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Aula 2 - O DOMÍNIO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO rascunho

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DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO - AULA 2
Turma: 8º Período
Professor: Leonardo Zanelato
1. O DOMÍNIO DO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO:
O DIPr é o ramo do direito que visa regular os conflitos de leis no espaço em relações de caráter privado que tenham conexão internacional, determinando qual a norma jurídica nacional que se aplica a esses vínculos, que poderá tanto ser um preceito nacional como estrangeiro.
Não é correto afirmar que o DIPr seja um ramo do Direito Internacional Público, pois ele se refere a determinados aspectos das relações internacionais, mas se trata, na realidade, de um ramo do Direito interno, ainda que algumas de suas normas constem de tratados, como veremos adiante.
Temos então que o DIPr deve ser entendido como um conjunto sistemático de princípios legais e jurisprudências, cuja função precípua é a de indicar a lei adequada à apreciação de relações em contato com mais de uma ordem jurídica ao mesmo tempo, chamadas de fatos mistos ou multinacionais, geradoras dos “Conflitos de Leis nos Espaços”.
A regra geral é a de que o Direito Interno do país regule as relações dentro de seu território, e que as autoridades competentes de um ente estatal apreciem os conflitos ocorridos dentro de sua jurisdição.
Sendo assim, os Estados podem aplicar diretamente seus respectivos ordenamentos jurídicos a todas as relações sociais que se desenvolvem em seu território, pois a maioria das relações jurídicas de DIPr estão vinculadas estritamente ao território do Estado no qual os tribunais julgam uma eventual lide ocorrida entre duas partes.
No entanto, por vivermos em um mundo globalizado, as relações entre as pessoas, sejam elas físicas ou jurídicas, ultrapassam as fronteiras de um único país. 
E por isso cada Estado possui, dentro de seu ordenamento jurídico, um conjunto de regras que objetivam solucionar problemas advindos de relações privadas internacionalmente conectadas.
Esses problemas advêm pelo fato de a pessoa envolvida na relação ou possuir nacionalidade estrangeira; ou por ela ter domicílio ou sede situada no exterior; ou porque um outro fato ocorreu fora do país; ou um bem está localizado no estrangeiro ou ainda um direito foi adquirido em outro lugar, além de outras possibilidades.
Temos que o elemento essencial caracterizador do DIPr é a existência da estraneidade na relação, ou seja, a situação jurídica do estrangeiro no país em que está domiciliado; seja ela subjetiva – que é em relação a pessoa; ou objetiva – que é em relação ao contrato.
E é diante desse conjunto plural de sistemas jurídicos que nasce o objeto dessa disciplina, qual seja, o conflito de leis no qual a situação jurídica poderá ser regulada por mais de um ordenamento.
E suma, cada Estado possui suas regras próprias aplicáveis às relações jurídicas de direito privado com alguma conexão internacional.
E essas regras dizem respeito ao direito aplicável, sendo o direito nacional ou o estrangeiro, de acordo com o caso.
Importante mencionar que essas regras não resolvem a questão jurídica propriamente dita, mas tão somente indicam, dentre as possíveis ordens jurídicas com a lide, qual deverá ser a legislação aplicada pelo juiz do caso concreto.
OBJETO
Pois bem, o objeto do DIPr é disciplinar a solução dos conflitos de leis no espaço, definindo qual o ordenamento jurídico nacional aplicável a uma relação privada com conexão internacional.
Sendo assim, resolve conflitos de leis no espaço referentes ao direito privado, ele determina qual o direito aplicável numa relação jurídica de direito privado conectada à órbita internacional.
Observe-se, novamente, que o objeto do DIPr não é regular a situação conflituosa em si, como já mencionamos, mas apenas indicar a norma, nacional ou estrangeira, que deverá ser aplicada.
Há algumas concepções sobre o objeto de DIPr, por ex., a francesa, considerada uma das mais amplas, designa quatro matérias distintas como objeto: a nacionalidade, a condição jurídica do estrangeiro, o conflito das leis e o conflito de jurisdições. 
DENOMINAÇÃO
A denominação de DIPr começou a ser empregada no início do século XIX.
Alguns doutrinadores afirmam que o termo foi utilizado pela primeira vez pelo norte americano Joseph Story em 1834, em sua obra “Comentários sobre os Conflitos de Leis”.
Atualmente essa denominação é a mais empregada, inclusive no Brasil e pela Academia Internacional de Haia (um dos principais centros de estudo em matéria jurídica internacional do mundo).
A principal fonte do DIPr é a legislação interna de cada sistema, daí o motivo para se questionar a denominação “direito internacional”, que, apesar de questionada, está consagrada pela doutrina.
Uma das principais diferenças entre o DIP e o DIPr, está no fato de que, enquanto o DIP é regido nomeadamente por Tratados e Convenções, multi e bilaterais, e controlado por uma ordem de hierarquia supranacional; o DIPr é preponderantemente composto de normas elaboradas pelo legislador interno.
Uma das críticas à denominação “internacional”, relaciona-se ao fato deste termo, normalmente, referir-se a relação jurídica entre Estados, quando o DIPr praticamente só trata de interesses de pessoas privadas, sejam físicas ou jurídicas. 
Há ainda quem critique o próprio termo “direito”, alegando que ele não regula diretamente os fatos da vida na sociedade, mas simplesmente indica quais seriam as normas nacionais adequadas a efetivamente pautar as relações sociais, sendo, portanto, apenas uma espécie de “sobredireito”.
OBS: norma de sobredireito é a norma que disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas. É uma norma que disciplina outras normas.
A LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO (Decreto Lei 4.657/1942), antiga Lei de Introdução ao Código Civil, é uma norma de sobredireito, pois disciplina a emissão e aplicação de outras normas jurídicas.
Apesar de toda a crítica despejada pela doutrina, a sua denominação é mantida. 
Para Jacob Dolinger (grande jurista e especialista em Direito Internacional Privado, professor da UFRJ falecido no ano passado), a crítica serve para ensinar tudo o que o Direito Internacional Privado não é, facilitando, destarte, a compreensão do que realmente seja.
A RELAÇÃO DO DIPr COM OUTRAS DISCIPLINAS 
O DIPr é a projeção de uma dimensão internacional do direito interno.
Numa situação jurídica desenrolada em território nacional, entre nacionais domiciliados neste território, ausente qualquer elemento ou fator externo, caracterizada e regulamentada será pelo direito material nacional. 
Isso significa dizer que, em relações jurídicas ocorridas entre nacionais e dentro do mesmo território, será a situação, por obviedade, regulada pela legislação nacional e julgada pelo Poder Judiciário nacional.
O DIPr irá surgir somente quando ocorrer algum fator extraterritorial, seja no plano subjetivo da relação, seja em algum aspecto objetivo desta. 
Subjetivo - quando disser respeito as pessoas.
Objetivo - quando disse respeito a relação jurídica; ao contrato firmado ou ao direito adquirido.
Quando isto ocorre, a situação está ligada a dois sistemas jurídicos diferentes e há de ser feita a escolha sobre a lei aplicável, solucionando-se pelas regras do DIPr.
Exemplos:
a) Quando nubentes têm nacionalidades ou domicílios diferentes no momento de contrair matrimônio, tem-se de determinar qual a lei aplicável às formalidades preliminares e à forma do ato em si. Esta é a dimensão internacional do direito de família.
b) E quando um contrato de compra e venda é firmado em Nova York, cujo objeto é um imóvel localizado no Brasil. É a dimensão internacional do direito das obrigações.
c) Um cidadão português, domiciliado em São Paulo, que ali morre, deixando bens e herdeiros no Brasil e em sua terra natal, apresenta-se aqui questão sucessória em sua dimensão internacional.
d) Empresa estrangeira com filial no Brasil transfere empregado para trabalhar no exterior e lá estando, depois de algum tempo, é despedido. Onde se processa a dissolução do vínculo empregatício e qual a lei aplicar?e) E a empresa brasileira que estabelece uma subsidiária na Finlândia que se dedica à pesca e, auferindo lucros, paga imposto de renda lá na Finlândia e repatria o resultado para o Brasil. Pagará imposto sobre a renda também no Brasil?
f) E o advogado formado pela renomada Universidade de Harvard, pode advogar no Brasil? E o advogado brasileiro pode advogar em Portugal?
Essas são algumas ilustrações hipotéticas das dimensões que o DIPr pode vir a tomar em seus casos concretos.
DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO E DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO
Como vimos, o DIPr não é ramo do DIP e nem se confunde com ele. Em todo caso, há ainda uma certa confusão quanto ao objeto das duas matérias.
O DIP é o ramo do direito que regula as relações internacionais, a cooperação internacional e temas de interesse da sociedade internacional, disciplinando os relacionamentos que envolvem Estado, organizações internacionais e outros atores em temas de interesse internacional, bem como conferindo proteção adicional a valores relativos à humanidade, como Direitos Humanos.
E o DIPr regula os conflitos de leis no espaço, cuidando, essencialmente, de estabelecer critérios para determinar qual a norma aplicável, nacional ou estrangeira, a relações privadas com conexão internacional.
Temos então que as regras do DIP são estabelecidas pelos Estados e organizações internacionais por meio de negociações ou de outros processos.
E as normas de DIPr, podem até ser encontradas em fontes de DIP, como nos Tratados, mas normalmente são preceitos de direito interno, estabelecido pelos próprios entes estatais, que decidem livremente qual a regra que pode pertencer a ordenamento estrangeiro, que se aplicará a determinadas relações jurídicas.
Para Hans KELSEN há uma relação bem estreita entre ambos os direitos, posto que, em sua opinião, os grandes princípios do DIPr emanam do DIP. 
É no Direito Internacional Público que se encontra toda a argumentação apriorística do direito internacional privado.
Dito isto, há sem qualquer equívoco, afinidade entre as duas disciplinas jurídicas, ambas voltadas para questões que afetam os múltiplos relacionamentos internacionais, uma dedicada às questões políticas, militares e econômicas dos Estados em suas manifestações soberanas; a outra concentrada nos interesses particulares, dos quais os Estados participam cada vez mais intensamente.
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