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CRESCIMENTO FÍSICO E AVALIAÇÃO NUTRICIONAL Vitória Correia Moura – T4C A avaliação do crescimento é a medida que melhor define a saúde e o estado nutricional de crianças, já que distúrbios na saúde e nutrição, independente da causa, invariavelmente afetam o crescimento infantil. A avaliação do crescimento tem como objetivos: Detecção precoce de problemas e obtenção da sua recuperação (prevenção e tratamento); Identificação das variações da normalidade, tranquilizando a criança e a família, evitando possíveis intervenções prejudiciais; Identificação de problemas que não podem ser curados, mas que possam ser minimizados, e promover apoio ao paciente e à família. Avaliar o crescimento da criança é uma atividade fundamental da prática pediátrica. O acompanhamento do peso, da altura (comprimento) e do perímetro craniano (este nos 3 primeiros anos de vida) pode orientar o pediatra sobre as condições de saúde de seu paciente, do mesmo modo quando a mãe (ou cuidador) apresenta alguma queixa ou não. A avaliação do estado nutricional utiliza-se de um conjunto de técnicas e medidas que permitem avaliar indicadores que irão definir o estado nutricional do indivíduo ou caracterizar distúrbios de ordem nutricional. Conjunto de técnicas/métodos: anamnese alimentar, exame clínico, dados bioquímicos, antropométricos e psicossociais. Conjunto de medidas: peso, estatura, circunferências corpóreas (crânio, braço, cintura, quadril, panturrilha), dobras cutâneas e tamanho dos segmentos corpóreos. O estado nutricional é uma característica individual ou populacional que possui um grande dinamismo. Resulta do balanço entre a ingestão e a perda de nutrientes, levando em conta sua ingestão, absorção, utilização e excreção. Pode manifestar uma nutrição adequada, carência de nutrientes ou algum distúrbio nutricional. Escore-Z e percentil são formas de expressar, de modo padronizado, a posição relativa de uma observação no interior de uma distribuição. Eles são estimadores intercambiáveis e uma vez obtido um pode-se calcular o outro. Escore-Z: é um estimador que quantifica a distância de um valor observado em relação à mediana de uma população. Ou seja, é o número de desvios-padrão que separa uma variável aleatória x da média. Percentil: é proveniente da divisão de uma série de observações em uma população de referência em cem partes iguais, estando os dados ordenados do menor para o maior, em que cada ponto de divisão corresponde a um percentil. Vitória Correia Moura – T4C Atenção: Cada valor de escore-z apresenta um valor de percentil correspondente. Por exemplo, o escore-z 0 corresponde ao percentil 50, isto é, em uma população saudável, espera-se encontrar 50% dos indivíduos acima e 50% dos indivíduos abaixo desse valor. IMC para MENORES de 5 anos VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza ≥ Percentil 3 e ≤ Percentil 85 ≥ Escore-z -2 e ≤ Escore-z +1 Eutrofia (normal) > Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Risco de sobrepeso > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore-z +2 e ≤ Escore-z +3 Sobrepeso > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade Vitória Correia Moura – T4C IMC para MAIORES de 5 anos VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Magreza ≥ Percentil 3 e ≤ Percentil 85 ≥ Escore-z -2 e ≤ Escore-z +1 Eutrofia (normal) > Percentil 85 e ≤ Percentil 97 > Escore-z +1 e ≤ Escore-z +2 Sobrepeso > Percentil 97 e ≤ Percentil 99,9 > Escore-z +2 e ≤ Escore-z +3 Obesidade > Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade grave OU SEJA... Vitória Correia Moura – T4C ESTATURA para IDADE VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixa estatura para a idade ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Baixa estatura para idade ≥ Percentil 3 ≥ Escore-z -2 Estatura adequada para idade PESO para IDADE VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO < Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para a idade ≥ Percentil 0,1 e < Percentil 3 ≥ Escore-z -3 e < Escore-z -2 Baixo peso para a idade ≥ Percentil 3 e < Percentil 97 ≥ Escore-z -2 e < Escore-z +2 Peso adequado para a idade > Percentil 97 > Escore-z +2 Peso elevado para a idade Vitória Correia Moura – T4C Frequência: 1º ano de vida: mensal; 2º ano de vida: a cada 2 meses; 2º ao 10º ano de vida: a cada 6 meses (1 ano). Avaliação do crescimento: 1) Clinica: a) Anamnese: Condições intrauterinas, prematuridade. História alimentar: aleitamento materno, dieta de transição (época de introdução, quantidade, qualidade, aceitação) e alimentação atual (técnica, quais alimentos, quantidade, aceitação, dinâmica familiar). Antecedentes pessoais (doenças crônicas, internações, cirurgias). Antecedentes familiares (estatura dos pais, condições socioeconômicas, condições emocionais). b) Exame físico: Características fenotípicas (síndromes). Dados antropométricos (peso, estatura, IMC, perímetro cefálico, CA, segmentos superiores e inferiores, envergadura e dobras cutâneas). Sinais clínicos de desnutrição (quantidade e distribuição do tecido celular subcutâneo; presença de edema; coloração das mucosas; textura, temperatura, elasticidade e lesões de pele; quantidade, coloração, distribuição e desprendimento capilar; força muscular; sinais de raquitismo). Sinais clínicos de obesidade (acantose nigricans e estrias). Maturação puberal (adolescentes). 2) Exames laboratoriais: Dosagem de ferro, cálcio e proteínas; Idade óssea. GANHO DE PESO Ganho de peso inicial (RN) Perda de até 10% do peso nos primeiros dias; recuperação até 10º dia de vida Ganho diário no 1º Trimestre 25 - 30 gramas/dia Ganho diário no 2º Trimestre 20 gramas/dia Ganho diário no 2º Semestre 10 gramas/dia Obs.: Peso dobra aos 5-6 meses e triplica aos 12 meses. Vitória Correia Moura – T4C Avaliação do peso: • Criança de 0 a 2 anos: balança pediátrica com graduação de 10g ou balança pediátrica digital, criança despida; mãos e pés não devem tocar outra superfície. • Criança maior de 2 anos e adolescentes: balança tipo adulto, com graduação de 100g, ou balança digital, com mínimo de roupa. ESTATURA 0 a 3º mês 3,5 cm/mês 4º ao 6º mês 2,0 cm/mês 7º ao 9º mês 1,5 cm/mês 10º ao 12º mês 1,2 cm/mês 1º ao 3º ano 1 cm/mês > 3 anos 3 a 6 cm/ano Obs.: Ao final do 1º ano ocorre aumento de 50% da estatura ao nascimento; Perda ou desaceleração do crescimento pode indicar carência nutricional. Ao nascer, o menino mede cerca de 50 cm e a menina 49 cm, com variação de mais ou menos 2 cm. O peso é, em média, 3.300g. Quando menor que 2.500g são denominados de baixo peso. O pico da velocidade de crescimento em comprimento no período intrauterino ocorre no 2º trimestre de gravidez e o do peso no último trimestre. Assim, se o recém-nascido apresenta comprometimento só do peso é maior a probabilidade de o agravo ter ocorrido nos últimos meses da gestação, mas se houver diminuição do comprimento é mais provável que o agravo tenha ocorrido há mais tempo. Avaliação do comprimento/altura: • Até 24 meses: régua antropométrica (horizontal) comprimento. • Acima de 24 meses: antropômetro/ estadiômetro (vertical) altura. PERÍMETRO CEFÁLICO 1º trimestre 2 cm/mês 2º trimestre 1 cm/mês 2º semestre 0,5 cm/mês 1º ao 3º ano 0,25 cm/mês Entre 3 e 6 anos 1 cm/ano Obs.: Pontos de referência são o ocipício e a glabela. O PC cresce em média 12 cm no primeiro anode vida, sendo 9 cm no 1º semestre e 3 cm no 2º semestre. Vitória Correia Moura – T4C CIRCUNFERÊNCIA ABDOMINAL • Fortemente associada à gordura visceral e relacionada ao risco cardiovascular. • Ponto médio entre a última costela fixa e a crista ilíaca superior, aproximadamente 2 dedos acima da cicatriz umbilical. • Quando acima do percentil 90 tem boa correlação com o desenvolvimento de dislipidemia, hipertensão arterial e resistência insulínica.
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