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SUMÁRIO MÓDULO I – FUNDAMENTOS DE LOGÍSTICA E SUAS OPERAÇÕES INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1 FUNDAMENTOS DE LOGÍSTICA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES GERAIS, ORIGEM, EVOLUÇÃO ............................................................................................... 4 1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES GERAIS DE LOGÍSTICA ...................................... 4 1.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA............................................................ 10 1.3 LOGÍSTICA E COMPETITIVIDADE .................................................................... 16 1.3.1 O Papel da Logística ...................................................................................... 16 1.3.2 A Importância da Logística ............................................................................ 17 1.3.3 Razões do Interesse pela Logística .............................................................. 19 1.3.4 Benefícios do uso adequado da Logística ................................................... 20 1.3.5 A Logística como Ferramenta Comercial ..................................................... 20 1.3.6 A importância da Logística para a Competitividade nas Organizações Empresariais ............................................................................................................ 23 1.4 ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS ............................................................................. 26 1.5 OPERAÇÕES LOGÍSTICAS: CONCEITOS E DEFINIÇÕES BÁSICAS ............. 28 1.5.1 Operações Logísticas de Suprimentos ........................................................ 29 1.5.2 Operações Logísticas de Manufatura ........................................................... 30 1.5.3 Operações Logísticas de Distribuição ......................................................... 31 1.6 ETAPAS ESSENCIAIS DA LOGÍSTICA: SUPRIMENTOS, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM, DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE .............................................. 33 1.6.1 Logística de Suprimentos .............................................................................. 34 1.6.2 Logística de Movimentação ........................................................................... 37 1.6.2.1 Alguns tipos de equipamentos para movimentação de materiais .................. 43 1.6.3 Logística de Armazenagem ........................................................................... 45 1.6.4 Logística de Distribuição ............................................................................... 47 1.6.4.1 Estruturas Logística de Distribuição .............................................................. 53 1.6.4.1.1 Estruturas de Distribuição Escalonada .................................................. 54 1.6.4.1.2 Estruturas de Distribuição Direta............................................................ 55 1.6.4.1.3 Estruturas de Distribuição Flexível ......................................................... 56 1.6.4.1.4 Sistemas de Entrega ................................................................................ 58 1.6.5 Logística de Transporte ................................................................................. 61 1.6.5.1 Transporte Aquaviário ................................................................................... 65 1.6.5.2 Transporte Rodoviário ................................................................................... 68 1.6.5.3 Transporte Ferroviário ................................................................................... 69 1.6.5.4 Transporte Aéreo .......................................................................................... 70 1.6.5.5 Transporte Dutoviário .................................................................................... 71 1.7 CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DE LOGÍSTICA INTERNA .................... 71 MÓDULO II – QUALIDADE EM SERVIÇOS LOGÍSTICOS INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 76 2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS BÁSICOS, PRINCÍPIOS E DIFERENTES ABORDAGENS SOBRE QUALIDADE .................................................................... 77 2.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES BÁSICAS ............................................................ 77 2.2 PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE QUALIDADE .................................................... 79 2.3 AS DIFERENTES ABORDAGENS SOBRE QUALIDADE ................................... 80 2.4 AS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DA QUALIDADE ........................................... 80 2.5 ASPECTOS GERAIS QUANTO AOS TIPOS DE SERVIÇOS ............................ 86 2.6 QUALIDADE EM SERVIÇOS: PARTICULARIDADES E DIMENSÕES .............. 88 2.7 A QUALIDADE COMO DIFERENCIAL DOS SERVIÇOS ................................... 93 MÓDULO III – NOÇÕES BÁSICAS DE HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 96 3 NORMAS E PROCEDIMENTOS GERAIS DE SEGURANÇA NO TRABALHO ... 96 3.1 PRINCIPAIS CAUSAS E TIPOS MAIS COMUNS DE ACIDENTES DE TRABALHO .............................................................................................................101 3.1.1 Consequência dos acidentes e doenças do trabalho ...............................102 3.2 CUIDADOS BÁSICOS EM OPERAÇÕES LOGÍSTICAS DE MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS (Utilizando empilhadeiras) .............................................................103 REFERÊNCIAS .......................................................................................................108 3 MÓDULO I – FUNDAMENTOS DE LOGÍSTICA E SUAS OPERAÇÕES INTRODUÇÃO A logística tem assumido importância estratégica mais relevante nos negócios nos últimos anos, tornando-se a implementação de um sistema de logística, fundamental para as empresas modernas. Integração do fluxo de material, produção e distribuição, vêm revolucionando não somente a forma pela qual as empresas gerenciam suas atividades logísticas, mas, também, como gerenciam todo o seu negócio. As estratégicas logísticas dentro de um determinado segmento influenciam, na cultura organizacional da empresa e provoca mudanças: nos colaboradores desse segmento, nos produtos, nas parcerias, na seleção de fornecedores e nos clientes. Como um dos segmentos que atualmente se beneficia com essas estratégias, destaca-se a rede varejista, especialmente os supermercados, revendedores, atacados, pequenos comércios, etc. A logística nos últimos tempos se tornou uma ferramenta que proporciona a empresa, quando bem utilizada, vantagem competitiva e consequentemente uma fatia maior do mercado, onde somente os inovadores e arrojados, conseguem alcançar os seus objetivos em sua totalidade. Além de estar ligada à agilidade com que ela irá manusear, armazenar, deslocar, adquirir, controlar seus produtos, a logística influencia na redução dos custos organizacionais. Por isto os recursos provenientes da logística poderão ser utilizados nos diversos ramos de atividades econômica, dando-lhe ainda mais significância para que seja utilizada por todos. A concorrência entre os países, segundo Porter (1990), é a capacidade de inserir produtos e serviços demandados, bem como a capacidade de criar novas demandas para os consumidores, com a eficácia e eficiência necessárias. Como os produtos e serviços são criados, desenvolvidos e produzidos pelas organizações privadas, públicas ou do terceiro setor de uma nação, a competitividade das organizações é um dos fatores que determinam esta possibilidade de inserir produtos em vários mercados em todo o mundo. A globalização dos mercados e o aparecimento de novas tecnologias de processamento e transmissão de dados vêm desempenhando papel chave na tanto na estruturação das organizações, quanto nas mudançadas relações de negócios entre empresas, para isto elas precisam ser mais ágeis nas suas respostas quanto a 4 melhoria dos níveis de qualidade e produtividade. A rápida introdução de novos mercados, ou a consolidação de uma determinada posição em outros, passam muitas vezes pela adoção de novas estratégias gerenciais do processo de distribuição física de produtos. Particularmente, a globalização dos mercados tem levado muitas empresas a buscarem alternativas para as suas atuais fontes de suprimentos de bens e serviços, para a localização de suas instalações de produção e distribuição, bem como para seus mercados consumidores. Também, o contínuo desenvolvimento e propagação de tecnologias de processamento e transmissão de dados mais velozes e acessíveis permitem a coleta e a troca de informações em tempo real nos canais de distribuição. Esta particularidade agiliza o processo de avaliação e tomada de decisão, tornando-os viáveis em relações contratuais, visto que estende o alcance de controle de cada um dos membros do canal às atividades subsequentes do processo de distribuição física. Por exemplo, sistemas de informação em tempo real permitem atualizações imediatas sobre o nível dos produtos em estoque num varejista, permitindo aos seus fornecedores reprogramar os cronogramas de produção e distribuição em tempo hábil, caso seja necessário, de modo a maximizar a produtividade dos recursos alocados. É neste cenário de profundas transformações, onde as organizações voltam- se cada vez mais para suas capacitações chave, que surge a demanda pela aquisição externa de determinadas atividades ou processos logísticos, e para tanto necessitam de mão de obra qualificada para que possam utilizar-se da logística como estratégia competitiva, de forma aumentar a eficiência e a eficácia das práticas de seus negócios, satisfazendo melhor aos anseios de qualidade dos seus clientes. 