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Aula 9 - DIREITO DE FAMÍLIA E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 002

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Direito Internacional Privado - 8º Período - AULA 09
Professor: Leonardo Zanelato Gonçalves
1. DIREITO DE FAMÍLIA E DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO:
Na concepção de Jacob Dolinger, o Direito Internacional Privado “só surge quando ocorre algum fator extraterritorial, seja no plano subjetivo da relação jurídica, seja em algum aspecto objetivo da mesma. Quando isto acontece, a situação se encontra ligada a dois sistemas jurídicos, e há que ser feita a escolha sobre a lei aplicável, o que se soluciona por meio das regras do Direito Internacional Privado que determinam qual o direito interno apropriado para a quaestio juris.” 
Como exemplo, pode-se citar o caso de quando os nubentes possuem nacionalidade ou domicílio diferentes no momento do casamento, então é necessário determinar a lei aplicável ao casamento, às suas formalidades, ao regime de bens e até ao eventual ato de divórcio ou anulação do matrimônio.
Diante disso, percebe-se que o Direito Internacional Privado visa regular os conflitos existentes entre diferentes territórios, principalmente com relação às leis aplicáveis para solucioná-los. 
Assim, pode-se dizer que a disciplina em questão “se baseia na análise da relação jurídica e de sua qualificação, para localizar a conexão ao sistema jurídico mais adequado, visando a sua aplicação”.
Trataremos então sobre os institutos mais conhecidos do Direito de Família, quais sejam: o casamento (ou união estável), a guarda e a regulamentação de visitas dos filhos, bem como a prestação de alimentos em favor destes. 
Em alguns casos, o casamento pode ser celebrado no exterior; celebrado entre pessoas de nacionalidades diferentes; ou, ainda, celebrado em um país entre pessoas nacionais de outro território. 
Resta clara a aplicabilidade do Direito Internacional Privado às relações familiares, quando estas ultrapassarem as barreiras do território nacional, passando, assim, a depender de institutos que estabeleçam a lei aplicável ao caso, de forma a garantir a proteção que estas relações necessitam. 
2. DIREITO DE FAMÍLIA E CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
Para melhor compreensão do conteúdo da aula, importante elencar algumas relações entre o Direito de Família no Código Civil Brasileiro. 
Vejamos:
O Direito de Família no Código Civil Brasileiro de 2002 integra a Parte Especial, Livro IV. Sobre os seus institutos, analisaremos os mais importantes, quais sejam: o casamento, a união estável, a guarda e regulamentação de visitas e os alimentos em favor dos filhos. 
O casamento é conceituado no art. 1.511 do CC/02 da seguinte forma: 
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
O art. 1.514, do mesmo diploma prevê que “o casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.” 
Existe, ainda, no Direito brasileiro, a possibilidade de o casamento religioso se equiparar ao casamento civil, desde que atendidas as exigências legais, na forma dos artigos 1.515 e 1.516 do CC/02. 
Sobre a capacidade para o casamento, o Código Civil autoriza o homem e a mulher, a partir dos 16 anos, a contraírem núpcias, desde que autorizados pelos pais, é o que dispõe o art. 1.517. 
Podem os nubentes, em regra, escolherem o regime de bens que desejam adotar. Caso não manifestem expressamente o desejo por um regime específico, o código determina a adoção da comunhão parcial de bens, conforme artigos 1.639 e 1.640.
É válido apontar, suscintamente, os regimes previstos no Direito de Família Brasileiro: comunhão parcial de bens (art. 1.658, CC/02); comunhão universal de bens (art. 1.667, CC/02); participação final nos aquestos (art. 1.672, CC/02); e, separação de bens (art. 1.687, CC/02)
Sobre a dissolução da sociedade e do vínculo conjugal, o art. 1.571 prevê que: 
Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: 
I - pela morte de um dos cônjuges; 
II - pela nulidade ou anulação do casamento; 
III - pela separação judicial; 
IV - pelo divórcio. 
Além do casamento, o CC/02 reconhece a união estável como entidade familiar, senão vejamos: 
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
Há ainda a previsão de que essa união estável pode ser convertida em casamento, desde que exista pedido dos companheiros ao juiz e assento no Registro Civil, na forma do art. 1.726. 
Com a dissolução do casamento ou da união estável, em caso de existirem filhos menores, é imprescindível decidir sobre a guarda, regulamentação de visitas e alimentos para os mesmos. 
Com relação à guarda, o Código Civil prevê duas modalidades no art. 1.583, a guarda unilateral e a guarda compartilhada. 
Na forma do §1º deste dispositivo, a guarda unilateral é aquela concedida a um dos genitores, enquanto a compartilhada se caracteriza pela responsabilização de ambos os pais pelo poder familiar dos filhos. 
Sobre a regulamentação de visitas, o art. 1.589 dispõe que “o pai ou a mãe, em cuja guarda não estejam os filhos, poderá visitá-los e tê-los em sua companhia, segundo o que acordar com o outro cônjuge, ou for fixado pelo juiz, bem como fiscalizar sua manutenção e educação”. 
Os alimentos são regulados pelos artigos 1.694, e ss do CC/02, bem como pela lei nº 5.478/68. 
O Código prevê que os parentes, cônjuges e companheiros podem pedir alimentos uns aos outros, de modo compatível com sua condição social, bem como que deverão ser fixados na proporção das necessidades de quem pede e dos recursos de quem pagará. 
Vale ressaltar que, na forma do art. 1.590, “as disposições relativas à guarda e prestação de alimentos aos filhos menores estendem-se aos maiores incapazes”.
Essas são as principais considerações a se fazer sobre o Direito de Família no Código Civil Brasileiro.
3. O CASAMENTO NO DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO:
O casamento também é objeto do Direito Internacional Privado, pois não é incomum que vínculos matrimoniais e relações daí decorrentes tenham alguma conexão internacional.
É o que ocorre, por exemplo, quando os nubentes possuem nacionalidades diferentes ou domicílios em países diversos; quando contraem matrimônio em um país e se estabelecem em outro; quando possuem bens em Estados diversos, ou quando, dentro de uma obrigação alimentar, alimentante e alimentando se encontram em países distintos.
Em relação aos conflitos de leis no espaço relativas ao casamento, a doutrina estabeleceu dois sistemas: o sintético e o analítico.
Pelo sistema sintético, um só critério governa todas as relações de família, como o do domicílio ou a nacionalidade.
Já pelo sistema analítico ou plural, que é majoritário, princípios diferentes orientam a solução das diferentes questões do casamento. O Brasil adota o sistema analítico.
3.1. A celebração do casamento de estrangeiros no Brasil e de brasileiros no exterior
O casamento celebrado em um Estado é em regra regulado pelas leis locais, que também determinam as normas de DIPr.
A LINDB dispõe que o casamento realizado no Brasil é regulado pela lei brasileira “quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”, ainda que os dois nubentes, ou apenas um deles, sejam estrangeiros (art. 7º, § 1º).
Entretanto, a capacidade para casar é regida pela norma do Estado de domicílio do nubente, visto que é a lei do país em que for domiciliada a pessoa que determinará as regras sobre a sua capacidade (art. 7º, caput). 
