Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
© 2018 ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil ILSI BRASIL INTERNATIONAL LIFE SCIENCES INSTITUTE DO BRASIL Rua Hungria, 664 — conj.113 01455-904 — São Paulo — SP — Brasil Tel./Fax: 55 (11) 3035-5585 e-mail: ilsibr@ilsi.org.br © 2018 ILSI Brasil International Life Sciences Institute do Brasil Esta publicação foi possível graças ao apoio da Força-Tarefa de Alimentos Fortificados e Suplementos, subordinada ao Comitê de Nutrição e este ao Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil. Segundo o estatuto do ILSI Brasil, no mínimo 50% de seu Conselho Científico e de Administração deve ser composto por representantes de universidades, institutos e órgãos públicos, sendo os demais membros representantes de empresas associadas. Na página 39, encontra-se a lista dos membros do Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil e na página 40, as empresas mantenedoras da Força-Tarefa de Alimentos Fortificados e Suplementos em 2018. Para mais informações, entre em contato com o ILSI Brasil pelo telefone (11) 3035-5585 ou pelo e-mail: ilsibr@ilsi.org.br As afirmações e opiniões expressas nesta publicação são de responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente, as do ILSI Brasil. Além disso, a eventual menção de determinadas sociedades comerciais, marcas ou nomes comerciais de produtos não implica endosso pelo ILSI Brasil. 4 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Autores: Natasha Aparecida Grande de França Especialização em Medicina do Exercício Físico e do Esporte pela UNESP; Mestre em Ciências, área de Nutrição em Saúde Pública pela USP, Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública – FSP/USP Lígia Araújo Martini Profa Livre Docente e Associada nível III do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública - FSP/USP; membro do Núcleo de Apoio a Pesquisas em Alimentos e Nutrição – NAPAN, USP 6 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 7 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil ÍNDICE 1. Introdução 1.1 Estrutura e distribuição 1.2 Metabolismo 2. Funções 2.1 Ossos 2.2 Função neuromuscular e sarcopenia 2.3 Coagulação 2.4 Permeabilidade de membrana, secreção de hormônios e digestão 2.5 Pressão arterial 2.6 Cálcio e obesidade 2.7 Recentes evidências – Cálcio e o Risco Cardiovascular 3. Recomendações 4. Fontes 5. Biodisponibilidade 5.1 Componentes que aumentam a biodisponibilidade do cálcio 5.2 Componentes que reduzem a biodisponibilidade do cálcio 5.3 Biodisponibilidade via suplementação 6. Toxidade 7. Consumo no Brasil 8. Referências bibliográficas 9. Diretoria/Conselho 10. Empresas mantenedoras da Força-Tarefa de Alimentos Fortificados e Suplementos 9 9 10 11 11 14 15 16 17 18 20 23 24 26 26 27 28 29 30 31 39 41 8 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 9 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 1. INTRODUÇÃO O cálcio é o mineral mais abundante no corpo humano e é essencial para a mineralização de ossos e dentes e para a regulação de eventos intracelulares em diversos tecidos. O esqueleto é o principal reservatório de cálcio no organismo, uma vez que abriga, juntamente com os dentes, 99% do total de desse mineral, sendo um dos responsáveis pela manutenção da concentração do cálcio sérico. Necessário durante a infância para o adequado processo de crescimento, o princi- pal papel da ingestão de cálcio no adulto e no idoso é compensar as perdas diárias uma vez que, quando a excreção excede a absorção (como em casos de ingestão insuficiente), pode ocorrer desmineralização do esqueleto, visto que o cálcio sérico é fundamental para funções fisiológicas vitais ao organismo e necessita se manter em concentrações adequadas (HEANEY, 2006). 1.1 Estrutura e distribuição O cálcio presente na fração mineral dos ossos e dentes encontra-se sob a forma de cristais de hidroxiapatita [Ca10 (PO4)6 (OH)2], estrutura que garante a característica de sustentação associada ao esqueleto. Do total de cálcio presente no organismo humano, 1% está distribuído no sangue, fluido extracelular e tecidos moles, sendo que 50% desse está na forma ionizada (fra- ção biologicamente ativa), 40% ligado às proteínas não difundíveis, principalmente al- bumina (fração biologicamente inativa), e os 10% restantes sob a forma de complexos com íons fosfato e citrato. Os valores séricos de cálcio total normalmente variam entre 8,5 a 10,5mg/dL (2,12 a 2,62mmol), e do cálcio ionizado entre 4,65 a 5,25mg/dL (1,16 a 1,31mmol). Quando há variação nas concentrações proteicas, como em casos de desidratação, o cálcio total também varia, porém o cálcio ionizado se mantém estável. Além disso, alterações no pH sanguíneo também podem afetar o equilíbrio do com- plexo proteína-Ca2+, sendo a acidose responsável por reduzir a capacidade de ligação desse complexo, e a alcalose responsável por aumentar (FAVUS e GOLTZMAN, 2008). 10 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 1.2 Metabolismo A manutenção das concentrações de cálcio nos fluidos extracelulares é de extrema importância, uma vez que o cálcio está envolvido em inúmeras funções, como a divisão celular, contração dos músculos, secreção de hormônios e coagulação sanguínea. A homeostase do cálcio é regulada pela ação de células cálcio-sensíveis, as quais modulam a produção de hormônios que atuam no esqueleto, no intestino e nos rins (FAVUS e GOLTZMAN, 2008). A diminuição do cálcio plasmático estimula a produção do paratormônio (PTH), o qual aumenta a reabsorção de cálcio no osso, elevando sua concentração na circulação e nos rins, garantindo redução em sua excreção. Adicionalmente, o PTH, assim como a hipocalcemia per se, estimula a conversão da vitamina D em sua forma ativa, o calcitriol [1,25(OH)2D3], o qual, por sua vez, favorece a absorção intestinal de cálcio (Figura1). Tal conjunto de ações garante a normalização das concentrações nos fluídos extracelu- lares (FAVUS e GOLTZMAN, 2008). A calcitonina é outro hormônio envolvido na homeostase do cálcio, porém com efeito hipocalcêmico, principalmente via inibição dos osteoclastos, acarretando a redução da reabsorção do cálcio do osso, o que confere proteção contra a perda excessiva durante períodos de alta demanda (DAVEY e FINDLAY, 2013). A absorção intestinal de cálcio e a adequada atuação dos hormônios envolvidos são fundamentais na manutenção da massa óssea. Qualquer fator, dietético ou não, que interfira neste sistema comprometerá a massa óssea. Figura 1. Homeostase do cálcio em situações de redução do cálcio sérico. Adaptado de Linus Pauling Institute. Micronutrient Research for Optimum Health. 11 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 2. FUNÇÕES As funções do cálcio no corpo humano podem ser divididas em esqueléticas e não esqueléticas. A manutenção da rigidez do esqueleto bem como da saúde óssea são funções conhe- cidas de longa data, porém, os mecanismos fisiológicos envolvidos nesses processos são continuamente investigados, proporcionando assim um conhecimento mais detalhado e preciso do processo de mineralização. Da mesma maneira, funções estruturais, reguladoras e o envolvimento com diversas doenças são foco de inúmeras pesquisas. A seguir serão abordadas as principais funções, e evidenciados os principais achados no que permeia a relação entre cálcio e doenças crônicas. 2.1 Ossos O cálcio é um dos principais minerais constituintes da fração inorgânica do osso, a qual é responsável pela “dureza” e por garantir resistência às forças mecânicas e proteção aos tecidos moles (BONUCCI, 2012). O conteúdo de cálcio dos ossos é responsável pelo ajuste entre a formação óssea (transferência do mineral do sangue para o osso) e reabsorção óssea (transferência do mineral do osso para o sangue).Assim a redução da reserva esquelética de cálcio é equivalente à redução de massa ós- sea, enquanto o aumento ou adequação está relacionado ao ganho de massa do osso. Segundo ZHU e PRINCE (2012), a ingestão de fontes de cálcio influencia a retenção desse mineral no esqueleto durante o crescimento, afetando o pico de massa óssea alcançado no início da idade adulta. Além disso, desempenha papel fundamental na prevenção da perda óssea e de fratu- ras com o decorrer da idade. Normalmente, o ganho de massa óssea é lento e pro- gressivo e acompanha o crescimento linear, desde o início da infância até o final da adolescência. Quando o equilíbrio entre a formação e a reabsorção óssea é atingido, tem-se o pico de massa óssea, o qual indica maturação do esqueleto e tem sido considerado um dos principais determinantes para o risco futuro de fraturas osteoporóticas. 