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Insuficiência hepática e seus mecanismos fisiopatológicos A insuficiência hepática é a consequência clínica mais severa da doença hepática e pode ser manifestada por três mecanismos: ● Resultado de uma destruição hepática súbita e maciça, caracterizando a insuficiência hepática aguda; ● Desenvolvida após anos ou décadas de uma lesão crônica progressiva no fígado, caracterizando a insuficiência hepática crônica; ou ainda ● A Insuficiência hepática crônica agudizada, na qual uma lesão aguda não relacionada se sobrepõe a uma doença crônica bem compensada em estágio final, ou a própria doença crônica possui um surto de atividade que resulta diretamente na insuficiência hepática. Insuficiência Hepática Aguda A insuficiência hepática aguda, antigamente denominada "insuficiência hepática fulminante", é definida como uma doença hepática aguda associada com encefalopatia e coagulopatia, que ocorre dentro de 26 semanas após a lesão hepática inicial, na ausência de uma doença hepática preexistente. Essa patologia é causada por necrose hepática maciça, na maioria das vezes induzida por fármacos ou toxinas. A ingestão acidental ou deliberada de acetaminofeno é responsável por quase 50% dos casos nos Estados Unidos, enquanto a hepatite autoimune, outros medicamentos/toxinas e as infecções agudas por hepatites agudas A e B são responsáveis pelo restante dos casos. Na Ásia, as hepatites B e E agudas predominam. Com toxicidade do acetaminofeno, a insuficiência hepática ocorre dentro de 1 semana após o aparecimento dos sintomas, enquanto a insuficiência devido ao vírus da hepatite leva mais tempo para se desenvolver. O mecanismo da necrose hepatocelular pode consistir em dano tóxico direto (como com o acetaminofeno), porém na maioria das vezes consiste em uma combinação variável de toxicidade e destruição de hepatócitos mediada imunologicamente (p. ex., infecção pelo vírus da hepatite). 1 A insuficiência hepática aguda se manifesta primeiramente com náuseas, vômitos e icterícia, seguidos por encefalopatia potencialmente fatal e alterações na coagulação. Tipicamente, as transaminases séricas hepáticas são acentuadamente elevadas. 1 O fígado é inicialmente volumoso devido à tumefação dos hepatócitos, ao infiltrado inflamatório e edema; no entanto, conforme o parênquima é destruído, o fígado diminui drasticamente. Portanto, o declínio das transaminases séricas com a diminuição do volume do fígado muitas vezes não é um sinal de melhora, mas sim uma indicação de que há poucos hepatócitos viáveis restantes; essa suspeita é confirmada se houver agravamento da icterícia, coagulopatia e encefalopatia. Com a progressão ininterrupta, ocorre insuficiência de múltiplos órgãos e, se o transplante não for possível, em seguida, ocorre morte. 1 No quadro de insuficiência hepática aguda, há um amarelecimento clássico de pele, esclera e mucosas, e a colestase*1 aumenta o risco de infecção bacteriana potencialmente fatal. 1 O amarelecimento da pele (icterícia) e esclera (icterus) são evidências clínicas de alterações da formação e fluxo de bile, devido à retenção de bilirrubina. Já a colestase ocorre devido à retenção sistêmica da bilirrubina e outros solutos eliminados na bile. *1: diminuição do fluxo biliar devido a obstrução nos ductos biliares. A encefalopatia hepática é um espectro de alterações da consciência, variando de anormalidades comportamentais sutis, passando por confusão acentuada e estupor, até coma profundo e morte. A encefalopatia pode progredir ao longo de dias, semanas ou meses após a lesão aguda. 1 Os sinais neurológicos flutuantes associados incluem rigidez e hiperreflexia. O asterix, um sinal particularmente característico, se manifesta como movimentos de extensão-flexão rápidos e não ritmados da cabeça e das extremidades, observados mais facilmente quando os braços são mantidos em extensão, com os punhos em dorsiflexão. A encefalopatia hepática é considerada um distúrbio da neurotransmissão no sistema nervoso central e no sistema neuromuscular. Níveis elevados de amônia no sangue e no sistema nervoso central estão correlacionados com a função neuronal prejudicada e edema cerebral. 