3.2. O Casamento Consular
A LINDB faculta ao casal formado por estrangeiros da mesma nacionalidade exercerem o direito de contraírem matrimônio no Brasil perante as autoridades diplomáticas ou consulares de seu Estado de origem (art. 7º, § 2º). É o chamado casamento consular.
O casamento consular também é uma possibilidade para casais de brasileiros que vivam no exterior, que poderão celebrar núpcias tanto perante as autoridades do Estado onde se encontramcomo frente às autoridades consulares ou diplomáticas brasileiras (CC, art. 1.544, e LINDB, art. 18).
ATENÇÃO! Embora a lei brasileira não se refira expressamente às autoridades diplomáticas, recordamos que estas têm poderes de realizar atos consulares na inexistência de repartição consular e que, portanto, podem celebrar casamento consular.
Registre-se, ainda, que apenas casais brasileiros podem contrair matrimônio perante as autoridades consulares brasileiras.
Com isso, se um dos nubentes for estrangeiro, o casamento deverá ser celebrado perante as autoridades do Estado onde se encontrem (Cartório de Registro Civil).
Cabe recordar que, a teor do art. 1.544, do CC, o “casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir”.
A Lei 12.874/2013, que acrescentou parágrafos ao artigo 18 da LINDB, permite que autoridades consulares brasileiras passem a celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros no exterior.
Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado.                    
§ 1º  As autoridades consulares brasileiras também poderão celebrar a separação consensual e o divórcio consensual de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal e observados os requisitos legais quanto aos prazos, devendo constar da respectiva escritura pública as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns e à pensão alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.                   
§ 2o  É indispensável a assistência de advogado, devidamente constituído, que se dará mediante a subscrição de petição, juntamente com ambas as partes, ou com apenas uma delas, caso a outra constitua advogado próprio, não se fazendo necessário que a assinatura do advogado conste da escritura pública.                        
3.3. O Casamento de estrangeiros no Brasil e casamento de brasileiros no exterior: informações importantes:
	CASAMENTO DE ESTRANGEIROS NO BRASIL
	CASAMENTO DE BRASILEIROS NO EXTERIOR
	Regra geral: regulado pela lei brasileira “quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração”
	Regra geral: regulado pela lei do Estado onde se celebra o matrimônio
	Capacidade para casar: regida pela lei do Estado de domicílio do estrangeiro (art. 7º, § 1º:  Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração).
	Possibilidade de casamento consular para casal de brasileiros, regido pelas leis brasileiras
	Possibilidade de casamento consular para casal com dois estrangeiros da mesma nacionalidade, regido pelas leis do Estado da representação
	O brasileiro que venha a residir no país deve registrar no Brasil o casamento celebrado no exterior até 180 dias após o retorno.
3.4. O registro no Brasil do casamento celebrado no exterior:
O casamento realizado no exterior produz efeitos no Brasil, independentemente de qualquer registro em nosso país, impedindo outro matrimônio (entendimento do STJ).
Com isso, o ato de contrair núpcias em mais de um Estado configuraria crime de bigamia, conforme art. 235, do Código Penal.
O casamento realizado no exterior somente não será reconhecido no Brasil se for contrário à soberania nacional, à ordem pública e aos bons costumes, como no caso de um matrimônio polígamo (LINDB, art. 17).
Em todo caso, o Código Civil estabelece norma que abrange os brasileiros que contraíram núpcias no exterior e que venham a residir no Brasil, determinando o registro perante as autoridades brasileiras no prazo de 180 dias, a teor do art. 1.544.
O objetivo desse registro é dar publicidade ao casamento celebrado no exterior em território brasileiro e provas a sua ocorrência.
Com isso fica mais claramente indicado o estado civil das pessoas, em benefício da segurança jurídica, evitando ainda trâmites custosos sempre que for necessário comprovar o estado civil.
Atenção! A necessidade de registro aplica-se apenas aos casamentos realizados no exterior, em que apenas um ou ambos os cônjuges sejam brasileiros, e que sejam celebrados perante autoridades estrangeiras ou por autoridades diplomáticas e consulares brasileiras, e quando os brasileiros vierem fixar residência no Brasil.
Com isso, o casamento de estrangeiros celebrado no exterior não necessita de registro no Brasil e pode ser provado pela certidão de casamento estrangeira, traduzida oficialmente e legalizada pela autoridade consular brasileira no exterior.
Em todo caso, o STF permite o registro no Brasil do casamento celebrado no exterior, de estrangeiros, que posteriormente se naturalizam brasileiros, para possibilitar a eventual averbação de sentença homologatória de separação ou de divórcio consensual.
Para fins de registro, a prova do casamento celebrado no exterior é feita de acordo com a lei do Estado onde o matrimônio foi contraído, quando o ato teve lugar perante as autoridades locais, ou com a lei brasileiro, quando realizado no consulado.
É necessária também que a certidão emitida pela autoridade local seja legalizada pela autoridade brasileira no exterior ou feita nos termos do regulamento consular, na hipótese de casamento consular (Lei 6.015, art. 32).
Cabe ressaltar que mesmo o casamento consular de brasileiros no exterior deve ser registrado no Brasil, não obstante a existência de uma certidão emitida por representação brasileira no exterior, pois os atos de registros lançados nos livros consulares destinam-se, especialmente, a atender à circunstâncias de ausência do Brasil das partes interessadas (as partes não se encontram no Brasil), tendo plena validade, no entanto, apenas enquanto estas estão no exterior.
Há entendimento doutrinário de que essas certidões deveriam ter plena validade no Brasil para se evitar negar fé aos documentos públicos.
	REGISTRO NO BRASIL DO CASAMENTO CELEBRADO NO EXTERIOR: informações importantes
	· O casamento celebrado no exterior é válido no Brasil independentemente de registro
· O casamento de estrangeiro celebrado no exterior é provado pela certidão de casamento estrangeira, traduzida oficialmente e legalizada pela autoridade consular brasileira
· O brasileiro que casou no exterior e venha morar no Brasil deve registrar o casamento em até 180 dias após ter retornado
· O casamento deve ser registrado no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1º Ofício da Capital do Estado em que vierem a residir
	· Em caso de domicílio desconhecido, o registro será feito no 1º Ofício do Distrito Federal
· Documentação: certidão emitida pela autoridade local legalizada pela autoridade brasileira no exterior ou feita nos termos do regulamento consular
· Possibilidade de registro de casamento de estrangeiros que se naturalizarem brasileiros, para eventual averbação de sentença homologatória de separação ou de divórcio consensual.
3.5. A constância e o fim do casamento no Direito Internacional Privado:
 
Sabemos que a regra geral para a regulamentação do casamento no Brasil é a do domicílio conjugal, nos termos do art. 7º, caput, da LINDB:
A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.
Então a lei do lugar é que regula as questões relativas à forma e à substância do casamento.
