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GINEAD AVALIAÇÃO EDUCACIONAL Unidade 1 - Introdução da unidade UNIDADE 1 > conhecer a história da avaliação educacional e suas principais referências e fundamentos; > analisar as representações e possibilidades da avaliação no contexto contemporâneo; > relacionar as principais tendências pedagógicas e a avaliação educacional; > articular o currículo e as práticas avaliativas. OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 2 GINEAD AVALIAÇÃO EDUCACIONAL Todos os direitos reservados. Prezado(a) aluno(a), este material de estudo é para seu uso pessoal, sendo vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, venda, compartilhamento e distribuição, sujeitando-se os infratores à responsabilização civil e criminal. A violação de direitos autorais constitui crime (Código Penal, art. 184 e Parágrafos, e Lei nº 6.895, de 17/12/1980) sujeitando-se à busca e apreensão e indenizações diversas (Lei nº 9.610/98). 3 GINEAD INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta primeira unidade, estudaremos os pressupostos da avaliação educa- cional. Conheceremos suas origens e bases, partindo de um breve histórico, passando pelos principais influenciadores, bem como a constituição dessa importante disciplina e as contribuições para sua formação, entendendo, ain- da, as colaborações da filosofia e da sociologia em tal construção. Aprenderemos, também, os principais conceitos que envolvem a avaliação, articulando-os com o currículo, passando pelos diversos elementos que com- põem os processos de ensino e aprendizagem, seus meandros, limitações e alcances. Desejamos a você bons estudos e que os conteúdos aqui estudados tragam importantes reflexões para sua formação. 1.1 HISTÓRIA DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL Para adentrarmos no campo de saberes relacionados à avaliação educacio- nal, precisamos contextualizar historicamente a formação da área, bem como quais os cenários e pressupostos se desenvolvem. Voltaremos brevemente ao período da Antiguidade até a Grécia Antiga, pois é sabido que a cultura grega teve grande influência no processo de desenvolvimento das civilizações oci- dentais, que foram construídas pautadas em seus valores como a liberdade, a cidadania, a valorização do pensamento e da arte. Iniciamos propondo uma reflexão: é possível pensar a escola como um instru- mento de poder? Hoje, caminhamos na direção da construção de uma edu- cação democrática, acessível a todas as pessoas, mas nem sempre foi assim: a escola já foi palco de mecanismos de segregação e exclusão. Lembre-se de que a educação não é apenas aquela da escola, com uma pessoa responsável por organizar os saberes. Há a educação familiar, laboral, moral, religiosa, entre outras. AVALIAÇÃO EDUCACIONAL 4 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD Quando as sociedades começaram a ter uma organização de vida mais com- plexa, com governo, um sistema econômico e uma organização social, a edu- cação era pertencida por toda coletividade e foi se afunilando até abranger apenas as classes mais ricas. Essa herança ainda interfere na educação con- temporânea, que deveria ter como preceito ser inclusiva, formativa e facilita- dora de oportunidades. Educação Grega 1. Pressuposto: a educação desse período era considerada tradicional, ou seja, era um privilégio apenas das camadas mais abastadas social e economicamente. Separava as pessoas ricas das pobres, bem como os homens das mulheres. 2. Formato: a educação grega era voltada para os mais ricos, ocupando-se tanto de aspectos físicos quanto de aspectos morais e espirituais. 3. Finalidade: nessas sociedades, a educação foi utilizada também como um recurso para manter as tradições e a cultura religiosa. A aprendizagem ocorria de forma mnemônica, ou seja, por meio da repetição da leitura, realizada pelo mestre. Nesse contexto, o mestre exercia o papel de autoridade e seus alunos deveriam obedecê-lo. As avaliações neste contexto aconteciam considerando os elementos: obediência, submissão ao mestre, repetição e subordinação. 