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Aula 3 P2 Carlla Alessandra MED103 Micologia II Fungos dimórficos: podem ser tanto filamentoso quanto leveduriforme Os principais fungos patogênicos causadores de micoses sistêmicas são termodimórficos distribuição geográfica limitada em áreas endêmicas; ocorrência saprofítica em micronichos com produção de propágulos/estruturas infectantes (conídios); penetram no hospedeiro principalmente pelo trato respiratório A transição de micelial para leveduriforme é necessária para o estabelecimento da infecção MICELIAL – ambiente (18 - 25 ºC) LEVEDURIFORME – fase parasitária (no organismo) (35 - 37ºC) Classificação das micoses: Micoses Superficiais; Micoses Cutâneas; Micoses Subcutâneas; Micoses Endêmicas; Micoses Oportunistas; Micose subcutânea: Esporotricose Distribuição universal; Regiões tropicais e subtropicais; Na América Latina, a esporotricose humana é considerada endêmica; No Brasil é epidêmica no Rio de Janeiro; S. brasiliensis (a espécie mais virulenta do complexo Sporothrix) - agente predominante em gatos; Ocorrência é restrita às regiões Sul e Sudeste do Brasil; Felinos podem atuar como reservatório – na pele, cavidade nasal e oral. Está mais relacionado com os gatos pois eles tem o habito de arranhar pele dos humanos e devido esse traumatismo o fungo presente em suas unhas é inoculado. Epidemiologia: Sua real prevalência é desconhecida De caráter ocupacional, acomete principalmente homens (jardinagem, agricultura, mineiros, caçadores etc) e animais. Forma isolada, mas também pode ser sitêmica Também chamada de “doença das rosas” Raros episódios epidêmicos. Agente etiológico: Complexo Spothrix schenckii Além da esporotricose felina, pode acontecer (mais raramente) em cães, em roedores. Características gerais: Fungo termicamente dimórfico; Encontrado em vegetações (gramíneas, árvores, musgo, roseiras e outras hortaliças; Temp. ambiente – forma filamentosa ou bolor Presença de Hifas septadas e ramificadas, com presença de conídios Temp. 35 a 37ºC – forma leveduriforme; Leveduras esféricas, ovais ou alongadas (charuto). Micose subcutânea, causadora de doença subaguda ou crônica (homens e animais) e feridas granulomatosas; Inoculação através de traumatismo; Infecção depende de: resistência do hospedeiro, tamanho do inóculo e virulência do fungo; Episódio inicial é seguido de disseminação secundária, com comprometimento de vasos linfáticos e linfonodos. Patogenia: Conídios ou fragmentos de hifas são introduzidos na pele em decorrência de um traumatismo (atividades com plantas, arranhaduras de gatos) Lesão inicial - nódulo granulomatoso, que pode evoluir para lesão necrótica ou ulcerativa; vasos linfáticos de drenagem tornam-se espessos, semelhantes a uma corda, e ao longo destes vários nódulos subcutâneos e abscessos surgem; A esporotricose fixa, consiste em um nódulo não linfático solitário, limitado e menos progressivo; Pouco comprometimento sistêmico relacionados as lesões fixas; Raramente pode ocorrer esporotricose pulmonar (inalação de conídeos) – pacientes debilitados ou imunocomprometidos. lesões em humano Diagnostico: Sinais clínicos Tipos de amostras: fragmentos de tecido/ swab cutâneo/ swab nasal/ raspado de lesão Diagnostico micológico: Microscopia direta do Material Citologia – Imprint Coloração: Gram/ Giemsa/ Panótico/ Fucsina O material é inoculado em temperatura de 25°C em Ágar Sabouraud , ocorre o crescimento de fungos filamentosos, que são fungos esbranquiçados. Com o passar do tempo eles ficam enegrecidos por conta da produção de melanina dos conídios. Na microscopia encontra-se hifas hialinas septadas, com conidióforos curtos e conídios elipsóides /esféricos em arranjo característico (forma de margarida). Após a incubação e a microscopia, deve-se fazer o dismorfismo térmico (colocar o mesmo fungo em outra temperatura para avalia-lo, ver se ele vai fazer o ponto de virada, se tornar uma levedura já que antes era filamentoso). O diagnóstico micológico é a confirmação após avaliação do termodimorfismo Avaliação macromorfológica e micromorfológica; Repique em meio enriquecido (ABHI/ ASC 5%) Incubar à 37 ºC (3° dia); Visualização de estruturas leveduriformes compatíveis (CRUZ, 2013). Micoses endêmicas Paracoccidioidomicose Considerada a mais importante micose profunda em humanos, da América Latina Caracteriza-se por micose sistêmica de natureza granulomatosa com frequente evolução crônica, envolvendo principalmente a pele, linfonodos, pulmões e membranas nasal, oral e gastrointestinal; O Brasil tem o maior número de casos descritos da doença. Predomínio nas zonas rurais do Brasil e afeta principalmente os agricultores; terra contaminada é revolvida para a plantação – fungos inalados pelos trabalhadores rurais – se alojam nos pulmões; período de incubação pode variar de um mês até muitos anos Ocorre exclusivamente em países da América do Sul e da América Central; Regiões tropicais e subtropicais- Brasil, Colômbia, Venezuela, Equador e Argentina. BR - maior número de áreas endêmicas no mundo, com prevalência nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste; maior incidência nos estados de SP, RJ e MG Em casos graves, a letalidade é estimada entre 2 e 23%. O ar é o veículo de dispersão; A infecção humana é adquirida, geralmente, entre 10 e 20 anos de idade; evolução para doença ocorre mais em adultos entre 30 e 50 anos; Todos os pacientes diagnosticados fora da América Latina viveram, previamente, na América Latina. É causada pelo Paracoccidioides brasiliensis Os animais podem ser usados como marcadores epidemiológicos, Isolado de morcegos, cães, gatos; É isolado em áreas endêmicas em regiões de florestas tropicais ou subtropicais; isolado com maior frequência em tatus (Dasypus novencinctus) que se infecta-se naturalmente pelo fungo- facilitadores da infecção humana, alguns humanos consomem carne de tatu a caça de tatus em áreas endêmicas deve ser totalmente evitada, hábito que constitui em um fator de risco. Patogenia Inalação dos conídios presentes no ambientes em temperatura de 25°C lesões iniciais nos pulmões; Após período de dormência, que pode levar décadas, os granulomas pulmonares podem tornar-se ativos, acarretando disseminação da doença ou doença pulmonar progressiva crônica A forma disseminada atinge vários órgãos. A forma infectante é a de conídios, mas dentro do hospedeiro se transforma em levedura, devido a temperatura corporal Formas clínicas Áreas endêmicas infecção primária durante a infância e envolve o sistema imunológico. A forma crônica do adulto mais frequente é a multifocal com envolvimento de pulmões, linfonodos, pele e mucosas; Forma multifocal evolução crônica é um diagnóstico tardio Sinais e sintomas: tosse persistente, escarro purulento, dispnéia, perda de peso, febre associada a lesões cutâneas e nas mucosas Diagnostico micológico: Coleta-se o material, pode ser: pus, escarro, punção de secreção, logo após faz-se o exame direto (KOH). Sempre observa-se uma levedura (devido a temperatura) apresentando varias brotamentos tipo Mickey. Incuba-se esse material em Ágar Sabouraud dextrose + clorafenicol + ciclohexamida a 25ºC (20 a 60 dias para começar a apresentar as colônias fungicas filamentosas), as colônias são filamentosas brancas com aspecto algodonoso ou aveludado. A partir do momento em que se observa essa colônia, pode-se fazer a lamina. Faz-se a conversão para levedura: 10- 20 dias a 37ºC em meio BHI. Observa-se então grandes célulasleveduriformes com vários brotamentos, com presença de clamidósporos. Histoplasmose Doença cosmopolita – Com predomínio nas Américas – vales dos rios Mississipi-Missouri nos USA, e na Serra do mar no Brasil –Rio de Janeiro; É uma doença urbana: presente em forro de casas, oco de arvores, galinheiros; 14 microepidemias foram publicadas no Brasil: devido visitas a cavernas, minas abandonadas, bueiro, limpeza de forro de casa de veraneio e de galinheiros; Mais frequente: Trabalhadores rurais, criadores de aves e espeleólogos (exploradores de cavernas). Micose pulmonar mais prevalente em seres humanos e animais; Pode ocorrer disseminação via linfática ou hematogênica; Preferência pelo sistema retículo-endotelial; Agente Etiológico: Histoplasma capsulatum; Fungo dimórfico térmico. Habitat Solo aerado, pH pouco ácido, matéria orgânica; Solo enriquecido com excretas de morcegos, galinhas ou aves migratórias; Alto teor de ácido úrico, fosfatos e outros compostos nitrogenados nas excretas desses animais; Grutas/ Galinheiros As vezes de pombos também estão relacionadas com essa doença Patogenia Após inalação, os conídios desenvolvem-se em células leveduriformes dentro do hospedeiro, são fagocitadas por macrófagos alveolares, onde são capazes de se multiplicar; no interior dos macrófagos as leveduras podem se propagar para os tecidos reticulo-endoteliais, como fígado, baço, medula óssea e linfonodos Manifestações clinicas: muitas vezes (90%) são assintomáticas na fase pulmonar, apresenta sintomas como: • sintomas de resfriado com febre, calafrios, cefaleia, tosse, mialgias e dor torácica. • Em raros casos, geralmente a síndrome do desconforto respiratório agudo pode ser vista. • 10% dos pacientes pode apresentar sequela inflamatória, como linfadenopatia persistente com obstrução brônquica, artrite, artralgias ou pericardite. Na fase disseminada: é raro, mas acomete as mucosas orais, provocando lesões. • Pacientes com AIDS e outras