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@SOFIIALACERDA 1 Sofia Lacerda APG – S7P1 Objetivos: 1 - Explicar a fisiopatologia da insuficiência venosa 2- Compreender as manifestações clinicas da IV 3- Elencar as complicações da IV 4- Estudar os exames diagnósticos da IV 5- Descrever os tratamentos da IV FISIOPATOLOGIA O termo insuficiência venosa se refere ao efeito fisiopatológico da hipertensão venosa persistente sobre a estrutura e a função do sistema venoso dos membros inferiores. As veias possuem válvulas que, juntamente com a contração da musculatura esquelética da perna, direcionam o fluxo sanguíneo de distal para proximal e do compartimento profundo para o compartimento superficial. Os dois principais determinantes do fluxo venoso são as válvulas e a bomba venosa. As válvulas venosas são geralmente bicúspides e se apresentam em maior quantidade a medida que a pressão hidrostática aumenta, ou seja, nas regiões mais distais. A finalidade é justamente superar os efeitos da gravidade quando os indivíduos se mantém em posição supina. Ao promover um fluxo unidirecional a partir do fechamento passivo das suas valvas, as válvulas impedem que o sangue flua na direção oposta e, portanto, facilitam o seu retorno ao coração. A bomba venosa se refere a contração dos músculos da perna, que direciona o sangue para regiões proximais a partir do aumento da pressão subfascial em relação a pressão hidrostática das veias. A eficácia da bomba vai depender de uma contração muscular adequada e de valvas competentes. Assim, quando há uma função inadequada da bomba muscular, válvulas venosas incompetentes ou obstrução do fluxo venoso (secundária a trombose ou estenose venosa não trombótica, por exemplo), o paciente pode desenvolver um aumento da pressão venosa. Quando essa pressão alcança valores entre 60 a 90 mmHg, ou seja, 3x acima dos valores considerados normais, temos a chamada hipertensão venosa. A hipertensão venosa sustentada, com o tempo, é capaz de promover alterações anatômicas, fisiológicas e histológicas que estão associadas a insuficiência venosa crônica. O aumento de pressão é transmitido de forma retrógrada para o sistema venoso superficial, levando a um enfraquecimento da parede venosa, resultando em uma dilatação anormal das veias na forma de telangiectasias ou varizes. Além disso, pode ser transmitido diretamente para o sistema capilar superficial. O refluxo aumenta a pressão hidrostática na veia, resultando na perda de líquido para o terceiro espaço e consequentemente leva a formação de edema. Ademais, a hipertensão venosa estimula a liberação de células inflamatórias na parede da veia e nas válvulas, induzindo uma resposta inflamatória local. Insuficiência Venosa @SOFIIALACERDA 2 Sofia Lacerda ETIOLOGIA E PATOGÊNESE ❤ Multifatorial ❤ Aumento da pressão venosa hidrostática (p. ex., na permanência em pé por longos períodos) ❤ Insuficiência das válvulas nas veias ❤ Obstruções venosas profundas (p. ex., TVP) ❤ Diminuição da função das bombas musculares esqueléticas ❤ Processos inflamatórios ❤ Disfunção endotelial MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ❤ A insuficiência venosa leva à congestão tecidual, ao edema e, finalmente, ao comprometimento da nutrição dos tecidos. ❤ O edema é exacerbado pela permanência prolongada em pé. ❤ Pode ocorrer necrose dos depósitos de gordura subcutânea, seguida de atrofia cutânea, sendo ainda comum a presença de uma pigmentação marrom na pele, causada pelos depósitos de hemossiderina que resultam da degradação de hemácias. ❤ Pode haver insuficiência linfática secundária, com esclerose progressiva dos vasos linfáticos decorrente do aumento da demanda por remoção do líquido intersticial. ❤ Pessoas com insuficiência venosa de longa duração também podem apresentar enrijecimento da articulação do