5 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD GRÉCIA ANTIGA Fonte: Plataforma Deduca (2019). Assim, conhecemos um pouco da pedra fundamental da educação, enten- dendo como se formaram as primeiras avaliações, bem como a quem o en- sino era direcionado. Essas noções serão fundamentais para melhor compre- endermos os conteúdos que virão. Para melhor compreender o termo scholé e suas funções, tanto na Antiguidade quanto na Contemporaneidade, sugerimos a leitura do artigo “Entre nós, em defesa de uma escola”, de Walter Omar Kohan. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/ etd/article/view/8648631/16852. Acesso em: 9 out. 2019. FIM CONTEÚDOS COMPLEMENTARES> https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/etd/article/view/8648631/16852 6 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD 1.2 PRESSUPOSTOS SOCIOFILOSÓFICOS DA AVALIAÇÃO Tendo como objeto de estudos a avaliação educacional, é importante lem- brar que, por muito tempo, a sua noção era bastante endurecida e formatada, conceituando avaliação como mera verificação da aprendizagem, centrada somente no aluno. A partir dos anos 1980 e 1990, os estudos sobre avaliação educacional se intensificaram, passando a significar parte do processo de en- sino, e não mais, apenas, mera verificação quantitativa do conteúdo aprendi- do (ALVES, 2013). REFERENCIAIS FILOSÓFICOS E SOCIOLÓGICOS Fonte: Plataforma Deduca (2019). O objeto da avaliação é a aprendizagem, mas também o ensino, uma vez que é pela avaliação que podemos acompanhar como a aprendizagem está acon- tecendo, com foco no desenvolvimento da capacidade de aprender e com- preender os conteúdos, e também como o professor está ensinando. 7 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD Vamos fazer algumas considerações a respeito da trajetória e conceituação do campo da avaliação. Depois de passearmos um pouquinho pela história no primeiro tópico desta unidade, vamos nos ater aos principais autores que influenciaram a educação moderna, ressaltando suas contribuições na concepção da avaliação. 1. Jean-Jacques Rousseau (1712 - 1778): o autor preconiza que todo homem nasce bom, tendo o mestre ou tutor a tarefa de cuidar e zelar. Busca a construção de um modelo educativo, com o objetivo de substituir o tradicionalismo em educação por uma abertura e flexibilidade maior, com vistas à civilidade e ao progresso. 2. Kant (1724 - 1804): este autor, positivista e cientificista, defende que a educação tinha como pressuposto transformar homens em homens, com capacidade reflexiva e autônomos nas tomadas de decisões. Afirma que a partir do momento em que o homem é capaz de governar a si mesmo, a educação deve acabar. Entendia ser preciso ter uma postura rigorosa e observação empírica, abrindo mão da imaginação, da criatividade, das emoções na educação. 3. Herbart (1776 – 1841): fundador da pedagogia como disciplina acadêmica. Entendendo a educação como ciência, criou passos formais da aprendizagem. Preconiza a sistematização e elaboração de métodos, bem como a Fica fácil entender que, para a avaliação educacional ser investigada e compreendida, deve dialogar com outras áreas do saber, como a psicologia, sociologia, política e filosofia. 8 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD centralidade no professor. Afirma, ainda, que o ensino deve acontecer a partir da associação de novos conhecimentos com os anteriores, com foco na aplicabilidade destes. Assim, a educação foi se formatando e aquilo que antes se dava de maneira natural começa a ganhar outros contornos e necessidades, como métodos, técnicas e sistemáticas. 1.3 FUNDAMENTOS E PRINCÍPIOS DA AVALIAÇÃO EDUCACIONAL EM FACE DO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO A avaliação, entendida por muito tempo como mera verificação de memo- rização e retenção de conteúdo e informação, ganha importância especial nos processos de ensino e aprendizagem. Porém, este é um olhar ainda em construção, o que poderemos perceber pelo estudo de autores que tratam da temática, quase em sua totalidadecontemporâneos. Uma das maiores referências em avaliação educacional hoje é o professor Ci- priano Luckesi. Além dele, Alves (2013) cita importantes autores na área da avaliação educacional, a exemplo de Lea Depresbiteris, Francesco de Bartolo- meis, entre outros. Temos, segundo Alves (2013), a existência de três fatores a serem levados em conta para que a ação avaliativa cumpra sua função: Para aprofundar seus estudos na temática deste tópico, leia: “Pressupostos epistemológicos da avaliação educacional”, de Maria Laura P. Barbosa Franco. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org. br/ojs/index.php/cp/article/view/1084. Acesso em: 2 out. 2019. http://publicacoes.fcc.org.br//index.php/cp/article/view/1084 9 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD 1. prognóstico: essa função permite verificar se o aluno possui ou não os conhecimentos necessários para o curso, estimando-se o seu desempenho futuro. 2. medida: por meio dessa função, há o controle de aquisições, a avaliação do progresso do aluno e a análise de seu desempenho em certos momentos e em diversas situações. 3. diagnóstico: verifica-se, graças a essa função, quais as causas que impedem que a aprendizagem real ocorra. Ao avaliarmos a aprendizagem, esta realidade é avaliada a partir e por inter- médio do que é manifesto pelos estudantes, que apresentam resultados me- lhores ou piores conforme se manifestam de maneira mais ou menos alinha- da aos padrões ideais de expectativa. Vamos conhecer as principais ideias sobre avaliação educacional 1. Abordagem 1: Depresbiteres (2001) entende avaliação a partir de uma ideia ampliada do que é aprender, como ação que traz mudança breve ou prolongada, podendo ser observada na atuação do sujeito, em suas práticas, em conjunto com outras pessoas ou instrumentos. O ato de aprender não é passivo; pelo contrário, é ação do sujeito sobre si. 2. Abordagem 2: Mizukami (2019), partindo da perspectiva cognitivista, entende avaliação da aprendizagem como um processo que deve superar a 10 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD simples aplicação de provas, testes, notas e exames, tentando verificar o rendimento mediante: “[...] reproduções livres, com expressões próprias, relacionamentos, reprodução sob diferentes formas e ângulos, explicações práticas, explicações causais etc.” (MIZUKAMI, 2019, p. 83). 3. Abordagem 3: Luckesi (2000) nos diz que “O ato de avaliar a aprendizagem na escola é um meio de tornar os atos de ensinar e aprender produtivos e satisfatórios”. Considera a complexidade da atividade avaliativa, entendendo-a como instrumento que deve colaborar nas decisões e delineamento das ações pedagógicas posteriores. Entendida desta maneira, a aprendizagem é vista como processo que con- templa a superação dos conflitos existentes, a integração das contradições e a interação entre indivíduos. O professor atua na inserção de informações, elementos, símbolos e textos que provoquem situações de conflito, experi- mentações e confrontação de perspectiva dentro do grupo. Temos ainda Benjamin S. Bloom, que nos ensina que avaliação é a aferição sistematizada de dados com a finalidade de verificar o quanto cada aluno foi alterado pela aprendizagem. Nesta abordagem, a avaliação pode ser definida como método de coleta e de processamento de dados necessários à melhoria da aprendizagem e do ensino. Assista à aula on-line da professora Lea Despresbiteres sobre Avaliação Educacional, disponível em: https:// www.youtube.com/watch?v=9Q-joRjQ6Fs. Acesso em: 2 out. 2019. 11 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD 1.4 TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS E AVALIAÇÃO A história da filosofia e da educação recebe forte influência do século XX, tra- zendo para o debate práticas referentes à intercultura, em detrimento da he- gemonia da cultura europeia já institucionalizada e formalizada nos âmbitos social e educacional no mundo, inclusive no Brasil. Dessa forma, cria-se uma tensão que se materializa por meio das tendências liberal e progressista para lidar com essa questão. A pedagogia liberal, fundamentada filosoficamente no liberalismo, defende que a escola tenha por objetivo preparar o indivíduo para cumprir seus papéis na sociedade. Dentro dessa perspectiva liberal, podemos interpretar que se formam subcorrentes, como a tradicional. Essa pedagogia tem como obje- tivo a transmissão de conteúdos, que devem ser decorados. Seus aspectos metodológicos são bem definidos e incluem: a centralidade no professor, a memorização, a mecanização, a passividade dos alunos e a fixação por meio da repetição dos conteúdos escolhidos, sem critérios básicos de criticidade e/ ou tomada de consciência. O termo interculturalismo refere-se à interação entre culturas de uma forma recíproca, favorecendo o seu convívio e integração, com base no respeito pela diversidade e no enriquecimento mútuo. 