12 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil A idade em que o pico é alcançado varia de acordo com o sexo, tipo de mensuração, sítio avaliado e maturação sexual (BOOT et al., 2010), mas parece ocorrer em torno dos 20 anos e representa quase o dobro de massa óssea que será perdida entre os 50 e 80 anos de idade, tornando esse momento bastante crítico (BAXTER-JONES et al., 2011). Na terceira edição do National Health and Nutrition Examination (NHANES III), KALK- WARF et al. (2003) identificaram menor densidade mineral óssea e maior risco de fratu- ras após os 50 anos entre as mulheres que ingeriam leite menos de 1 vez por semana durante a infância e a adolescência. A partir da meia-idade a perda de massa óssea em ambos os sexos ocorre na propor- ção de 0,5 a 1% ao ano, sendo mais acentuada entre as mulheres na primeira década após a menopausa, atingindo valores de 2 a 3% ao ano (NORDIN et al., 1998). Tal acentuação se dá principalmente pela redução na produção de estrógeno, um hor- mônio fundamental para o equilíbrio entre a formação e a perda de osso. O estrógeno atua diretamente sobre os osteoblastos, estimulando a síntese de osso novo, e em células progenitoras e do sistema imune inibindo a diferenciação e ativação dos osteoclastos e estimulando sua apoptose, o que garante o adequado controle do mecanismo de reabsorção (FALONI et al., 2007). Além disso, a redução desse hormônio também minimiza a capacidade de aproveita- mento do cálcio dietético (NORTH AMERICAN MENOPAUSE SOCIETY, 2006). Apesar de alguns trabalhos apontarem para um efeito benéfico da suplementação de cálcio na redução do risco de fraturas (SHEA et al., 2002; TANG et al., 2007), revisões recentes demonstram resultados conflitantes. NOWSON (2010) observou haver uma redução na perda de massa óssea no quadril (0,54%) e na coluna (1,19%); entretanto, tal achado não se refletiu em menor risco de fraturas de quadril (consideradas de maior impacto para a qualidade de vida). Observou-se efeito positivo apenas sobre o risco de fraturas totais quando ocorreu suplementação combinada com vitamina D (RR= 0,87; IC95% 0,77 – 0,97). Resultado similar foi extraído dos dados provenientes do The Women’s Health Initia- tive (WHI), visto que apesar de o grupo suplementado ter apresentado uma densi- dade mineral óssea (DMO) 1% maior que o grupo placebo em 9 anos de seguimento, nenhuma diferença foi observada em relação à ocorrência de fraturas (SPANGLER et al., 2011). 13 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Outro ponto discutido é a baixa adesão à suplementação de cálcio observada entre os participantes dos estudos (SPANGLER et al., 2011), fator este que pode influenciar os resultados obtidos até o momento. SPANGLER et al. (2011) encontraram uma adesão de 55% a 60% em 3 dos 5 estudos incluídos em sua revisão sistemática e que resultados mais proeminentes sobre o risco de fraturas foram observados quando excluídos os não aderentes. Acredita-se que a descontinuação da suplementação se deva aos efeitos colaterais gastrointestinais (principalmente constipação) observados em 10-20% dos indivíduos que fazem uso de suplementos de cálcio (mais detalhes na seção sobre biodisponibili- dade) (BOLLAND et al., 2015). Em questões numéricas, sugere-se que 489 indivíduos precisariam ser suplementados com cálcio por 6,2 anos para prevenir uma fratura vertebral, e 77 pessoas por 5,5 anos para prevenção de fraturas totais, sem benefício sobre fraturas de quadril (BOLLAND et al., 2015). Dessa forma, o que se tem até o momento é a falta de evidências consolidadas sobre o uso de suplementação de cálcio (com ou sem vitamina D) visando minimizar o risco de fraturas (MOYER, 2013; BOLLAND et al., 2015). O potencial efeito benéfico parece ocorrer somente entre idosos de idade mais avan- çada (≥80 anos), institucionalizados, com deficiência importante de vitamina D e muito baixa ingestão de cálcio (NOWSON, 2010; BOLLAND et al., 2015). Resultados conflitantes também são observados quando considerado somente o cál- cio dietético. NAPOLI et al. (2007) sugerem efeito protetor mais evidente quando o cálcio é obtido por via alimentar, já uma mais recente metanálise conduzida por BOLLAND et al. (2015) não identificou efeito protetor mediante maior ingestão de cálcio em mais de 75% dos trabalhos avaliados, ou apenas efeito bastante pequeno. Contudo, faz-se importante algumas considerações, uma vez que a reserva de cálcio no esqueleto pode sofrer interferência de variáveis de estilo de vida como prática de exercícios físicos, exposição solar, qualidade da dieta, fumo, consumo de bebidas al- coólicas, uso de determinados medicamentos ou mesmo pelo perfil hormonal. Dessa forma, além da ingestão de cálcio per se, faz-se fundamental considerar as diver- sas variáveis que potencialmente interferem no metabolismo ósseo. Assim, recomenda-se priorizar a ingestão de alimentos fontes, combinada a um estilo de vida saudável visando potencializar a ação protetora do cálcio sobre o esqueleto. 14 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 2.2 Função neuromuscular e sarcopenia A ativação celular é coordenada por uma ampla gama de mecanismos de sinalização que geralmente envolve o influxo de cálcio para o citoplasma. Para que isto ocorra, os canais de cálcio localizados tanto na membrana plasmática, quanto nas endomembranas de organelas, se abrem. No caso de células excitáveis, como as células musculares e nervosas, o fluxo de cálcio é controlado principalmente pelos canais de cálcio sensíveis à voltagem (VOCC), mas estoques intracelulares de cálcio também podem cooperar para ampliar a sinalização (AWUMEY e BUKOSKI, 2005). A transmissão nervosa mais comum no organismo humano é a sinapse química, que envolve a entrada de íons cálcio no terminal sináptico via despolarização da membrana. O fluxo de cálcio para o interior permite que as vesículas sinápticas se movam para locais de liberação da membrana pré-sináptica, esvaziando o seu conteúdo na fenda sináptica, por exocitose. O neurotransmissor difunde-se através da fenda para se ligar a proteínas receptoras na superfície da membrana do neurônio pós-sináptico. A quantidade de neurotransmissor liberado está diretamente associada à quantidade de cálcio que entra no terminal (GUYTON e HALL, 2006). Tanto o músculo esquelético quanto o liso sofrem estímulo inicial para a contração via aumento intracelular dos íons cálcio, aumento esse que pode ser causado, nos diferen- tes tipos de músculos lisos, por estímulo nervoso, hormonal, estiramento da fibra ou alteração química. A contração se iniciará pela ligação do cálcio à proteína reguladora troponina, no caso do músculo esquelético, e calmodulina no músculo liso (GUYTON e HALL, 2006). Além de participar do processo de contração-relaxamento, o cálcio citosólico também participa do controle metabólico da glicólise e da atividade mitocondrial; da regula- ção transcricional; e da ativação de proteases dependentes de cálcio (CANATO et al., 2015). Assim, alteraçõesnas concentrações de Ca2+ no citosol podem implicar em alterações no desenvolvimento e diferenciação do músculo esquelético (STIBER e ROSENBERG, 2011). 15 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Ademais, tem-se o envelhecimento como fator importante sobre a regulação do me- tabolismo do cálcio, uma vez que exerce impacto negativo sobre a atividade das cé- lulas neurais (LUIN et al., 2008) e sobre os canais de cálcio, transportadores e co-trans- portadores. Com isso, há menor acúmulo desse mineral no retículo sarcoplasmático para o pro- cesso de contração muscular, o que, quando combinado à alteração do fenótipo das fibras musculares, leva à redução da força e da potência do músculo (BROTTO, 2011). Adicionalmente, células maduras derivadas de células satélites idosas parecem apre- sentar um comprometimento da expressão e cinética dos canais de cálcio, o que tam- bém afeta o adequado processo de contração (LUIN et al., 2008). Há ainda uma limitação na literatura quanto à publicação de estudos que investiguem o papel da ingestão de cálcio sobre o músculo esquelético e a sarcopenia. SEO et al. (2013) observaram entre 632 homens e 707 mulheres participantes do KNHANES IV 2009 (Korea National Health and Nutrition Examination Survey IV), que aqueles com maior ingestão de cálcio (≥444,5 mg/dia) apresentavam menor chance de apresen- tar reduzida massa magra mesmo após ajuste estatístico para vitamina D sérica, PTH, ingestão energética, gordura corporal e hábitos de vida (OR= 0,259; IC95% 0,087 – 0,768), sugerindo potencial efeito protetor do cálcio (ressalta-se porém, que o estudo não realizou ajuste para a ingestão de proteína, o que se trata de uma importante limitação). 