1 FUNDAMENTOS DE LOGÍSTICA: CONCEITOS E DEFINIÇÕES GERAIS, ORIGEM, EVOLUÇÃO 1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES GERAIS DE LOGÍSTICA Muito se fala a respeito da logística como sendo, atualmente, a responsável pelo sucesso ou insucesso das organizações. Porém é importante evitar que situações de modismo acabem por influenciar o uso errado da palavra e, o que seria muito pior, de suas técnicas e atividades. Mas, afinal, o que é realmente a logística? 5 A origem da palavra logística, segundo Hara (2005), é oriunda do radical grego logos, que significa razão. A partir disso, tem-se que se pode entender o significado etimológico de logística como sendo “arte de calcular” ou “manipulação dos detalhes de uma operação”, definição que será o foco deste curso de Auxiliar de Operações em Logística, abordada no contexto das operações logísticas que ocorrem nos diversos segmentos e tipos de organizações empresariais. No contexto das organizações, segundo Ballou (1993), a logística trata de todas atividades de movimentação e armazenagem, que facilitam o fluxo de produtos desde o ponto de aquisição da matéria-prima até o ponto de consumo final, assim como dos fluxos de informação que colocam os produtos em movimento, com o propósito de providenciar níveis de serviço adequados aos clientes a um custo razoável. Pode-se dizer, então, que logística compreende desde o fornecimento da matéria-prima até o consumo, abrangendo o gerenciamento das compras, operações de produção e transformação, controle de materiais e processos, embalagem, armazenagem e manuseio, a distribuição e o sistema de transportes. A logística é composta de atividades primárias (transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos), as quais possuem fundamental importância na redução de custos e maximização do nível de serviços. As demais atividades (armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, suprimentos, planejamento e sistemas de informação) são consideradas atividades de apoio, pois dão suporte às atividades primárias, com o intuito de satisfazer e manter clientes, além de maximizar a riqueza dos proprietários. Ching (2001), considera que a logística encarrega-se de melhorar o nível de rentabilidade da distribuição, através de planejamento, organização e controle das atividades de transporte e armazenagem, facilitando o fluxo de materiais. O mesmo autor evidencia que a logística busca a redução do tempo entre o processamento do pedido até a entrega do produto, nas especificações pré-definidas, ao consumidor final, a um custo razoável, por meio do planejamento e otimização dos recursos envolvidos, sendo entregue ao comprador no tempo e momento corretos e nas condições pré-determinadas, conforme ilustra a Figura 1. 6 Figura 1: Objetivos da logística (Construído a partir de Ching, 2001). Fonte: Ching, 2001. Face ao exposto, a SOLE (Society of Logistics Engineers) afirma que as finalidades da logística podem ser compreendidas nos "8 R’s" descritos a seguir: Right Material (materiais justos); Right Quantity (na quantidade justa); Right Quality (de justa qualidade); Right Place (no lugar justo); Right Time (no tempo justo); Right Method (com o método justo) Right Cost (segundo o custo Justo); Right Impression (com uma boa impressão); Dessa forma, pode-se complementar que Logística é um processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenamento eficiente e econômico de matérias-primas, materiais semiacabados e produtos acabados, bem como as informações a eles relativas, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes (CARVALHO, 2002). 7 Nesse aspecto, gerar recursos, promover equipamentos e informações a fim de tornar possível a execução de todas as atividades de uma empresa de qualquer segmento da economia, são papéis da logística que tem como atividades principais o transporte, armazenamento, estocagem, processamento de pedidos, gerenciamento de informação e distribuição, de forma a atender exigências de clientes. Atender as exigências dos clientes ficou mais difícil, posto que com a economia mais globalizada, agora estamos em um ambiente onde cada vez mais é questionada a distribuição, produção e prática das aquisições tradicionais. A realidade atual é bem diferente das décadas passadas. Nessa nova ordem das coisas produtos podem ser manufaturados segundo especificações exatas, e ser entregues rapidamente aos clientes em diferentes locais do globo. O pedido do cliente e a entrega de um produto podem ser efetuados em horas. A frequente ocorrência de falhas de serviços que caracterizava o passado está sendo substituído por um crescente comprometimento gerencial com uma taxa zero de imperfeição. (BOWERSOX, CLOSS E COOPE, 2006). Para Martins e Alt (2006) a globalização foi sem dúvida a mudança mais marcante dos últimos tempos dentro da sociedade, onde as transações comerciais e o fluxo de capitais estão intensos. Algumas características do modelo atual afetaram permanentemente a forma de operar das empresas, independente se fornecem bens de consumo ou serviços. Razzoline Filho (2006) complementa quando diz que fica claro que este período atual exige muito mais agilidade e flexibilidade por parte das empresas, que são cada vez mais pressionadas a diminuição de custos aliado ás mudanças nos desejos dos consumidores. Essas exigências levam as empresas a buscarem a integração de seus canais de suprimento, de forma que possam atender adequadamente aos mercados. Assim, a logística atual é um resultado concreto da globalização, que impõe às organizações maior mobilidade, rapidez e exatidão em suas ações. E uma boa administração logística dentro de uma empresa representa menores custos de um produto final, visto que a logística é o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças e produtos acabados(e os fluxos de informações correlatas) através da organização e seus canais de marketing, de modo a poder maximizar a lucratividade presente e futura através dos pedidos a baixo custo. 8 No contexto das definições, a logística não é entendida somente como distribuição física, ao cliente, de produtos e artigos comerciais, em um maior âmbito, ela se ocupa da oferta, por parte das empresas, de produtos, artigos comerciais e serviços. Além disso, é necessário que a logística seja concebida como uma atividade de suporte em todos os campos, para incrementar e solidificar o faturamento e as quotas de mercado das empresas. Nesse aspecto, tem-se que nas atividades da administração da logística incluem administração de transporte, administração e controle de materiais, cumprimento de ordens, dimensionamento da rede logística, gestão de estoques, planejamento da demanda, planejamento e administração terceirizada de prestadores de serviços. Em níveis diversificados, a função logística inclui também a obtenção e suprimento de matérias-primas, planejamento e programação da produção, embalagem, armazenagem e atendimento ao consumidor. Todos os níveis da organização são envolvidos no planejamento e execução das atividades, sejam eles, estratégico, operacional e tático. A Administração da Logística possui função de integrar, coordenar e aperfeiçoar as atividades logísticas, bem como integrar as atividades logísticas com outras áreas como marketing, manufatura, vendas, finanças e tecnologia da informação. Dessa forma, a administração da logística gerencia as atividades de entrada de recursos (matéria-prima, informações, pessoal e monetário) e saída de produtos acabados (posicionamento da empresa e orientação ao marketing, a fim de auferir vantagem competitiva, agilidade e flexibilidade de gestão). Tais atividades englobam ações gerenciais, no tocante ao planejamento, implementação e controle das atividades, aproximando fornecedores e distribuidores através do processo produtivo, tendo como suporte as atividades logísticas, conforme ilustra a Figura 2. 9 Figura 2: Componentes da administração da logística Fonte: (LAMBERT, STOCK e VANTINE, 1998, p. 6). Percebe-se, portanto pela definição do termo, que a função da logística é principalmente ser o elo em um processo que pode começar com um fornecedor e encerrar com um cliente em outra ponta, posto que segundo Galvão (1994), Logística é o gerenciamento de todas as atividades as quais facilitam o movimento e a coordenação de suprimentos e demandas na criação do tempo e lugar útil para as mercadorias, e é disto que as organizações empresariais necessitam: processos logísticos que signifique vantagem competitiva nos seus negócios. A gestão do processo logístico tem sido hoje grande diferencial competitivo, pois com o passar dos tempos os consumidores tornaram-se também mais exigentes com relação à qualidade dos produtos, tempo de produção e ciclo de vida dos produtos, prazo de entrega e mais recentemente, com o índice de inovações tecnológicas incorporados aos produtos. 