Assim, a regra é que, “se o casamento é válido segundo o direito do país em que foi celebrado, é válido no estrangeiro. Constitui-se um ato jurídico perfeito e, porconseguinte, é existente, válido e eficaz”.
A norma o art. 7º, § 1º, da LINDB, que consagra o princípio da locus regit actum e determina que:
Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração.
Então, na leitura do §1º, percebe-se que ele só se refere ao casamento realizado no Brasil. 
No entanto, conforme entendimento de Jacob Dolinger, essa regra deve ser interpretada de forma bilateral, ou seja, “na hipótese de casamento realizado no exterior por pessoas domiciliadas no Brasil, serão observadas as formalidades da legislação local”.
O § 2º, do art. 7º, dispõe o seguinte:
O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes.
Com relação ao §2º, verifica-se que “o Cônsul ou diplomata estrangeiro no Brasil só poderá celebrar o casamento de duas pessoas de mesma nacionalidade”. 
Nesse caso, o critério não é o domicílio, mas sim a nacionalidade, uma vez que trata dos poderes que os consulares ou diplomatas têm de proteger os seus nacionais não domiciliados naquele país.
Jacob Dolinger dá um exemplo que deixa bem clara a situação apontada acima: 
Se um representante estrangeiro oficiar o casamento de indivíduo de sua nacionalidade com um brasileiro, nosso país não reconhecerá a celebração, pois terá ocorrido um atentado à nossa soberania. O mesmo se dá na hipótese de o representante estrangeiro celebrar o casamento de dois estrangeiros, em que um apenas é de sua nacionalidade. Em ambas as situações, o funcionário diplomático ou consular terá exorbitado de seus poderes.
Este é o entendimento da doutrina e jurisprudência, tratando-se de uma questão de harmonia, onde “não devo dar a meu representante no exterior poderes mais amplos do que aqueles que reconheço no representante de soberania estrangeira em meu país”
Maria Berenice Dias afirma que, “quer sejam ambos ou somente um dos noivos brasileiros, o casamento no exterior pode ocorrer tanto perante as autoridades consulares brasileiras como perante as autoridades locais”
Se realizado perante o consulado brasileiro, vale ressaltar a regra do art. 1.544 do Código Civil de 2002, que dispõe o seguinte: 
Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. 
Sobre o registro, Berenice Dias diz que o efeito é apenas declaratório, possuindo efeito ex tunc, ou seja, o registro produz efeitos desde a data da celebração.
Já para os estrangeiros que queiram se casar no Brasil, a regra é que o matrimônio pode ser concebido “perante a autoridade diplomática do país de origem dos noivos, em que se aplica a legislação do país de ambos”. 
Ademais, devem ser respeitadas as regras da legislação brasileira, ou seja, “é necessário que ambos sejam da mesma nacionalidade, pois somente podem casar perante a autoridade diplomática ou consular de seu país (LINDB 7.º §1.º)”.
Os impedimentos para os casamentos estão no Código Civil, nos artigos 1.521, I a VII, e, 1.523, I a IV. E as formalidades do casamento estão também no Código Civil, nos artigos 1.525 1.542, e ainda na Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos).
Com relação a UNIÃO ESTÁVEL, ela é reconhecida pelo Código Civil Brasileiro de 2002 no art. 1.723, que possui como requisitos a convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituição de família. 
Rodrigo da Cunha Pereira conceitua a união estável como “[...] a relação afetivo-amorosa entre duas pessoas, “não adulterina” e não incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo sob o mesmo teto ou não, constituindo família sem o vínculo do casamento civil”. 
É válido mencionar alguns países que reconhecem e regulamentam o instituto da união estável, cada um com alguma particularidade, mas que, no geral, visam o mesmo objetivo de ampliar a incorporação do termo “família” e se adequar às novas relações familiares que vêm surgindo ao longo do tempo. 
São alguns deles: Itália, Cuba, México, Venezuela, Guatemala, Panamá, Colômbia, Bolívia, França e Portugal.
4. DIVÓRCIO:
Segundo Yussef Said Cahali “o divórcio é causa terminativa da sociedade conjugal; porém, este possui efeito mais amplo, pois dissolve o vínculo matrimonial”.
Maria Berenice Dias sustenta que “sendo um ou ambos os cônjuges brasileiros, é de competência da justiça brasileira a dissolução do casamento realizado no estrangeiro, quando o casal reside no Brasil e o casamento foi levado a registro cartorário”; isto por conta do fato de que o Direito de Família é regido pela lei do domicílio, conforme já destacado anteriormente.
O art. 7º, § 6º, da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dispõe o seguinte: 
Art. 7º. § 6º. O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais.
Essa redação foi dada para adequar a norma à Constituição Federal, mas, após a EC 66/2010, com a modificação do art. 226, § 6º da CF/88, tornou-se inexigível o prazo de 01 (um) ano contado da data da sentença, ou de qualquer outro, pois extinguiu-se a necessidade da separação judicial por mais de um ano anteceder o divórcio, podendo este ser realizado diretamente.
Assim, conclui-se que “o divórcio obtido no estrangeiro somente terá efeito no território nacional se homologado pelo STJ”. 
HOMOLOGAÇÃO DE DIVÓRCIO
De acordo com a orientação do Portal Consular do Ministério das Relações Exteriores, o brasileiro que se divorciou no exterior deverá homologar a sua sentença estrangeira de divórcio pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) com posterior averbação em cartório brasileiro, ainda que o casamento não tenha sido registrado em Repartição Consular. 
Somente assim seu divórcio terá efeito no Brasil. 
O mesmo procedimento se aplica ao cônjuge estrangeiro que tenha se divorciado de brasileiro (a) no exterior.
Somente após a homologação e a respectiva averbação do divórcio em cartório brasileiro poderá ser feito o registro de novo casamento em Repartição Consular.
A fim de requerer a homologação, deverá a parte interessada constituir advogado habilitado no Brasil, ao qual encaminhará a seguinte documentação:
a) original da sentença estrangeira de divórcio e anexos (se houver)
b) original da certidão consular de casamento, ou o original da certidão estrangeira de casamento.
c) procuração em favor de advogado; e
d) declaração de concordância, dada pelo ex-cônjuge, com firma reconhecida em Notário Público.
Todos os documentos estrangeiros deverão ser legalizados pelo Consulado ou Embaixada brasileiros da jurisdição onde os atos se originaram.
Todos os documentos em língua estrangeira, deverão ser traduzidos no Brasil, por tradutor público juramentado.
Falaremos adiante sobre a homologação de sentenças estrangeiras.
Por outro lado, se tratando de estrangeiros divorciados que venham a estabelecer domicílio no Brasil, alguns doutrinadores defendem a dispensa de homologação, registrando que “não será de exigir-se a homologação da sentença quando os estrangeiros, já divorciados no país de origem, aqui venham a instalar domicílio, portando um novo estado conjugal perfeito e acabado”.
Então o divórcio de estrangeiros realizado no estrangeiro, dispensa ahomologação do divórcio no Brasil.