2.3 Coagulação O mecanismo de coagulação ou reparo do vaso sanguíneo lesado envolve outros fa- tores nutricionais além da vitamina K. A aderência de plaquetas às fibras de colágeno expostas (formação de tampão para cessação do fluxo sanguíneo) e, em um momento posterior, a presença de fragmentos de plaquetas nos trombos (ativados pela trombina e outros agonistas) são estimulados pelo aumento prolongado de íons cálcio (HEEMSKERK et al., 2013). A coagulação do sangue apresenta duas vias distintas que convergem em uma via comum a fim de gerar os coágulos de fibrina. A presença do cálcio é fundamental para que todo o processo ocorra, uma vez que estimula a liberação de tromboplastina das plaquetas do sangue e age como co-fa- tor para a conversão da protrombina em trombina que auxilia na polimeração do fi- brinogênio em fibrina (Figura 1). 16 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Figura 2. Regulação fisiológica da coagulação (Adaptado de: JOHARI, V. e LOKE, C., 2012). 2.4 Permeabilidade de membrana, secreção de hormônios e digestão No interior das células o cálcio atua como mensageiro responsável por diversas fun- ções fisiológicas. Quando ligado a fosfolipídios e proteínas é necessário para manuten- ção e permeabilidade de membranas (BRODY, 1999). Nas células adrenais é um dos responsáveis pela secreção de hormônios esteroides (GURR, 1999). Com relação à função de algumas enzimas, o cálcio extracelular pode atuar como cofator na ativação de proteases, fosfolipases e nucleases ( BRODY, 1999). Os íons cálcio parecem desempenhar diferentes papéis no processo de digestão lipídi- ca, com impacto tanto sobre a velocidade quanto a extensão da hidrólise. O cálcio se faz necessário como cofator para a ativação da lipase pancreática e, alter- nativamente, se liga aos ácidos graxos de cadeia longa, produzidos durante a lipólise de triacilgliceróis emulsificados, precipitando-os. A concentração de íons livres de cálcio no intestino delgado depende da presença de outros componentes capazes de se ligar ao cálcio, os quais podem ocorrer natu- ralmente no organismo humano, como as mucinas e proteínas específicas, ou via in- gestão de alimentos contendo agentes quelantes (EDTA, fosfatos) ou biopolímeros (proteínas, peptídios e polissacarídios) (HU et al., 2010). 17 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 2.5 Pressão Arterial A relação entre ingestão de cálcio e pressão arterial tem sido bastante investigada nas últimas décadas. Uma metanálise com 23 estudos observacionais encontrou redução de 0,34mmHg na pressão arterial sistólica e 0,15mmHg na pressão arterial diastólica, para cada 100mg de cálcio ingerido, (BIRKETT, 1998). No ano seguinte, GRIFFITH et al. (1999) revisaram estudos randomizados, placebo- controlados, sobre suplementação de cálcio e pressão arterial e observaram resultado ainda mais proeminentes, com redução média de 1,44mmHg na pressão arterial sistóli- ca e 0,84mmHg na pressão arterial diastólica. Resultados do estudo DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) com 549 indi- víduos, aleatoriamente distribuídos em 3 dietas distintas durante 8 semanas, mostra- ram haver redução de 5,5mmHg e 3mmHg na pressão arterial sistólica e diastólica, respectivamente, entre indivíduos que receberam dieta combinada: rica em frutas e vegetais somados à ingestão de 3 porções diárias de laticínios de baixo teor de gor- dura (~1200mg cálcio/dia), quando comparado ao grupo controle (APPEL et al., 1997). Resultado semelhante ao observado por HIPERT et al. (2009) que, em estudo contro- lado, observaram maior redução dos valores pressóricos quando lácteos eram adicio- nados à dieta DASH. Tal redução parece ser ainda mais proeminente entre indivíduos hipertensos: 11,4mmHg na pressão sistólica e 5,5mmHg na pressão diastólica (CONLIN et al., 2000). O efeito hipotensor do cálcio ocorre também via suplementação (VAN MIERLO et al., 2006), contudo parece ser mais evidente via ingestão de leite e derivados (HIPERT et al., 2009; RUIDAVETS et al., 2006; WANG et al., 2008). O adequado aporte de cálcio garante maior estabilidade às membranas das células vasculares, inibindo o influxo intracelular de cálcio e reduzindo a vasoconstrição (DAS, 2001). Além disso, o cálcio reduz a atividade do sistema renina-angiotensina (RESNICK et al., 1983) e melhora o balanço entre os íons sódio e potássio (RESNICK, 1999). Os resultados encontrados indicam que a ingestão adequada de cálcio pode auxiliar na prevenção e tratamento da hipertensão, porém, sugere-se que a combinação desse mineral com uma dieta “saudável” (rica em frutas e hortaliças e com pouco sal) atue em sinergismo com a diminuição da pressão arterial, sendo considerada também benéfica à saúde como um todo. 18 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 2.6 Cálcio e Obesidade MCCARRON et al. (1984), analisando os dados do NHANES I (National Health and Nu- trition Examination Survey), observaram associação inversa entre a ingestão de cálcio e o peso corporal, porém, devido à falta de plausibilidade biológica esta relação foi tratada como uma associação ao acaso por quase duas décadas. Somente no início dos anos 2000, estudos conduzidos por ZEMEL et al. (2002, 2003) apresentaram hipóteses sobre os possíveis mecanismos de ação do cálcio sobre a adi- posidade, os quais poderiam ser tanto diretos quanto indiretos. Uma ingestão insuficiente de cálcio estimula a secreção de PTH e uma maior conversão da vitamina D a sua forma ativa, o que promove o aumento das concentrações de íons cálcio no ambiente intracelular e um consequente estímulo da lipogênese e inibição da lipólise (PANNU et al., 2016). Uma ação direta também foi sugerida. Sabe-se que o transporte ativo de cálcio no lúmen intestinal tem sua eficiência reduzida diante da maior ingestão desse mineral. Assim, o cálcio não absorvido seria capaz de interagir com os ácidos graxos da dieta formando sabões insolúveis, os quais são excretados (ZEMEL et al., 2000; ZEMEL, 2002). Além disso, essa ação teria como alvo principal os ácidos graxos saturados, visto que estes tendem a permanecer mais tempo no trato gastrointestinal do que os demais ácidos graxos(PANNU et al., 2016). Contudo, é importante enfatizar que tal mecanismo parece contribuir de forma bem singela para o dispêndio de energia, e que provavel- mente não resulta em significante perda de peso. Segundo CHRISTENSEN et al. (2012) há um aumento na excreção de 5g de gordura a cada 1200mg de cálcio ingerido, o que traduzido para valores energéticos não chega nem a 50kcal diárias. Além da ação indireta via aumento do PTH e da 1,25-hidroxivitamina D e da formação de sabões de cálcio com os ácidos graxos, também é proposto que o cálcio (indepen- dente se via alimentos ou suplementos) promova um aumento da oxidação de gordura (PANNU et al., 2016). Segundo metarregressão publicada em 2012 por GONZALEZ et al., há um aumento em torno de 11% na oxidação lipídica a cada 800mg de cálcio, e consequente redução de 1,1Kg/m2 no IMC (DOUGKAS et al., 2011). Contudo, a maioria dos trabalhos conduzidos até o momento apresentam um desenho transversal, não sendo possível apontar relação de causa e efeito. 