Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Planejamento em Prótese Parcial Fixa : Fundamentos de prótese fixa – Luiz Fernando Pegoraro Planejamento: Sequência de procedimentos para o tratamento proposto após a determinação do diagnóstico realizado a partir dos dados obtidos na anamnese, nos exames extra e intrabucais, na avaliação radiográfica e dos modelos de estudo. A reposição de dentes em arco parcialmente edêntulo precisa ser analisado para determinar o tipo de prótese mais apropriado para cada situação clínica. A indicação de PFPF sobre dentes, implantes ou PPR deve ser estabelecida analisando vários fatores, como: Ò Condição financeira; Ò Disponibilidade de tempo do paciente; Ò Dificuldade do tratamento; Ò Grau de desconforto causado pelo tto; Ò Previsibilidade estética; Ò Qualidade do periodonto de inserção; Ò Presença de parafunção; Ò Estado geral de saúde; Ò Interesse do paciente. A PPF é uma prótese que pode ser cimentada sobre dentes naturais e parafusadas ou cimentada sobre implantes que atuam como pilares para suportar uma PPF. É constituída por pelo menos dois dentes ou implantes, normalmente posicionados nas extremidades do espaço edêntulo, chamados de retentores, os quais suportam um ou mais dentes colocados entre eles, denominados pônticos. União dos pônticos às coroas (retentores) é rígida e feita através de uma liga metálica envolvida na fundição (PPF metalocerâmica) ou por cerâmica de alta resistência (PPF de cerâmica pura). Prótese em Cantiléver = É quando o pôntico está localizados na extremidade da PPF, unido a dois retentores. A prótese sempre tem como objetivos principais o restabelecimento correto das funções mastigatória, fonética e estética. Ò Ser o mais simples e conservativo possível; Ò Ser realista com o que pode ser obtido clinicamente; Ò Os princípios de oclusão devem minimizar o efeito de cargas adversas ao periodonto; Ò Respeitar a biologia dos tecidos; Ò A prótese deve possibilitar higiene efetiva; Ò A prótese deve permanecer em função pelo maior tempo possível. Após realização dos exames clínicos e radiográficos e a montagem dos modelos de estudo em articulador é feito o planejamento da prótese. Se for feita uma PPF é necessário determinar o número de dentes pilares que serão envolvidos, devemos considerar esses aspectos: Ò Extensão do espaço edêntulo; Ò Qualidade dos dentes pilares; Ò Coroa clínica com largura e altura suficientes para manter a prótese cimentada ao longo do tempo; Ò Forma da raiz; Ò Posição do dente no arco; Ò Nível de inserção óssea. OBS.: A situação ideal é que a inserção óssea da raiz tenha uma relação de 2:1 em relação à coroa clínica. É aceitável uma relação de 1:1 desde que os dentes não apresentem mobilidade. A área total da raiz inserida no osso deve ser igual ou maior que a área da raiz correspondente ao dente que será reposto pelo pôntico. Se o valor de inserção periodontal dos pônticos for maior do que o valor de inserção dos dentes de suporte = a prótese não poderá ser feita. Ò Ausência do 1MS - Pilares 2PM e 2M (R = 220 + 431 = 651) - Pôntico 1M (F=433) - Como R>F, a PPF pode ser indicada. Ò Ausência do 2PMS e do 1MS - Pilares 1PM e 2M (R= 234 + 431 = 665) - Pônticos 2PM e 1M (F= 220 + 334 = 653) - Como R>F, PPF pode ser indicada. Ò Ausência do 1 e 2PMS e 1MS - Pilares canino e 2M (R= 273 + 431 = 665) - Pônticos 2PM e 1M (F= 220 + 433 = 653) - Como R>F, PPF pode ser indicada. Ò Ausência do ICS - Pilares C e C (R= 273 + 273 = 546) - Pônticos IL, IC, IC, IL (F=179 + 204 + 204 + 179 = 766) - R<F, então a PPF é contraindicada. Determina que um dente pilar é capaz de suportar uma carga oclusal correspondente ao dobro do valor. F = 2R Ò F = Dente pilar + pôntico + dente pilar É usada para calcular a força que incide sobre os dentes pilares e pônticos em que a força deve ser igual à somatória dos dentes pilares e pônticos. Ò R = 2 (Dente pilar + dente pilar) Usada para calcular a resistência dos dentes pilares em função do número dos pônticos. Para poder indicar o número de dentes pulares em função do número de pônticos, R DEVERIA SER MAIOR OU IGUAL À F. Dentes receberam valores numéricos em função do tamanho de suas raízes e inserção óssea quando comparadas com ICI. Ò Ausência do 1M - Pilares 2PM e 2M (F = 4 + 6 + 6 – 14) - Pôntico 1M (R= 8 + 12 = 20) - Como R>F, PPF pode ser indicada. Ò Ausência do 2PM e do 1M - Pilares 1PM e 2M (F= 4 + 4 + 6 + 6 = 20) - Pônticos 2PM e 1M (R= 8 + 12 = 20) - Como R=F, PPF pode ser indicada. Ò Ausência do ICS - Pilares IL e C (F = 4 + 4 + 3 = 11) - Pôntico IC (R= 8 + 6 = 14) - Como R>F, PPF é indicada. Ò Ausência dos IS - Pilares C e C (F = 5 + 3 + 4 + 4 + 3 + 5 = 24) - Pônticos IL, IC, IC, IL (R= 10 + 10 = 20) - Como R<F, a PPF está contraindicada. Quando R<F a grande desvantagem é a possibilidade de ocorrência de falhas mecânicas, ainda mais com a descimentação de 1 ou mais retentores, podendo comprometer longevidade da prótese. As leis descritas acima (Vest e Ante) postulam que, para o emprego de uma PPF, a força dos pilares (F) deve ser maior ou igual do que a resistência dos pônticos (R) empregados. PORÉM, a prática demonstra que há situações que invalidam as limitações impostas por essas teorias porque elas não levam em conta o uso de