Buscar

ComportamentoSuicida 529574dc4a394d2c97b5

Prévia do material em texto

Atualmente, registram-se mais de
870.000 óbitos por suicídio no
mundo, o que representa 49% de
todas as mortes por causas
externas . Apesar de não
existirem pesquisas mundiais que
indiquem equivalência para as
tentativas de suicídio, diversos
estudos demonstram que taxas
de tentativas de suicídio podem
ser mais elevadas que as do
próprio suicídio . Esses dados
acabam por implicar em um risco
considerável para o indivíduo e,
em caso de suicídio, tanto para
pessoas próximas, como
familiares e amigos, quanto para
uma parcela maior da sociedade,
quando envolve casos de suicídio
em locais públicos, como escolas
e trabalho².
C O M P O R T A M E N T O S U I C I D A
I CURSO DE EMERGÊNCIAS PSIQUIÁTICAS
SUMÁRIO
Epidemiologia  
Conceitos 
Conduta 
Casos Clínicos 
Exercícios de Fixação 
Conteúdo extra recomendado 
Referências 
EDITORES
Dara de Paula Rodrigues
Guilherme Affini
Lucas Figueira
Luís Eduardo Araújo
Mariana Cardoso
Marriethy Lima
Liga Acadêmica de Saúde Mental - Faculdade de Medicina
UFMT
CONTATO
Instagram: @lasmufmt
Email: lasmfmufmt2018@gmail.com
EPIDEMIOLOGIA
ORIENTADORA
Profª Aline Quintal
O suicídio é mais frequente no
sexo masculino, com tentativas
caracterizadas por alto grau de
letalidade. Os métodos de
suicídio mais frequentes 1
1
2
3
6
10
13
14
1,2
PROJETO SIEX UFMT
010720201402421987
1,2
1,2
registrados entre estes incluem
enforcamento, uso de arma de
fogo e salto de lugares altos. Em
relação ao sexo feminino, a
bibliografia indica maior
frequência de registros de
tentativas de suicídio e os
principais métodos envolvem
intoxicação auto infligida, como
envenenamento e ingesta de
medicamentos, o que acaba por
implicar em uma maior
probabilidade da vítima ser salva.
Em relação à idade, estudos
indicam que as maiores taxas de
suicídio são encontradas entre
pessoas idosas (acima de 75 anos
de idade). Entretanto, as taxas de
casos de pessoas mais jovens têm
aumentado nos últimos anos, já
sendo expressiva em alguns
países, como na Nova Zelândia¹.
No Brasil, a taxa de suicídio
também mostra um aumento
progressivo, chegando a 21% em
uma janela temporal de duas
décadas, o que mostra a
necessidade de estratégias de
prevenção, com o objetivo de
reduzir tais estatísticas .
CONCEITOS
QUEVEDO, 2014
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
Intenção suicida: expectativa
subjetiva e desejo que um ato
auto lesivo resulte em morte.
Ideação suicida: pensamentos de
servir como agente de sua
própria morte. Varia em
gravidade, dependendo da
especificidade de planos de
suicídio e do grau de intenção
suicida.
Tentativa de suicídio:
comportamento auto lesivo com
resultados não fatais,
acompanhado de evidências
(explícitas ou implícitas) de que a
pessoa pretendia morrer.
Tentativa abortada de suicídio:
comportamento potencialmente
auto lesivo com evidências
(explícitas ou implícitas) de que a
pessoa pretendia morrer, mas a
tentativa foi interrompida. 
Letalidade do comportamento
suicida: ameaça objetiva para a
vida relacionada a um método ou
ação suicida. 
Suicídio: morte autoprovocada
com evidências (explícitas ou
implícitas) de que a pessoa
pretendia morrer.
2
1,2
1,2
CONDUTA
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
“Pelo fato da tentativa de suicídio
ser uma condição extremamente
grave, necessita-se de uma
abordagem multidisciplinar, para
o paciente e para a família”
QUEVEDO, 2014
O atendimento clínico a fim de
avaliar um possível
comportamento suicida deve ser
feito de forma direta e empática,
sempre respeitando e
considerando a individualidade
Fontes: Adaptado de Bertolote et al., 2010; ABP, 2014.
de cada paciente. Existem
diversas estratégias para se
avaliar o risco de suicídio, porém
nenhum se mostrou mais eficaz
do que uma entrevista bem feita
e acolhedora, na qual deve ser
abordado os aspectos
predisponentes, ou seja, os que
indicam maior risco, e aspectos
protetivos relacionados a cada
paciente. Desta forma, fica
evidente que é de suma
importância um diálogo aberto e
baseado em um vínculo de
confiança entre cada profissional 
3
Figura 1: Conduta comportamento suicida. 