19 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Até porque há evidências de que a obesidade desregula o fluxo de íons cálcio entre o citoplasma e as organelas (principalmente retículo endoplasmático e mitocôndria), promovendo um desequilíbrio em tecidos metabólicos (como os tecidos hepático e adiposo) e em células do sistema imune. Dessa forma, sugere-se que a alteração no metabolismo do cálcio intracelular seja um dos fatores intermediários entre a obesidade e suas consequências, tais como alter- ação no metabolismo da glicose e o aumento da lipogênese e da inflamação (ARRUDA e HOTAMISLIGIL, 2015). Outro ponto a ser discutido é que o efeito do cálcio sobre a redução da adiposidade tem sido mais relacionado à ingestão de leite e derivados. Os lácteos apresentam outros componentes bioativos, os quais atuariam em conjunto com o cálcio na alteração do metabolismo lipídico (SCHRAGER, 2005). Além disso, são boas fontes de aminoácidos de cadeia ramificada (principalmente a leucina), contri- buindo para o aumento de massa magra e consequente aumento da taxa metabólica de repouso (LU et al., 2016). Uma recente metánalise observou que a ingestão total de lácteos se mostrou protetora contra a obesidade entre adultos (OR= 0,75; IC95% 0,69-0,81) e crianças (OR=0,54; IC95% 0,38-0,77), relação essa também observada quando avaliação específica para o consumo de leite, sugerindo uma redução de 16% no risco de obesidade a cada incre- mento de 200g diárias desse alimento (WANG et al., 2016). Resultado similar foi observado em outra metanálise que incluiu 46.011 crianças e ado- lescentes de 1 a 12 anos acompanhadas durante 3 anos. Nesse estudo, a cada porção adicional de lácteos consumida o risco de excesso de peso foi 13% menor (0,74 - 0,98) (LU et al., 2016). Apesar de esse último estudo sugerir um efeito protetor a longo prazo, faz-se impor- tante atentar para possíveis variáveis de confusão, visto que no estudo longitudinal de uma coorte portuguesa (Epidemiological Health Investigation of Teenagers cohort – EPITeen) com 941 adolescentes a relação inversa entre a ingestão de lácteos e o IMC se perdeu quando realizado ajuste para o valor energético consumido (MARABUJO et al., 2018). De maneira geral, a maioria dos estudos que avaliaram os possíveis efeitos de con- fusão não sustenta a afirmação de que o cálcio per se possa de fato contribuir para a perda de peso ou gordura corporal (SONG e SERGEEV, 2012; SOARES et al., 2011; REID et al., 2010; ONAKPOYA et al., 2011), mas que atue em sinergismo à restrição energética (SONG e SERGEEV, 2012; ZEMEL, 2003) e outros componentes presentes nos alimentos fontes. 20 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 2.7 Recentes evidências – Cálcio e o Risco Cardiovascular Crescente atenção tem sido dada à relação entre o cálcio e o risco cardiovascular após publicação dos dados provenientes do Auckland Calcium Study, em 2008, com 1.471 mulheres na pós menopausa. Nesse trabalho, BOLLAND et al. (2008) visavam avaliar o impacto da suplementação de cálcio sobre a prevenção da osteoporose (desfecho primário) e sobre o risco car- diovascular (desfecho secundário), com a hipótese de um efeito benéfico sobre ambos desfechos. Contudo, para surpresa dos próprios autores, observou-se uma significativa ocorrência de infartos do miocárdio entre as mulheres do grupo suplementado. Apesar de haver evidências suficientes sobre o aumento da calcificação arterial em pacientes com insuficiência renal (DI LORIO et al., 2012; RUSSO et al, 2007), não havia na literatura corrente dados que apontassem tal potencial deletério da suplementação de cálcio em indivíduos sem nefropatia. Visando explorar os resultados obtidos no estudo anterior, BOLLAND et al. (2010) re- alizaram uma metanálise com 11 estudos controlados com indivíduos de ambos os sexos, que recebiam dose de suplementação maior ou igual a 500mg/dia, e obser- varam um aumento de 30% na incidência de infarto do miocárdio (IM). Ao reavaliar a base de dados do Women’s Health Initiative Calcium/Vitamin D Supple- mentation Study (WHI CaD), observou-se aumento no risco de IM entre as mulheres que iniciaram suplementação de cálcio com vitamina D ao longo do seguimento (HR 1,16, 95% CI: 1,01-1,34; p = 0,04). Apesar de os resultados parecerem modestos, os autores sugerem que a soma destes com os de outros ensaios clínicos indicam que a suplementação de cálcio eleva o risco de eventos cardiovasculares, principalmente de IM. Além disso, o efeito deletério pa- rece não ser dose-responsivo, visto que os resultados foram semelhantes nas diferen- tes dosagens (<500 mg/dia vs ≥1.000 mg/dia) (BOLLAND et al., 2011). Diante dos polêmicos resultados, a fundação norte americana de osteoporose (Na- tional Osteoporosis Foundation - NOF) formou uma comissão de especialistas para reanalisar as evidências reportadas até o momento, com o objetivo de avaliar o efeito do cálcio proveniente tanto da alimentação, quanto da suplementação, combinado ou não à vitamina D, sobre o risco cardiovascular em adultos “saudáveis”. A partir dos resultados de ensaios clínicos e estudos de coorte prospectivos, o grupo concluiu que nem o cálcio dietético, nem o cálcio suplementado (desde que respeitado os limites máximos tolerados) são associados ao maior risco cardiovascular (CHUNG et al., 2016). 21 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil As discrepâncias apontadas entre as metanálises são devidas a aspectos metodológi- cos, dentre os quais se destaca a forma como os dados provenientes do WHI são in- cluídos e quais os desfechos considerados. Segundo REID, et al. (2017), as análises que não chegaram a resultados significativos não consideraram o uso basal de suplementos de cálcio e/ou utilizaram desfechos muito amplos para representar o risco cardiovascular (resultados mais proeminentes têm sido observados em relação ao infarto do miocárdio). Além disso, ROJAS-FERNANDEZ et al (2012) destacam que a maioria dos estudos in- cluídos era delineada para avaliar outros desfechos e não o risco CV per se; além disso, a administração concomitante de vitamina D e discrepâncias em relação à dose e duração da suplementação também comprometem a elaboração de uma conclusão. Entretanto, resultados recentes provenientes da coorte Multi-Ethnic Study of Athero- sclerosis (MESA) reacendem essa discussão ao demonstrar um aumento de 22% no risco de calcificação da artéria coronária entre usuários de suplemento de cálcio (AN- DERSON et al., 2016). O estudo incluiu pessoas de 25 a 84 anos, de ambos os sexos (52% mulheres), de dife- rentes etnias. 5.448 foram submetidos à tomografia computadorizada no momento basal, dos quais, 3.305 repetiram o exame após 10 anos. Todos responderam a um questionário de frequência alimentar (QFA) e forneceram dados médicos sobre o uso de suplementos de cálcio. Outro achado interessante desse estudofoi o efeito protetor observado mediante a ingestão alimentar de cálcio, uma vez que aqueles com maior ingestão (>1.453mg/dia) apresentaram um risco 27% menor de calcificação do que aqueles com menor ingestão (<435mg/dia), de forma controlada para a suplementação. Os autores são cautelosos quanto às conclusões, principalmente no que se refere ao potencial efeito cardioprotetor do cálcio dietético. Faz-se importante considerar que em países em que a ingestão de alimentos fontes de cálcio é estimulada como uma prática saudável, pessoas que consomem tais alimen- tos tendem a apresentar outros hábitos considerados protetores, como consumir mais hortaliças e praticar mais exercícios (REID, et al., 2017). Até o momento, os possíveis efeitos adversos do cálcio sobre o risco cardiovascular parecem de fato se limitar à suplementação, uma vez que SAMELSON et al. (2012) não encontraram associação entre a ingestão de cálcio alimentar e o risco CV em partici- pantes do estudo de Framingham. Resultado semelhante ao descrito por LI et al. (2012) em coorte com participantes do EPIC, e ELWOOD et al. (2004) em metánalise com 10 estudos prospectivos. 22 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil O cálcio obtido via suplementação resulta em elevadas concentrações de seus íons no soro por maior período de tempo (Figura 3A). Efeito esse que pode ser ainda mais prolongado quando a suplementação se dá junto à refeição. Além disso, quando há elevada ingestão alimentar de cálcio, ocorre um efeito contra regulatório reduzindo sua absorção intestinal e aumentando sua excreção, o que não necessariamente acontece quando o cálcio é suplementado (REID, et al. (2017). Sabe-se que há receptores cálcio-sensíveis em diversos tecidos, incluindo no tecido muscular liso. Apesar de existir mecanismos protetores capazes de inibir a mineralização indesejada em tecidos não ósseos, o envelhecimento parece reduzir tal capacidade, principal- mente no sistema vascular. Assim, a presença constante de altas concentrações de cálcio poderia promover calcificação e assim elevar o risco de eventos cardiovasculares (REID, et al. (2017). Dessa forma, apesar de ainda não haver um consenso quanto ao real risco do uso de suplementos de cálcio sobre o sistema cardiovascular, sugere-se que a ingestão de cálcio via alimentos deve ser priorizada e a suplementação restringida a casos em que a ingestão de alimentos fontes não seja possível. Figura 3 (A) Efeito calcêmico de 500mg de citrato de cálcio administrado em jejum (círculos pretos) em comparação à ingestão de refeição com laticínios contendo 500mg de cálcio. (B) Efeito calcêmico de 500mg de citrato de cálcio administrado em jejum (círculos pretos fechados) ou administrado junto com uma refeição (círculos vazios). Adaptado de REID, et al. (2017). 