12 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD EDUCAÇÃO CENTRADA NO PROFESSOR Fonte: Plataforma Deduca (2019). No quadro a seguir, temos outras vertentes da pedagogia liberal e suas carac- terísticas. 13 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS LIBERAIS. Renovada Renovada não diretiva Tecnicista A educação tem o objetivo de levar o aluno a aprender e a construir conteúdos escolares. Considera o desenvolvimento biológico humano, atua a partir de interesses e fases, com ritmo específico de aprendizagem para cada fase; é empírica e traz por vezes a técnica de pesquisa. O papel do professor é de expor o conteúdo, criar situações de desafios, utiliza-se de testes e o atendimento ao aluno é individualizado. A educação preocupa- se com a personalidade das crianças, seu desenvolvimento também é feito por fases, considerando as fases etárias, buscando a satisfação do aluno por meio de seu autoconhecimento e sua realização pessoal. Há uma valorização da prática da sensibilidade, expressão comunicativa e interpessoal. Essa tendência advém do liberalismo e tem ideais que compactuam com a sua filosofia. A educação enfatiza a profissionalização e modela o indivíduo para integrá-lo ao modelo social predominante. Os conteúdos assumem certa neutralidade e o professor apenas administra procedimentos e formas didáticas, enquanto o aluno passivamente recebe as informações passo a passo. O educador tem uma relação profissional e interpessoal com o aluno. Representantes: Carl Rogers Representantes: John Dewey e Franz Cizek. Representantes: Skinner, Brigss, Glaser, entre outros. Fonte: Elaborado pela autora (2019). Com relação à pedagogia progressista, considera-se que esteja voltada para uma perspectiva crítica da educação, de resistência ao liberalismo e suas pro- posições filosóficas e metodológicas. Nessa tendência, educar é, consciente- mente, um ato político e ideológico. No quadro a seguir, apresentamos suas principais vertentes e características: 14 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS Libertadora Libertária Criticossocial dos conteúdos Aqui a educação é compreendida para a conscientização, transformação da realidade, em que os conteúdos são advindos das práticas sociais cotidianas dos alunos, considerando a sua realidade, de forma meio invasiva sobre a cultura do educando. A metodologia é caracterizada pela problematização da experiência social em grupos de debates e argumentos. A relação do professor com o aluno é tida como horizontal, em que ambos passam a fazer parte do ato de educar. Aqui a escola propicia práticas democráticas e dialógicas. Entende que educar é também um ato político e que a consciência das pessoas é resultado de suas conquistas sociais. Os conteúdos dão ênfase às lutas sociais, cuja metodologia é estar relacionada à vivência grupal, coletivizada. O professor torna-se um orientador do grupo, sem impor seus ideais e convicções, respeito mútuo. Aqui a escola tem como finalidade garantir a apropriação crítica do conhecimento científico e universal, tornando-se uma arma de luta importante. Quem tem saber, tem poder! A classe trabalhadora deve apropriar-se do saber. Adota o método de pensar dialético, esse que é visto como o responsável pelo confronto entre as experiências pessoais e o conteúdo transmitido na escola. O educando participa com suas experiências e o professor com sua visão da realidade. REPRESENTANTES: Paulo Freire, Michel Labrot e Celestin Freinet. REPRESENTANTES: Maurício Tragtenberg e Miguel Gonzáles Arroyo. REPRESENTANTES: George Snyders e Demerval Saviani. Fonte: Elaborado pela autora (2019). As sínteses nos quadros referentes às tendências pedagógicas nos fazem re- fletir sobre quais fundamentos os professores articulam em suas práticas em sala de aula e como expressam sua visão de mundo: homem, sociedade e educação. O importante pensador José Carlos Libâneo nos esclarece sobre as tendências pedagógicas no seu artigo “Tendências pedagógicas na prática escolar”, disponível em: https://praxistecnologica.files. wordpress.com/2014/08/tendencias_pedagogicas_ libaneo.pdf. Acesso em: 2 out. 2019. https://praxistecnologica.files.wordpress.com/2014/08/tendencias_pedagogicas_libaneo.pdf 15 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD 1.5 PRINCIPAIS CONCEITOS EM AVALIAÇÃO EDUCACIONAL A partir dos estudos apresentados, podemos inferir que avaliação é um pro- cedimento não pontual, mas sim contínuo, que perpassa por todo o trabalho pedagógico, ajudando o professor a perceber quais caminhos devem ser re- definidos e atendendo em cada fase desse processo a diferentes funções. Luckesi (2000) nos ensina que a avaliação da aprendizagem possui as seguin- tes características: CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM Diagnostica a situação de aprendizagem do educando, visando subsidiar a tomada de decisão para melhoria de sua qualidade. Tem caráter inclusivo, ou seja, o ato de avaliar é um ato que inclui o educando no processo educativo da melhor forma possível. Amorosa, quando acolhe o educando. Dinâmica, pois diagnostica a situação para que o educando possa melhorar a partir de mais decisões pedagógicas. Fonte: Adaptado de Luckesi (2000). Para Lea Depresbiteris (2001), a avaliação inclui a definição de medidas e cri- térios que devem ser usados para julgar o desempenho e a determinação a abrangência de critérios; a coleta de informações relevantes pela medida ou por outros meios e a aplicação do critério para determinar o mérito do pro- grama. Russell e Airasian (2014) afirmam que, para assegurar o desenvolvimento glo- bal dos alunos, o professor precisa, ao organizar o processo de ensino, articular com clareza diversos elementos: 16 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD ELEMENTOS PROCESSO DE ENSINO Fonte: Adaptada de Russell e Airasian (2014). O grande desafio colocado, de acordo com importantes estudiosos da área, é a construção de um modelo avaliativo amplo e abrangente, em detrimento de modelos fechados e rígidos. <INÍCIO DO O.A SANFONA> 1. Professor reflexivo Questiona-se, assumindo um lugar crítico e reflexivo, inclusive, e principalmente, em sua própria prática. 2. Professor tradicional Assume lugar de centralidade, comunica-se verticalmente e responsabiliza os alunos por eventuais insucessos. 3. Professor libertador Parte da realidade sociocultural dos alunos, traçando estratégias que visem atuar com elas. As reflexões e debates são suas principais características. A avaliação deve partir do contexto em que está sendo realizada, conside- rando os múltiplos aspectos de cada grupo, contemplando as experiências de aprendizagem, bem como a dinamização dos saberes formais e informais 17 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD disponibilizados para os alunos com a intenção de propiciar seu desenvolvi- mento de maneira integral, e também de fornecer elementos para a vida em sociedade. Para que isso aconteça, é importante pensarmos na questão apresentada no início de nossa conversa: que indivíduo queremos formar? Para construir um bom caminho, é importante termos essa questão clara, pois ela definirá sob quais fundamentos filosóficos e sociopolíticos da educa- ção fundaremos nossas práticas. 1.6 AVALIAÇÃO E CURRÍCULO Depresbiteris (2001) afirma que a avaliação da aprendizagem está totalmente vinculada à abordagem curricular e que o currículo pode ser classificado em: acadêmico, tecnológico, humanista e de reconstrução social. 1. Currículo acadêmico: a avaliação em sala de aula apresenta meios variados, de acordo com os objetivos das diferentes disciplinas, sempre com ênfase no conhecimento de fatos e temas. 2. Currículo humanista: a avaliação enfatiza o processo, e não o produto. Ela é de natureza mais subjetiva, valorizando a expressão do aluno em pinturas, poemas, discussões em grupo, entre outros. Para aprofundarmos nossos estudos sobre o tema, indicamos a leitura do artigo: “Avaliação: conceitos em diferentes olhares”, de Oliveira e Souza. Disponível em: https://educere.bruc.com.br/arquivo/ pdf2008/510_223.pdf. Acesso em: 2 out. 2019. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2008/510_223.pdf 18 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD 3. Currículo tecnológico: a avaliação se apoia no desempenho do aluno, definido pelo total de pontos obtidos em testes padronizados ou, então, em testes específicos de programas que tratam de aspectos das disciplinas escolares convencionais. 