1 O fígado é responsável pela produção de fatores de coagulação dependentes e independentes de vitamina K. Desse modo, com a função de síntese hepática extremamente prejudicada, a coagulopatia se desenvolve. A tendência a sangramento é um sinal precoce desse processo, o que pode levar à hemorragia intracraniana fatal ou potencialmente fatal. O fígado também é responsável por ajudar a remover os fatores de coagulação ativados da circulação, e a perda dessa função em alguns casos pode levar à coagulação intravascular disseminada, agravando ainda mais a tendência de sangramento. 1 A hipertensão portal surge quando há diminuição do fluxo através do sistema venoso portal, o que pode ocorrer devido à obstrução nos níveis pré-hepático, intra-hepático ou pós-hepático. Embora possa ocorrer na insuficiência hepática aguda, a hipertensão portal é observada com mais frequência com insuficiência hepática crônica. Na insuficiência hepática aguda, se a hipertensão portal se desenvolver dentro de dias ou semanas, a obstrução será predominantemente intra-hepática e as principais consequências clínicas são ascite e encefalopatia hepática. Na doença hepática crônica, a hipertensão portal se desenvolve ao longo de meses a anos, e seus efeitos são mais complexos e generalizados. 1 A síndrome hepatorrenal é uma forma de insuficiência renal que ocorre em indivíduos com insuficiência hepática nos quais não há causas intrínsecas morfológicas ou funcionais para a disfunção renal. Retenção de sódio, excreção de água livre prejudicada e diminuição da taxa de perfusão renal e filtração glomerular são as principais alterações funcionais renais. Há uma diminuição da pressão de perfusão renal devida a vasodilatação sistêmica, ativação do sistema nervoso simpático renal com vasoconstrição das arteríolas renais aferentes, e maior ativação de eixo renina/angiotensina, causando vasoconstrição, o que diminui ainda mais a filtração glomerular. O aparecimento da síndrome começa com uma queda na produção de urina e um aumento dos níveis de nitrogênio de ureia e creatinina no sangue. 1 Insuficiência Hepática Crônica e Cirrose As principais causas de insuficiência hepática crônica em todo o mundo incluem hepatite B crônica, hepatite C crônica, doença hepática gordurosa não alcoólica e doença hepática alcoólica. Nos Estados Unidos, a doença hepática crônica é a 12ª causa mais comum de mortalidade, representando a maioria das mortes relacionadas com o fígado. 1 A insuficiência hepática na doença hepática crônica é associada mais frequentemente com a cirrose, uma condição marcada pela transformação difusa de todo o fígado em nódulos parenquimatosos regenerativos, circundados por faixas fibrosas e graus variáveis de derivações (shunts) vasculares (muitas vezes portossistêmicos). 1 No entanto, a cirrose não está sempre presente. Em doenças crônicas como a cirrose biliar primária, colangite esclerosante primária, hiperplasia nodular regenerativa, esquistossomose crônica e doença hepática fibropolicística muitas vezes não são acompanhadas por cirrose plenamente estabelecida, mesmo no estágio final. Já pacientes com hepatite autoimune bem tratada ou aqueles com hepatite B suprimida ou hepatite C curada muitas vezes não progridem para o estágio final, mesmo sendo cirróticos. Nesse contexto, o paciente com cirrose pode ser avaliado de acordo com a classificação Child-Pugh, que além de estratificar o risco cirúrgico, distingue o paciente entre a classe A (bem compensado), B (parcialmente compensado) e C (descompensada). É calculado de acordo com pontos dados aos níveis anormais de albumina e bilirrubina, ao prolongamento do tempo de protrombina e grau de ascite e encefalopatia: 3 Cada uma das classes se relaciona, histologicamente, com diferentes características morfológicas. Além disso, a utilidade desse sistema é que ele ajuda a monitorar o declínio de pacientesna evolução para a insuficiência hepática crônica. Mesmo nas doenças que são suscetíveis a dar origem à cirrose, como a hepatite viral não tratada, doença hepática alcoólica, doença hepática gordurosa não alcoólica e doenças metabólicas, a morfologia e fisiopatologia da cirrose podem ser diferentes. Portanto, enquanto o termo cirrose implica a presença de doença crônica grave, ele não é um diagnóstico específico e carece de implicações precisas de prognóstico. Algumas vezes, o termo cirrose criptogênica é usado para descrever a cirrose quando não há uma causa clara. 