Ao homologar a sentença, é importante frisar que o magistrado deve se ater aos termos nela descrito, independentemente do país em que tenha sido proferida, dessa forma, por exemplo, se a sentença foi proferida em um país onde o divórcio produz efeitos apenas para a separação de corpos e bens, não dissolvendo efetivamente o vínculo matrimonial, a sua homologação do Brasil não poderá ampliar o conteúdo para conferir os efeitos de divórcio deste país.
Caso queiram ampliar os efeitos da sentença estrangeira de divórcio, deverão ingressar com um novo pedido judicial no Brasil, caso aqui estejam domiciliados.
Vencido o tema do casamento, passemos ao Regime de Bens.
5. O REGIME DE BENS:
O regime de bens, legal ou convencional, é regido pela lei do Estado em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal (LINDB art. 7º, § 4º), orientação confirmada pela jurisprudência.
Obs: O regime de separação convencional é o que as partes escolhem por liberalidade, já o obrigatório ou legal, é o imposto por lei para os maiores de 70 anos dentre outros.
Sendo assim, a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro dispõe no art. 7º, § 4º, que:
O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.
Como sabemos o Brasil adota o regime legal de bens como sendo o de comunhão parcial, mas, querendo, os nubentes podem optar por outros regimes disponíveis, quais sejam, a comunhão universal, a separação convencional e a participação final nos aquestos.
Vale ressaltar que, a regra que deve predominar é a de que “perante o direito internacional privado, deve ser o domicílio, e não a nacionalidade, que determinará as regras sobre os direitos de família”. 
Entretanto, cabe lembrar que somente a autoridade judiciária brasileira pode conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil (art. 12, § 1º).
Na vigência do CPC revogado, a jurisprudência sedimentada no STF e no STJ era no sentido de que a competência exclusiva da jurisdição brasileira não se estendia à partilha de bens decorrente da separação do casal, limitando-se, portanto, aos casos de sucessão causa mortis. 
O atual CPC altera tal compreensão, passando a autoridade judiciária brasileira a ser exclusivamente competente para proceder à partilha de bens situados no Brasil no divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável.
Neste sentido, o artigo 23 do CPC, dispõe que compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: 
I. conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II. em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; 
III. em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional.
Por essa premissa, é certo dizer que, mesmo que um casal de estrangeiros, domiciliados no estrangeiro, que possuam bens situados no Brasil, necessitem resolver situações relativas a sucessão ou partilha desses bens, deverão ajuizar ação judicial na justiça brasileira, pois, nesse caso, sua competência é exclusiva. 
O SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA assim entende:
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. CONFIRMAÇÃO DE TESTAMENTO PARTICULAR. ARTIGO 17 DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ART. 23, II, DO CPC/2015. JURISDIÇÃO BRASILEIRA EXCLUSIVA. SOBERANIA NACIONAL.
Caso em que a sentença estrangeira confirmou testamento particular em que o de cujus dispôs de todo o seu patrimônio, o qual incluía bens situados no Brasil. Ao lado disso, as partes interessadas não manifestaram concordância.
Nos termos do artigo 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, constitui requisito indispensável ao deferimento da homologação que o ato jurisdicional homologando não ofenda a “soberania nacional”.
Hipótese em que o art. 23, II, do Código de Processo Civil de 2015 não admite jurisdição estrangeira.
Pedido de homologação indeferido.
(STJ, Corte Especial, SEC 15.924/EX, Rel. Min. Benedito Gonçalves, julgado em 18/10/2017, publicado em 27/10/2017).
OBS: Então nesse caso, o falecido estrangeiro tinha um testamento particular que destinava a totalidade dos bens para alguma pessoa, inclusive alguns situados no Brasil. Esse testamento foi confirmado pela justiça estrangeira.
Porém, a família não concordou com os termos do testamento (pois incluía bens no Brasil), e o pedido de homologação do testamento foi indeferido, pois a justiça brasileira é quem deve decidir sobre bens situados no Brasil.
O regime de bens pode ser alterado quando da naturalização do estrangeiro, nos termos do art. 7º, § 5º, da LINDB, que permite que “O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro”.
6. GUARDA E REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS
A guarda e regulamentação de visitas, assim como os alimentos em favor dos filhos, devem ser decididos por ocasião do divórcio dos cônjuges, seja consensual ou litigioso.
Maria Berenice Dias sustenta que:
Como as demandas de família são regidas pela competência territorial (LINDB 7.º), insere-se neste conceito tudo o que diz respeito aos filhos. 
No entanto, a transferência e permanência de uma criança ou adolescente para outro país, sem que haja o consentimento de um dos genitores, é equivocadamente nominado de sequestro internacional. 
Quando ocorre a subtração de forma ilícita, o procedimento de repatriação é regulado pela Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças, abreviadamente chamada de Convenção de Haia.
O DECRETO n.º 3.413, de 14 de abril de 2000, promulgou essa Convenção no Brasil.
Vale ressaltar que “não se trata de ‘sequestro’ como delito previsto no direito penal. Por isso se costuma chamar de subtração interparental ou deslocamento ilegal”. 
A Convenção de Haia faz as seguintes determinações: 
[...] que os países ratificantes enviem de volta as crianças ilicitamente retiradas do país de sua residência habitual (1.º, a). Regula a guarda e o direito de visita aos infantes (5.º e 21). Também serve para dar efetividade ao direito de visita de um dos pais ou parente, por meio dos mecanismos postos à disposição das autoridades centrais de cada Estado. É reconhecida como ilícita a retenção ou remoção quando houver violação do direito de guarda atribuído a uma pessoa, ou a uma instituição ou qualquer outro organismo, de forma individual ou conjunta, pela lei do Estado onde a criança tinha sua residência habitual imediatamente antes da conduta ilícita. O direito de guarda pode resultar de uma atribuição de pleno direito, de uma decisão judicial ou administrativa ou de um acordo (3.º).
Assim, tendo em vista que “as autoridades do país de origem apresentam melhores condições para decidir sobre a guarda e a vida da criança, é determinado o seu retorno imediato”.
Para que isto ocorra, é concedido o prazo de seis semanas para que as autoridades judiciais e/ou administrativas tomem as medidas de urgência para promoverem o retorno da criança ao país de origem.
No entanto, nem sempre a autoridade é obrigada a determinar o retorno da criança, como nas hipóteses abaixo: 
a) quando a pessoa, instituição ou organismo que tinha a seu cuidado a pessoa da criança não exercia efetivamente o direito de guarda na época da transferência ou da retenção, ou que havia consentido ou concordado posteriormente com esta transferência ou retenção; 
b) havendo risco grave de a criança, no seu retorno,ficar sujeita a perigos de ordem física ou psíquica, ou, de qualquer outro modo, ficar numa situação intolerável.
Ademais, poderá “haver recusa quando se verificar que a criança atingiu idade e grau de maturidade em que seja apropriado levar em consideração as suas opiniões sobre o assunto”, bem como “quando não for compatível com os princípios fundamentais do Estado requerido com relação à proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais”. 
Em suma, com fulcro no art. 7º da LINDB, a regulamentação de guarda e visitas dos filhos menores também deverá ser regida pela lei do domicílio.