4. Currículo de reconstrução social: a avaliação é feita por exames abrangentes durante o último ano da escola, com o objetivo de sintetizar e avaliar a interpretação, pelo aluno, de seu trabalho. Nesse caso, a avaliação vai além da aprendizagem, verificando efeitos da escolarização na comunidade. Fonte: Depresbiteris (2001). Importante ressaltar que as abordagens não devem ser escolhidas de manei- ra engessada, já que é preciso analisar o ambiente e as intenções do processo, contextualizando-a. Se desejamos uma formação integral e completa, deve- mos contemplar a multiplicidade de fatores e aspectos contidos no processo educacional, suas nuances e especificidades. O cotidiano da comunidade, bem como a escola inserida nele, é o espaço onde desenvolvemos a interatividade, a socialização e a construção do conhe- cimento, partindo de uma realidade interdisciplinar e multifacetada. Neste contexto, a matriz curricular determina as disciplinas, eixos temáticos, ciclos, linguagens e tecnologias, cujas configurações são muitas e variadas. No entanto, ter um currículo que atenda efetivamente às necessidades do mun- do contemporâneo torna-se imprescindível. Assim, cabe o questionamento: o currículo da nossa escola prevê uma educação integral e humanista? A reflexão sobre o currículo escolar deve ser realizada questionando sua cons- trução histórica e filosófica nas diferentes modalidades de ensino que são oferecidas atualmente. Isso porque é o currículo que conduz o trabalho em sala de aula e, portanto, nos remete a práticas pedagógicas de avaliação mais, ou menos, flexíveis. 19 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD A partir do exercício crítico e reflexivo sobre nós mesmos com nossos saberes, práticas e experiências, podemos construir o fazer pedagógico que entende- mos ideal. CONCLUSÃO Nesta unidade de aprendizagem, iniciamos nossos estudos sobre avaliação educacional, em que construímos o cenário onde se dará nossos estudos. Ou seja, aprendemos os pressupostos teóricos desse campo de saberes, bem como os principais conceitos e conteúdos estruturantes de nossa disciplina. Também iniciamos a articulação da avaliação educacional com os demais elementos presentes nas práticas pedagógicas, compreendendo seu funcio- namento, além dos possíveis diálogos a serem estabelecidos. Esta unidade inaugural teve a intenção de fornecer os subsídios necessários para os estudos das próximas unidades, oferecendo a você, caro estudante, um panorama sobre quais serão os conteúdos e caminhos que seguirão. Deixo a você, caro estudante, questões para reflexão: que escola desejamos construir? Quesujeitos queremos formar? Quais culturas iremos refletir? Que possibilidades pedagógicas práticas teremos? Para fecharmos esta unidade, que tal realizarmos a leitura do texto “Indagações sobre currículo: currículo e avaliação”, de Cláudia de Oliveira Fernandes e Luiz Carlos de Freitas, disponibilizado pelo Ministério da Educação em seu portal? Acesse o link: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ Ensfund/indag5.pdf. Acesso em: 2 out. 2019. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Ensfund/indag5.pdf 20 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD REFERÊNCIAS ALVES, J. F. Avaliação educacional: da teoria à prática. Rio de Janeiro: LTC, 2013. DESPREBITERES, L. A avaliação na educação básica: ampliando a discus- são. Estudos em Avaliação Educacional, São Paulo, n. 24, p. 137-146, jul. /dez. 2001. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/eae/article/ view/2203. Acesso em: 25 set. 2019. LUCKESI, C. C. O que é mesmo avaliar a aprendizagem? Pátio, Revista Peda- gógica, Porto Alegre, Artmed, ano III, n. 12, fev. /abr. 2000. Disponível em: ht- tps://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/2511.pdf. Acesso em: 25 set. 2019. MIZUKAMI, M. da G. N. Ensino: as abordagens do processo. São Paulo: E.P.U., 2019. (Disponível na Biblioteca Virtual) RUSSELL, M. K.; AIRASIAN, P. W. Avaliação em sala de aula: conceitos e apli- cações. 7. ed. Porto Alegre: AMGH, 2014. 21 AVALIAÇÃO EDUCACIONAL GINEAD ANOTAÇÕES
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