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VARIZES Profº José Albuquerque - Medicina Ufal - P5 CONCEITO As varizes dos membros inferiores correspondem a dilatações das veias superficiais, com alterações de suas paredes, válvulas e função. Ou seja, NÃO existem varizes profundas. O único sistema responsável por varizes é o sistema superficial. HISTÓRICO É a patologia mais antiga registrada em anais de medicina. Quando iniciamos nossa vida, procuramos a posição de nossos ancestrais - 4 membros. Entretanto, com a evolução do organismo, começamos a depositar a força nos membros inferiores, forçando suas paredes. Todo progresso tem seu preço, por isso o ser humano é o único animal a ter varizes. ANATOMIA O sistema venoso superficial (sistema safena), visível abaixo da pele, inclui: ● a veia safena magna ou interna; ● a safena parva ou externa. Enquanto o sistema superficial é localizado no tecido subcutâneo e dentro da fáscia dos compartimentos musculares, as veias profundas situam se no interior dos compartimentos musculares, encontradas próximas às artérias e emparelhadas a elas. FISIOLOGIA ● Mecanismo de sistema retorno venoso - “vis a tergo” transmissão da PA para todos os componentes da circulação. ● “Vis a fronte” - expiração torácica. O sangue da veia cava sobe por conta da variação de pressão devido à expiração torácica. ● “Vis a latere”. ● Transmissão da pulsatilidade arterial. ● Esponja plantar. ● Mecanismo promovido pelo arco plantar na marcha -Arco plantar: benfeitoria para o retorno venoso. Não há vasos com luzes na arcada plantar. Esses arcos, por questão de capilaridade, vão chegando à parte anterior do pé para chegar próximo às veias e promover a circulação. ● Musculatura da panturrilha - “coração” periférico. ● Bomba aspirante permanente - mecanismo mais importante. Vascular P5 2021 Adriely Blandino - 82A ETIOLOGIA VARIZES PRIMÁRIAS ● Fator predisponente: hereditariedade ● Fatores desencadeantes: ● Idade ● Gravidez ● Hormônios ● Profissão ● Obesidade ● Alterações posturais VARIZES SECUNDÁRIAS ● Trombose Venosa Profunda ● Fístula Arteriovenosa: Congênita x Adquirida FISIOPATOLOGIA ● I - Hipertensão Venosa Capilar ● II - Disfunção do fluxo da linfa ● III - Aumento da permeabilidade capilar ● Falta de esvaziamento das veias superficiais durante o exercício; ● Sobrecarga constante de fluxo e pressão; ● Dilatação - alongamento - tortuosidade. ● Fluxo aumentado → turbulência → aumento da força de cisalhamento → alterações da parede. ● Insuficiência valvular → alterações da circulação → fluxo retrógrado. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DA DOENÇA VENOSA (CEAP) De acordo com a classificação conhecida como CEAP (EKLOF et al., 2004), as varizes podem ser classificadas clinicamente como: ● C0) Doença venosa sem sinais visíveis ou palpáveis. ● C1) Telangiectasias e/ou veias reticulares. ● C2) Veias varicosas – diâmetro maior ou igual a 3 mm. ● C3) C1 ou C2 + edema. ● C4) Alterações em pele e tecido subcutâneo secundárias a IVC. Subclasses: *C4a) Pigmentação ou eczema *C4b) Lipodermatoesclerose ou atrofia branca. ● C5) Úlcera venosa cicatrizada. ● C6) Úlcera venosa ativa ou aberta. C4: A microcirculação é um capilar - neste corpo, há duas “asas” - uma venosa e uma arterial. Onde há a troca de gases. Varizes - a asa venosa que deveria comportar uma hemácia, ta comportando duas, três - lentificação do retorno venoso - estase. Consequentemente, o ferro cai no espaço intersticial - fora da microcirculação - e vai chegando até a pele, provocando pigmentação. GRAVIDEZ ● O corpo lúteo - luteína - retém o íon sódio. Isso gera edema, hipertensão venosa, enfraquecimento da parede venosa… ● Influência hormonal no enfraquecimento da parede venosa; ● Aumento do volume sanguíneo; ● Alteração da marcha e da bomba muscular da panturrilha: alteração da marcha - marcha anserina - para equilibrar o Vascular P5 2021 Adriely Blandino - 82A centro de gravidade. Isso dificulta o “trabalho” da panturrilha. ● Aumento da pressão venosa em MMII - compressão da veia cava pelo útero, aumento de fluxo pelas veias ilíacas internas e competição com o retorno venoso MMII. QUADRO CLÍNICO ● Nas varizes primárias, as alterações estão relacionadas ao sistema venoso superficial, com participação frequente de insuficiência do sistema perfurante. ● As consequências da insuficiência venosa crônica são, em geral, mais benignas que nas varizes secundárias, uma vez que o sistema venoso profundo, responsável pelo retorno de 90% do sangue, está preservado. ● Do ponto de vista clínico, podemos classificar as varizes primárias em compensadas e descompensadas de acordo com as manifestações da insuficiência venosa. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL EDEMA UNILATERAL OU ASSIMÉTRICO ● Aumento da pressão hidrostática: insuficiência venosa, compressão venosa extrínseca (Síndrome da Compressão da Veia Ilíaca, Cisto de Baker, neoplasias), trombose venosa profunda. ● Aumento da permeabilidade capilar: processos infecciosos (erisipelas, linfangite, fascite), trauma… ● Diminuição da drenagem linfática: obstrução localizada (exérese dos linfonodos, neoplasias). EDEMA BILATERAL ● Aumento da pressão hidrostática: insuficiência venosa, permanência na posição ortostática por longos períodos, insuficiência cardíaca congestiva, gravidez, medicamentos (estrogênios e corticosteróides, insuficiência renal aguda). ● Diminuição da pressão oncótica: insuficiência hepática, síndrome nefrótica, desnutrição proteica (Kwashiorkof), enteropatias que provocam perda de proteína. ● Diminuição da drenagem linfática: obstrução por neoplasias retroperitoneais ou disseminada. ● Aumento da permeabilidade capilar: edema idiopático, reação alérgica, doenças auto-imunes, ação direta de alguns medicamentos (bloqueadores dos canais de cálcio, antiinflamatórios não-esteroidais etc.). Vascular P5 2021 Adriely Blandino - 82A CONDUTAS ● Observação ● Medicamentos ● Meias elásticas ● Esclerose ● Cirurgias Considerar as escolhas da conduta: ● Anamnese/exame físico ● Táticas cirúrgicas ● Objetivos da cirurgia ● Resultado do Duplex TRATAMENTO CLÍNICO Uso de medicamentos e o emprego de meias elásticas de compressão graduada. VARICORRAGIA Repouso com MMII elevados Enfaixamento compressivo CAUTERIZAÇÃO ENDOLUMINAL (EVLT) Como todo procedimento novo, somente o tempo poderá definir de forma clara os seus limites e benefícios. No momento, podemos incluir esta tática de tratamento da insuficiência da safena para: pacientes mais idosos em que se planeja mínimo trauma cirúrgico, pacientes obesos ou com úlceras ativas, para reduzir os riscos de infecção. TRATAMENTO CIRÚRGICO "Primum non nocere”: não lesar veia femoral, nervos ou linfáticos/evitar flebites. Retirar as varizes Melhora funcional e estética Evitar ou retardar as recidivas Preservar as veias safenas - a preservação total ou parcial nem sempre pode ser praticada. Vascular P5 2021 Adriely Blandino - 82A
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