Algumas considerações sobre o conteúdo da Convenção:
[...]
Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças
Os Estados signatários da presente Convenção,
Firmemente convictos de que os interesses da criança são de primordial importância em todas as questões relativas à sua guarda;
Desejando proteger a criança, no plano internacional, dos efeitos prejudiciais resultantes de mudança de domicílio ou de retenção ilícitas e estabelecer procedimentos que garantam o retorno imediato da criança ao Estado de sua residência habitual, bem como assegurar a proteção do direito de visita;
Decidiram concluir uma Convenção para esse efeito e acordaram nas seguintes disposições:
Capitulo 1
Âmbito da Convenção
Artigo 1
A presente Convenção tem por objetivo:
a) assegurar o retorno imediato de crianças ilicitamente transferidas para qualquer Estado Contratante ou nele retidas indevidamente;
b) fazer respeitar de maneira efetiva nos outros Estados Contratantes os direitos de guarda e de visita existentes num Estado Contratante.
Artigo 3
A transferência ou a retenção de uma criança é considerada ilícita quando:
a) tenha havido violação a direito de guarda atribuído a pessoa ou a instituição ou a qualquer outro organismo, individual ou conjuntamente, pela lei do Estado onde a criança tivesse sua residência habitual imediatamente antes de sua transferência ou da sua retenção; e
b) esse direito estivesse sendo exercido de maneira efetiva, individual ou em conjuntamente, no momento da transferência ou da retenção, ou devesse está-lo sendo se tais acontecimentos não tivessem ocorrido.
O direito de guarda referido na alínea a) pode resultar de uma atribuição de pleno direito, de uma decisão judicial ou administrativa ou de um acordo vigente segundo o direito desse Estado.
Artigo 4
A Convenção aplica-se a qualquer criança que tenha residência habitual num Estado Contratante, imediatamente antes da violação do direito de guarda ou de visita. A aplicação da Convenção cessa quando a criança atingir a idade de dezesseis anos.
[...]
Procedimento:
Como fazer o pedido de repatriação?
No caso de sequestro internacional de crianças trazidas para o território brasileiro, a atuação da autoridade central federal inicia a partir do momento em que é recebido o pedido de restituição da criança, enviado diretamente pela autoridade central estrangeira.
Portanto, se existe suspeita ou a confirmação que a criança encontra-se em território brasileiro, deverá o interessado procurar a autoridade central de seu país, cujo rol pode ser encontrado no sítio da Convenção de Haia (www.hcch.net), a qual receberá o pedido e quando estiver com os documentos completos enviará para a autoridade central brasileira, que analisará a solicitação da autoridade estrangeira, e buscará diligenciar para promover um acordo amigável entre as partes. 
Não sendo possível o acordo, e entendendo possível a aplicação da convenção encaminhará os documentos para a Advocacia Geral da União, que analisará a possibilidade de ingresso da ação de repatriação e, em sendo possível, a AGU ajuiza um pedido perante à Justiça Federal.
Outra possibilidade é que o parente que pretenda a restituição da criança contrate um advogado e ingresse diretamente em juízo. Neste caso a atuação da autoridade central brasileira se limitará a requerer a atuação da INTERPOL para a localização da criança e prestar esclarecimentos sobre os trâmites e diligências no âmbito da Convenção.
Se a criança tiver residência habitual no Brasil e estiver de maneira indevida em um país estrangeiro e um parente pretenda a repatriação para o Brasil, poderá procurar autoridade central pessoalmente ou através de advogado ou do Ministério Público. 
Nesse caso, o interessado é instruído para preencher o formulário de denúncia padrão fornecido pela ACAF (Autoridade Central Administrativa Federal) e deverá entregá-lo junto com os documentos essenciais para o início do processo (certidão de nascimento, comprovante da guarda, comprovante de residência habitual no Brasil, etc.) acompanhados das devidas traduções para a língua inglesa ou francesa ou no caso de países latino-americanos de tradução para o espanhol.
Instruído o processo com os documentos necessários a Autoridade Central Brasileira, após análise da documentação e tendo aceitado o pedido, enviará uma solicitação de repatriação diretamente a Autoridade Central Estrangeira, que deverá dar início ao pedido de repatriação para o Brasil ou pelo menos facilitar esse pedido.
Por recomendação da conferência da Haia, sempre é tentada uma solução amigável para o retorno das crianças, observando-se que um grande número de casos é resolvido por via amigável (mediação ou conciliação), com retorno voluntário da criança ao país de residência habitual.
Sítio da Convenção de Haia de 1980, relativa ao sequestro internacional de crianças:
http://www.stf.jus.br/convencaohaia/cms/verTexto.asp?pagina=pedidoRepatriacao. 
7. ALIMENTOS (parei aqui com as turmas A e B)
7.1. Homologação da sentença estrangeira de alimentos
Assim como no caso do divórcio, se já existe uma sentença fixando os alimentos, seja por ação própria ou em decorrência da dissolução do vínculo conjugal, proferida em Estado estrangeiro, compete ao STJ homologá-la, para que possa ser executada através da Procuradoria-Geral da República ou Ministério da Justiça, no Brasil, lugar de domicílio do devedor, caso ele resida aqui.
A homologação deve ser requerida de acordo com a lei do estado do devedor, conforme o art. VI, item 3, da Convenção de Nova Iorque.
O Decreto nº 56.826, de 2 de setembro de 1965 - Promulga a Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro – Convenção de Nova Iorque:
Convenção sobre a Prestação de Alimentos no Estrangeiro 
Preâmbulo 
Considerando a urgência de uma solução para o problema humanitário surgido pela situação das pessoas sem recursos que dependem, para o seu sustento, de pessoas no estrangeiro, 
Considerando que, no estrangeiro, a execução de ações sobre prestação de alimentos ou o cumprimento de decisões relativas ao assunto suscita sérias dificuldades legais e práticas, 
Dispostas a prover os meios que permitam resolver estes problemas e vencer estas dificuldades, 
As Partes Contratantes convieram nas seguintes disposições:
[...]
Artigo VI
3. Não obstante qualquer disposição da presente Convenção, a lei que regerá as ações mencionadas e qualquer questão conexa será a do Estado do demandado, inclusive em matéria de direito internacional privado.
Informações relevantes:
Alimentos Internacionais Convenção de Nova Iorque
A Convenção da ONU sobre prestação de alimentos no estrangeiro foi celebrada em 20 de julho de 1956, nos Estados Unidos da América, na cidade de Nova Iorque, e por isso é também conhecida como “Convenção de Nova Iorque sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (CNY)”. 
Trata-se de um conjunto normativo que visa à solução de conflitos, agilizando e uniformizando mecanismos, que trouxe facilidades aos processos para a fixação e cobrança de alimentos, nos casos em que as partes (demandante e demandado, sujeitos da relação jurídica alimentar) residam em países diferentes. 
O Brasil manifestou adesão à Convenção em 31 de dezembro de 1956, que foi ratificada a partir do Decreto Legislativo nº. 10 do Congresso Nacional, de 13 de novembro de 1958.
As entidades que realizam a intermediação em favor das partesinteressadas são conhecidas como Autoridades Centrais. São autoridades administrativas ou judiciárias indicadas pelos países signatários e designadas pelo Secretário-Geral das Nações Unidas. 
Recebem a denominação de Autoridade Remetente quando dão origem a um pedido de cooperação direcionado a outro país signatário e de Instituição Intermediária quando recebem um pedido de cooperação do exterior. 
No Brasil, para a Convenção de Nova Iorque, a Procuradoria-Geral da República foi designada como Autoridade Central e concentra as demandas que envolvam a cooperação jurídica internacional para prestação de alimentos.
Em síntese e de uma forma geral, os pedidos ativos de cooperação tramitam da seguinte forma: as Procuradorias da República (PR), presentes nos estados membros e em diversos municípios, quando procuradas pela parte interessada, dão início ao processo que dará origem ao pedido de cooperação. Assim, realizam as orientações necessárias para a instrução documental e providenciam sua autuação. Formado o procedimento, este será remetido fisicamente à Procuradoria-Geral da República (PGR) em seus originais. 
As Procuradorias da República serão comunicadas para providências, caso haja necessidade de complementação dos procedimentos, ou na falta de documento essencial ao seu regular cumprimento. Havendo necessidade de traduções de documentos integrantes dos procedimentos originários das Procuradorias da República, estas serão realizadas por meio de profissionais credenciados pela PGR e só então o pedido de cooperação será remetido ao país de destino.
Nas localidades onde ainda não existam Procuradorias da República, os interessados podem buscar auxílio junto às Defensorias Públicas ou a outras entidades que prestem assistência jurídica, as quais poderão prestar orientações e receber a documentação necessária, encaminhando-a à Procuradoria da República mais próxima, a fim de que seja iniciado o procedimento de cooperação.
http://www.mpf.mp.br/atuacao-tematica/sci/dados-da-atuacao/alimentos-internacionais-convencao-de-nova-iorque-1 
Não há disposição expressa em nosso ordenamento jurídico quanto a revogação do Decreto que promulgou a Convenção de Nova Iorque. Sendo assim, deve ela ser aplicada entre os países signatários e que ainda não aderiram a Convenção de Haia a seguir mencionada.
OBS: A cidade Holandesa de Haia é a cidade sede da Justiça Internacional, por isso tantas Convenções e Tratados assinados nessa cidade.
O DECRETO nº 9.176, de 19 de outubro de 2017, Promulga a Convenção sobre a Cobrança Internacional de Alimentos para Crianças e Outros Membros da Família e o Protocolo sobre a Lei Aplicável às Obrigações de Prestar Alimentos, firmados pela República Federativa do Brasil, em Haia, em 23 de novembro de 2007.
Convenção de Haia sobre Alimentos
Em 1º de novembro de 2017 entrou em vigor a Convenção da Haia sobre Alimentos, acordo internacional que facilita pedidos de pensão alimentícia entre o Brasil e dezenas de outros países.  A Convenção viabiliza medidas para acelerar e tornar mais efetivos os pedidos de prestação internacional de alimentos, ou seja, pedidos de pensões alimentícias do Brasil para o exterior e vice-versa.
Já são parte da Convenção, além do Brasil, Albânia, Alemanha, Áustria, Bélgica, Bielorússia, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Cazaquistão, Chipre, Croácia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Filipinas, Finlândia, França, Grécia, Guiana, Holanda (Países Baixos), Honduras, Hungria, Irlanda, Itália, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Montenegro, Nicarágua, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca, Romênia, Suécia, Turquia e Ucrânia. Além disso, o acordo tem vocação global e deverá atrair outros países, facilitando as pensões alimentícias em todo o mundo.  
Os pedidos tramitam pelo Ministério da Justiça, Autoridade Central para a Convenção, papel exercido por intermédio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), da Secretaria Nacional de Justiça. 
Autoridade Central
No Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), da Secretaria Nacional de Justiça, tramita os pedidos com base na Convenção de Haia sobre Alimentos, no papel de Autoridade Central designada para esta finalidade. 
Nas relações entre Estados contratantes, a Convenção de Haia sobre Alimentos substitui a Convenção das Nações Unidas sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, de 20 de junho de 1956 (Nova Iorque), na medida em que seu âmbito de aplicação entre os Estados corresponda ao âmbito de aplicação da nova Convenção. Assim deve ser aplicada a Convenção da Haia nos casos em que não couber a Convenção de Nova Iorque.
No entanto, os pedidos que permaneçam abrangidos pela Convenção de Nova Iorque devem continuar a ser enviados à Procuradoria-Geral da República (PGR), a qual exerce papel análogo ao de Autoridade Central para este tratado. 
https://www.justica.gov.br/sua-protecao/cooperacao-internacional/cooperacao-juridica-internacional-em-materia-civil/acordos-internacionais/convencao-da-haia-sobre-alimentos 
7.2. Ação de alimentos 
A Convenção de Haia de 2007, estabelece os procedimentos processuais em matéria de alimentos.
O art. 10, da referida Convenção, dispõe o seguinte:
Artigo 10 - Pedidos disponíveis
§ 1º As seguintes categorias de pedidos estarão disponíveis, no Estado Requerente, para o credor que pretenda cobrar alimentos, nos termos desta Convenção:
a) reconhecimento ou reconhecimento e execução de decisão;
b) execução de decisão proferida ou reconhecida no Estado Requerido;
c) obtenção de decisão no Estado Requerido quando não exista decisão, incluída a determinação de filiação, quando necessária;
d) obtenção de decisão no Estado Requerido quando reconhecimento e execução de decisão não forem possíveis ou tiverem sido denegados por falta de requisito para reconhecimento e execução, nos termos do artigo 20, ou por algum dos fundamentos especificados no artigo 22, alíneas b ou e;
e) modificação de decisão proferida no Estado Requerido;
f) modificação de decisão proferida em outro Estado que não o Requerido.
Então, de acordo com a alínea c, é possível o pedido inicial de alimentos mediante os procedimentos previstos na Convenção.
Trata-se então de uma situação em que não há uma sentença condenatória ao pagamento de alimentos, nem acordo judicial ou extrajudicial homologado.
Já a Convenção de Nova Iorque, dispõe que:
Artigo III 
Apresentação do Pedido à Autoridade Remetente 
1. Se o demandante se encontrar no território de uma Parte Contratante, doravante designada como Estado do demandante, e o demandado se encontrar sob a jurisdição de outra Parte Contratante, doravante designada como o Estado do demandado, o primeiro poderá encaminhar um pedido a uma Autoridade Remetente do Estado onde se encontrar para obter alimentos da parte do demandado.
Informações relevantes:
Orientações sobre pensões alimentícias no exterior
Brasília, 8/3/18 - O Dia Internacional da Mulher é um marco histórico que comemora conquistas de direitos civis pelas mulheres. Entre esses direitos, está a pensão alimentícia para si ou para os seus filhos, nos casos previstos na legislação, inclusive quando o devedor se encontre no exterior. Embora a maioria das solicitações seja feita por mulheres, os pais também podem fazer pedidos, nos casos previstos na legislação vigente.