23 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 3. RECOMENDAÇÕES A saúde óssea é o indicador utilizado para as preconizações de ingestão de cálcio e vitamina D estabelecidas pelas Dietary Reference Intakes (DRIs). As recomendações definidas em 1997 referiam apenas valores de Ingestão Adequada (AI) para todas as faixas etárias, porém novos achados permitiram que valores de Esti- mated Average Requirements (EARs) e Recommended Dietary Allowances (RDAs) tam- bém fossem especificados (com exceção para bebês) (IOM, 2011). Há dados que sugerem que existe variação biológica entre os diferentes grupos raci- ais/étnicos, principalmente entre os afrodescendentes, porém a limitação dos dados não permite que recomendações distintas sejam feitas. Vale ressaltar ainda que os valores estabelecidos pelas DRIs se baseiam nas neces- sidades para população norte-americana e que não deveriam ser estendidos a toda população (IOM, 2011). Outros países definiram diferentes recomendações para in- gestão adequada do nutriente, como demonstrado na Tabela 1. O requerimento de cálcio varia conforme a idade e o estado fisiológico, sendo que nos períodos de rápido crescimento, como final da infância e adolescência, a necessidade de cálcio é superior. Nestes períodos ocorre, além do crescimento ósseo, um aumento no depósito mineral até que o pico de massa óssea (por volta da segunda década de vida) seja atingido. Na idade adulta a formação e reabsorção óssea estão estáveis. Assim a ingestão de cálcio deve ser mantida em torno de 1000 mg/dia em ambos os sexos. Nas gestantes e lactantes ocorre maior absorção intestinal e assim a recomendação deve seguir a relativa à faixa etária. Períodos em que a absorção intestinal deste nu- triente está diminuída e a taxa de reabsorção óssea aumentada, como nos indivíduos idosos, o requerimento de cálcio novamente se eleva. 24 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Tabela 1. Recomendação de ingestão para o cálcio em diversos países. Adaptado de LOOKER, 2006 4. FONTES A principal fonte alimentar de cálcio, para a maioria das pessoas, é o leite e seus deriva- dos, uma vez que apresentam elevada quantidade do mineral por porção usualmente consumida e são facilmente incorporados à alimentação habitual da população. Porém, recomenda-se que as fontes magras desses alimentos sejam priorizadas em relação às versões gordurosas, uma vez que as quantidades de cálcio não sofrem grande influências. As hortaliças verdes escuras, como a couve e o brócolis, e alguns frutos do mar, como determinados peixes, são consideradas fontes alternativas, mas em geral necessitam que maiores porções sejam ingeridas para que a necessidade seja atingida (GREER et al., 2006). A tabela 2 mostra a quantidade de cálcio em alguns alimentos nas porções normal- mente consumidas pela população. Pais/organização Bebês Crianças Idosos M F M F 1000 1200 Comunidade Europeia 400 450-550 1000 800 700 700 700 FAO/OMS 300-400 600-700 1300 1300 1000 1000 1300 México 450-600 800 1200 1200 800 800 800 Venezuela 210-270 500-800 1300 1300 1000 1000 1200 Reino Unido 525 350-550 100O 1000 700 700 700 800 800 1200 1200 Países Nórdicos 360-540 600-700 900 900 800 800 800 800 Food Nutrition Board 200- 260 500-800 1300 1300 1200 Adolescentes Adultos Austrália 300-550 700-800 800 1000 800 800 25 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Tabela 2. Alimentos ricos em cálcio: quantidade por porção normalmente consumida Adaptado de: TACO, 2011. * Informação do fabricante. Mediante a presença de intolerância à lactose, algumas alternativas são sugeridas a fim de que a necessidade de cálcio seja atingida. Há casos em que a ingestão fracionada em pequenas porções diárias de leite não causa desconforto; além disso, queijos e iogurtes costumam ser mais bem tolerados e há opção de laticínios contendo a enzima lactase. Recomenda-se maior ingestão de fontes não lácteas, como os vegetais verdes escuros, ou mesmo alimentos fortificados e, para aqueles que não conseguem atingir as quan- tidades recomendadas via dieta, o uso de suplementos pode ser considerada (GREER et al., 2006). Alimento Porção Quantidade (g) Cálcio (mg) Camarão 7 barbas, frito 5 unidades 150 1.440 Pescada frita 1 filé médio 120 454 Sardinha em lata 3 unidades 72 396 Leite fortificado com cálcio* 1 copo 240 384 Queijo Fresco 2 fatias médias 60 g 347 Leite Desnatado 1 copo 240 322 Leite Integral 1 copo 240 295 Iogurte Natural 1 potinho 200 286 Queijo Muçarela 2 fatias finas 30 262 Espinafre Cozido 1 xícara 190 213 Couve refogada 5 colheres de sopa 100 177 Ricota 2 fatias médias 60 152 Iogurte de morango 1 potinho 130 130 Gergelim 1 colher de sopa 15 124 Requeijão cremoso 1 colher de sopa 30 78 Tofu ¼ do bloco 81 66 Laranja Lima 1 unidade 180 56 Queijo Parmesão 1 colher de sopa 5 50 Mamão formosa 1 fatia média 170 42 Pão de queijo 2 unidades médias 40 41 Extrato solúvel de soja fluido 1 copo 240 41 Rúcula 1 prato raso 30 35 Brócolis cozido 5 colheres de sopa 50 26 26 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSIBrasil 5. BIODISPONIBILIDADE O termo biodisponibilidade, nesse caso, é usado em referência ao cálcio aproveitado pelo organismo, especificamente à retenção de cálcio a partir da ingestão de determi- nado alimento ou suplemento. Há múltiplas técnicas para avaliar a biodisponibilidade do cálcio, porém as mais co- muns são o balanço de massa ou técnicas com isótopos, principalmente isótopos es- táveis (ABRAMS, 2010). Além da quantidade total de cálcio proveniente da dieta, deve-se atentar para a fração que realmente é absorvida, uma vez que há componentes alimentares e/ou ingredi- entes que podem influenciar a absorção do cálcio positiva ou negativamente (KEN- NEFICK e CASHMAN, 2000). Deve-se salientar ainda que a biodisponibilidade do cálcio também é influenciada por fatores endógenos como idade, condições fisiológicas e regulação hormonal (PEREIRA et al., 2009), porém nesse tópico serão discutidos apenas os fatores exógenos (alimen- tares). 5.1 Componentes que aumentam a biodisponibilidade do cálcio Alguns constituintes alimentares têm sido sugeridos como facilitadores da absorção de cálcio, sendo a lactose e os oligossacarídios não digeríveis os componentes mais comumente associados ao aumento da biodisponibilidade. O mecanismo que elucida o efeito positivo da lactose sobre a absorção do cálcio ainda não está bem estabelecido, provavelmente pelo desenho dos estudos, os quais utilizam como controle outros glicídios que também parecem exercer efeito sobre a absorção do cálcio (KWAK et al, 2012). A ação da lactose parece ser mais evidente em estudos com animais. ARMBRECHT e WASSERMAN (1976) mostraram haver um aumento de 72% de íons cálcio no íleo quando a concentração de lactose passou de 40 mM para 160 mM. Uma possível explicação para tal efeito seria via maior difusão passiva de íons cálcio mediante o aumento da concentração hídrica no intestino delgado, resultante da hi- drólise da lactose (SCHUETTE et al., 1989). 27 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Entretanto, quando comparada a glicídios não absorvíveis, como o manitol, ou car- boidratos de elevado peso molecular, como o amido, a lactose parece exercer efeito significante sobre o aumento da absorção de cálcio, efeito que também é associado aos seus monossacarídeos (glicose e galactose). Além disso, a lactose não hidrolisada também parece exercer efeito positivo na ab- sorção de cálcio, uma vez que ao atingir o intestino grosso atua como prebiótico, es- timulando o crescimento bacteriano e levando a consequente formação de oligos- sacarídeos não digeríveis, que também parecem estimular a absorção (KWAK et al, 2012). As fibras não digeríveis de natureza oligossacarídica, como inulina e oligofrutose, po- dem aumentar a absorção de cálcio em sítios onde a fração de absorção é reduzida. A fermentação desses no intestino grosso resulta na produção de ácidos graxos de cadeia curta, que levam à redução do pH do conteúdo luminal melhorando a solubili- dade do cálcio e sua consequente absorção. Outro mecanismo seria pelo aumento do número de vilosidades e do número de cé- lulas epiteliais por cripta, e assim a melhora no fluxo venoso e transporte passivo do cálcio na célula (SCHOLZ-AHRENS et al., 2001). De fato, alguns estudos mostram o efeito positivo da inulina e oligofrutose na absorção de cálcio e na mineralização óssea (COUDRAY 1997; ROBERFROID et al., 2002; CASH- MAN 2003), porém mais estudos ainda são necessários para provar os efeitos benéficos tanto na absorção do mineral como no metabolismo ósseo nas diferentes faixas etárias. 