1 Aproximadamente 40% dos indivíduos com cirrose são assintomáticos até os estágios mais avançados da doença. Quando sintomáticos, eles apresentam manifestações não específicas: anorexia, perda de peso, fraqueza e, na doença avançada, os sinais e sintomas de insuficiência hepática. A encefalopatia hepática, o sangramento de varizes esofágicas e as infecções bacterianas (resultantes de danos à barreira mucosa no intestino e disfunção das células de Kupffer) são muitas vezes os eventos terminais. 1 O curso e a gravidade das manifestações clínicas da cirrose variam de paciente para paciente. Em um pequeno número de casos, a cessação da lesão hepática pode fornecer o tempo necessário para a reabsorção do tecido fibroso e a “regressão” da cirrose. Mesmo nesses casos, a hipertensão portal (a partir de derivações vasculares irreversíveis) e o risco de carcinoma hepatocelular geralmente permanecem. 1 A icterícia, a encefalopatia e a coagulopatia são praticamente as mesmas que na insuficiência hepática aguda. No entanto, existem algumas características adicionais significativas. A icterícia, quando crônica, pode levar ao prurido, ou seja, coceira, cuja intensidade pode ser profunda. Alguns pacientes podem até mesmo arranhar sua pele, levando a riscos de ataques repetidos de infecção potencialmente fatal. O prurido pode ser tão grave que poderá ser aliviado apenas por transplante de fígado. 1 Alterações do metabolismo estrogênico e a consequente hiperestrogenemia em pacientes masculinos, com insuficiência hepática crônica, podem resultar em eritema palmar (um reflexo da vasodilatação local) e aranhas vasculares (spider angiomas) na pele. Cada angioma consiste em uma arteríola dilatada, central, pulsante, a partir da qual são irradiados pequenos vasos. 1 Em homens, a hiperestrogenemia também provoca hipogonadismo e ginecomastia. O hipogonadismo também pode ocorrer em mulheres a partir da alteração da função do eixo hipotálamo-hipófise, seja através de deficiências nutricionais associadas à doença hepática crônica ou alterações hormonais primárias. 1 Especificando melhor a Hipertensão Portal O aumento da resistência ao fluxo sanguíneo portal pode desenvolver-se em uma variedade de circunstâncias, que podem ser divididas em causas pré-hepáticas, intra-hepáticas e pós-hepáticas. As principais condições pré-hepáticas consistem em trombose obstrutiva, estreitamento da veia porta antes de sua ramificação no interior do fígado ou esplenomegalia maciça com aumento do fluxo sanguíneo venoso esplênico. As principais causas pós-hepáticas são insuficiência cardíaca direita severa, pericardite constritiva e obstrução do fluxo da veia hepática. A causa intra-hepática dominante é a cirrose, representando a maioria dos casos de hipertensão portal. Causas intra-hepáticas muito menos frequentes consistem em esquistossomose, alteração gordurosa maciça, doenças granulomatosas fibrosantes difusas, como a sarcoidose, e doenças que afetam a microcirculação portal, como hiperplasia nodular regenerativa. 