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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Autos de origem: xxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx Xxxxxxxxxxxxx, advogada devidamente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil – Secção de São Paulo, sob o nº xxx.xxx, com endereço profissional na Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, de São Paulo/SP, e endereço eletrônico xxxxxxxxxx@xxxxxxx.com, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXVIII da Constituição Federal, c.c. os artigos 647 e 648, incisos I e VI, do Código de Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS C/C PEDIDO LIMINAR em favor de Lucas, nacionalidade, estado civil, profissão, residente e domiciliado na Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, de xxx/xx, contra decisão proferida pelo magistrado da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Sebastião que recebeu a denúncia em desfavor do paciente mesmo sendo atípica a sua conduta, pelos fatos e fundamentos que seguem: I – DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS Inicialmente, o Habeas Corpus constitui garantia constitucional prevista no artigo 5º inciso LXVIII: “conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;” BRASIL. Constituição (1988). Desse modo, o Paciente sofreu coação ilegal em virtude do recebimento da denúncia, vez que resta ausente a justa causa para o início da persecução penal, considerando a atipicidade de sua conduta, conforme disposto no artigo 648, I do Código de Processo Penal. II – RESUMO DOS FATOS O paciente foi denunciado perante a acusação de suposto cometimento de ato ilícito previsto no art. 121, § 3º, c/c o art. 13, § 2º, “b”, ambos do Código Penal, nos autos do Processo nº xxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx, que tramita na 1ª Vara Criminal da Comarca de São Sebastião. Narra a denúncia, equivocadamente, que há indícios de autoria de Lucas da prática de homicídio culposo da vítima Daniel, que veio a falecer em decorrência de afogamento, sendo alegado em exordial acusatória que o Paciente seria garantidor da vida da vítima, tal garantia seria resultante do relacionamento amoroso mantido entre o Paciente e a vítima, além do Paciente ser o único que se encontrava sóbrio no momento da ocorrência dos fatos. Contudo, como veremos a seguir, engana-se o Ministério Público de imputar crime ao paciente, bem como, o magistrado ao aceitar a denúncia. Ora Excelência, a conduta atribuída ao paciente é omissiva que resultou na morte da vítima, Sr. Daniel, ocorrida em 12/12/2020, aproximadamente às 03h25m, no Bairro Praia da Baleia, na cidade de São Sebastião/SP, como consta nos autos do inquérito policial. Importante ressaltar que o paciente e a vítima se conheciam há três semanas, tendo viajado ambos a cidade da ocorrência dos fatos, acompanhados dos amigos da vítima, Sr.Tarcísio e Sr. Eduardo. Nota-se que todos, ingeriram drogas durante a viagem e após chegarem o destino, exceto o paciente. Após ter descansado da viagem, tendo em vista que havia trabalhado durante a semana, ao acordar o paciente se deparou com a vítima inconsciente dentro da piscina, e o Sr.Tarcísio e Sr. Eduardo também inconscientes, porém, em estado menos grave. De forma, que IMEDIATAMENTE, tomou as medidas que considerava cabível, sendo elas: entrou em contato com o corpo de bombeiros e, de acordo com as orientações recebidas, realizou procedimento de reanimação do Sr. Daniel, não obtendo êxito, diante da situação desesperadora, o paciente saiu correndo pelas ruas do condomínio onde se encontravam, solicitando socorro, até a chegada da unidade do SAMU. III – DO DIREITO. DA AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA PARA O INÍCIO DA AÇÃO PENAL - ATIPICIDADE DA CONDUTA Vejamos, o paciente foi denunciado sob a acusação de cometimento de ato ilícito previsto no art. 121, § 3º, c/c o art. 13, § 2º, “b”, ambos do Código Penal, passemos a analisar tais diplomas legais: “Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. § 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) Pena - detenção, de um a três anos.” Considera-se crime culposo àquele em que não se comprova o dolo do agente de cometer a conduta, ou seja, não existe a vontade do cometimento do crime, dito isso analisemos o artigo 13, § 2º, “b”: “Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)” Resta nítido no desenvolvimento dos fatos que de maneira alguma o paciente assumiu a responsabilidade de impedir o fato, que somente ocorreria se o Sr. Lucas fosse obrigado a zelar pela integridade da vítima, o que não é o que se verifica no presente caso. Tratando-se de crime omissivo impróprio ou comissivo por omissão o agente só poderia ser responsabilizado se estivesse juridicamente obrigado a evitar o resultado, conforme preceitua Nidal Ahmad (2019, pág. 472): “Os crimes omissivos impróprios ou comissivos por omissão são aqueles em que o tipo penal descreve uma conduta ativa, ou seja, o