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RESENHA CRÍTICA: A HORA DA ESTRELA
Alydiane Mirella de Freitas Mendes, pós - graduanda em Língua Portuguesa e Produção Textual. Disciplina de Produção Textual: escrita criativa e procedimentos poéticos sob regência da professora Maria Luiza Dias. Lispector C. A hora da Estrela. Rocco, 1977. 
A narrativa de Clarice Lispector se trata de uma narrativa de uma romance onde é explorado os sonhos e o dia a dia de uma jovem que veio do nordeste para tentar a vida em uma cidade grande. 
Já na apresentação de sua obra, Clarice destaca a sua insatisfação na falta de credibilidade e atenção que era dada às suas obras no começo do seu trabalho como escritora. Isso serviu para que ela mudasse seu estilo inicial para uma escrita mais moderna. 
Na obra A Hora da Estrela, Clarice se usa de um escrito/narrador fictício (Rodrigo S.M.) para relatar a história de uma emigrante nordestina, Macabeá, órfã, que vive no Rio de Janeiro e mal se lembrava dos seus pais. Assim, Rodrigo S.M. começa o livro tentando justificar o mesmo no primeiro capítulo, além de levantar uma reflexão sobre a importância da escrita e da palavra enfatizando assim a necessidade da existência de um narrador. Em consonância, o narrador ainda continua fazendo algumas intervenções na narrativa, apresentando várias questões existenciais sobre ele mesmo e os outros personagens da história. 
No enredo da história, ainda fica evidente que a Jovem emigrante teve sua personalidade totalmente manipulada pelo moralismo e a religiosidade da tia que a criou, fazendo com que a moça experimente a solidão por muito tempo. 
A personagem principal da história de Rodrigo S.M. teve uma infância triste, sem amigos, brincadeiras e sem conforto que precisou se manter firme em seus anseios para chegar a datilógrafa. Macabéa é demitida logo no inicio da história com a justificativa de que não sabia escrever direito, mas fica no emprego por pena. Nesse momento a história de Macabeá se funde com a de Clarice, que mesmo não sendo a narradora do romance, aparece como pano de fundo desta narrativa. 
O narrador descreve Macabéa em sua forma física e do seu dia a dia, com fatos que são relevantes para compreender a vida da personagem e quem ela seria durante toda a narrativa da história. 
Outro personagem surge na história, Olímpio de Jesus, o namorado de Macabéa. O romance começou em 07 de maio, mas não fazia parte dos planos dela iniciar um namoro naquele momento. Olímpio não era um rapaz muito correto, sendo considerado mau caráter e ambicioso, uma vez que também era emigrante do Nordeste, de onde saiu porque havia matado um homem. Ele trabalhava em uma metalúrgica o que torna o namoro mais possível na cabeça de Macabéa que tem desejos de grandeza e imagina que os dois por terem profissão poderiam ir longe juntos. 
Em um determinado dia, vendo que Macabéa nunca tinha lhe dado nenhum tipo de despesa, Olímpio decide pagar um cafezinho para ela em um bar. Porém logo avisa que se com leite fosse mais caro, ela teria que pagar a diferença, demonstrando sua total falta de zelo e carinho pela Macabéa. No entanto, isso foi o suficiente para deixar a nossa querida personagem emocionada, vendo assim mesmo bondade no gesto do amado, e acaba enchendo o copo de açúcar para aproveitar, ficando enjoada depois. Logo depois em um dado passeio ao zoológico, Macabéa fica com tanto medo do rinoceronte que chega a urinar na roupa e tenta disfarçar para não desagradar ao namorado. 
Depois de certo tempo o relacionamento entre Macabéa e Olímpio acaba, e ele inicia uma relação com Glória, colega da sua ex namorada. No entanto, após descobrir que estava com tuberculose, o que deixa Glória com a consciência pesada e a convida para lanchar em sua casa. Macabéa vomita muito, repetindo o episódio que acontecera no zoológico quando Olímpio deu a ela um café que ela adoçou muito. Na oportunidade ela come demais e mesmo passando mal, não vomita para não desperdiçar o luxo do chocolate, mas sente remorsos por ter roubado uma rosquinha. O narrador tenta demonstrar aqui o quão vislumbrada Macabéa é, mesma nas pequenas coisas. 
O momento seguinte é a ida de Macabéa a uma cartomante, convencida por Glória, no intuito de saber sua sorte. A cartomante é Madama Carlota que já de cara impressiona a moça pelo requinte de sua residência. Após Madama Carlota falar um pouco sobre a sua vida, ela começou a ler as cartas para Macabéa, e nesse momento ela começa a vislumbrar um futuro de esperança que ela sempre sonhou, com a possibilidade de se casar com um estrangeiro rico que saiu nas cartas. 
Ainda deslumbra com tudo que foi dito pela cartomante, logo após sair da casa de Madama Carlota, Macabéa é atropelada por um carro importado (Mercedes-Benz) e cai na calçada sangrando e morre em seguida. Não se pode dizer que ela não encontrou o rapaz estrangeiro que tinha sido visto pela cartomante, mas infelizmente o final de Macabéa não permitiu que ela tivesse um futuro de sucesso e feliz como ela sempre desejou. Mas seu desfecho foi considerado com o ponto-chave da história, “a hora da estrela”, uma vez que no momento de atropelamento Macabéa foi vista por inúmeros telespectadores que se aglomeraram ao redor dela. 
A história dessa personagem é a representação de uma jovem nordestina sofrendo com as consequências de uma vida cheia de miséria, onde a única solução seria alcançar a riqueza a partir de um casamento. A narrativa de Rodrigo S.M. é de fato uma tentativa de demonstrar certa revolta por se encontrar exatamente na situação de marginalização em que estava Macabéa, desesperada por um meio que a tirasse daquela situação. 
No entanto, é preciso entender qual a intenção do narrador, que corresponde aqui ao autor da história em falar exatamente de uma culpa que ele mesmo carregava por se sentir culpado de viver num padrão mais elevado que a maioria da população marginalizada.
A partir da morte da personagem da história, seguimos tentando compreender qual o papel Rodrigo S.M. tem no desenvolvimento dessa história, e como ele mesmo se pôs dentro da narrativa discutindo sobre a limitação da sua obra, condenando autores de estilo de pensamento original que se utiliza de modismos, adornos e da descaracterização das palavras, bem como a exigência de uma ortografia impecável pelos autores de obras de literárias. 
Parece-me nesse momento que a fala do narrador se confunde com a fala da própria Clarice que no inicio já se auto sabota, não considerando sua obra e seus escritos importantes para a literatura daquela época. Ainda em diversos momentos pode-se difundir a história de Clarice com Macabéa, por ser as duas jovens emigrantes (no caso de Clarice, imigrante e emigrante) que muito cedo tiveram que tentar se reafirmar dentro de um conceito de poderio que vinha do patriarcado, onde os homens eram os únicos que poderiam ter sucesso e conceder uma vida digna ás mulheres.

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