5.2 Componentes que reduzem a biodisponibilidade do cálcio Existem componentes alimentares capazes de reduzir a biodisponibilidade do cálcio. A ingestão de fontes com elevadas concentrações de ácido fítico, como o farelo de trigo ou grãos secos (MILLER, 1989), pode minimizar o aproveitamento desse mineral. Outro componente que apresenta impacto negativo ainda mais relevante é o ácido oxálico, encontrado no espinafre e no ruibarbo (BUZINARO et al., 2006). WEAVER et al. (1999), ao compararem a absorção de cálcio de diversos alimentos, demonstraram que aqueles ricos em ácido oxálico apresentavam absorção fracional de cálcio de aproximadamente 5%, enquanto o leite em quantidades semelhantes tinha 32% de seu cálcio normalmente absorvido. O reduzido percentual de absorção observado é atribuído à presença do potente ini- bidor da biodisponibilidade, o ácido oxálico. 28 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Tal indício se torna ainda mais evidente quando ao comparar a biodisponibilidade de cálcio entre a couve e o espinafre, HEANEY e WEAVER (1990) observaram haver menor absorção no segundo, o qual apresenta maiores concentrações do ácido. Diante do exposto, o leite e seus derivados ainda são, de fato, considerados as prin- cipais fontes alimentares de cálcio, visto que são os alimentos mais consumidos pela população, além de apresentarem maior taxa de absorção do mineral. 5.3 Biodisponibilidade via suplementação Outra questão bastante discutida é qual o melhor sal de cálcio a ser usado na suple- mentação. Estudos sobre a biodisponibilidade de sais de cálcio mostram que o car- bonato é o sal com maior porcentagem de cálcio elementar (40%) por peso comparado a 24,1% encontrado no citrato de cálcio (REIS 2003; HANZLIK et al., 2005). Sendo o car- bonato de cálcio o mais empregado como suplemento nutricional ou medicamento. Nos últimos 20 anos, a absorção do cálcio proveniente de suplemento dietético tem sido estudada por diversos métodos. Os estudos divergem em seus resultados, alguns apontam para uma melhor absorção do citrato de cálcio, outros do carbonato de cálcio e outros não encontraram diferença significativa entre eles (HANZLIK et al., 2005). Essa diferença pode ser atribuída aos diferentes desenhos e análises metodológicas empregadas em cada estudo. HEANEY (1999) comparou a absorção de cálcio proveniente do carbonato e do citrato de cálcio utilizando duas metodologias independentes (excreção urinária de cálcio e cálcio marcado) e concluiu que a absorção de cálcio do carbonato foi tão boa quanto a do citrato, quando ingeridos junto com as refeições. Segundo a revisão conduzida por STRAUB (2007), o carbonato de cálcio apresenta melhor custo-benefício e deve ser priorizado, porém é contraindicado em pacientes com acloridria ou em uso de medicamentos supressores do ácido gástrico, sendo re- comendável o uso de citrato mediante tais situações. 29 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 6. TOXICIDADE Há a toxicidade aguda, caracterizada por hipercalcemia e/ou hipercalciúria e a toxici- dade crônica, a qual se manifesta de outras formas incluindo o aumento no risco do desenvolvimento de doenças, como câncer ou doença cardiovascular (IOM, 2011). A hipercalcemia moderada pode ser não sintomática ou apresentar sintomas inespecí- ficos como perda de apetite, náusea, vômito, constipação, dor abdominal, sensação de boca seca, sede. Já a hipercalcemia severa pode se caracterizar por confusão mental, delírio, coma e, se não tratada, pode levar a morte. Apesar do risco para formação de cálculos renais (litíase renal) ser relacionado à hiper- calciúria (elevação do cálcio urinário), esta condição não se associa à ingestão elevada de cálcio e sim ao efeito de diminuição de reabsorção renal do íon (CURHAN et al., 1993). Ao contrário, a ingestão insuficiente de cálcio é que de fato parece ser fator de risco para a litíase renal, uma vez que dietas restritas em cálcio resultam em maior ab- sorção de oxalato (ARRABAL-POLO et al., 2013). O Nível Máximo Tolerável de Ingestão (UL) especifica valores que ao serem ultrapas- sados podem ter impacto negativo à saúde do indivíduo e, portanto, devem ser res- peitados. A ingestão excessiva de cálcio por via alimentar é muito difícil de ocorrer, sendo mais comumente associada à suplementação do mineral(IOM, 2011). A Tabela 3 expressa os valores de UL para cálcio, de acordo com os estágios de vida. Tabela 3. Nível Máximo Tolerável de Ingestão para o cálcio (UL) Adaptado de: IOM, 2011. Estágio de vida Idade Homens (mg) Mulheres (mg) Bebês 0-6 meses 1.000 1.000 Bebês 7-12 meses 1.500 1.500 Crianças 1-8 anos 2.500 2.500 Crianças e adolescentes 9-18 anos 3.000 3.000 Adultos 19-50 anos 2.500 2.500 Adultos e idosos > 51 anos 2.000 2.000 Gestantes/Lactantes ≤18 anos - 3.000 Gestantes/Lactantes ³ 19 anos - 2.500 30 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 7. CONSUMO NO BRASIL PINHEIRO et al. (2009), em estudo de base populacional, avaliaram a ingestão de ho- mens e mulheres com mais de 40 anos nas 5 regiões brasileiras (150 municípios) e en- contraram maior ingestão de cálcio entre os habitantes da região Norte do Brasil (454 mg/d), sem distinção entre as classes socioeconômicas. Resultado semelhante foi encontrado na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009), a qual identificou maior consumo de preparações à base de leite nessa região. Contudo, nota-se que apesar do Norte apresentar maior ingestão, esta está aquém do recomendado. Segundo a POF 2008-2009, a ingestão individual de cálcio variou entre 468 e 550mg/dia, o que sugere insuficiência entre todas as regiões do país e faixas etárias. Especificamente no município de São Paulo, MARTINI et al. (2013) observaram uma relação inversa entre a ingestão de cálcio e o estágio de vida, e um aumento da média de ingestão de acordo com a progressão do nível educacional. As mulheres adultas foram as que apresentaram menor média de ingestão (507,2 ± 193 mg/dia) e os meni- nos adolescentes, a maior (690,9 ± 295,9 mg/d). De forma geral, ao comparar aos valores recomendados, observou-se importante inadequação entre essa população, variando entre 85% (homens adultos) e 99% (mulheres idosas). Ao avaliar o consumo de leites e derivados (principais fontes alimentares de cálcio) entre adultos e idosos da cidade de Pelotas (RS), MUNIZ et al. (2013) encontraram uma prevalência de 46%, sendo maior entre as mulheres (51,4%) e entre brancos (49%). Idosos também apresentaram maior prevalência de ingestão em comparação a adultos jovens (64,4% vs 38,8%). Observou-se ainda maior frequência entre aqueles com maior escolaridade (62,9%) e uma tendência de redução conforme diminuía o nível econômico. Menor consumo de leite entre indivíduos de menor renda também foi apontado pela POF (2008-2009). Tais estudos indicam um aporte insuficiente de cálcio no Brasil, decorrente principal- mente da baixa ingestão de leite e seus derivados, com especial atenção a aqueles em menores níveis socioeconômicos e de escolaridade. 31 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ABRAMS, A.S. Setting dietary reference intakes with the use of bioavailability data: calcium. Am J Clin Nutr, v. 91(suppl), p. 1474S-7S, 2010. 2. ANDERSON, J.J.B. et al. Calcium Intake from Diet and Supplements and the Risk of Coronary Artery Calcification and its Progression Among Older Adults: 10-Year Fol- low-up of the Multi-Ethnic Study of Atherosclerosis (MESA). J Am Heart Assoc, v. 5, p. e003815, 2016. 3. APPEL, L.J. et al. A clinical trial of the effects of dietary patterns on blood pressure. DASH Collaborative Research Group. N Engl J Med, v. 336, p. 1117-1124, 1997. 4. ARMBRECHT, H.J.; WASSERMAN, R.H. Enhancement of Ca++ uptake by lactose in the rat small intestine. J Nutr, v. 106, p.1265-1271, 1976. 5. ARRABAL-POLO, M.A.; ARRABAL-MARTIN, M.; GARRIDO-GOMEZ, J. Calcium renal lithiasis: metabolic diagnosis and medical treatment. Sao Paulo Med J, v. 131, p. 46-53, 2013. 6. ARRUDA, A.P.; HOTAMISLIGIL, G.S. Calcium homeostasis and organelle function in the pathogenesis of obesity and diabetes. Cell Metab, v 22, n, 3, p. 381–397, 2015. 7. AWUMEY, E.M.; BUKOSKI, R.D. Cellular functions and fluxes of calcium. In: WEAVER, C.W.; HEANEY, R.P. Calcium in Human Health. Totowa, NJ: Humana Press, 2005, p13-35. 8. BAXTER-JONES, A.D.G. et al. Bone mineral accrual from 8 to 30 years of age: an estimation of peak bone mass. J Bone Miner Res, v. 26, p. 1729-1739, 2011. 