patologia como linfomas e leucemias são mais susceptíveis a desenvolver esses casos; Mortalidade nos imunossupremidos chega a 90% • Sintomas clínicos: febre, perda de peso, hepatoesplenomegalia, linfoadenopatia, leucopenia, anemia e lesões cutâneas, ulcerações nas mucosas oral e intestinal. Diagnostico micológico: O material clinico pode ser: Escarro e lavado brônquico: Fase pulmonar aguda Biopsia pulmonar: Fase pulmonar crônica (somente em alguns casos) Forma disseminada: Depende da sintomatologia do paciente – sangue periférico não é um bom material Exame direto – esfregaços ou imprints; porém é muito difícil de encontrar o fungo Material de biopsia: melhor material – Coloração por Giemsa ou Wright (Histopatologia); Dependendo do material, semea-se em Ágar Sabouraud dextrose + clorafenicol (ou penicilina e estreptomicina) a 25ºC por período superior a 15 dias; Após esse período, observa-se colônias filamentosas brancas/creme com aspecto algodonoso. Microscopia micélio hialino ramificado, presença de microconídios e macroconídios tuberculados coberto por projeções espiculadas Dimorfismo 1. Cultivo do isolado em Ágar Infusão de Cérebro e Coração (BHIA) • Incubar a 37ºC = leveduriforme 2. Cultivar o isolado em Ágar Sabouraud Dextrose • Incubar a 25ºC = filamentoso Micoses oportunistas Criptococose Doença global que causa aproximadamente 620.000 mortes por ano (sendo 223.100 casos em indivíduos com AIDS – 181.100 mortes); Atinge pulmões e pode disseminar-se para outros órgãos, principalmente o SNC; Presentes em excrementos de aves principalmente de pombos favorecem o crescimento de C. neoformans (reservatório) - os pombos não apresentam infecção; A doença está relacionada com imunossupressão, a qual pode ser transitória (por meio do uso de corticoides ou antibióticos) ou permanente (leucemias, AIDS, transplantados e diabetes mellitus Características gerais: Atinge órgãos internos e pele Fungo possui tropismo pelo SNC Agente Etiológico: Cryptococcus neoformans (+ 70 ESPÉCIES); Fungo leveduriforme capsulado (não é um fungo dimórfico) Classificado em três variedades: C. neoformans var grubii (sorotipo A) de distribuição mundial – atinge os imunocompetentes; C. neoformans var neoformans (sorotipo D); • C. neoformans var gattii (sorotipos B e C) Cryptococcus neoformans var. neoformans • levedura capsulada oval ou globosa • cápsula polissacarídica - VIRULÊNCIA • Desenvolve principalmente em pacientes imunodeprimidos Cryptococcus neoformans var. gattii • levedura capsulada alongada • Atualmente, somente C. gatti • Desenvolve principalmente em pacientes imunocompetentes (sistema imunológico bom) • “futura micose não oportunista” Habitat C. gattii e C. neoformans colonizam madeira, principalmente em estado avançado de decomposição; C. neoformans var gattii: restos de eucaliptos Um estudo revelou 35% de positividade de amostras de fezes de pombos na cidade de São Paulo (C. neoformans var neoformans). Patogenia Inalação das células leveduriformes, secas e minimamente encapsuladas e facilmente aerossolizadas; Infecção pulmonar primária, podendo ser assintomática ou não; As leveduras podem multiplicar-se e se propagar para outras partes do corpo – SNC. Manifestações clinicas Assintomática pode ou não ter o acometimento pulmonar: sem sintomas clínicos Pulmonar Principais sintomas: tosse, expectoração, dor torácica, emagrecimento e febre Pode parecer com a tuberculose Diferenciação: geralmente o diagnóstico pulmonar é secundário a uma investigação clínica do SNC. Pode causar Meningoencefalite Criptocócica C. neoformans e C. gattii são altamente neurotrópicos; Meninges e tecido cerebral subjacente são envolvidos, e clinicamente observam-se febre, dores de cabeça, meningismo, distúrbios visuais, alterações mentais e convulsões. Disseminada: é raro, mas pode causar lesões cutâneas, oculares, próstata, baço e fígado Diagnostico micológico Exame direto Tinta da China/Nanquim - não cora cápsula. Leveduras apresentando uma espessa cápsula que não se cora Incuba-se esse material em Ágar Sabouraud Dextrose. Observa-se uma colônia mucoide por conta da presença de cápsula. Candida auris Fungo leveduriforme emergente que representa uma séria ameaça à saúde global, por 3 razões principais: 1: Muitas são multirresistente (seja a medicamentos ou desinfetantes em ambiente hosp.) 2: Difícil identificação com métodos de laboratório padrão; 3: Surtos em ambientes de saúde. C. auris causa doenças graves em pacientes hospitalizados; Pacientes podem permanecer colonizados por C. auris por muito tempo; Pode persistir em superfícies em ambientes de saúde, resultando na disseminação entre pacientes em instalações de saúde.
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