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
e paciente . A Figura 2 mostra
os principais fatores aos quais um
profissional de saúde deve se
atentar durante o atendimento de
pacientes com comportamento
suicida.
Sendo assim, para se estabelecer
uma relação de confiança entre
médico e paciente, é necessário
que haja um diálogo aberto,
baseado na empatia e no
respeito, com foco nos
sentimentos do paciente, para
assim se entender o contexto no
qual o mesmo está inserido.
Fontes: Adaptado de Bertolote et al., 2010; ABP, 2014.
Deve-se avaliar o estado mental
atual do paciente, investigar se
existe intenção, ideação ou plano
suicida, e se ele possui algum tipo
de apoio ou conflito social e/ou
familiar. Ademais, é importante
que o médico não demonstre
desinteresse ou choque, não
julgue o paciente ou faça
perguntas indiscretas, não
interrompa o paciente com
frequência e não faça com que o
problema pareça banal ou de fácil
resolução . O primeiro
contato médico-paciente é
4
2,4
1,2,3,4
Figura 2: Identificação e entrevista clínica 
Pacientes de baixo e médio risco,
em sua maioria, poderão ser
encaminhados para um
profissional de saúde mental,
com retorno agendado; já o
paciente de alto risco deve ser
encaminhado para a internação
imediata. Além disso, a presença
de uma rede de apoio, tanto intra
como extra hospitalar, é de
grande importância para o
tratamento desses pacientes². A
rede de apoio especializada,
muitas vezes, traduz-se em
internação hospitalar. Caso um
paciente necessite de tal
assistência, há diferentes tipos de
leitos para as mais diversas 
determinante para a tomada de
decisão sobre o tratamento que
deve ser seguido. A partir da
avaliação clínica do paciente, o
médico deve classificá-lo, de
acordo com a estratificação de
risco da Organização Mundial da
Saúde (OMS), em baixo, médio ou
alto risco de suicídio (Figura 3).
Neste ponto, é importante
lembrar que esses pacientes
alteram sua percepção de forma
muito rápida, podendo o risco
alterar com a mesma rapidez.
Após essa classificação,
determina-se o local de
tratamento, que pode ser
ambulatorial ou hospitalar .
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
Fontes: Adaptado de Bertolote et al., 2010; ABP, 2014.
5
2,3
Figura 3: Avaliação de risco. 
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
CASOS CLÍNICOS
6
situações. Os leitos nas Unidades
de Emergência Psiquiátrica em
Prontos-Socorros Gerais são
utilizados para acolher pacientes
em crise, num tempo máximo de
permanência de 24 horas. Em
casos agudos e de curta
permanência, em pacientes sem
intercorrências ou com
intercorrências clínicas e
cirúrgicas que demandem maior
atenção, costumam ser utilizadas
as Unidades Psiquiátricas em
Hospitais Gerais. Quando o
tratamento do paciente não pode
ser realizado em serviços de
menor complexidade, a
internação pode ser realizada em
leitos de Hospitais Psiquiátricos
Especializados. Por fim, há
também os Leitos de Longa
Permanência, destinados a
pacientes com comprometimento
para manutenção de atividades
básicas e que não apresentam
suporte familiar; este
atendimento recebe suporte
financeiro da assistência social. A
escolha do dispositivo de atenção
que receberá o paciente também
depende da disponibilidade a
depender do município onde se
dá a intervenção, sendo 
A.C.J., sexo feminino, 62 anos,
casada, do lar, um filho de 35
anos, é atendida no Pronto
atendimento de seu municípiodevido a tentativa de suicídio. 
O atendimento de urgência se dá
após ingestão de diversos
medicamentos e é procedida
lavagem gástrica e carvão
ativado. O marido conta que
chegou em casa e a encontrou
agitada e observou diversas
cartelas de medicamentos
diversos esvaziados. Ele acionou
o SAMU, que a levou à UPA mais
próxima de sua residência.
Após a estabilização clínica, foi
realizada uma entrevista, quando
ela relatou que não quer mais
viver e que está arrependida de
não ter conseguido tirar sua vida.