9. BIRKETT, N.J. Comments on a meta-analysis of the relation between dietary calcium intake and blood pressure. Am J Epidemiol, v. 148, n. 3, p. 223-232, 1998. 10. BOLLAND, M.J. et al. Vascular events in healthy older women re¬ceiving calcium supplementation: randomised controlled trial. BMJ, v. 336, p. 262-6, 2008. 11. BOLLAND, M.J. et al. Effect of calcium supplements on risk of myocardial infarction and cardiovascular events: meta-analysis. BMJ, p. 341:c3691, 2010. 12. BOLLAND, M.J. et al. Calcium supplements with or without vitamin D and risk of cardiovascular events: reanalysis of the Women’s Health Initiative limited access dataset and meta-analysis. BMJ, p. 342:d2040, 2011. 32 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 13. BOLLAND, M.J. et al. Calcium intake and risk of fracture: systematic review. BMJ, v. 351, p. h4580, 2015. 14. BOOT, A.M. et al. Peak bone mineral density, lean body mass and fractures. Bone, v. 46, p. 336-341, 2010. 15. BONUCCI, E. Bone mineralization. Front Biosci, v. 17, p. 100-128, 2012. 16. BRODY, T. Nutritional Biochemistry. 2. ed. San Diego: Academic Press, 1999. 17. BROTTO, M. Aging, sarcopenia and store-operated calcium entry: a common link? Cell Cycle, v. 10, n. 24, p. 4201-2, 2011. 18. BUZINARO, E.F.; DE ALMEIDA, R.N.A.; MAZETO, G.M.F.S. Biodisponibilidade do cálcio dietético. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 50, p. 852-861, 2006. 19. CANATO, M. et al. The disorders of the calcium release unit of skeletal muscles: what have we learned from mouse models? J Muscle Res Cell Motil, v. 36, p. 61-9, 2015. 20. CASHMAN, K. Prebiotics and calcium bioavailability. Curr ISS Intes Microbiol, v. 4, p. 21-32, 2003. 21. CHUNG, M. et al. Calcium Intake and Cardiovascular Disease Risk an Updated Sys- tematic Review and Meta-analysis. Ann Intern Med, v. 165, p. 856-866, 2016. 22. CONLIN, P.R. et al. The effect of dietary patterns on blood pressure control in hy- pertensive patients: results from the Dietary Approaches to Stop Hypertension (DASH) trial. Am J Hypertens, v. 13, p. 949-955, 2000. 23. COUDRAY, C. et al. Effect of soluble or partly soluble dietary fibers supplementation on absorption and balance of calcium, magnesium, iron, zinc in healthy young men. Eur J Clin Nutr, v. 51, p. 375-80, 1997. 24. CURHAN, G.C. et al. A prospective study of dietary calcium and other nutrients and the risk of symptomatic kidney stones. N Engl J Med, v. 328, p. 833-838, 1993. 25. CHRISTENSEN, P. et al. Improved nutritional status and bone health after diet-in- duced weight loss in sedentary osteoarthritis patients: A prospective cohort study. Eur J Clin Nutr, v. 66, n. 4, p. 504–509, 2012. 26. DAS, U.N. Nutritional factors in the pathobiology of human essential hypertension. Nutrition, v. 17, p. 337-346, 2001. 33 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 27. DAVEY, R.A.; FINDLAY, D.M. Calcitonin: Physiology or Fantasy? J Bone Miner Res, v. 28, p. 973-979, 2013. 28. DI LORIO, B.; BELLASI, A.; RUSSO, D. Mortality in kidney disease patients treated with phosphate binders: a randomized study. Clin J Am Soc Nephrol, v. 7, p. 487-493, 2012. 29. DOUGKAS, A. et al. Associations between dairy consumption and body weight: A review of the evidence and underlying mechanisms. Nutr Res Rev, v. 24, n. 1, p. 72–95, 2011. 30. ELWOOD, P.C. et al. Milk drinking, ischaemic heart disease and ischaemic stroke II. Evidence from cohort studies. Eur J Clin Nutr, v. 58, p. 718-724. 31. FALONI, A.P.S. et al. Decrease in the number and apoptosis of alveolar bone osteo- clasts in estrogen-treated rats. J Periodont Res, v. 42, p. 193–201, 2007. 32. FAVUS, M.J.; GOLTZMAN, D. Regulation of calcium and magnesium. In: ROSEN, C.J.;COMPSTON, J.E.; LIAN, J.B. Primer on the Metabolic Bone Diseases and Disor- ders of Mineral Metabolism. 7. ed. Washington, DC: American Society for Bone and Mineral Research, 2008, p104-108. 33. GONZALEZ, J.T.; RUMBOLD, P.L.; STEVENSON, E.J. Effect of calcium intake on fat oxidation in adults: A meta-analysis of randomized, controlled trials. Obesity Reviews, v. 13, n. 10, p. 848–857, 2012. 34. GREER, F.R.; KREBS, N.F. Optimizing bone health and calcium intakes of infants, children, and adolescents. Pediatrics, v. 117, n. 2, p. 578-585, 2006. 35. GRIFFITH, L.E. et al. The influence of dietary and non-dietary calcium supplementa- tion on blood pressure: an updated meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Hypertens, v. 12, p. 84-92, 1999. 36. GURR, M. Calcium in Nutrition. International Life Sciences Institute. Bruxelas: ILSI Europe, 1999 (ILSI Europe Concise Monograph Series). 37. GUYTON, A.C.; HALL, J.E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. 38. HANZLIK, R.P.; FOWLER, S.C.; FISHER, D.H. Relative Bioavailability of Calcium from Calcium Formate, Calcium Citrate, and Calcium Carbonate. J Pharmacol Exp Ther, v. 313, p. 1217-22, 2005. 34 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 39. HEANEY, R.P.; WEAVER, C.M. Calcium absorption from kale. Am J Clin Nutr, v. 51, p. 656-7, 1990. 40. HEANEY, R.P.; DOWELL, M.S.; BARGER-LUX, M.J. Absorption of Calcium as the Carbonate and Citrate Salts, with Some Observations on Method. Osteoporos Int, v. 9, p. 19-23, 1999. 41. HEANEY, R. Calcium intake and disease prevention. Arq Bras Endocrinol Metab, v. 50, p. 685-693, 2006. 42. HEEMSKERK, J.W.M.; MATTHEIJ, N.J.A.; COSEMANS, J.M.E.M. Platelet-based co- agulation: different populations, different functions. J Thromb Haemost, v. 11, p. 2-16, 2013. 43. HILPERT, K.F. et al. Effects of dairy products on intracellular calcium and blood pres- sure in adults with essential hypertension. J Am Coll Nutr, v. 28, p. 142-149, 2009. 44. HU, M et al. Role of calcium and calcium-binding agents on the lipase digestibility of emulsified lipids using an in vitro digestion model. Food Hydrocolloid, v. 24, p. 719- 725, 2010. 45. INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary Reference Intakes for Calcium and Vitamin D. Washington, DC: The National Academies Press, 2011. 46. JOHARI, V.; LOKE, C. Brief overview of the coagulation cascade. Dis Mon, v. 58, p. 421-3, 2012. 47. KALKWARF, H.J.; KHOURY, J.C.; LANPHEAR, B.P. Milk intake during childhood and adolescence, adult bone density, and osteoporotic fractures in US women. Am J Clin Nutr, v. 77, p. 257-65, 2003. 48. KENNEFICK, S.; CASHMAN, K.D. Investigation of an in vitro model for predicting the effect of food components on calcium availability from meals. Int J Food Sci Nutr, v. 51, p. 45-54, 2000. 49. KWAK, H.S.; LEE, W.J.; LEE, M.R. Revisiting lactose as an enhancer of calcium ab- sorption. Int Dairy J, v. 22, p. 147-151, 2012. 50. LI, K. et al. Associations of dietary calcium intake and calcium supplementation with myocardial infarction and stroke risk and overall cardiovascular mortality in the Heidel- berg cohort of the European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition study (EPIC-Heidelberg). Heart, v. 98, p. 920-925, 2012. 35 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 51. LINUS PAULING INSTITUTE. Micronutrient Research for Optimum Health. Miner- als: Calcium. Oregon, USA: Oregon State Univeristy. Disponível em: <http://lpi.oregon- state.edu/infocenter/minerals/calcium>. Acesso em: 02 julho 2013. 52. LOOKER, A.C. Dietary calcium: Recommendation and intakes around the world. In: WEAVER, C.M.; HEANEY, R.P. Calcium in the Human Health. 1. ed. Totowa, New Jersey: Humana Press, 2006, p 105-127. 53. LU, L. et al. Long-term association between dairy consumption and risk of childhood obesity: a systematic review and meta-analysis of prospective cohort studies. Eur J Clin Nutr, v. 70, p. 414–423, 2016. 54. LUIN, E. et al. Calcium current kinetics in young and aged human cultured myo- tubes. Cell Calcium, v. 44, p. 554-566, 2008. 55. MARABUJO T.; RAMOS, E.; LOPES, C. Dairy products and total calcium intake at 13 years of age and its association with obesity at 21 years of age. Eur J Clin Nutr, 2018. 56. MARTINI, L.A. et al. Prevalence and correlates of calcium and vitamin D adequacy in adolescentes, adults, and elderley from the Health Survey – São Paulo. Nutrition, v. 29, p. 845-850, 2013. 57. MCCARRON, D.A. et al. Blood pressure and nutrient intake in the United States. Science, v. 224, p. 1392-1398., 1984. 58. MILLER, D.D. Calcium in the diet: food sources, recommended intakes, and nutri- tional bioavailability. Adv Food Nutr Res, v. 33, p. 103-56, 1989. 59. MOYER, V.A. Vitamin D and Calcium Supplementation to Prevent Fractures in Adults: U.S. Preventive Services Task Force Recommendation Statement. Ann Intern Med, v. 158, n. 9, p. 691-6, 2013. 