1 A fisiopatologia da hipertensão portal: AO NÍVEL DOS SINUSOIDES contração de células da musculatura lisa vascular e miofibroblastos + interrupção do fluxo sanguíneo por cicatrização e formação de nódulos parenquimatosos || \/ resistência ao fluxo portal ao nível dos sinusoides Além disso, ocorrem alterações nas células endoteliais sinusoidais, como diminuição na produção de óxido nítrico e um aumento da liberação de endotelina-1 (ET-1), angiotensinogênio e eicosanoides => contribuem para a vasoconstrição intra-hepática associada com hipertensão portal A remodelação sinusoidal e a anastomose entre o sistema portal e arterial nos septos fibrosos => imposição de pressões arteriais no sistema venoso portal de baixa pressão. A remodelagem sinusoidal e as derivações intra-hepáticas também interferem com a troca metabólica entre o sangue sinusoidal e os hepatócitos. + Aumento no fluxo de sangue venoso portal causado pela CIRCULAÇÃO HIPERDINÂMICA: Vasodilatação arterial, principalmente na circulação esplâncnica || \/ Maior fluxo sanguíneo arterial esplâncnico => Aumento do efluxo venoso para o sistema venoso portal Embora vários mediadores como prostaciclina e TNF tenham sido implicados na causa da vasodilatação arterial esplâncnica, o NO emergiu como o mais significativo. 1 As quatro principais consequências clínicas da hipertensão portal são ascite, formação de derivações venosas portossistêmicas, esplenomegalia congestiva e encefalopatia hepática. Nas mulheres, oligomenorreia, amenorreia e esterilidade são resultados frequentes do hipogonadismo 1 Ascite O acúmulo de líquido em excesso na cavidade peritoneal é conhecido como ascite. Em 85% dos casos, a ascite é causada por cirrose. A ascite, em geral, é clinicamente detectável quando há acúmulo de, pelo menos, 500 mL. O líquido geralmente é seroso, apresentando menos de 3 g/dL de proteína (em grande parte albumina) e um gradiente de albumina entre o soro e a ascite ≥ 1,1 g/dL. O líquido pode conter um número escasso de células mesoteliais e leucócitos mononucleares. O influxo de neutrófilos sugere infecção, enquanto a presença de células sanguíneas aponta para um possível câncer intra-abdominal disseminado. 1 Na ascite de longa duração, o vazamento do líquido peritoneal pelos linfáticos transdiafragmáticos pode produzir hidrotórax, mais frequentemente do lado direito. A patogenia da ascite é complexa, envolvendo os seguintes mecanismos: 1 ● Hipertensão sinusoidal, que altera as forças de Starling e impele o líquido para o espaço de Disse, de onde é removido pelos linfáticos hepáticos; esse movimento do líquido também é promovido pela hipoalbuminemia. ● Percolação da linfa hepática para a cavidade peritoneal: O fluxo linfático normal no ducto torácico corresponde a aproximadamente 800 a 1.000 mL/dia. Com a cirrose, o fluxo linfático hepático pode atingir 20 L/dia, excedendo a capacidade do ducto torácico. A linfa hepática é rica em proteínas e pobre em triglicerídeos, o que explica a presença de proteína no líquido ascítico. ● Vasodilatação esplâncnica e circulação hiperdinâmica. A vasodilatação arterial na circulação esplâncnica tende a reduzir a pressão arterial. Com o agravamento da vasodilatação, a frequência cardíaca e o débito cardíaco não conseguem manter a pressão arterial. Isso desencadeia a ativação de vasoconstritores, incluindo o sistema renina-angiotensina, e também aumenta a secreção do hormônio antidiurético. A combinação de hipertensão portal, vasodilatação e retenção de sódio e água aumenta a pressão de perfusão dos capilares intersticiais, causando o extravasamento de líquido para a cavidade abdominal. Derivações Portossistêmicas Com a elevação da pressão no sistema portal, o fluxo é invertido da circulação portal para a sistêmica pela dilatação de vasos colaterais e pelo desenvolvimento de novos vasos. Circuitos venosos secundários se desenvolvem em qualquer local onde as circulações sistêmica e portal compartilhem de leitos capilares comuns. 1 Os principais pontos consistem nas veias ao redor e no interior do reto (manifestados como hemorroidas), na junção gastroesofágica (produzindo varizes), no retroperitônio e no ligamento falciforme do fígado (envolvendo colaterais periumbilicais e da parede abdominal). Embora possa ocorrer sangramento hemorroidário, este raramente é maciço ou ameaça a vida. Muito mais importantes são as varizes gastroesofágicas que aparecem em cercade 40% dos indivíduos com cirrose hepática avançada e causam hematêmese maciça e morte em aproximadamente metade dos casos. Cada episódio de sangramento está associado a uma mortalidade de 