período de 2 semanas, e um deles deve ser humor deprimido ou perda de interesse ou prazer: - Humor deprimido durante a maior parte do dia; - Diminuição acentuada do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades durante a maior parte do dia; - Ganho ou perda ponderal significativo ou diminuição ou aumento do apetite; - Insônia (muitas vezes insônia de manutenção do sono) ou hipersonia; - Agitação ou atraso psicomotor observado por outros (não autorrelatado); - Fadiga ou perda de energia; - Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada; - Capacidade diminuída de pensar, concentrar-se ou indecisão; - Pensamentos recorrentes de morte ou suicídio, tentativa de suicídio ou um plano específico para cometer suicídio. #### É necessidade de excluir a presença de outra condição clínica ou efeitos fisiológicos devido ao uso de substâncias e, do mesmo modo, condições psiquiátricas que expliquem de melhor maneira a sintomatologia depressiva. Não deve haver quadros de mania e/ou hipomania anteriores. Além disso, o quadro atual deve representar um aspecto de sofrimento e prejuízo significativo na vida social e/ou profissional do paciente. ### Para classificar um segundo episódio como recorrente, é necessário um intervalo de, pelo menos, 2 meses consecutivos entre episódios separados, durante o qual não haja sintomatologia significativa de depressão. ## Transtorno depressivo persistente (distimia) ⇒ Sintomas depressivos que persistem por ≥ 2 anos sem remissão são classificados como transtorno depressivo persistente (TDP), uma categoria que consolida os transtornos anteriormente denominados transtorno depressivo maior crônico e transtorno distímico. ⇒ Os sintomas tipicamente começam insidiosamente durante a adolescência e podem persistir por muito anos ou décadas. O número de sintomas muitas vezes oscila acima e abaixo do limiar para episódio depressivo maior. ⇒ Os pacientes afetados podem estar habitualmente melancólicos, pessimistas, sem senso de humor, passivos, letárgicos, introvertidos, hipercríticos de si mesmos e dos outros e queixosos. Pacientes com TDP também têm maior probabilidade de ter ansiedade, uso de substâncias ou transtornos de personalidade subjacentes. ⇒ Para o diagnóstico do transtorno depressivo persistente, os pacientes devem ter tido humor deprimido na maior parte do dia por um número maior de dias do que os dias sem sintomas durante ≥ 2 anos, e ≥ 2 dos seguintes: - Baixo apetite ou comer em excesso - Insônia ou hipersonia - Baixa energia ou fadiga - Baixa autoestima - Falta de concentração ou dificuldade em tomar decisões - Sentimentos de desespero Diagnóstico diferencial de depressao ⇒ Outros transtornos mentais (transtornos de ansiedade) podem mimetizar ou obscurecer o diagnóstico de depressão. ⇒ Tomar muito cuidado e investigar bem se paciente na sua frente (que vc desconfia ter depressao) nao tenha na verdade um transtorno bipolar. # Fique atendo, caso erre o diagnostico e prescreva antidepressivo para um paciente com transtorno bipolar, você aumente o risco do paciente fazer “viradamaniaca” e cometer suicidio. ⇒ Em pacientes idosos, a depressão pode se manifestar como demência da depressão , que provoca muitos dos sinais e sintomas de demência como retardo psicomotor e diminuição da concentração. # Em geral, quando o diagnóstico é incerto, o tratamento do transtorno depressivo deve ser tentado. ⇒ Diferenciar transtornos depressivos crônicos, tais como a distimia, dos transtornos por abuso de substância pode ser difícil, particularmente porque eles podem coexistir e um pode contribuir para o outro. ⇒ Enfermidades físicas também devem ser excluídas como causas de sintomas depressivos. #O hipotireoidismo frequentemente provoca sintomas de depressão e é comum, principalmente entre idosos. # A doença de Parkinson, em particular, pode se manifestar com sintomas que mimetizam a depressão (p. ex., perda de energia, falta de expressividade, pobreza de movimentos). Tratamento ⇒ O tratamento deve ser iniciado com uma orientaçao ao paciente e familiares sobre o que é a depressao e explicar sobre o tratamento. ⇒ O paciente deve ser incentivado a pratica de atividade fisica. ⇒ Ser encaminhado para psicoterapia. # Se caso mais grave pode ser indicado eletroconvulsoterapia. ⇒ Quadros leves ⇒ Pode ser tentado inicialmente apenas abordagem com atividade fisica e psicoterapia. ⇒ A farmacoterapia deve ser iniciada em quadros moderados e graves ou quando TTO com psicoterapia nao apresentou melhora nos quadros leves. ⇒ É indicado iniciar TTO com um inibidor seletivo da recaptaçao de serotonina (ISRS). # O medicamento demora algumas semanas para iniciar o efeito. Nas 2 primeiras semanas o paciente pode experimentar um aumento de ansiedade. Por isso é necessario orientar o paciente. ⇒ O custo, a adaptaçao e tolerancia ao medicamento devem ser levados en contra para escolha terapeutica. # Pergunte ao paciente se ja usou medicaçao alguma vez, se fez efeito. # Caso paciente ja tenha usado Sertralina (ISRS) sem apresentar efeito ⇒ Nao significa que outro ISRS nao tenha efeito. ⇒ Os farmacos de 1° linha para tratamento de depressao sao os inibidores seletivos da recaptaaço de serotonina (ISRSs - Sertralina, Citalopram, fluoxetina) e os inibidores da recaptaçao de serotonina e noradrenalina (ISRSNs - Bupropiona, Vortioxetina, Mirtazapina). # Iniciar TTo com metade da dose sugeridas (por 7 dias) e apenas depois administrar dose terapeutica “cheia”. # TTOpode levar de 4 a 8 semanas para apresentar eficacia. # Trocar o antidepressivo se paciente ficar 6 a 8 semanas sem apresentar melhoras. ⇒ Como 2° linha para o tratamento temos os antidepressivos triciclicos, a quetiapina, trazodona, Moclobemida. ⇒ Como 3° linha ⇒ inibidores da monoaminoxidase (IMAOs) e reboxetina. ## Inicia TTO com ISRS, caso paciente nao apresente melhora (ou entao efeito adverso) ⇒ tente outro ISRS, nao tendo sucesso ⇒ ISRSNs, caso nao tiver sucesso ⇒ antidepressivo triciclico. ## Nao siga esse esquema as cegas, procure identificar o medicamento que vai beneficiar seu paciente, aquele que os “efeitos colaterais/adversos” possam ajudar seu paciente (EX: triciclicos dao sono ⇒ pode ser interessante em pacientes com insonia. Para paciente que precisa perder peso , bupropiona pode ser uma boa apçao). # Ansiedade pura ⇒ sertralina; se depressao junto ⇒ venlafaxina # Idoso que pode comprar com sintoma depressivo: escitalopram - pouca interação. Se nao funcionar ⇒ tentar depois sertralina. # Paciente com transtorno de estresse pos traumatico + depressao ⇒ amitriptilina 25mg, iniciar com 1cp a noite 5 dias, depois 2 cp por 10 dias e por fim 3cp todos os dias (dose plena pra tto depressao).
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