Diz que se sente um peso para
sua família e que não tem mais
solução. Conta que tem ouvido
vozes que dizem que não tem
valor e que é melhor que esteja
morta. O clínico do plantão
procede internação hospitalar
para observação e pede 
fundamental conhecer a rede de
atenção psicossocial local .7
sem resposta satisfatória. Na
investigação foi esclarecido que já
tinha feito uso de sertralina,
escitalopram, imipramina,
amitriptilina, com períodos de
estabilidade mas com diversas
interrupções do tratamento.Foi
iniciada mirtazapina 15mg (dose
inicial), carbonato de lítio 300mg,
quetiapina 25mg à noite. Foram
indicados cuidados gerais,
aferição de dados vitais e
“observação rigorosa por risco de
suicídio”. Na primeira noite de
internação, a paciente foi
encontrada vagando pelo
corredor, referindo que buscava
algum calmante para as vozes. A
dose de quetiapina foi ajustada
para 50mg ao dia. Após 21 dias
de internação, a paciente teve
alta melhorada, sem ideação
suicida já havia uma semana, em
uso de Mirtazapina 45mg ao dia,
carbolitium 900mg ao dia para
acompanhamento intensivo em
CAPS e supervisão de seus
familiares que já tinham
organizado uma rede de cuidados
a fim de não deixa-la sozinha.
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
interconsulta do médico
psiquiatra. 
Na avaliação psiquiátrica, é
observado que a paciente tem
história de transtorno depressivo
de longa data, há mais de 20 anos
e diversas tentativas de suicídio
prévias. O marido está sozinho
em casa, precisa trabalhar pois é
horista em serviços de vigilância e
trabalha à noite. O filho trabalha
viajando, está fora da cidade e
não tem data para chegar. Frente
à fragilidade da rede sócio-
familiar, o psiquiatra a considera
de alto risco para nova tentativa e
a Sra A.C.J. foi transferida para
internação em hospital
psiquiátrico.
O psiquiatra responsável pela
internação e acompanhamento
avaliou o quadro como grave e
levantou a hipótese de transtorno
depressivo recorrente, episódio
atual depressivo grave com
sintomas psicóticos. Classificação
Internacional de Doenças (CID)
F32.3. Piora importante nos
últimos dias, com risco de
suicídio, sem esperança de
melhorar. Já vinha em uso
irregular de fluoxetina 40mg ao
dia e clonazepam 3mg ao dia, 
DISCUSSÃO
7
1,3
Os dois principais fatores de  
atendimento por outras
sintomatologias, o que ressalta a
importância do atendimento
global do paciente, com
prioridade do atendimento clínico
quando necessário. Ao detectar
alguma ideação ou
comportamento de risco é preciso
ficar ainda mais atento. Pacientes
que falam sobre suicídio possuem
um risco potencial de conclusão
do ato. O profissional, depois de
uma acolhida aberta e empática,
não deve ter receio de investigar
os riscos que aquele paciente
está exposto. Existe uma
sequência de perguntas a serem
aplicadas nesse momento.
Primeiro pergunta-se sobre a
existência de planos para o
futuro, se ele julga valer a pena
viver e se a morte seria algo
aceitável naquele momento. Caso
as respostas sejam negativas nas
2 primeiras e afirmativa na
última, então questiona-se a
existência da ideia de se
machucar, sobre possuir algum
planejamento para isso e se já
houve alguma tentativa nesse
sentido. A partir de então o
raciocínio clínico precisa ser
muito criterioso no sentido de  
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
risco de suicídio são a presença
de tentativas anteriores e o
diagnóstico de uma doença
mental. Ambos citados no caso
clínico. Nas figuras anteriores,
contidas nesse documento,
demonstram o que se deve
constar em um atendimento à
pessoa em risco de suicídio.
Agora iremos debater a forma
como esse atendimento deve ser
prestado com fins à máxima
busca pelo resguardo da vida do
paciente. Apesar das estratégias
para detecção e manejo do
comportamento suicida, lembra-
se que mesmo existindo um
plano para execução do seu ato, o
momento exato da tentativa de
suicídio não é claramente
previsível e os primeiros dias
após internação hospitalar são de
maior risco, sendo fundamental a
supervisão intensiva. Para
entender os riscos envolvidos,
classificar e manejar o paciente,
primeiro precisa existir uma
fortificada relação médico-
paciente. Uma primeira
observação é que pessoas com
comportamento suicida nem
sempre aparecem diretamente ao
profissional psiquiatra. Buscam 
8
1,3
deixar-se ceder por reflexão do ato
suicida e dos fatores protetores
individuais. Depois da entrevista o
profissional está abastecido de
informações para assim definir o
paciente como de Risco Baixo, Risco
Médio ou Risco Alto. Para cada um
desses escopos existe uma
orientação de manejo, como
demonstrado na Figura 3. É
importante atentar às pessoas do
seu ciclo social, pois sabe-se que
também elas sofrem o efeito do
comportamento suicida. A
abordagem precisa englobar os
vínculos mais próximos para assim
haver de fato melhora global na
qualidade de vida e uma sólida
prevenção ao suicídio. Contudo,
apesar de por vezes ocorrerem
intervenções, muitos casos ainda
correm para a consumação do ato. A
pósvenção então figura como uma
forma de atender as pessoas
afetadas diretamente por um
suicídio, chamados “sobreviventes”.