tornozelo, além de perda de massa e de força muscular. ❤ Na insuficiência venosa avançada, o comprometimento da nutrição tecidual causa dermatite por estase e desenvolvimento de úlceras por estase ou ulceração venosa. ❤ A perna é particularmente propensa ao desenvolvimento de dermatite por estase e úlceras venosas. ❤ A maior parte das lesões localiza-se medialmente, acima do tornozelo e na parte inferior da perna, com mais frequência logo acima do maléolo medial. ❤ A causa mais comum de úlceras nas pernas é a insuficiência venosa. Dermatite por estase Úlcera varicosa @SOFIIALACERDA 3 Sofia Lacerda ❤ Tromboflebite superficial. ❤ Trombose venosa profunda. ❤ Dermatite ocre. ❤ Lipodermatoesclerose. ❤ Úlceras de estase: ao redor no maléolo medial, bordos irregulares, rasas, com base vermelha e exsudato serohemático ou seropurulento e pigmentação ao redor. Estas geralmente não são dolorosas, a não ser que haja infecção. Obs.: O termo trombose venosa, ou tromboflebite, descreve a presença de trombos em uma veia e a respectiva resposta inflamatória na parede vascular. Os trombos podem se desenvolver em veias superficiais ou profundas. QUADRO CLÍNICO Anamnese: • Dor em peso, queimação ou desconforto nos membros inferiores (principalmente no final do dia) e pode estar associado a pruridos e câimbras; • Fator de piora: calor e períodos prologados em ortostatismo ou sentado; • Fator de melhora: repouso e elevação do membro inferior. EXAME FÍSICO: • Sempre deve ser realizado com boa iluminação, com o paciente em pé, após alguns minutos de ortostatismo: • Presença de veias varicosas. Normalmente o local inicial anatômico das veias varicosas é nas distribuições safenas magnas e parvas e suas tributárias no sistema superficial; • Edema perimaleolar: maior na perna sintomática. TESTES • Teste de Brodie-Trendelenburg; • Teste de Perthes; • Teste de Schwartz; • Manobra de Valsalva. Classificação de CEAP De acordo com a classificação conhecida como CEAP, as varizes podem ser classificadas clinicamente como: • C0 – Ausência de sinais de doença venosa; • C1 – Teleangiectasias e veias reticulares; • C2 – Veias varicosas; • C3 – Edema; • C4a – Pigmentação, eczema; • C4b – Dermatoesclerose ou atrofia branca; • C5 – Ulcera venosa cicatrizada; • C6 – Ulcera venosa aberta. EXAMES DE IMAGEM O doppler de ondas contínuas é o principal método de avaliação após o exame clínico, podendo detectar refluxo em junção Complicações da IV Diagnóstico da IV @SOFIIALACERDA 4 Sofia Lacerda safeno-femoral ou safeno-poplítea e determinar a morfologia das alterações. A flebografia é o padrão ouro, mas é indicada somente quando os métodos não- invasivos não forem decisivos para esclarecimento diagnóstico e/ou orientação de tratamento nas angiodisplasias venosas e na possibilidade de cirurgia do sistema venoso profundo. As telangiectasias e as veias reticulares são tratadas através da escleroterapia, que consiste na injeção de substâncias irritantes (esclerosantes) ao endotélio venoso. Já as veias varicosas são tratadas cirurgicamente, com a retirada das veias dilatadas e a interrupção dos pontos de refluxo através das safenectomias interna e externa e de eventual ligadura das veias perfurantes insuficientes. Os sintomas isolados que necessitam tratamento apresentam melhora clínica com o uso de medicamentos flebotômicos (melhoram o tônus das veias superficiais) e/ou compressão elástica, que são prescritos relacionando-se o grau de compressão da meia com a gravidade da doença varicosa. Para casos de teleangiectasias e veias reticulares, prescrevem-se meias elásticas de 10 a 20 mmHg de compressão. Para casos de veias varicosas, usam-se meias de 20 a 30 mm Hg, e, para pacientes com complicações, usam-se meias de 30 a 40 mm Hg. Tratamento da IV
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