60. MUNIZ, L.C.; MADRUGA, S.W.; ARAÚJO, C.L. Consumo de leite e derivados entre adultos e idosos no Sul do Brasil: um estudo de base populacional. Cien Saude Colet, v. 18, n. 12, p. 3515-3522, 2013. 61. NAPOLI, N. et al. Effects of dietary calcium compared with calcium supplements on estrogen metabolism and bone mineral density. Am J Clin Nutr, v. 85, p. 1428-33, 2007. 62. NORDIN, B.E. et al. Nutrition, osteoporosis, and aging. Ann N Y Acad Sci, v. 854, p. 336–51, 1998. 36 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 63. NORTH AMERICAN MENOPAUSE SOCIETY. The role of calcium in peri –and post- menopausal women: 2006 position statement of the North American Menopause Soci- ety. Menopause, v. 13, p. 862-77, 2006. 64. NOWSON, C.A. Prevention of Fractures in Older People with Calcium and Vitamin D. Nutrients, v. 2, p. 975-984, 2010. 65. ONAKPOYA, I.J. et al. Efficacy of calcium supplementation for management of overweight and obesity: systematic review of randomized clinical trials. Nutr Rev, v. 69, p. 335-343, 2011. 66. PANNU P.K.; CALTON E.K.; SOARES M.J. Calcium and Vitamin D in Obesity and Related Chronic Disease. Adv Food Nutr Res, v. 77, p. 57-100, 2016. 67. PEREIRA, G.A.P. et al. Cálcio dietético – estratégias para otimizar o consumo. Ver Bras Reumatol, v. 49, p. 164-80, 2009. 68. PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES 2008-2009. Análise do consumo ali- mentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. 150 p. 69. PINHEIRO, M.M. et al. Nutrient intakes related to osteoporotic fractures in men and women - The Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS). Nutr J, v. 8, n 6, 2009. 70. REID, I.R. et al. Effects of calcium supplementation on lipids, blood pressure, and body composition in healthy older men: a randomized controlled trial. Am J Clin Nutr; v. 91, p. 131-139, 2010. 71. REID, I.R.; BRISTOW, S.M.; BOLLAND, M.J. Calcium and Cardiovascular Disease. Endocrinol Metab, v. 32, p. 339-349, 2017. 72. REIS, A.M.M.; CAMPOS, L.M.M.; PIANETTI, G.A. Estudo da biodisponibilidade de comprimidos de carbonato de cálcio. Rev Bra. Farm, v. 84, p. 75-79, 2003. 73. RESNICK, L.M. et al. Divalent cations in essential hypertension. Relations between serum ionized calcium, magnesium, and plasma renin activity. N Engl J Med, v. 309, p. 888-891, 1983. 74. RESNICK, L.M. The role of dietary calcium in hypertension: a hierarchical overview. Am J Hypertens, v. 12, p. 99-112, 1999. 75. ROBERFROID, M.B.; CUMPUS, J.; DEVOGELAER, J.P. Dietary chicory inulin increas- es whole-body bone mineral density in growing male rats. J Nutr, v. 132, p 3599-3602, 2002. 37 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 76. ROJAS-FERNANDEZ, C.H. et al. Assessing the potential adverse consequences of supplemental calcium on cardiovascular outcomes: should we change our approach to bone health? Ann Pharmacother, v. 46, p. 696-702, 2012. 77. RUIDAVETS, J.B. et al. Independent contribution of dairy products and calcium in- take to blood pressure variationsat a population level. J Hypertens, v. 24, p. 671-681, 2006. 78. RUSSO, D. et al. Progression of coronary artery calcification in predialysis patients. Am J Nephrol, v 27, p.152-158, 2007. 79. SAMELSON, E.J. et al. Calcium intake is not associated with increased coronary artery calcification: the Framingham Study. Am J Clin Nutr, v. 96, p. 1274-1280, 2012. 80. SCHOLZ-AHRENS, K.E. et al. Effects of prebiotics on mineral metabolism. Am J Clin Nutr, v. 73, p. 459-464, 2001. 81. SCHRAGER, S. Dietary calcium intake and obesity. J Am Board Fam Pract, v. 18, p. 205-210, 2005. 82. SCHUETTE, S.A.; KNOWLES, J.B.; FORD, H.E. Effect of lactose or its component sugars on jejunal calcium absorption in adult man. Am J Clin Nutr, v 50, p. 1084-1087, 1989. 83. SEO, M.H. et al. The association between daily calcium intake and sarcopenia in older, non-obese Korean adults: the fourth Korea national health and nutrition exami- nation survey (KNHANES IV) 2009. Endocr J, v. 60, n. 5, p. 679-686, 2013. 84. SHEA, B. et al. Meta-analyses of therapies for postmenopausal osteoporosis. VII. Meta-analysis of calcium supplementation for the prevention of postmenopausal os- teoporosis. Endocr Rev, v. 23, p. 552-9, 2002. 85. SOARES, M.J.; CHAN SHE PING-DELFOS, W.; GHANBARI, M.H. Calcium and vi- tamin D for obesity: a review of randomized controlled trials. Eur J Clin Nutr, v. 65, p. 994-1004, 2011. 86. SONG, Q.; SERGEEV, I.N. Calcium and vitamin D in obesity. Nutr Res Rev, v. 25, p. 130-141, 2012. 87. SPANGLER, M. et al. Calcium Supplementation in Postmenopausal Women to Re- duce the Risk of Osteoporotic Fractures. Am J Health Syst Pharm, v. 68, n. 4, p. 309-318, 2011. 38 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 88. STIBER, J.A.; ROSENBERG, P.B. The role of store-operated calcium influx in skeletal muscle signaling. Cell Calcium, v. 49, p. 341-9, 2011. 89. STRAUB, D.A. Calcium Supplementation in Clinical Practice: A Review of Forms, Doses, and Indications. Nutr Clin Pract, v. 22, p. 286-296, 2007. 90. TABELA BRASILEIRA DE COMPOSIÇÃO DE ALIMENTOS – TACO. 4. ed. Campinas: NEPA/UNICAMP, 2011, 161p. 91. TANG, B.M. et al. Use of calcium or calcium in combination with vitamin D supple- mentation to prevent fractures and bone loss in people aged 50 years and older: a meta-analysis. Lancet, v. 370, p. 657–66, 2007. 92. VAN MIERLO, L.A. et al. Blood pressure response to calcium supplementation: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Hum Hypertens, v. 20, p. 571-580, 2006. 93. ZEMEL, M.B. et al. Regulation of adiposity by dietary calcium. FASEB, v. 14, p. 1132- 1138, 2000. 94. ZEMEL, M.B. Regulation of adiposity and obesity risk by dietary calcium: mecha- nisms and implications. J Am Col Nutrition, v. 21, p. 146S-151S, 2002. 95. ZEMEL, M.B. Mechanisms of dairy modulation of adiposity. J Nutr, v. 133, n. 1, p. 252S-256S, 2003. 96. ZHU, K.; PRINCE, R.L. Calcium and bone. Clin Biochem, v. 45, p. 936-942, 2012. 97. WANG, W; WU, Y.; ZHANG, D. Association of dairy products consumption with risk of obesity in children and adults: a meta-analysis of mainly cross-sectional studies. Ann Epidemiol, v. 26, p. 870 e 882, 2016. 98. WANG, L. et al. Dietary intake of dairy products, calcium, and vitamin D and the risk of hypertension in middle-aged and older women. Hypertens, v. 51, p. 1073-1079, 2008. 99. WEAVER, C.M.; PROULX, W.R.; HEANEY, R. Choices for achieving adequate dietary calcium with a vegetarian diet. Am J Clin Nutr, v. 70, n. 3 (Suppl), p. 543S-548S, 1999. 39 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil Presidente do Conselho Científico e de Administração (Chair) - Dr. Franco Lajolo - FCF - USP 9. DIRETORIA/CONSELHO Diretoria e Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil Board of Directors and Board of Trustees of ILSI Brazil Vice-Presidente do Conselho Científico e de Administração (Vice-Chair) - Dr. Flavio Zambrone – IBTox Presidente / President - Ary Bucione (DuPont) Vice-Presidente / Vice-President - Alexandre Novachi – Mead Johnson Diretoria Financeira / Executive Finance Mariela Weingarten Berezovsky – Danone Ltda Diretoria / Board of Directors - Amanda Poldi – Cargill - Elizabeth Vargas – Unilever - Dr. Helio Vannucchi – FMUSP - RP - Dra. Maria Cecília Toledo – UNICAMP - Dr. Mauro Fisberg – UNIFESP - Dr. Paulo Stringheta – Universidade Federal de Viçosa - Taiana Trovão - Mondelēz Diretoria Executiva/Executive Director - Flavia Franciscato Cozzolino Goldfinger Conselho Científico e de Administração/ Board of Trustees - Alexandre Novachi – Mead Johson - Amanda Poldi – Cargill - Ary Bucione – DuPont - Dra. Bernadette Franco – FCF USP - Dr. Carlos Nogueira-de-Almeida – FMUSP RP - Cristiana Leslie Corrêa – IBTox - Dra. Deise M. F. Capalbo - EMBRAPA - Elizabeth Vargas – Unilever - Dr. Felix Reyes – FEA UNICAMP - Dr. Flavio Zambrone - IBTox - Dr. Franco Lajolo – FCF USP - Dr. Helio Vannucchi – FMUSP RP - Dra. Ione Lemonica – UNESP Botucatu - Luiz Henrique Fernandes - Pfizer - Dra. Maria Cecília Toledo – Fac. Eng. Alimentos / UNICAMP - Mariela Weingarten Berezovsky – Danone Ltda. - Dr. Mauro Fisberg – UNIFESP - Othon Abrahão - Futuragene - Dr. Paulo Stringheta – UFV - Dra. Silvia Maria Franciscato Cozzolino – FCF USP - Taiana Trovão - Mondelēz - Tatiana da Costa Raposo Pires – Herbalife 40 Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Cálcio / ILSI Brasil 10. EMPRESAS MANTENEDORAS DA FORÇA-TAREFA ALIMENTOS FORTIFICADOS E SUPLEMENTOS 2018 AJINOMOTO AMWAY BASF DANONE DSM HERBALIFE PFIZER VIGOR
Compartilhar