Estudos apontam a maior ocorrência
de comportamento suicida em
famílias sobreviventes, citando
inclusive uma tendência à
similaridade da forma adotada para
tirar a vida. Portanto, a posvenção é
uma importante ferramenta de
prevenção ao suicídio, além de uma 
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
afastar objetos ou situações que
causem uma exposição imediata,
mesmo que ainda dentro do
consultório. E através da
entrevista colher maiores
informações sobre os fatores
predisponentes, precipitantes e
os fatores protetivos. Importante
destacar os sentimentos
envolvidos no momento da
ideação ou tentativa de suicídio.
Apesar de existir esse âmago por
dar fim ao sofrimento por meio
da morte, existem aspectos
positivos a tomar sobre a própria
vida. Esse é chamado caráter da
Ambivalência, presente na
maioria dos suicidas e provado
por pesquisas que revelaram ser
apenas em 25% dos casos o
desejo de morte sendo
essencialmente o fim esperado.
No restante o anseio é de
afastamento dos problemas,
entrar em sono profundo. Além
da Ambivalência, a OMS elenca a
Impulsividade e a Rigidez como
características psicopatológicas
da mente suicida. Aquela tem
aspecto temporário e despertado
por fatores precipitantes
importantes para o indivíduo,
essa tem o caráter de não 
9
econômico, político, familiar, pessoal,
profissional, racial entre outros,
trabalha para a construção da
percepção do indivíduo no mundo.
Cientes disso, sabemos que essa
temática vai bem além de uma
particular questão de saúde. É
preciso uma construção de boas
redes de apoio, sejam elas nas
famílias, igrejas, ONG’s, associações,
escolas e todos os movimentos mais
que possibilitem um reforço ao
acompanhamento psiquiátrico
incluindo intervenção
medicamentosa e ao trabalho feito
pelas equipes multiprofissionais. O
acompanhamento pós-alta deve ser
fornecido para o indivíduo e também
de sua família. A intervenção para
restabelecimento e manutenção da
saúde mental deve ser vista além da
atenção especializada, como é o
exemplo dos ambulatórios
especializados e dos Centros de
Atenção Psicossocial (CAPS). As
equipes de saúde da família também
são  um importante recurso de
detecção, prevenção e promoção de
saúde e qualidade de vida .
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
forma de detectar e tratar outras
patologias que podem terseu
gatilho no suicídio alheio. O
tratamento medicamentoso
utilizando carbonato de lítio é um
importante fator de proteção
quanto ao suicídio. Estudos
revelam que além de ser 1ª opção
de escolha para casos de
Transtorno Afetivo Bipolar (TAB),
o carbonato de lítio chega a
reduzir em 4 vezes a ocorrência
de tentativas e suicídios se
comparado a população que
utiliza um tratamento base com
outros estabilizadores de humor.
Esses números mostram-se
próximos ao avaliar pacientes
com Transtorno Depressivo
Recorrente e Bipolares. O uso de
Mirtazapina é apreciado para o
público idoso por não manifestar
efeitos cardiovasculares e é bem
indicada para aqueles que além
do Transtorno de Humor
apresentam conjuntamente perda
de apetite e insônia,
medicamento muito eficaz e bem
tolerado. Ressalta-se por fim, a
relevância de enxergar o
comportamento suicida como um
ato calcado em diversos fatores.
Todo o contexto social, 
10
1,3,5,6,8,9,10
EXERCÍCIOS
1 – R.A.B, 24 anos, sexo masculino, é
levado à Unidade de Pronto
Atendimento desacordado. O jovem 
é ineficiente e inútil para o
acompanhamento desses casos.