10 1.2 ORIGEM E EVOLUÇÃO DA LOGÍSTICA Desde os primórdios da humanidade já se exerciam atividades logísticas. Entretanto, as mesmas eram diluídas nas diversas funções: domésticas, agropastoris (caça, pesca, plantio) e, consequentemente, atividades de escambo. Primeiramente, eram efetuadas atividades básicas e fragmentadas, envolvendo armazenagem, distribuição física (movimentação) estocagem, constituindo tarefas meramente operacionais, que foram evoluindo e incorporando novas funções, como planejamento e organização dos materiais, processamento de pedidos, gestão de compras, entre outras, até o processo atualmente denominado de cadeia de suprimentos (MOLLER, 1995; BALLOU, 2006). Na Figura 3 é possível verificar a evolução das atividades logísticas, através de ações inovadoras e empreendedoras. Figura 3 - Desenvolvimento conceitual da logística Fonte: Ampliado a partir de Moller (1995). Com o passar do tempo, a logística tornou-se uma importante ferramenta gerencial, contribuindo na implementação de melhorias e na redução de custos, tendo em vista que a mesma se encarrega de melhorar o nível de rentabilidade da distribuição, através de planejamento, organização e controle das atividades de transporte e armazenagem, facilitando o fluxo de materiais (CHING, 2001). 11 De acordo com Martins e Alt (2006), a origem da Logística é militar e foi desenvolvida visando colocar os recursos certos nos locais e horas certas, tendo como objetivo: vencer batalhas. A logística era utilizada em batalhas desde os tempos bíblicos quando as guerras eram longas, distantes e necessitavam de constante deslocamento dos recursos. Ao decidir avançar suas tropas seguindo uma determinada estratégia militar, os generais precisavam ter sob suas ordens, uma equipe que providenciasse o deslocamento na hora certa, de munição, víveres, equipamentos e socorro médico para o campo de batalha. A logística também são estava presente nas atividades das antigas construções. A Figura 4 apresenta uma ilustração de atividades logísticas em antigas construções e em atividades militares. Figura 4 – Atividades Logísticas em antigas construções e em atividades militares. Fonte: Google Imagens, 2014. Segundo Novaes (2001), nesse período a logística era utilizada de forma a combinar a maneira mais eficiente, no estabelecimento de fatores de tempo e custo nas guerras, levando em consideração estratégia para dispor de recursos necessários para viabilizar o deslocamento de tropas e supri-las com armamentos, munição e alimentação durante as campanhas militares, expondo-as o mínimo possível ao inimigo. Assim, ao longo da história do ser humano, as guerras têm sido ganhas ou perdidas através do poder e da capacidade da logística, ou da falta deles. Diferentemente de uma situação de guerra, a logística em uma empresa 12 conta com o transporte de seus produtos da fábrica para o depósito ou para a loja de seus clientes; precisa também providenciar e armazenar matéria-prima em quantidades suficientes para garantir os níveis de fabricação planejados, também é necessária atenção do gestor responsável pela logística para a descontinuidade entre o ritmo de produção e de demanda, precisa manter produtos acabados em estoque, preocupações que de certa forma são basicamente similares á logística bélica, porém com peculiaridades próprias, bem como soluções bem distintas para problemas parecidos. Razzoline Filho (2006) acredita que independente da abordagem que se queira fazer da evolução logística, uma coisa resulta é concreta: a logística sempre existiu, evoluiu e atualmente se relaciona com o desempenho e operação de um sistema capaz de prover e gerir fluxos de materiais e informações em operações. Dessa forma, desde o princípio da existência da humanidade já se exerciam atividades logísticas, entretanto, as mesmas eram diluídas nas diversas funções domésticas, ou seja, desde atividades agropastoris, de caça, pesca, plantio e escambo. Primeiramente, eram efetuadas atividades básicas de armazenagem, distribuição física (movimentação), estocagem, entre outras, as quais eram fragmentadas e constituíam tarefas meramente operacionais que foram evoluindo, conforme ilustrado na figura 1 (anterior) e complementado pela Figura 5. Figura 5: A evolução da logística para a cadeia de suprimentos Fonte: (BALLOU, 2006, p. 30). 13 Posteriormente, às atividades logísticas foram incorporadas novas funções, de planejamento e organização dos materiais, processamento de pedidos, gestão de compras, passando de atividades de cunho operacional para atividades com foco tático, distribuídos entre administração de materiais, da produção e da distribuição, tornando-se importante estratégianas organizações, um diferencial competitivo, visto que seu objetivo é a entrega dos produtos ou serviços ao comprador no tempo e momento corretos, ao menor custo possível e nas condições pré-determinadas. Sua evolução, portanto, foi estimulada pela crescente inovação tecnológica, pela constante busca em aumentar os lucros e pela dificuldade em estimar o retorno sobre os investimento. A Figuras 6 ilustra de forma simplificada o objetivo da logística. Figura 6 - Objetivos da Logística. Fonte: E.Grosvenor Plowman in Lambert et al. (1998). No Brasil, as atividades logísticas começaram a ser estruturadas em meados da década de 70, com a introdução da administração de materiais nas organizações, atividades que não obtiveram muito sucesso, pois as associações que discutiam o assunto não possuíam sinergia. Entretanto, novas tentativas surgiram com a introdução de sistemas de gestão de materiais baseados no MRP (Material Requirement Plainning - Planejamento das Necessidades de Materiais), consolidando, em 1980, o primeiro grupo de Estudos em Logística, que visava aprofundar os conhecimentos, na área, e difundi-los no país (LAMBERT, STOCK; VANTINE, 1998). 14 17 A partir da consolidação e difusão da logística, no ambiente organizacional, as atividades sofreram expansões e aprimoramentos, que resultaram na logística integrada, a qual consiste na integração das diversas atividades logísticas sob uma perspectiva intra-organizacional. A logística integrada opera com as atividades logísticas integradas, o que exige maior agilidade das organizações, além da redução dos seus custos e do tempo das operações. As atividades são desenvolvidas com base em processos, nos quais permeia a visão holística na qual todas as áreas da organização trabalham em prol de um objetivo mútuo e maior, que consiste na estratégia da organização. É o tratamento das diversas atividades de logística como um sistema integrado (LAMBERT, COOPER e PAGH, 1998). Na logística integrada ocorre a sincronia desde a colocação do pedido até a entrega do mesmo ao cliente, processo esse que abrange as seguintes áreas e funções: planejamento de compras; compras; recebimento de mercadorias (ou materiais); armazenamento; recebimento e preparação de pedidos; embalagem; expedição e distribuição, entre outras. Conforme a Figura 7, a logística integra diferentes atividades na organização, passando pelo fluxo de informações e de materiais, bem como a distribuição física e o gerenciamento dos suprimentos, desenvolvendo assim um relacionamento com os fornecedores e clientes. Figura 7: A integração da logística Fonte: (BOWERSOX e CLOSS, 2001, p. 44). A perspectiva da logística integrada pode ser vislumbrada a nível dos 4P’s (Produto, Preço, Promoção e Praça/Distribuição), estando cada um desses aspectos interligados e operando em conjunto. Já no que diz respeito à distribuição, essa está diretamente relacionada às demais áreas da logística (compras, vendas, 15 processamento dos pedidos, transporte, armazenagem e gestão de estoques) a fim de atender às necessidades e desejos dos clientes com maior agilidade e ao melhor nível de serviço possível, como ilustra a Figura 8. Figura 8: Logística Integrada Fonte: (FLEURY, WANKE e FIGUEIREDO, 2000). Seguindo com o processo evolutivo da logística, aliada a tais práticas de gerenciamento e estruturação das atividades vistas até então, surgiu a logística reversa, que visa à preocupação social e ambiental, no tocante às atividades logísticas, ou seja, não só o fluxo de produtos e informações do fornecedor ao cliente, mas o fluxo de retorno (cliente-fornecedor) de produtos (produtos retornáveis e reaproveitáveis, embalagens e resíduos) e informações. A tendência, no ambiente organizacional, é a constante evolução chegando-se a uma possível cadeia de suprimentos virtual e reversa, de cunho estratégico e gerencial. Porém, enquanto não as organizações não operam em cadeias de suprimentos, pode-se administrar as atividades e operações logísticas estrategicamente, visando a um melhor desempenho empresarial, sem esquecer que o foco atual do pensamento logístico é o cliente. Face ao exposto, a logística está sendo muito discutida nos últimos tempos, visto que é considerada a última fronteira, ainda não explorada, para redução de custos de qualquer produto e processo. Investir em logística é uma estratégia na 16 qual as empresas brasileiras estão apostando para auferir vantagem competitiva no mercado, uma vez que em outras partes do mundo como EUA, Europa e alguns países da Ásia, a logística já se encontra em um processo bastante avançado. 1.3 LOGÍSTICA E COMPETITIVIDADE 1.3.1 O Papel da Logística A cada dia que passa a logística vem ganhando mais e mais importância dentro das organizações. Isto se deve basicamente ao fato de que a logística e uma das poucas frentes em que pouco se fez ao longo da história. Muito já foi feito em termos de produção, qualidade, marketing, finanças e outras áreas das organizações. No entanto, a logística levou mais tempo para se entendida e analisada tanto na área de formação profissional quanto na área de negócios. A logística é uma das poucas frentes em que ganhos consideráveis podem ser obtidos dentro dos processos das organizações. O bom gerenciamento dos processos logísticos dentro de uma empresa pode representar significativas reduções de custos e vantagens competitivas adicionais. E isto pode se obtido, com investimentos relativamente baixos, quando comparados ao que é necessário fazer em outras áreas para que os ganhos se tornem tão representativos e diferenciados diante das empresas competidoras. Esta situação é reforçada por uma nova ordem econômica, cuja palavra de ordem, é a globalização. A globalização pode ser entendida pela troca intensiva de informações entre nações e culturas diferentes, o que traz grandes conseqüências de ordem econômica. Ao tomar contato com outras culturas ou simplesmente saber da disponibilidade de um determinado produto do outro lado do mundo, um cidadão de Manaus torna-se um potencial consumidor de um produto chinês, Indiano ou quem sabe russo. Ao ter o acesso a esses produtos a custos compatíveis, o que foi permitido pelos avanços tecnológicos a que assistimos em todas as áreas, esse potencial consumidor pode de fato se tornar um cliente. Isso cria uma nova imagem, a de aldeia global, onde podemos desejar e obter bens ou serviços de qualquer natureza. Essa transformação sociocultural produz uma grande transformação econômica. O que assistimos são a formação de grandes Blocos Econômicos e a quebra de barreiras Alfandegárias entre as nações. 17 Isso gera uma brutal concorrência entre as empresa, estejam onde estiverem. Pode- se dizer que hoje o produto de uma determinada empresa não concorre apenas com seus pares locais, mas com produtos equivalentes de qualquer outra parte do mundo. Ser competitivo, portanto, significa ser capaz de operar, em condições de igualdade, neste contexto econômico. O consumidor passa a ser mais consciente do valor dos produtos e serviços que estão adquirindo, comparam preços e benefícios. Dessa forma, a velha prática de repassar as ineficiências de nossas organizações ao preço final do produto torna-se ineficaz, pois o consumidor mais consciente exigente certamente não pagará por isto. Outra transformação é que aumentou a velocidade das informações que chegam até eles, e aumentou também a velocidade com que eles desejam ter suas necessidades atendidas. A consequência direta disso tudo é que as margens com as quais as organizações se vêem obrigadas a trabalhar são cada vez menores, e as empresa passam a precisar dar respostas cada vez mais rápidas às situações impostas pelo mercado. Comoa logística trata da otimização da utilização e disponibilizarão de recursos, ela presta um valoroso auxílio na resolução destas questões. Além de possibilitar economias e reduções de custos, somente a logística pode dar velocidades às organizações, permitindo que estas se tornem competitivas. 1.3.2 A Importância da Logística Um dos fatores que coloca a logística em voga ultimamente é por ser considerada a última fronteira, ainda não explorada, para redução de custos de qualquer produto, e as organizações e executivos estão percebendo que a logística é fundamental para o sucesso de suas organizações. A partir das diversas definições dá para perceber de forma simples o porquê da importância da logística para as organizações empresariais. Nesse aspecto tem- se que na importância da logística estão envolvidos os fatos de esta estar associada com: ● Rede de facilidades montada para movimentar materiais e/ou produtos acabados; ● Processo de planejamento, implementação e controle do fluxo e armazenagem de matérias prima, inventário em processo, produtos acabados e informações correlatas do ponto de origem ao ponto de consumo em conformidade 18 com os requisitos do cliente. A maioria das firmas de serviços ou agências e instituições governamentais, assim como todas as empresas privadas, necessitam do auxílio de um especialista em logística em variados níveis. Assim, o interesse pela logística tem aumentado muito nos últimos anos. Cada vez mais pessoas estão enxergando na logística uma perspectiva de um bom emprego, o que está levando cada vez mais pessoas aos cursos sobre logística. Os administradores estão reconhecendo, agora, a necessidades de se estabelecer um conceito bem definido de logística industrial, uma vez que começam a compreender melhor o fluxo contínuo de materiais, as relações tempo-estoque na produção e distribuição e os aspectos relativos ao fluxo de caixa no controle de materiais. A verdade é que o enfoque da administração está mudando o tradicional "produza, estoque, venda" para um conceito mais atualizado, que envolve "definição de mercado, planejamento do produto, apoio logístico". Assim, podemos observar que a importância da logística vem crescendo à medida que os desafios do mercado aumentam. A globalização, sem sobra de dúvida, vem trazendo novos desafios para todos os ramos da Administração, que está sendo obrigada a reaviar seus conceitos e modelos. Investir em logística é uma estratégia na qual as empresas de transportes de carga no Brasil estão apostando para sobreviverem no mercado. Em alguns países da Ásia, a logística já se encontra num processo bastante avançado. Afinal de contas, temos que considerar o seguinte: quem vai providenciar a entrega dos produtos vendidos na era do e-commerce (compra feita por consumidores ou empresas pela internet)? Somente operadores logísticos bem estruturados serão capazes de vencer este desafio tanto em se falando de entregas locais como internacionais. Quando se trata de desafio da logística, isto se refere a movimentar os produtos e materiais com o menor custo e a maior eficiência possíveis. Isso está relacionado aos princípios da logística, os quais estão intimamente ligados às ações de qualquer Operação Logística, visto que toda atividade logística se importa em ter os bens ou serviços operados agregando valor de (CHING, 2001): ● Lugar – consiste em estar no lugar certo, no lugar onde deverá ser adquirido ou consumido o produto ou serviço, como por exemplo, os consumidores com sede no estádio de futebol, as bebidas (cerveja, água, sucos, refrigerante) devem ser vendidas geladas no estádio; 19 ● Tempo – diz respeito a estar no tempo certo de ser consumido, como por exemplo, as bebidas chegando ao estádio para a partida de futebol; ● Qualidade – consiste em estar adequado ao consumo, não estar com suas características ideais alteradas, como por exemplo, a lata de cerveja ou refrigerante furada, problemas de higiene, bebidas quentes ou sem gás; Informação – consiste em informar de forma adequada o abastecimento, como por exemplo, o vendedor de bebidas informando a venda da cerveja e/ou refrigerantes gelados: “Vai uma geladinha aí, doutor?”. Dessa forma, a logística exerce papel fundamental nas operações das organizações competidoras no mercado global. A partir da eficiência e eficácia nas atividades logísticas as organizações conseguem satisfazer às necessidades e desejos dos clientes, aumentando assim, sua vantagem competitiva no mercado e consequentemente o retorno sobre os seus investimentos. 1.3.3 Razões do Interesse pela Logística A conscientização da importância da logística está crescendo cada vez mais em relação ao impacto que a logística tem na lucratividade empresarial. A maior conscientização enfatizou o gerenciamento de todo o processo logístico assumindo maior controle sobre as ações dos fornecedores, distribuidores e clientes a fim de combinar as taxas de produção com a demanda do usuário final. Dessa forma, é possível reduzir inventários, diminuir lead times (tempo computado entre o inicio da primeira atividade até a conclusão da última) e reduzir os custos logísticos totais. Podemos apresentar as seguintes razões do interesse pela logística: ● Rápido crescimento dos custos, particularmente dos relativos aos serviços de transporte e armazenagem; ● Complexidade crescente da administração de materiais e da distribuição física, tornando necessários sistemas mais complexos; ● Disponibilidade de maior gama de serviços logísticos; ● Mudanças de mercado e de canais de distribuição, especialmente para bens de consumo; ● Tendência de os varejistas e atacadistas transferirem as responsabilidades de administração de estoques para os fabricantes. 20 Um fator importante no desenvolvimento tanto da distribuição física quanto do gerenciamento de materiais foi a rápida expansão da tecnologia de computador. O desenvolvimento de programas de computador operacionais e estratégicos, estratégicos no sentido de planejamento e operacionais no sentido de gerenciamento, foram vitais à maturidade de ambos conceitos. Novos sistemas fornecendo processamento de pedidos e compras numa base de tempo real tornaram-se uma forma comum de operação. 1.3.4 Benefícios do uso adequado da Logística Os benefícios realizados com a boa logística irão variar dependendo do enfoque das empresas e das oportunidades disponíveis em cada momento. Os benefícios normalmente são decorrente de se "fazer as coisas com menor custo" e "fazer as coisas de modo melhor". Os benefícios também serão realizados para obter produtos aos clientes mais rapidamente e pago mais rapidamente – isto envolve o exame especialmente do conceito de lead time, em uma série de atividades. Dentre os benefício da logística, se destacam: ● Distribuição mais rápida; ● Menores custos de distribuição; ● Menores volumes e custos de estoque (como podemos alterar os procedimentos atuais para apoiar demandas de serviço mais rígidas). ● Menos perda de produtos / avarias; ● Reações mais rápidas às mudanças na demanda; ● Melhor serviço ao cliente; ● Qualidade melhor gerenciada; ● Realizar tais benefícios pode significar uma mudança radical no estilo gerencial e atributos. Isto com muita freqüência é mais importante do que novas técnicas. 1.3.5 A Logística como Ferramenta Comercial As organizações sempre buscam trabalhar de forma planejada, com os fluxos de trabalho condizendo com os recursos que possuem, mas surgem as atividades especiais para as quais devem se dedicar para suprir a falta dos recursos ideais. As 21 atividades comerciais consistem em atividades que necessitam de uma logística precisa para atender ao cliente sem incorrer em estoques demasiados, altos custos ou a falta do produto. Novaes (2001) reforça essa ideia afirmandoque a logística busca, de um lado, otimizar as atividades da empresa de forma a gerar retorno através de uma melhoria no nível de serviço a ser oferecido ao cliente e, de outro lado, prover a empresa de condições para competir no mercado, como por exemplo, através da redução dos custos. Nas atividades comerciais, o nível de serviço nas atividades logísticas é fundamental, visto que o cliente, quando encontra o produto e serviço que deseja pode tornar-se fiel e a empresa atinge maior vantagem no mercado. No comércio é comum as demandas do mercado se alterarem constantemente, e o produto estar à disposição para aquisição (valor de lugar) é a primeira condição de compra de um produto por um consumidor. Assim, fica claro que o profissional de logística de uma cadeia de varejo deve ter atributos que possam suprir a eterna necessidade, por exemplo, das lojas de atender o cliente em suas expectativas (PIÑEL, 2009): ● Identificar a necessidade das lojas, prever quais produtos serão procurados; ● Enviar em tempo os produtos que serão adquiridos pelos clientes; ● Produtos devidamente embalados para garantir sua qualidade; ● Transporte eficiente que faça chegar no local de entrega e no prazo correto; ● A loja ter a informação adequada do que estará chegando (para poder programar campanhas de vendas ou atender encomendas). Estas ações podem parecer lógicas e até básicas, entretanto, consistem no diferencial competitivo de diversas organizações mundialmente conhecidas, como Coca-Cola e McDonald’s. Um serviço ao cliente bem formulado é uma variável importante que pode garantir, além de uma demanda, a retenção de clientes potenciais. Neste aspecto, tem-se o ponto-chave na determinação do nível de serviço, pois dificilmente se conseguirá obter um serviço diferenciado para cada um dos clientes da empresa, tendo em vista que muitos são clientes esporádicos e altamente voláteis, que não são fiéis à empresa. Clientes potenciais devem ser o foco da empresa, pois um serviço altamente diferenciado gera altos custos e, consequentemente, preços mais elevados o que tende a limitar o número de clientes em condições de adquirir o mesmo. 22 Dessa forma, deve ser analisada a necessidade do cliente quanto aos níveis de serviço nas atividades logísticas no comércio. São informações a respeito do volume dos pedidos, localização, comodidade, prazo de entrega e assim por diante. Vale ressaltar que, as expectativas dos clientes nem sempre são homogêneas, torna-se necessário agrupar os clientes em segmentos baseados em suas necessidades e exigências de distribuição. Segundo Otto e Kotzab (2003), o ideal é proporcionar um ótimo nível de serviço a segmentos específicos de clientes. Depois que os segmentos são identificados, é possível desenhar um sistema de distribuição capaz de atender às exigências de cada um dos grupos de clientes. É necessário administrar o nível de serviço e estabelecer patamares de atividades logísticas de forma que proporcionem o nível de serviço logístico planejado, sendo importante identificar os elementos-chave que determinam o mesmo. É preciso determinar as necessidades dos clientes e como elas podem ser medidas para, após, fixar os padrões de nível de serviço e planejar serviços extraordinários. Lambert, Cooper e Pagh (1998) descrevem que, muitas vezes, as empresas confundem o nível de serviço ao cliente com a concepção de satisfação de cliente, vale lembrar que, embora um serviço pode ser de altíssimo nível, não atendendo as necessidades básicas do cliente, não satisfará suas expectativas. Nem todo cliente precisa ou deve ser tratado da mesma forma. Como pouco se sabe a respeito das verdadeiras necessidades de serviços exigidos pelos clientes, muitas empresas simplesmente mantêm um elevado nível de serviço, resultando em custos de distribuição maiores do que o necessário, isto por sua vez ocasionando um maior preço final. Apesar da possibilidade de ajuste do nível de serviço para clientes ou grupos individuais, é importante manter a generalidade na medida do possível. As empresas não podem administrar efetivamente níveis de serviços separados para milhares de clientes, porém, muitas vezes, é mais econômico oferecer nível de serviço diferenciado para um número limitado de grupos de clientes. Assim, as empresas podem separar seus clientes em grupos, como por exemplo, os da construção civil que dependem exclusivamente da entrega dos pedidos, pois não trabalham com estoques em seus canteiros de obras; clientes institucionais (hospitais, restaurantes, entre outros) que exigem entregas rápidas, pois trabalham com prazos de atendimento restritos; clientes da indústria que 23 precisam confiar plenamente no serviço de distribuição e entrega dos pedidos, pois qualquer atraso pode provocar a interrupção do processo de produção ocasionando grandes prejuízos; ou os próprios varejistas que não necessitam de urgências de entregas de pedidos, pois trabalham sempre com um estoque regular para atender seu consumidor final. Dessa forma, a logística consiste em uma importante ferramenta comercial a fim de entregar o produto certo, na hora e local adequados, na qualidade exigida, a fim de satisfazer o cliente. Diante dos diversos argumentos apresentados quanto a importância, razões e benefícios a logística assume sua importância no contexto da competitividade das organizações, assunto a ser abordado no próximo item deste material. 1.3.6 A importância da Logística para a Competitividade nas Organizações Empresariais Ao longo da história as guerras têm sido ganhas e/ou perdidas por causa do poder e da capacidade da logística dos envolvidos, ou pela a falta destes. Enquanto os generais dos tempos remotos compreenderam o papel crítico da logística, estranhamente, apenas em um passado recente é que as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem competitiva. Nesse aspecto, tem-se que vantagens competitivas, são diferenciais que promovem um aumento de fatias de mercado que algumas empresas conseguem alcançar ou lutam para isso. O gerenciamento logístico pode proporcionar uma fonte de vantagem competitiva, com uma posição de superioridade duradoura sobre os concorrentes, em termos de preferência do cliente, alcançada através da logística e da busca pela diferenciação. A vantagem competitiva pode trazer uma posição favorável para a organização de acordo com seu setor ou mercado, de maneira sustentável, para que a mesma tenha uma base fundamental de desempenho, acima da média a longo prazo. A fonte da vantagem competitiva é encontrada primeiramente na capacidade de a organização diferenciar-se de seus concorrentes aos olhos do cliente e, em segundo lugar, pela sua capacidade de operar a baixo custo e, portanto, com maior lucro. O sucesso no mercado depende de um modelo simples baseado na trilogia: 24 organização empresarial, seus clientes e seus concorrentes. No que diz respeito ao gerenciamento logístico, a vantagem competitiva pode ser auferida por meio da redução de estoques, desde que esse atenda a demanda do cliente, pela redução do lead time entre a colocação, processamento e entrega do pedido, escolha do modal de transporte adequado, bem como dos centros de distribuição e armazenagem, além da redução dos custos logísticos totais. Competir é preciso e, portanto, uma realidade que não se pode mais ignorar. Assim, todas as organizações buscam diferenciar-se de seus concorrentes para conquistar e manter clientes. O aumento da arena competitiva, representado pelas possibilidades de consumo e produção globalizadas, a necessidade de que se façam lançamentos mais frequentes de novos produtos, os quais, em geral, têm ciclos de vida curtos, e a mudança no perfil dos clientes, cada vez mais bem informados e exigentes, forçamas empresas e serem criativas, ágeis e flexíveis, mas também a aumentar a sua qualidade e confiabilidade. Sem dúvida, tarefas que estão desafiando os executivos em todo o mundo e exigindo maiores esforços, fazendo com que as empresas redirecionem suas estratégias logísticas para manterem-se competitivas. As empresas buscam se adaptar às alterações no mercado aliando as mudanças tecnológicas e as mudanças econômicas em prol de atividades logísticas flexíveis, conforme ilustra a Figura 9. Figura 9: Componentes da administração da logística Fonte: (Adaptado de LAMBERT, STOCK e VANTINE, 1998). Muitas são as teorias sobre a obtenção de vantagem competitiva. Segundo 25 estas a vantagem deveria ser o mais duradoura possível e se tornar perceptível aos olhos dos clientes, colocando assim a organização em uma posição de supremacia diante de seus concorrentes. O ponto de convergência de todas essas abordagens consiste em produzir a um custo menor, em agregar mais valor, ou em poder atender de maneira mais efetiva às necessidades de um determinado nicho de mercado. Isso tem evidenciado que a diferenciação pode ser obtida pela prestação de um maior e mais completo pacote de serviços, o que representa um desafio, pois a oferta dessas comodidades deve vir acompanhada da manutenção ou, mesmo, da redução dos preços praticados. E, ao se criarem maiores expectativas para os clientes, também a qualidade das operações passa a ser um atributo-chave. Se a empresa não for capaz de cumprir as suas promessas, o cliente ficará profundamente frustrado. Neste momento, pode ser delineada a aplicação da logística para a obtenção de vantagem competitiva. As metas da logística são as de disponibilizar o produto certo, na quantidade certa, no local certo, no momento certo, nas condições adequadas para o cliente certo ao preço justo. Assim, fica evidente a intenção de se atingir, simultaneamente, a eficiência e a eficácia nesse processo. A redução de custos se dará pela suavização e correta execução do fluxo de materiais que passará a ser feito de forma sincronizada com o fluxo de informações, possibilitando redução dos inventários, maior utilização dos ativos envolvidos, eliminação dos desperdícios, otimização dos sistemas de transporte e armazenagem. A agregação de valor poderá surgir da oferta de entregas mais confiáveis e frequentes, em menores quantidades, da oferta de maior variedade de produtos, melhores serviços de pós-venda, maiores facilidades de se fazer negócio e sua singularização na organização. Todas essas facilidades poderão ser transformadas em um diferencial aos olhos do cliente, que pode estar disposto a pagar um valor mais alto por melhores serviços, que representem benefícios. Com foco nas vantagens competitivas decorrentes da logística, a organização poderá implantar um sistema logístico. Para que um sistema logístico seja corretamente implantado e atinja os objetivos planejados, alguns pontos precisam ser observados (BALLOU, 2006): a) O sistema deve ser planejado para atender as necessidades dos clientes; b) O pessoal envolvido deve ser treinado e estar capacitado; 26 c) Devem ser definidos os níveis de serviços a serem oferecidos; d) A segmentação dos serviços deve dar-se de acordo com os requisitos de serviço dos clientes e com a lucratividade de cada segmento; e) Faz-se necessária a utilização de tecnologia de informação para integrar as operações; f) Há que haver consistentes previsões de demanda e a percepção do seu comportamento; g) Por fim, necessita-se da adoção de indicadores de desempenho que permitam garantir que os objetivos sejam alcançados. A logística poderá ser, portanto, o caminho para a diferenciação de uma empresa aos olhos de seus clientes, para a redução dos custos e para agregação de valor, o que irá ser refletido num aumento da lucratividade. Dessa forma as empresas conseguem se manter competitivas no mercado por meio das operações logísticas implementadas e utilizadas estrategicamente. 1.4 ESTRATÉGIAS LOGÍSTICAS A utilização de estratégias logísticas no ambiente empresarial pode ocorrer de diferentes formas, para tanto, há que se considerar o perfil e as características da empresa em foco. Existe hoje um leque de estratégias logísticas específicas que facilitam ao profissional logístico a busca e o alcance de diferenciais de mercado e o aumento de vantagens competitivas. Com o objetivo principal de melhorar a velocidade e a confiabilidade da resposta, as empresas precisam ser ágeis, pois, a organização ágil não somente procura colocar o cliente no centro do negócio, mas projeta todos os seus sistemas e procedimentos (CHRISTOPHER, 1997). Para manter-se competitiva no mercado atual, é necessário que haja uma estratégia bem clara definida pela empresa, para alcançar um desempenho superior que possa competir tanto em âmbito nacional como em todo o ambiente global. No entanto, muitas empresas precisam mudar o perfil de suas estruturas, dos seus sistemas gerenciais, muitas vezes até na própria cultura da organização. Como o ambiente de negócios vive em constantes mudanças, há um aumento do risco de fracasso ou de perda de posição do mercado daquelas empresas que desconsiderarem alternativas para cenários futuros. Quando não há planejamento, os responsáveis pela organização perdem muito tempo reagindo às crises em vez 27 de antecipar estratégias de mudança e desenvolvimento para lidar com esses problemas (LAMBERT; STOCK; VANTINE, 1998). Para tanto, é necessário que a organização trabalhe bem as questões relacionadas ao planejamento, que para Dornier et al. (2000), seu processo é dinâmico por natureza, pois permite que a empresa identifique estratégias para atingir os objetivos desejados, cujos fatores mais importantes para alcançar esses objetivos são: qualidade, pontualidade e produtividade. Os três objetivos principais de uma estratégia logística, segundo Ballou (2001), são: ● Redução de custos, associados à movimentação e à estocagem, pela escolha de diferentes localizações de armazéns ou pela seleção de modais alternativos de transportes, mas mantendo-se o nível de serviço; ● Redução do capital, minimizando o nível de investimento no sistema logístico e maximizando o retorno sobre o investimento; ● Melhoria no serviço, que são estratégias que reconhecem que as receitas são derivadas do nível de serviço oferecido Para Christopher (1997), para obter vantagem competitiva pode-se dividir a direção estratégica em dois vetores, sendo: ● Vantagem em produtividade, em que a empresa diminui os custos de produção com um aumento na produção, ou através de um maior volume de vendas. ● Vantagem em valor, em que a organização deve buscar maneiras de proporcionar um valor adicional ao produto ou serviço prestado que a torne diferente da concorrência. O desenvolvimento de uma estratégia de logística busca o desenho de processos que garantam o cumprimento da promessa do serviço ao cliente, como o suporte na gestão de vendas e a otimização dos custos totais da operação. Dessa forma, os componentes de um plano de logística incluem o sistema de indicadores da operação, o desenho ideal de processos que melhorem os indicadores de gestão, a definição dos requerimentos de infraestrutura de suporte à operação e o desenho da organização da gerência e operação de logística (REY, 2000). Nesse contexto, observa-se que a logística assume papel de grande importância no gerenciamento empresarial e uma estratégia logística bem estruturada, planejada e executada pode resultar em vantagens competitivas para a organização empresarial, agregando valor às suas estratégia por meio da redução de custos, melhoria do nível de serviço e a qualidade oferecida e entregue ao 28 cliente. 1.5 OPERAÇÕES LOGÍSTICAS: CONCEITOS E DEFINIÇÕESBÁSICAS Operação logística é um conjunto de atividades que devem ser executadas para atender a uma parte da cadeia de suprimentos. Ao analisar uma cadeia de suprimentos, pode-se dividi-la em quatro grandes grupos os quais exercem operações logísticas e estão diretamente relacionados a essas, sã eles: a) Grupo dos fornecedores; b) Grupo de empresas manufatureiras, que transformam as diversas matérias-primas em produtos acabados; c) Grupo dos centros de distribuição, responsáveis em receber, acondicionar e entregar os produtos aos clientes; d) Grupo dos consumidores finais. Dessa forma, as operações logísticas são subdivididas em três grandes grupos (suprimentos, manufatura e distribuição), conforme ilustra a Figura 10. Figura 10: Operações logísticas Fonte: (Construída a partir de FERRAES NETO e KUEHNE JUNIOR, 2000). 29 As operações logísticas deverão, em cada um dos grandes grupos, encontrar respostas para algumas questões, quais sejam as aplicações em análise (FERRAES NETO e KUEHNE JUNIOR, 2000), sendo essas expostas na sequência: 1.5.1 Operações Logísticas de Suprimentos Suprimento é o item administrado, movimentado, armazenado, processado e transportado pela logística. Na logística os suprimentos são os atores principais de toda a cadeia, uma vez que é com base nas características dos suprimentos que a logística define seus parâmetros (lead time, tipos de embalagem, características dos equipamentos de movimentação, modais de transporte, áreas de armazenamento e os recursos humanos e financeiros necessários). A logística é a principal responsável por assegurar a disponibilidade do item dentro dos prazos e quantidades estabelecidas pelas áreas de compras e planejamento e programação de produção (SEVERO, 2006). Nas organizações militares durante a guerra, a palavra suprimentos era muito utilizada para definir as munições, alimentos e equipamentos necessários para a batalha. Entretanto, não se pode confundir suprimentos com matéria-prima, pois a matéria-prima é um dos tipos de suprimentos existentes em uma organização. Os suprimentos incluem todas as atividades de compras, seleção de fornecedores (consistem nas empresas das quais se adquire os materiais e componentes necessários ao funcionamento da organização), transporte dos materiais e produtos adquiridos, conforme ilustra a Figura 11. Figura 11: Operações logísticas de suprimentos Fonte: (Construída a partir de FERRAES NETO e KUEHNE JUNIOR, 2000) 30 Por meio da atividade de suprimentos a organização obtém os diversos materiais necessários ao seu funcionamento, estando conectada aos vários fornecedores com os quais mantém contato e relacionamentos comerciais de parceria. Neste âmbito da cadeia de suprimentos percebe-se a importância das operações logísticas no desenvolvimento dos fornecedores, uma atividade de fundamental importância para garantir o abastecimento da organização. 1.5.2 Operações Logísticas de Manufatura As manufaturas surgiram durante a Revolução Industrial, em pequenas oficinas já com produção em série, porém com trabalho praticamente manual, enquanto as fábricas ou indústrias tinham porte e mecanização muito maior (GAITHER, 2001). Atualmente não existe mais esta distinção, e o termo manufaturado é sinônimo de industrializado. A manufatura consiste na produção propriamente dita, incluindo decisões sobre onde se vai produzir, ou seja, onde vai se instalar a fábrica; quanto e quando produzir determinado produto. Neste caso, fica clara a atividade de planejamento de materiais, pois é a partir das decisões acerca da manufatura que poderá ser definida toda a política compras, de estoques, armazenagem e distribuição da organização. Dependendo do segmento de atuação da empresa os materiais saem do local onde são estocados, para serem usinados e montados (processo de transformação) para posteriormente serem expedidos e armazenados até a posterior distribuição aos clientes, como ilustra a Figura 12. Figura 12: Operações logísticas na Manufatura Fonte: (Construída a partir de FERRAES NETO e KUEHNE JUNIOR, 2000). 31 Dessa forma, a manufatura refere-se ao processo de produção de bens em série padronizada, ou seja, são produzidos muitos produtos iguais e em grande volume, por meio de máquinas, ferramentas e trabalho. Esse processo pode ser manual ou com a utilização de máquinas. 1.5.3 Operações Logísticas de Distribuição Distribuição é o processo das operações logísticas responsável pela administração dos materiais a partir da saída do produto da linha de produção até a entrega do produto no destino final (KAPOOR e KANSAL, 2004). Após o produto pronto ele normalmente é encaminhado ao distribuidor que vende o produto para um varejista e em seguida aos consumidores finais, conforme ilustra a Figura 13. Figura 13: Operações logísticas na Distribuição Fonte: (FERRAES NETO e KUEHNE JUNIOR, 2000). Para a área de marketing a distribuição é um dos processos mais críticos, pois problemas como o atraso na entrega são refletidos diretamente no cliente. A partir do momento em que o produto é vendido a distribuição se torna uma atividade principal, tornando-se capaz de trazer tanto benefícios quanto problemas resultantes de sua atuação (KAPOOR e KANSAL, 2004). Dessa forma, operação de distribuição trata de decisões de como e onde se devem armazenar os produtos acabados, as peças de reposição e em que quantidade armazenar. Nesse caso a maior preocupação da organização é com o nível de serviço a ser repassado ao consumidor, uma vez que são os distribuidores que estão mais próximos aos clientes. As operações de distribuição pode ser divida 32 em outros sub-processos tais como: ● Movimentação da linha de produção; ● Expedição; ● Gestão de estoques; ● Gestão de transportes; ● Logística reversa (reciclagem e devolução), entre outros. Atualmente as empresas estão cada vez mais terceirizando suas atividades relacionadas às operações de distribuição e focando suas atividades no seu negócio central da empresa. Entretanto, a distribuição ainda tem grande importância dentro da empresa por ser uma atividade de alto custo, que está diretamente associado ao peso, volume, preço, lead time, importância na cadeia de suprimentos, fragilidade, tipo e estado físico do material. Estes aspectos influenciam na escolha do modal de transporte, dos equipamentos de movimentação, da qualificação e quantidade pessoal envolvido na operação, pontos de apoio, seguro, entre outros. Dessa forma, as operações logísticas são planejadas visando à satisfação dos clientes que é o ponto central da cadeia de suprimentos, uma vez que é onde desembocam todas as operações logísticas da empresa. Além das questões inerentes às operações logísticas, as quais possuem características fundamentais das organizações, em nível estratégico, como o impacto em múltiplas funções dentro das organizações, a troca ou trade-offs (expressão empresarial que indica compensações) do nível de serviço entre objetivos conflitantes, como aumentar vendas, diminuindo custos e barateando os produtos, ou aumentar o nível de serviço, com um acréscimo, em curto prazo, nos custos (FERRAES NETO e KUEHNE JUNIOR, 2000). Face ao exposto, as operações logísticas visam ao atendimento ao cliente, reduzindo custos e maximizando o nível de serviço oferecido. Assim, as organizações conseguem competir no mercado auferindo vantagem competitiva sobre a concorrência por um período de tempo maior. Para Novaes (2001) essas operações, da logística empresarial eram antigamente consideradas atividades de apoio, inevitáveis, que não agregavam nenhum valor ao produto. Dentro da organização empresarial, esse setor eraencarado como um mero centro de custo, sem maiores implicações estratégicas e de geração de negócios. Em uma linguagem atual, diríamos que esse setor da empresa atuava de forma reativa e não proativa. 33 1.6 ETAPAS ESSENCIAIS DA LOGÍSTICA: SUPRIMENTOS, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM, DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE Conforme Harrison e Hoek (2003), o novo ambiente da cadeia de suprimentos fará parte do futuro das organizações, sendo desencadeado pelo aumento das exigências dos consumidores, maior competitividade no mercado, evolução tecnológica e redução no ciclo de vida dos produtos. Sob essa perspectiva, Chase, Jacobs e Aquilano (2006) afirmam que a logística é o maior e mais complexo das categorias das áreas organizacionais, tendo em vista a sua crescente importância nesse ambiente e complexidade das operações que ela abrange. A logística engloba atividades desde a colocação do pedido até a entrega do mesmo ao cliente, estando centrada em três grandes áreas: (i) administração de materiais, que diz respeito aos suprimentos, transportes e armazenagem; (ii) movimentação de materiais, que consiste nas atividades de planejamento e controle dos estoques e da produção, embalagem e planejamento dos recursos da distribuição; (iii) distribuição física, que consiste nas atividades de processamento de pedidos, transporte até o cliente e armazenagem, conforme ilustra a Figura 14. Figura 14: Amplitude das operações logísticas Fonte: (Adaptado de LAMBERT, STOCK e VANTINE, 1998). 34 A logística é composta de atividades primárias (transporte, manutenção de estoques e processamento de pedidos), as quais possuem fundamental importância na redução de custos e maximização do nível de serviços. As demais atividades (armazenagem, manuseio de materiais, embalagem, suprimentos, planejamento e sistemas de informação) são consideradas atividades de apoio, pois dão suporte às atividades primárias com o intuito de satisfazer e manter clientes, além de maximizar a riqueza dos proprietários. Assim, a seguir serão explicadas individualmente cada etapa da logística: suprimentos, movimentação, armazenagem, transporte e distribuição. 1.6.1 Logística de Suprimentos Os suprimentos, no âmbito logístico, englobam o planejamento e a programação envolvidos no acompanhamento do fluxo de produtos entre a empresa e seus parceiros, fornecedores e clientes externos. O termo produtos refere-se aos fatores de produção que serão utilizados e inclui não somente os produtos materiais, mas, também, recursos financeiros e serviços. É o segmento da logística que envolve a relação entre fornecedores e a empresa. O foco é, portanto, as atividades que precedem o processo de fabricação. Na logística de suprimentos, diversas ações são planejadas e executadas para garantir não apenas a qualidade da matéria-prima, dos componentes e embalagens, mas, também, o seu abastecimento no tempo e na quantidade que representem a otimização do processo e a redução dos custos. A gestão de suprimentos abrange desde a escolha do fornecedor até a entrada dos suprimentos na organização, assim, o pedido deve atender às necessidades e exigências dos clientes, no que se refere à qualidade, quantidade, prazos, custos, entre outros requisitos, além de envolver elevado volume de recursos. O responsável pelos suprimentos na organização responde pela aquisição de materiais na quantidade e qualidade desejadas, no tempo necessário ao melhor preço possível, do fornecedor adequado. Conforme a Figura 15, a gestão de suprimentos inicia-se com a seleção das fontes de suprimentos necessários, emitindo-se o pedido para o fornecedor selecionado, que após o processamento do pedido transportará os produtos ou insumos ao cliente, o que pode tornar-se um ciclo, desde que o cliente sinta-se satisfeito e o fornecedor lhe proporcione a melhor relação custo-benefício. 35 Figura 15: Atividades do ciclo de suprimento Fonte: (BOWERSOX e CLOSS, 2001, p. 59). O sucesso da gestão de suprimentos está relacionado ao gerenciamento dos pedidos, visando à satisfação do cliente. Com base em informações estratégicas de seus clientes potenciais a organização identifica as necessidades dos mesmos, desenvolvendo um relacionamento de parceria. Essa parceria é desenvolvida não só com clientes, mas com fornecedores, que são de extrema relevância na obtenção de baixos níveis de estoque e o ressuprimento contínuo. Através da parceria com fornecedores, as organizações conseguem negociar o volume de pedidos, fracionando o fornecimento em menores quantidades, reduzindo assim, seus estoques e satisfazendo seus clientes. Os fornecedores devem ser selecionados, mantendo um relacionamento de parceria, sendo que a gestão de compras deve ser analisada juntamente com a gestão de estoques, pois quanto maior o volume de compras, maiores são as vantagens obtidas do fornecedor, em contrapartida, aumenta o volume de estoques, o que geraria maiores custos. Para garantir o abastecimento contínuo, as empresas procuram desenvolver parcerias com fornecedores, que são de extrema relevância na obtenção de baixos níveis de estoque e o ressuprimento contínuo. Através dessas parcerias, as organizações conseguem negociar o volume de pedidos, fracionando o fornecimento em menores quantidades, reduzindo assim, seus estoques, pois a matéria-prima e os materiais são entregues em lotes menores, conforme a necessidade do cliente. Além dessas vantagens, pode-se elencar os seguintes benefícios provenientes do relacionamento com os fornecedores (PIÑEL, 2009): 36 ● Parceiros mais fortes e para todo o negócio; ● Foco comum na qualidade; ● Confiabilidade nas entregas; ● Redução dos níveis de estoques; ● Redução da burocracia; ● Melhoria do controle do processo; ● Dependência mútua e congruência de objetivos; ● Redução dos custos na cadeia logística. As organizações procuram atender seus clientes imediatamente, disponibilizando a quantidade desejada, a fim de superar a concorrência, implicando, por vezes, em um volume demasiado de produtos em estoque. A má administração dos estoques pode ocasionar investimentos de capital desnecessários e consequentemente a perda de mercado consumidor. O estoque compreende desde a matéria-prima, produtos e peças em processo, embalagem, produto acabado, materiais auxiliares, de manutenção e de escritório, até os suprimentos. Dessa forma, as empresas vêm buscando a redução da quantidade de produtos estocados e, para um maior controle e gerenciamento dos mesmos, as organizações utilizam-se de sistemas cada vez mais sofisticados, a fim de determinar o nível de segurança dos estoques, a qualidade do bem ou serviço, além da quantidade ideal a ser comprada. Os estoques devem ser monitorados e avaliados constantemente, pois a gestão dos mesmos depende cada vez mais de parâmetros para mensurar e controlar os produtos que são mantidos em estoques. Isso porque os estoques detêm grande parte dos custos logísticos, em função de envolver os custos de pedido, manutenção, falta de produtos, além de apólices de seguros, obsolescência, perdas e pessoal especializado. Face ao exposto, percebe-se a complexidade dos suprimentos e do seu gerenciamento, o que implica em uma multiplicidade de relacionamentos existentes dentro da cadeia de abastecimento existente entre o fornecedor da matéria-prima até este chegar ao consumidor. Desta forma, ao alongar o simples fluxo físico percorrido pelos insumos e produtos ao longo de uma cadeia de abastecimento para uma visão mais abrangente de cadeia de valor, percebe-se que se deve considerar os relacionamentos que tornam esta cadeia mais competitiva e com menores custos para cada um dos elementos da mesma. 37 A esse conjunto de relacionamentos que necessitam ser gerenciados com eficácia ecom uma filosofia de negócios mais orientada para o entendimento de que a competição está caminhando para ser entre cadeias de distribuição e não mais simplesmente entre empresas de um mesmo modelo de negócio, a fim de garantir o suprimento das organizações em ambientes cada vez mais instáveis e competitivos. 1.6.2 Logística de Movimentação A movimentação de materiais tem como objetivo a reposição de matérias- primas nas linhas ou células de produção de uma fábrica, bem como transportar o material em processamento, quando este processamento implica a realização de operações que são desempenhadas em postos de trabalho diferentes. A movimentação de materiais tem também como função a emissão de guias de remessa que deverá ser entregue ao armazém, juntamente com os produtos acabados. A movimentação de materiais não se limita apenas a movimentar, encaixotar e armazenar como também executa essas funções de acordo com o tempo e espaço disponíveis. As atividades de apoio à produção e todas as outras atividades não devem ser vistas como um número isolado e independente de procedimentos, devendo ser integradas em um sistema de atividades de modo a maximizar a produtividade total de uma instalação ou armazém. Além de a movimentação de materiais levar em consideração o tempo, o espaço, e a abordagem de sistemas, deve também considerar o ser humano, visto que, independente do tipo de operação (simples, que envolva a movimentação de poucos materiais ou complexa, que envolva um sistema automatizado), as pessoas fazem parte desse processo. Outro aspecto muito importante a ter em conta na movimentação de materiais é o balanço econômico. A entrega de componentes e produtos no tempo certo e no lugar certo torna- se importante se os custos forem aceitáveis, de modo a que a empresa tenha lucro. A combinação de todos estes aspectos traduz-se em uma definição mais completa da movimentação de materiais: a movimentação de materiais é um sistema ou a combinação de métodos, instalações, trabalho, equipamento para transporte, embalagem e armazenagem para corresponder a objetivos específicos. O sistema de movimentação de materiais engloba atividades e informações relacionadas ao cadastro das peças, ao recebimento de materiais e movimentação dos mesmos, os quais estão relacionados aos produtos em estoque e à localização 38 dos itens estocados, conforme ilustra a Figura 16. Figura 16: Atividades da movimentação de materiais Fonte: (Construído a partir de RUSSOMANO, 1976). O fluxo de movimentação de materiais, desde que bem administrado, pode ser um fator de diferencial competitivo, gerando reduções de custos e ganhos em produtividade, sendo um dos quesitos para se chegar à manufatura enxuta. Todas as vezes que movimentos desnecessários são efetuados perde-se tempo, produtividade e qualidade, bem como aumenta o custo da operação em valores reais (consumo de combustível acima do ideal, hora de trabalho do funcionário desperdiçada, aumento da manutenção preventiva e corretiva, desgaste de acessórios desnecessariamente, entre outros). Dessa forma, pode-se afirmar que a movimentação de materiais adiciona valor de local e tempo aos produtos, por torná-los disponíveis quando e onde se fizerem necessários e estão associadas às seguintes atividades (BALLOU, 2001): ● Recebimento (descarga); ● Identificação e classificação dos materiais; ● Conferência (qualitativa e quantitativa); ● Endereçamento para o estoque; ● Estocagem dos materiais; ● Remoção do estoque (separação de pedidos); ● Acumulação de itens; ● Embalagem; 39 ● Expedição; ● Registro das operações. Consequentemente, torna-se necessário buscar sempre sistemas de armazenagem que produzam eficiência no abastecimento da produção ao menor custo. Face ao exposto, as organizações devem adequar as possibilidades de movimentação às suas necessidades, efetuando um planejamento que garanta o fluxo contínuo e ininterrupto de materiais. Além disso, a escolha do tipo de movimentação, bem como os equipamentos a serem utilizados na realização dessas atividades é de extrema importância, visto que existe uma variedade de equipamentos de carga e descarga, separação de pedidos e movimentação das mercadorias do armazém. Esses equipamentos são diferenciados devido ao grau de especialização das atividades e pela extensão da força manual necessária para operá-lo. Ballou (2006) afirma que existem três categorias abrangentes de equipamentos de movimentação, os quais seguem: ● Equipamento manual – trata-se de carrinhos de duas rodas e prateleiras de quatro rodas, que proporcionam alguma vantagem mecânica na movimentação dos materiais que não requerem muitos investimentos. Esses equipamentos são indicados quando o mix de produtos em um armazém é dinâmico e o volume que flui entre as áreas não é intenso, inviabilizando um elevado investimento em equipamentos mais complexos. Caracteriza-se pela flexibilidade e pelo baixo custo, porém possui uma utilização limitada à capacidade física dos operadores. ● Equipamento misto – com esses equipamentos a rapidez, a eficiência no manuseio de materiais e o rendimento na hora trabalhada são aumentados. Trata-se de guindastes, trucks industriais, elevadores e guinchos, além da empilhadeira mecânica e suas variações. Entretanto, a empilhadeira mecânica consiste em uma parte do sistema de manuseio de materiais, sendo combinada a utilização de paletes, consistindo em um sistema com alta flexibilidade e de baixo custo. ● Equipamento inteiramente mecanizado – consiste em equipamentos controlados por computador, código de barras e tecnologia de escaneamento. Porém, para viabilizar esse tipo de sistema deve haver um fluxo constante e com um volume substancial de materiais devido ao elevado investimento que, com o tempo, pode inflexibilizar o mix de produtos e a localização dos mesmos no armazém, podendo até interromper o sistema como um todo. Com condições favoráveis ao progresso esse sistema oferece uma redução de custos operacionais e maio 40 agilidade e rapidez na separação de pedidos e manuseio de materiais. Portanto, recomenda-se que antes de determinar um novo processo, de revisar os existentes e escolher qual equipamento e o tipo de movimentação de materiais a ser utilizados, sejam verificados os princípios que norteiam a movimentação de materiais nas organizações. Os princípios, apresentados a seguir, não são regras, mas ajudam na definição de um fluxo mais contínuo da produção, evitando, portanto, movimentos desnecessários (PIÑEL, 2009). Estes princípios (adaptados pelo INSTITUTO IMAM DO MATERIAL HANDLING INSTITUTE - EUA) não são regras rígidas, mas resultam da experiência prática, oferecendo resultados positivos: 1. Princípio do planejamento - é necessário determinar o melhor método, do ponto de vista econômico, para a movimentação de materiais, considerando-se as condições particulares de cada operação. 2. Princípio do sistema integrado - deve-se planejar um sistema que integre o maior número de atividades de movimentação, coordenando todo o conjunto de operação. 3. Princípio do fluxo de materiais - é fundamental planejar o fluxo contínuo e progressivo dos materiais. 4. Princípio da simplificação - deve-se procurar sempre reduzir, combinar ou eliminar movimentação e/ou equipamentos desnecessários. 5. Princípio da gravidade - a força motora mais econômica é a gravidade, por isso ao armazenar, deve-se usá-la para evitar empilhadeiras, esteiras e equipamentos de movimentação. 6. Princípio da utilização dos espaços (Princípio da verticalização) - o aproveitamento dos espaços verticais contribui para o descongestionamento das áreas de movimentação e para a redução dos custos da armazenagem. 7. Princípio do tamanho da carga (Unitização) - a economia em movimentação de materiais