“Uma boa notícia, não só para mulheres e crianças, mas para todos os cidadãos, é que os seus direitos não acabam nas fronteiras do país. É possível solicitar cooperação jurídica a outro Estado estrangeiro para os casos de pensão alimentícia”, destaca Luiz Roberto Ungaretti, diretor do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça.
“É importante divulgar que o pagamento de alimentos também pode ser requisitado quando o progenitor mora em outro país ou é estrangeiro. 
Hoje, vários tratados internacionais permitem solicitar e conseguir o pagamento de pensõesalimentícias no exterior”, explica Ungaretti.
O novo espaço na página do Ministério da Justiça -  www.justica.gov.br/alimentos - é dedicado aos pedidos de pensões alimentícias no âmbito internacional. Nele estão disponíveis, por exemplo, informações sobre ferramentas para obter pensões alimentícias a serem pagas no Brasil quando uma das pessoas envolvidas estiver no exterior.
No que tange à ação de alimentos pelo estrangeiro, é sabido que: 
Por aplicação da lei domiciliar dos cônjuges, ainda que estrangeiros, considera-se que, se a sentença de divórcio nada estabeleceu a respeito de alimentos nem chegou a ser homologada no Brasil, a Justiça brasileira está livre para decidir sobre tais alimentos, de acordo com os princípios do direito comum que aqui vigoram, a que se subordinam os litigantes aqui domiciliados.
Sobre a obrigação alimentar de pessoa residente no exterior, Rizzardo Nunes defende que:
Seja nacional ou estrangeiro o devedor de alimentos, se residente no Brasil, subordina-se à autoridade judiciária brasileira. A ação de alimentos é promovida, no Brasil, no foro do domicílio do credor, obedecendo-se o princípio universalmente aceito de que a lei nacional se aplica aos jurisdicionados de determinado Estado [...]. [...] De igual modo, quando a obrigação aqui deva ser cumprida. Ou a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil [...]”.
A partir do entendimento acima, verifica-se, novamente, a aplicação da lei do domicílio como forma de regência dos conflitos.
Antes de solicitar o pedido de pensão alimentícia, é preciso definir em que acordo internacional será baseado o pedido de cooperação jurídica internacional. 
Pode ser ainda que, ao invés de o devedor dos alimentos residir no exterior, ele resida no Brasil e o credor dos alimentos resida em outro país. 
Neste caso, o pedido de cooperação será encaminhado ao Departamento da SNJ do Ministério da Justiça ou a Procuradoria da República, para a propositura da ação perante a Vara Federal mais próxima do domicílio do devedor.
O MPF irá atuar, nesse caso, como representante processual em favor do alimentando.
O Código de Processo Civil dispõe no artigo 21 que:
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que:
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil;
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação
LINK ÚTIL:
Convenção de Haia sobre Alimentos
O formulário disponível no link abaixo o ajuda a verificar se o pedido referente a pensão alimentícia para criança (s) se enquadra nas situações mais comuns previstas na Convenção de Haia sobre Alimentos. 
https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSf14Mhs-2V7NCtFKN3VhN87OthLFz-XLtIMAWA0bovoOqpAmQ/viewform?c=0&w=1 
Por fim, com relação à prestação de alimentos, vimos que a sentença de alimentos proferida no estrangeiro deve ser homologada pelo STJ, assim como a de divórcio, formando, assim, um título executivo que pode ser cobrado no domicílio do devedor. 
JURISPRUDÊNCIAS DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA:
1. DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO. PROCESSUAL CIVIL. SENTENÇA ESTRANGEIRA CONTESTADA. AÇÃO DE GUARDA COMPARTILHADA JULGADA POR SENTENÇA ORIUNDA DA ALEMANHA. ARTIGOS 15 E 17 DA LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO. ARTS. 960 E SEGUINTES DO CPC/2015.
ARTS. 216-C, 216-D E 216-F DO RISTJ. REQUISITOS ATENDIDOS. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA DEFERIDO.
1. A homologação de decisões estrangeiras pelo Poder Judiciário possui previsão na Constituição Federal de 1988 e, desde 2004, está outorgada ao Superior Tribunal de Justiça, que a realiza com atenção aos ditames dos arts. 15 e 17 do Decreto-Lei n.º 4.657/1942 (LINDB), do Código de Processo Civil de 2015 (art. 960 e seguintes) e do art.
216-A e seguintes do RISTJ.
2. Nos termos dos arts. 15 e 17 da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, art. 963 do CPC/2015, e artigos 216-C, 216-D e 216-F do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça, que, atualmente, disciplinam o procedimento de homologação de sentença estrangeira, constituem requisitos indispensáveis ao deferimento da homologação, os seguintes: (i) instrução da petição inicial com o original ou cópia autenticada da decisão homologanda e de outros documentos indispensáveis, devidamente traduzidos por tradutor oficial ou juramentado no Brasil e chancelados pela autoridade consular brasileira; (ii) haver sido a sentença proferida por autoridade competente; (iii) terem as partes sido regularmente citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; (iv) ter a sentença transitado em julgado; (v) não ofender a soberania, a dignidade da pessoa humana e/ou ordem pública.
3. Entendo que o alegado descumprimento do referido acordo de guarda compartilhada não é óbice para a homologação da sentença estrangeira, pois o ordenamento jurídico brasileiro adota o sistema de delibação na hipótese, razão pela qual há que se verificar apenas a presença dos requisitos formais, não cabendo o exame do mérito.
Dessa forma, como bem argumentando na réplica às e-STJ, fls.
164-167, "o ajuizamento de ação modificativa de guarda no Brasil patrocinado pela requerida não tem o condão de obstar a homologação da sentença estrangeira". Precedentes.
4. O fato de existir uma decisão liminar do Judiciário Brasileiro regulando de forma diversa da sentença estrangeira os alimentos e a guarda de menor não importa, só por si, em ofensa à soberania da jurisdição nacional, o que impediria o deferimento do exequatur à decisão estrangeira. Precedentes.
5. A execução da sentença estrangeira no país, entretanto, deverá observar a prudente ponderação da Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, na SEC 14914-EX, aprovada à unanimidade pela Corte Especial: "Como os provimentos jurisdicionais que versam sobre guarda de menores, direito de visita, alimentos, são desprovidos de definitividade, podendo ser revisto em caso de modificação do estado de fato, tem-se que a sentença estrangeira homologada, quanto a esses pontos, será confrontada, pelo juízo da execução, com as decisões proferidas pelo Poder Judiciário brasileiro.".
6. No que concerne à gratuidade da justiça concedida em favor do requente, já foi concedida pela Presidência e merece ser mantida, nos termos do quanto salientado pela Defensoria Pública da União, pois "a situação socioeconômica do mesmo no processo em questão encontra-se em consonância com a Resolução 133/2016 do Conselho Superior da Defensoria Pública da União, a qual disciplina os critérios para aferição da hipossuficiência econômica de pessoa natural integrante de núcleo familiar cuja renda mensal bruta não ultrapasse valor fixado para atuação do órgão.". Igualmente, penso que merece acolhida o pleito de concessão da justiça gratuita à requerida, pois comprovou que não tem condições de arcar com as custas e despesas do processo.