verbo nuclear do tipo descreve uma ação. Nesse caso, o agente será responsabilizado por ter deixado de agir quando estava juridicamente obrigado a desenvolver uma conduta para evitar o resultado. [...] Para que alguém responda por crime comissivo por omissão é preciso que tenha o dever jurídico de impedir o resultado, previsto no art. 13 § 2º do Código Penal.” (Ahmad,Nidal (diversos autores. Manual Passe na OAB – Teoria Sistematizada. Ed. 2ª. Brasil: Saraiva, 2019) Ainda especificamente a respeito do artigo 13, § 2º, “b”, Ahmad exemplifica o enquadramento da tipificação: “Ex.: babá que, por negligência, deixa de cumprir corretamente sua obrigação de cuidar da criança, que acaba caindo na piscina e por isso, morre afogada. Nesse caso, responderá pelo resultado gerado, qual seja, homicídio culposo. Se, de outro lado, desejou q morte da criança ou assumiu o risco de produzi-la, responderá por homicídio doloso. Inserem-se também nesse contexto, por exemplo, o médico plantonista, o guia de alpinistas, o cuidador de idosos.” A doutrina acima corrobora com os fatos, vez que em momento algum restou comprovado que o paciente assumiu a obrigação de cuidado para com a vítima, nenhuma das situações exemplificadas se aplicam ao presente caso. IV – DO PEDIDO LIMINAR Diante do narrado, considerando as razões de direito, é de imperiosa necessidade a conceção da medida liminar a fim de cessar o constrangimento ilegal do paciente, visto que foi denunciado por conduta atípica. Desta forma pode-se notar que o perigo da demora (periculum in mora) resta evidenciado vez que o Paciente se vê obrigado a apresentar resposta a acusação com prazo em curso, ou seja, sendo o Paciente obrigado a se defender de conduta atípica. Bem como visível a fumaça do bom direito (fummus boni juris), diante da relevância do todo descrito e da inexistência no presente caso da conduta ilícita imputada ao Sr. Lucas. Destaca-se ainda, que a concessão da presente liminar não prejudicará andamento do feito impetrando, somente garantindo a cessação da ilegalidade eminente, podendo vir a ser confirmada ou não em decisão definitiva. V – DO PEDIDO Em face de todo o exposto, requer a impetrante que: a) diante da presença dos requisitos para tanto, seja o habeas corpus concedido, em caráter liminar, para que a decisão de recebimento da denúncia proferida pela autoridade coatora seja anulada, cessando-se o constrangimento ilegal em face ao sr. Lucas; b) no mérito, seja o habeas corpus concedido em caráter definitivo, anulando a decisão de recebimento da denúncia proferida; c) seja representante do Ministério Público intimado a se manifestarsobre o presente Habeas Corpus. Nestes termos, pede deferimento. São Paulo, 06 de junho de 2021. Assinatura da advogada OAB/SP nº xxx.xxx EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO D E SÃO PAULO Autos de origem: xxxxxxx - xx . xxxx . x . xx . xxxx X xxxxxxxxxxxx, ad vogada devidamente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil – Secção de São Paulo, sob o nº xxx . xxx, com endereço profissional na R ua xxx , nº xxx, Ba irro xxx , de São P aulo/SP, e endereço eletrônico xxxxxxxxxx@xxxxxxx.com , v e m à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXVIII da Constituição Federal, c.c. os artigos 647 e 648, incisos I e VI, do Código de Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS C /C PEDIDO LIMINAR e m favor de Lucas , nacionalidade , estado civil, profissão , residente e domiciliado na Rua xxx , nº xxx, Ba irro xxx , de xxx/xx, contra decisão proferida pel o magistrado da 1ª Vara Cri minal da Comarca de São Sebastião que recebeu a denúncia em des favo r do paciente mesmo sendo atípica a sua conduta, pelos fatos e fundamentos que seguem: I – DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS Inicialmente, o Habeas Corpus constitui garantia constitucional prevista no ar tigo 5º inciso LXVIII: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO Autos de origem: xxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx Xxxxxxxxxxxxx, advogada devidamente inscrita na Ordem dos Advogados do Brasil – Secção de São Paulo, sob o nº xxx.xxx, com endereço profissional na Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, de São Paulo/SP, e endereço eletrônico xxxxxxxxxx@xxxxxxx.com, vem à presença de Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, LXVIII da Constituição Federal, c.c. os artigos 647 e 648, incisos I e VI, do Código de Processo Penal, impetrar HABEAS CORPUS C/C PEDIDO LIMINAR em favor de Lucas, nacionalidade, estado civil, profissão, residente e domiciliado na Rua xxx, nº xxx, Bairro xxx, de xxx/xx, contra decisão proferida pelo magistrado da 1ª Vara Criminal da Comarca de São Sebastião que recebeu a denúncia em desfavor do paciente mesmo sendo atípica a sua conduta, pelos fatos e fundamentos que seguem: I – DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS Inicialmente, o Habeas Corpus constitui garantia constitucional prevista no artigo 5º inciso LXVIII: