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Resenha- Mulher- Dona Flor

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA- UEPB
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO
 Autor(es): ADRIENNY DO NASCIMENTO PEREIRA
 
 RESENHA: MULHER- DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS: UM ROMANCE RELACIONAL
DAMATTA, Roberto. Mulher- Dona Flor e seus dois maridos: Um romance relacional. In: A casa & a rua: Espaço, Cidadania, Mulher e Morte no Brasil. Rio de Janeiro,1997, p.97-132
Graduação e Licenciatura em História pela Universidade Federal Fluminense (1959 e 1962). Curso de Especialização em Antropologia Social do Museu Nacional (1960); M.A e Ph.D em, respectivamente, 1969 e 1971 pelo Peabody Museum da Universidade de Harvard. Foi Chefe do Dept. de Antropologia do Museu Nacional e Coordenador do seu Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (de 1972 a 1976). É Professor Emérito da Universidade de Notre Dame, USA, onde ocupou a Cátedra Rev. Edmund Joyce, c.s.c., de Antropologia de 1987 a 2004. Atualmente é Professor Titular da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Realizou pesquisas Etnológicas entre os índios Gaviões e Apinayé. Foi pioneiro nos estudos de rituais e festivais em sociedades industriais, tendo investigado o Brasil como sociedade e sistema cultural por meio do carnaval, do futebol, da música, da comida, da cidadania, da mulher, da morte, do jogo do bicho e das categorias de tempo e espaço.
O romance relacional de Dona Flor, reflete bem a dualidade exposta por Damatta ao longo da obra, Vadinho, primeiro marido de Dona Flor representa a rua com sua liberdade, irresponsabilidade e malandragem e o segundo marido, Dr. Teodoro, representa a casa, por prezar valores familiares, ser estabilizado e um homem de bem. A história de Dona Flor, tem uma aceitação de dois homens diferentes, sendo dividida em quatro momentos. No último momento, o mais crítico ela junta o espírito de seu falecido marido com o corpo do atual, costurando casa, rua e mundo sobrenatural.
O autor faz um estudo das relações nos permitindo ultrapassar a visão tradicional de identidade nacional como algo determinado por um elemento exclusivo, sedimentando que o Brasil não é um país do carnaval, nem da pátria do homem cordial, tampouco de uma sociedade feita de desordens, mas o Brasil é o país de tudo isso, uma sociedade do sério, do legal, das comemorações da lei, mostrando que fizemos que nem Dona Flor, sistematizamos os polos, tendo uma configuração cheia de combinações. Percebe-se também que o texto nos traz a figura da mulher, para compreender e entender a sociedade desse país em suas particularidades, a mulher tem um papel relacional fundamental na estrutura ideológica brasileira, como mediadora, unindo o interno e o externo, conciliando opostos.
É perceptível na obra de Damatta o quanto a sociedade brasileira tem um vínculo de amizade forte uns com os outros, uma amizade sólida, muito séria independente de espaços internos, na qual essas relações amaciam as diferenças de desempenho e riqueza, e torna as pessoas mais humanas, com compaixão pelos seus semelhantes independente de sua posição na hierarquia. Possivelmente a história de Dona Flor nos traga isso, a vivência do brasileiro dentro de uma dualidade, casando a casa e a rua e vivendo com liberdade e restrição.
A casa & a rua é uma leitura recomendada para todas pessoas, por refletir à cerca da complexa teia de relações que estruturam a sociedade brasileira, a partir da análise do âmbito público e privado, mostrando que o brasileiro vive portanto, a dualidade entre essa ideologia da casa e da rua.

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