2 - M.G.S., 19 anos, sexo feminino,
em consulta com psiquiatra, afirma
ter recorrentes pensamentos
suicidas, já tendo planejado e
executado tais atos e, devido a isso,
ter sido encaminhada para consulta
com especialista. A paciente é
portadora de insuficiência cardíaca,
diagnosticada aos 15 anos, e está
passando pelo processo de divórcio
de seus pais, vivendo em um período
tumultuado, enquanto tenta
resguardar seu irmão mais novo do
caos familiar. Ademais, acabou de
ingressar na faculdade de medicina,
sendo, segundo ela, um dos poucos
motivos de satisfação atual. Afirma
sentir frequente desesperança e
desanimo para realizar suas
atividades cotidianas, tendo chegado
à tentativa de suicídio por duas
vezes, quando julgou não aguentar
mais.
Sobre o manejo de pacientes com
risco de suicídio, assinale a
alternativa CORRETA.
a) Em pacientes com transtornos
psiquiátricos, a ameaça de suicídio
não deve ser considerada como um
fator de risco, pois frequentemente é 
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
procurou seus vizinhos alegando
ter tomado diversas cartelas de
medicamentos, sendo
prontamente encaminhado ao
Pronto Atendimento. O mesmo se
encontrava em tratamento para
transtorno de ansiedade, fazendo
uso de benzodiazepínicos. Diante
do exposto, a Unidade de Pronto
Atendimento solicita seu parecer
para avaliação do paciente. Você
deve avaliar se o manejo deve ser
ambulatorial ou hospitalar. 
Em relação a isso, assinale a
alternativa correta.
a) O manejo ambulatorial é
sempre uma alternativa viável
para o acompanhamento de
pacientes que cometeram
tentativa de suicídio,
independentemente das causas
de base associadas.
b) Desde que haja uma rede de
suporte social adequada,
supervisão das medicações e
retornos ambulatoriais
frequentes, a medida de cuidado
ambulatorial é viável.
c) A vontade do indivíduo nunca
deve ser levada em consideração.
d) A orientação dos familiares
sobre cuidados e sinais de alarme 
11
mãe possui transtorno depressivo
maior e que sua irmã já tentou
suicídio. Segundo ele, os
sintomas depressivos começaram
após a falência de sua empresa,
mas que nunca havia passado por
período semelhante. Ao ser
questionado sobre a ocorrência
de intenção, ideação ou plano
suicida, o mesmo negou. 
Associada à menor estratificação
de risco de suicídio
a) História familiar de transtornos
mentais como, por exemplo,
depressão, ansiedade e
transtornos relacionados ao uso
de álcool e outras substâncias.
b) A história pessoal de eventos
adversos na infância como
situações de violência, morte de
um dos pais, divórcio dos pais e
modelo parental adotado pelos
pais.
c) O enfrentamento de situações
adversas atuais como, por
exemplo, , gestação indesejada,
solidão, problemas familiares,
crises financeiras, dívidas, perda
recente do lar e cometimento
recente de crime.
d) Laços familiares estáveis, ser o 
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
utilizada como forma de atrair a
atenção dos demais.
b) Nem todos os indivíduos que
cometem suicídio possuem
diagnostico de transtorno
psiquiátrico, porém a presença deste
é considerado um importante fatos
de risco.
c) Estatisticamente, a tentativa de
suicídio é mais frequente em homens
do que em mulheres. Além disso,
quanto maior o número de tentativas
suicídio, menor é a chance de que o
paciente venha a morrer.
d) Os indivíduos só atentam contra a
própria vida quando possuem a
certeza de que querem morrer,
sendo que a ambivalência quanto a
esse desejo é considerado um fator
protetivo ao suicídio.
3 – S.A.C., 36 anos, sexo masculino,
casado, se apresenta para consulta
na Unidade Básica de Saúde com
queixa de constante desanimo e
desesperança, se sentido casado e
ansioso. Refere estar passando por
problemas financeiros e ter
aumentado o uso de bebida alcoólica
nos últimos 2 meses. Tem dois filhos
pequenos e um casamento estável,
sendo que seus momentos de prazer
e tranquilidade os que são passados
juntos à sua família. Relata que sua 
12
intenção, ideação e plano suicida.
3 - LETRA D
Se considera fatores protetores
ao suicídio a existência de
suporte familiar e social, gestação
e maternidade, religiosidade,
estilo de vida saudável, com
pratica de exercícios físicos e
habilidades em resolver conflitos.