7. Portanto, os requisitos legais se encontram plenamente atendidos neste caso, quanto à prova da citação do requerido no processo estrangeiro, ao trânsito em julgado e a estar a decisão devidamente autenticada por autoridade consular brasileira e com tradução oficial e/ou juramentada. Nesse sentido, a propósito, o parecer do MPF.
8. Pedido de homologação de sentença estrangeira deferido.
(HDE 3.014/EX, Rel. Ministro OG FERNANDES, CORTE ESPECIAL, julgado em 07/10/2020, DJe 20/10/2020)
2. INTERNACIONAL E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. ALIMENTOS. DECISÃO PROLATADA PELA JUSTIÇA DA SUÍÇA.
REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA. PREENCHIMENTO.
DEFERIMENTO.
1. Cuida-se de requerimento de homologação de sentença estrangeira formulado por NH contra IRXB, requerendo a homologação de decisão estrangeira prolatada no Juízo Distrital de Uster, Confederação Suíça, o qual fixou alimentos devidos pelo requerido, em favor do requerente.
2. O STJ exerce juízo meramente delibatório nas hipóteses de Homologação de Sentença Estrangeira. Vale dizer, cabe ao STJ, apenas, verificar se a pretensão trouxe os documentos exigidose se atende aos requisitos previstos nos arts. 3º e 5º da Res. STJ 9/2005 e nos arts. 216-C1 e 216-D do RISTJ, bem como se não fere o disposto no art. 216-F do RISTJ e no art. 6º da citada Resolução.
3. A documentação apresentada preenche os requisitos de homologabilidade enunciados pelo art. 5º da Resolução 9, de 2005, além de não ferir a soberania ou a ordem pública, o que impõe o acolhimento do pedido formulado na Inicial.
5. Pedido de homologação de sentença estrangeira deferido.
(HDE 2.654/EX, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, julgado em 04/03/2020, DJe 25/08/2020)
3. INTERNACIONAL E PROCESSUAL CIVIL. PEDIDO DE HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. ALIMENTOS. REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DA SENTENÇA ESTRANGEIRA. PREENCHIMENTO. DEFERIMENTO.
1. Cuida-se de Requerimento de Homologação de Sentença Estrangeira (de acordo de alimentos prolatada pelo Tribunal da Suíça) formulado pela Procuradoria-Geral da República em favor de CPB (fls. 1-63), contra HPB.
2. O STJ exerce juízo meramente delibatório nas hipóteses de Homologação de Sentença Estrangeira. Vale dizer, compete ao STJ, apenas, verificar se a pretensão trouxe os documentos exigidos e se atende aos requisitos previstos nos arts. 3º e 5º da Res. STJ 9/2005 e nos arts. 216-C1 e 216-D do RISTJ, bem como se não fere o disposto no art. 216-F do RISTJ e no art. 6º da citada Resolução.
3. Ainda que o requerido alegue em sua contestação que foi celebrado acordo em 2013, no Tribunal Regional de Benr-Mittelland, por meio do qual foi cancelado o pagamento da pensão alimentícia em referência a partir de 1º/10/2013 (fl. 115), o fato é que a presente homologatória tem por fundamento a obrigação alimentícia devida até 30/9/2013, como expressamente se obtém da leitura do documento de fls. 60/61.
4. Assim, tem-se que a celebração de acordo para cancelar o pagamento de pensão alimentícia após 1º/10/2013 (fl. 115) não prejudica a homologação da sentença estrangeira para execução das prestações anteriormente vencidas.
5. Cabe salientar, por fim, que a inicial foi ajuizada pelo Ministério Público Federal, na qualidade de Instituição Intermediária, nos termos da Convenção de Nova York sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro, a partir de documentação enviada pelo Departamento Federal de Justiça da Confederação Suíça (fls. 3-63).
A jurisprudência do STJ já reconheceu nesses casos a desnecessidade de autenticação consular (SEC 2.133/PT, Rel. Ministro Fernando Gonçalves, Corte Especial, DJ 8/11/2007, p. 155; SEC 7.173/EX, Rel.
Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe 19/8/2013; SEC 11.438/EX, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Corte Especial, DJe 25/5/2015; SEC 15.733/EX, Rel. Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Corte Especial, DJe 12/5/2017).
6. A documentação apresentada preenche os requisitos de homologabilidade enunciados pelo art. 5º da Resolução 9, de 2005, além de não ferir a soberania ou a ordem pública, o que impõe o acolhimento do pedido formulado na Inicial.
7. Pedido de homologação de sentença estrangeira deferido.
(HDE 735/EX, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, CORTE ESPECIAL, julgado em 04/03/2020, DJe 25/08/2020)
4. HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA. ALIMENTOS. SUÍÇA. CONVENÇÃO DE NOVA YORK E LEI DE ALIMENTOS. LEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. INSTITUIÇÃO INTERMEDIÁRIA. TRADUÇÃO JURAMENTADA E CHANCELA CONSULAR. DISPENSA. SENTENÇA HOMOLOGADA. 1. A pretensão foi articulada pelo Ministério Público Federal, na qualidade de Instituição Intermediária, nos termos do art. 2º da Convenção de Nova York Sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro promulgada pelo Decreto 56.826/1965, bem como da Lei 5.478/1965, que dispõe sobre a ação de alimentos no Brasil. Dessa forma, justifica-se a aplicação da Convenção de Nova York sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro à espécie, bem como a legitimidade ativa do Ministério Público Federal, para requerer a homologação da sentença estrangeira, tal como prevista no art. 26 da Lei 5.478/1965. 2. Esta Corte Superior já se posicionou no sentido de que a exigência da tradução da sentença estrangeira por meio de tradutor oficial ou juramentado no Brasil deve ser mitigada quando o pedido de homologação tiver sido encaminhado pela via diplomática, como ocorrido no presente caso. 3. "É dispensada a chancela consular na sentença alienígena no caso de prestação de alimentos, por força da atuação do Ministério Público Federal, como autoridade intermediária na transmissão oficial dos documentos, nos termos da Convenção sobre Prestação de Alimentos no Estrangeiro (Decreto n. 56.826, de 2.12.1965), conforme reconhecido pela jurisprudência do STF: SE 3016, Relator Min. Décio Miranda, Tribunal Pleno, publicado no DJ em 17.12.1982, p. 13,202 e no Ementário vol. 1280-01, p. 148" (SEC 7.173/EX, Rel. Ministro Humberto Martins, Corte Especial, DJe 19.8.2013). 4. Preenchidos os requisitos dos artigos 216-C e 216-D do Regimento Interno deste Superior Tribunal de Justiça, bem como não ocorrendo as hipóteses do art. 216-F do referido Regimento, impõe-se a homologação da sentença estrangeira. 5. Homologação deferida. (SEC 11.438/EX, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Corte Especial, DJe 25/5/2015).
Fim!!!
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