diferentes planos de movimentação e nem posição dos dentes pilares no arco. Dentes pilares com periodonto Normal e Preparos com altura maior do que a largura Situação ideal: 2 dentes pilares 1 pôntico. Situações possíveis: 2 dentes pilares para 2 pônticos na região posterior ou 2 dentes pilares para 4 pônticos na região anterior. Situação arriscada: 2 dentes pilares para 3 ou mais pônticos. Quais são as possibilidades de falhas nas PPFs? São eminentemente mecânicas, sendo a descimentação a principal. Como evitar essas falhas? - As superfícies preparadas devem ter características mecânicas favoráveis (altura>largura); - Propiciem retenção friccional à PPF; - Ajuste correto da oclusão com contatos uniformes nos dentes posteriores e guia anterior efetivo. É importante orientar o paciente para cuidar os hábitos alimentares e parafuncionais para não sobrecarregar a prótese. Pesquisas de médio e longo prazo demonstram que PPFs com cantiléver têm bons resultados. PORÉM, somente se for usado um cantiléver unido em dois retentores e nunca com área oclusal de molar. Nenhum cantiléver posterior deve apresentar área oclusal maior do que a de um pré-molar. Exceção: 1MS por razões estéticas. Não há características mecânicas adequadas para suportarem a PPF de forma adequada. Significa que não propiciam retenção friccional às coroas. Como contornar essa situação? Obter meios de retenção adicionais nos preparos através da confecção de caneletas nas faces axiais, principalmente nas faces proximais que são mais eficientes contra as forças oblíquas (durante mastigação), evitando movimento de rotação e deslocamento da PPF. Caneletas devem ser paralelas às faces axiais dos dentes pilares e/ou ACC para melhorar essa relação de altura e largura do preparo. Se for impossível fazer esses meios adicionais de retenção, analisar possibilidade de outra prótese. Com a consolidação das bases biológicas da periodontia nos anos 60 e 70 = dentes com perda de inserção óssea e com mobilidade (devido patologia periodontal) podem participar como pilares de PPF desde que tratados e com periodonto saudável. A presença de mobilidade deve ser considerada fisiológica (mobilidade adaptativa). Mobilidade fisiológica: Quando a largura do ligamento periodontal não está alterada. Dentes nessa situação que serão pilares Buscar estabilizar os dentes pilares, estendendo PPF em direção a outros pilares localizados em outros planose que devem apresentar sentido de movimentação diferente dos demais dentes pilares. A união dos dentes pilares em vários planos forma um polígono de estabilização = Polígono de Roy. Exemplos dessas situações: 1) PPF substituindo 2PM e 1M - Dentes pilares = 1PM e 2M - Para evitar mobilidade progressiva no sentido sagital é preciso estender a prótese em direção ao canino, que está no plano lateral e vai dar estabilidade para esses dentes. A união de dentes pilares situados em 2 ou mais planos diminui o efeito da mobilidade de cada dente, em função da estabilidade proporcionada a eles pela PPF. 2) Ausência dos Incisivos - Dentes pilares = Caninos - Se as coroas dos C tiverem características mecânicas adequadas (altura > largura) podem ser indicados como pilares. Esse mesmo conceito vale para prótese sobre implantes – espaços edêntulos amplos, implantes em planos diferentes para haver estabilização da PPF. Por isso, a disposição que os dentes ocupam no arco é mais importante do que o número de dentes ou implantes presentes. A finalidade desse passo é avaliar os aspectos oclusais: Ò Diferença entre as posições de relação cêntrica (RC) e máxima intercuspidação habitual (MIH); Ò Inclinação dos dentes pilares; Ò Necessidade futura de aumento de coroa; Ò Presença de contatos dentários nas movimentações excursivas da mandíbula para os lados de trabalho, não trabalho e protusão; Ò Avaliação das curvas de Spee e de Wilson; Ò Alterações no plano oclusal; Ò Eliminação de interferências oclusais entre as posições de RC e MIH; Ò Extensão do espaço protético. Outro objetivo é a realização do enceramento diagnóstico, que tem como função: [ Avaliar a extensão do desgaste em dentes extruídos e a possível necessidade de tto endodôntico prévio em função da grande quantidade de desgaste necessária para corrigir o plano oclusal; [ Avaliar o plano oclusal, as curvas de Spee e Wilson e o guia anterior; [ Estudar aspectos relacionados com a estética; [ Apresentar possíveis alternativas de tto ao paciente; [ Confeccionar as coroas provisórias. Com esses elementos é feito um plano de tratamento de acordo com o tipo de prótese selecionado em função da extensão da PPF. Também possibilita fazer seleção dos dentes pilares e/ou confecção de prótese sobre implantes e PPR. Nas PPFs mais simples, de 3 ou 4 elementos, com os dentes sem sinais e sintomas de trauma oclusal e confeccionadas na posição de trabalho em MIH, a montagem dos modelos de estudo tem como objetivo a realização do enceramento diagnóstico para confecção de coroas provisórias. Em casos mais extensos, a montagem no articulador e o enceramento diagnóstico servem também para verificar e eliminar contatos prematuros entre a RC e MIH para criar posição de relação de oclusão cêntrica, visto que as próteses serão construídas nessa posição.
Compartilhar