Ainda assim, é importante
lembrar que cada caso deve ser
avaliado individualmente, de
forma cuidadosa, criteriosa e
empática.
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
GABARITOS E COMENTÁRIOS
13
1 - LETRA B
O manejo do paciente depende de
vários fatores, devendo ser
individualizado. Deve-se classificar o
paciente em baixo, médio ou alto
risco para assim determinar a forma
de tratamento, considerando a
existência de transtornos
psiquiátricos, doenças físicas,
sintomas específicos e sua
severidade, o nível de
funcionamento, a rede de apoio
disponível e as motivações que
levaram o paciente à tentativa de
suicídio.
2 - LETRA B
Se configura como fatores
predisponentes para a tentativa de
suicídio a ocorrência de tentativas
previas, histórico familiar, presença
de transtornos psiquiátricos,
gênero,estado civil, ocupação,
doenças físicas e traumas. Contudo,
o paciente pode não apresentar
todos esses sintomas, sendo
necessária uma avaliação cuidadosa,
criteriosa e empática de cada
paciente, questionando-se
diretamente o paciente sobre sua 
LEITURA RECOMENDADA
"O Centro de Valorização da
Vida-CVV" conta com voluntários
treinados para conversar
prestando apoio emocional com
respeito e sigilo. São modalidades
de atendimento o telefônico (24h
por dia) e virtual (email e chat).
Através do site também é possível
consultar posto físico presenteem
algumas cidades, ter acesso a
matérias e links úteis sobre
suicídio e caso seja do seu
interesse, tornar-se um
voluntário.
https://www.cvv.org.br/ "
mantenedor da família, traços de
personalidade marcados por
curiosidade e alta libido.
LIGA ACADÊMICA DE SAÚDE MENTAL - FACULDADE DE MEDICINA UFMT
REFERÊNCIAS
14
Cartilha Suicídio: informando para
prevenir. Brasília(DF): CFM; 2014.
4. Brasil. Ministério da Saúde. Prevenção do
Suicídio: Manual dirigido a profissionais
das equipes de saúde mental. Brasília (DF);
2006.
5. Nunes F, Pinto J, Lopes M, Enes C, Botti NCL. 
O fenômeno do suicídio entre os familiares
sobreviventes: revisão integrativa. Rev.
Port. Enferm. Saúde Mental. 2016; 15:17-
22.
6 . Barnhill JW. Casos clínicos do DSM-5. 1. ed.
Porto Alegre: Artmed; 2015.
7. Silva AG, Tamai S, Marques ACPR, Silva
Filho HC, et al. Diretrizes para um modelo
de atenção integral em saúde mental no
Brasil. Associação Brasileira de Psiquiatria.
Associação Médica Brasileira. Conselho
Federal de Medicina. Federação Nacional
de Médicos. Sociedade Brasileira de
Neuropsicologia. Rio de Janeiro, 2014.
8. Passos AF, Rocha FL, Hara C, Paulino N.
Erro médico em psiquiatria – caso clínico. J.
Bras. Psiquiatr. 2009; 58 supl 1: 49-51.
9. Scalco MZ. Tratamento de idosos com
depressãoutilizando tricíclicos, IMAO, ISRS
e outros antidepressivos. Rev. Bras.
Psiquiatr. 2002; 24 supl 1: 55-63.
10. Zung S, Michelon L, Cordeiro Q. O uso do
lítio no transtorno afetivo bipolar. Arq.
Med. Hosp. Fac. Cienc. Med. Santa Casa
São Paulo. 2010; 55 supl 1: 30-37.
Suicídio – Informando para
prevenir: Cartilha de 2014 feita
da parceria entre Conselho
Federal de Medicina (CFM) e
Associação Brasileira de
Psiquiatria (ABP). Atentos às
crescentes estatísticas do
suicídio, tais entidades reuniram
informações que abordam:
definições, desmistificações,
fatores de risco, avaliação,
manejo e posvenção. Disponível
em:
https://www.abp.org.br/cartilha-
combate-suicidio. 
Figura 4: Informações CVV
Fonte: https://www.cvv.org.br/
Bertolote JM, Melo-Santos C, Botega NJ.
Detecção do risco de suicídio nos serviços
de emergência. Rev. Bras. de Psiquiatr.
2010; 32 supl 2: 87-95.
Quevedo J, Carvalho AF. Emergências
psiquiátricas. 3. ed. Porto Alegre: Artmed;
2014.
Associação Brasileira de Psiquiatria. 
1.
2.
3.

Continue navegando