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IATROGENIA E POLIFARMÁCIA Os principais desafios do uso e abuso de medidas e medicamentos. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O IATROGENIA DEFINIÇÃO: Qualquer prejuízo ao paciente não decorrente da sua doença, mas de qualquer interven- ção da equipe de saúde. • Pode ser justificada ou não: O paciente que sofre lesão vascular pós acesso central justifica a iatrogenia, pois o paciente precisava disso. • Esperada ou inesperada: A lesão vascular não é esperada nos casos acima. • Iatrogenia x Erro médico: Muitas vezes a iatrogenia não vai causar dano no paciente e não necessariamente o médico vai errar ao fazer (nas iatrogenias justificadas). TIPOS DE IATROGENIA IATROGENIA POR AÇÃO: Pode ser devida a um método diagnóstico, tratamento ou prevenção. • Diagnóstico: Paciente sofre um choque anafi- lático após ser submetido a uma TC com com- traste. Nesses casos a iatrogenia foi justificada! • Tratamento: Paciente com DRGE, é tratado com Bromoprida que causa confusão, leva uma queda e fratura o fêmur. • Prevenção: Paciente vai fazer colonoscopia para rastreamento e sofre uma perfuração intestinal. IATROGENIA POR OMISSÃO: É quando o médico deixa de fazer uma medida que deveria ser feita. • Diagnóstico: Paciente com suspeita de TEP e precisa de TC contrastada para diagnosticar, mas você não faz por medo de algo. • Tratamento: Você deixa de tratar uma infecção e ela evolui para uma febre reumática • Prevenção: Paciente tem um CA de intestino porque não fez o screening esses anos! IATROGENIA POR COMUNICAÇÃO: A comunicação não é expressa da melhor forma e o paciente acaba sofrendo danos por isso, ou a iatrogenia pela grafia do médico e o paciente se confunde na hora de tomar ou na hora de dar a medicação. (Ex: Paciente idoso recebe diagnóstico de câncer de próstata leve e se suicida pensando que morreria em breve). EPIDEMIOLOGIA DA IATROGENIA • Incidência de internados: 3,4-34% sofrem algum grau de iatrogenia, destes o 59% medidas terapêuticas o 18% procedimentos diagnósticos • Idosos: Público mais acometido (2x após 65 anos e mais graves do que a maioria). • Reação adversa a medicamento (RAM): Iatrogenia mais frequente, 3-7x mais frequente em idosos e com 2-10% de mortes hospitalares. o Anticoagulantes → Hemorragia o Opioide → Delirium o Insulina → Hipoglicemia CONSEQUÊNCIAS DA IATROGENIAS • Complicações e incapacidade • Aumento de tempo de internação e de terapêuticas • Gerenciamento em saúde: Impacto nos recursos! FATORES DE RISCO → IATROGENIAS • Múltiplas comorbidades e reserva funcional diminuídas • Múltiplos médicos e polifarmácia • Excesso/falta de diagnóstico e/ou tratamento • Hospitalizados ou submetidos a cirurgias • Sintomas atípicos e ocultos • Dificuldade de comunicação e socioeconômicas FATORES DE RISCO → RAM • Idade avançada • Fragilidade • Declínio cognitivo • Polifármacia *Qualquer sintoma novo em idoso é relacionado a medicamento até prova contrária! POLIFARMÁCIA DEFINIÇÃO: Uso de > 4 drogas de uso contínuo-crônico e nem sempre erradas, mas aumentam o risco de colat. CRITÉRIOS DE BEERS (2019): Critérios que classificam os remédios potencialmente inadequados para idosos. • Medicamentos que devem ser evitados em idosos. • Medicamentos que devem ser usados com cautela em isosos. • Medicamentos evitados em condições espec. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O DROGAS EVITADAS EM DETERMINADA CONDIÇÃO V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O CRITÉRIOS DE STOPP/START: Ferramenta para ajudar a decidir que remédios suspender e que remédios inserir, dependendo da condição do paciente. COMO CHECAR A POLIFARMÁCIA? • Realizar um inventário medicamentoso: Pede pro paciente levar todos os remédios que toma em uma sacola e documentar tudo. • Perguntar a posologia, tempo de uso e motivo • Avaliar medicações prescritas e não prescritas • Perguntar sempre sobre automedicação: Analgé- sicos, AINEs, sedativos, laxativos, antialérgicos... FISIOPATOLOGIA DA RAM EM IDOSOS ALTERAÇÕES DA FARMACOCINÉTICA • Absorção alterada: Ph gástrico aumentado, menor esvaziamento gástrico e transporte ativo menor, vitaminas B12, ferro e cálcio são menos absorvidos. • Primeira passagem alterada: O volume hepático diminui, o fluxo esplâncnico diminui, por isso algumas drogas alteram no idosos como plasil e opioides. V I N I C I U S D A S I L V A S A N T O S - M E D I C I N A - U N I V E R S I D A D E F E D E R A L D E P E R N A M B U C O • Distribuição: o Tecido adiposo: Idosos tem mais tecido adiposo e o Diazepam é lipossolúvel e de longa ação, ele se distribui e fica no tecido do idoso por 6-7 dias (aumenta a meia-vida da droga!) o Menos água corporal: Queda de 15%, o que diminui a distribuição de fármacos hidrossolúveis como a digoxina, isso faz com que há aumento da concentração plasmática. o Queda da albumina: Em pacientes frágeis, a albumina é um carreador, se você tem pouca há um aumento na competição de drogas como levotiroxina, digoxina, varfarina sofrem queda na metabolização. • Metabolização: Metabolismo de fase I tende a cair, drogas como BZD, levodopa, bloqueadores do canal de cálcio aumentam a sua concentração por depender esse metabolismo de fase I. • Excreção: Fluxo sanguíneo renal diminui 1% ao ano e a taxa de filtração diminui 25-50%, por isso, cuidado com AINEs, ravaroxabana, antibióticos, lítio e digoxina que dependem da excreção. ALTERAÇÕES DA FARMACODINÂMICA • Alteração do número e afinidade de receptores: Muito variável, alguns idosos perdem receptores enquanto outros aumentam. • Pacientes são menos sensíveis ou mais sensíveis: Nunca sabemos se o paciente vai receber bem ou não a medicação, por isso devemos começar sempre com dose baixa e progredir. COMO EVITAR AS IATROGENIAS IATROGENIA POR COMUNICAÇÃO • Mudar a atitude do profissional: Tom de voz, postura, face a face, ambiente adequado. • Perceber a atitude do paciente: Ver como ele reage, para que possa adiantar os problemas. • Checar a compreensão: Pede pro paciente repetir o que explicamos. • Check list e double check: Confira duas vezes se é o paciente correto, o lado correto, a dose correta... • Cuidado com a grafia: Compreensão das prescrições para o paciente entender como toma. IATROGENIA POR AÇÃO E OMISSÃO • Diagnosticar os problemas e enfrentar cada um deles: Dor, incontinências, congestão, avaliar a causa dessas comorbidades é essencial! • START LOW, GO SLOW, BUT GO: Começar com doses baixas, aumentar lentamente, checar os efeitos adversos e aumentar até atingir o objetivo. • Introduzir remédios adequados, revisar e diminuir as prescrições • Prevenção: Considerar não só a idade, mas o conjunto! Avaliar rastreios de neoplasias, metas de hemoglobina glicada, PA, colesterol.
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