30%. Colaterais da parede abdominal aparecem como veias subcutâneas dilatadas, as quais se estendem do umbigo até as bordas das costelas (cabeça de medusa) e constituem uma importante característica clínica típica da hipertensão portal. Esplenomegalia A congestão de longa duração pode causar esplenomegalia congestiva. O grau de aumento esplênico varia muito e pode chegar a até 1.000 g, mas não está necessariamente correlacionado a outras características da hipertensão portal. A esplenomegalia maciça pode induzir secundariamente anormalidades hematológicas atribuíveis ao hiperesplenismo, como trombocitopenia ou até mesmo pancitopenia. 1 Além desses quadros, há duas síndromes adicionais que ocorrem na insuficiência hepática crônica: • A síndrome hepatopulmonar é observada em até 30% dos pacientes com cirrose do fígado e hipertensão portal. Esses pacientes desenvolvem dilatações vasculares intrapulmonares envolvendo vasos capilares e pré-capilares de até 100 μM de tamanho. O sangue flui rapidamente através desses vasos dilatados, não dando tempo suficiente para a difusão de oxigênio e levando ao descompasso ventilação-perfusão e ao desvio da direita para a esquerda, que se manifestam como hipoxia. A hipoxia e a dispneia resultante ocorrem preferencialmente na posição vertical em vez da posição de decúbito, à medida que a gravidade agrava o descompasso ventilação-perfusão. Os pacientes com essa síndrome apresentam um pior prognóstico do que pacientes sem a síndrome hepatopulmonar. A patogenia da síndrome hepatopulmonar não é clara, embora tenha sido postulado que o fígado doente pode não inativar vasoconstritores, como a endotelina-1, ou pode produzir alguns vasodilatadores como o NO. 1 • Hipertensão portopulmonar se refere à hipertensão arterial pulmonar decorrente de doença hepática e hipertensão portal. Ainda mal compreendida, ela parece depender da hipertensão portal, da vasoconstrição pulmonar excessiva e remodelação vascular concomitantes. As manifestações clínicas mais comuns são a dispneia aos esforços e hipocratismo (baqueteamento) digital. 1 Insuficiência Hepática Crônica Agudizada Alguns indivíduos com doença hepática crônica avançada estável, mas bem compensada, de repente desenvolvem sinais de insuficiência hepática aguda. Em tais pacientes, muitas vezes há uma cirrose estabelecida, com extensa derivação vascular. Dessa forma, grandes volumes de parênquima hepático funcional possuem um suprimento vascular limítrofe, deixando-os vulneráveis a agressões sobrepostas potencialmente letais. A taxa de mortalidade, em curto prazo, dos pacientes com esse tipo de insuficiência hepática é de cerca de 50%. 1 Os pacientes com hepatite B crônica que se tornam superinfectados com hepatite D podem sofrer descompensação súbita, assim como os pacientes com hepatite B controlada por medicamentos, nos quais surgem mutantes virais que são resistentes à terapia. Em ambos os casos há um surto agudo de doença. A colangite ascendente em um paciente com colangite esclerosante primária ou doença hepática fibropolicística poderia ter o mesmo efeito, rapidamente transformando um indivíduo cronicamente doente, ainda que bem compensado, em alguém com risco de morte ou transplante. 1 Outras causas podem ser sistêmicas em vez de serem primariamente intra-hepáticas. Por exemplo, a sepse e sua hipotensão associada podem prejudicar ainda mais o parênquima insuficientemente vascularizado, levando a uma lesão aguda sobreposta, que algumas vezes é grave. Da mesma forma, a insuficiência cardíaca aguda, um medicamento administrado ou uma lesão tóxica podem fazer com que um paciente cirrótico, bem compensado, apresente insuficiência. Finalmente, existe a possibilidade de malignidade, seja ela uma malignidade metastática extra-hepática não relacionada com o fígado cronicamente doente ou uma secundária à própria doença do fígado, particularmente carcinoma hepatocelular ou colangiocarcinoma. 1 Referências -1: K. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. Grupo GEN, 2016. 9788595150966. -2: Definição de descritor no Bvsalud -3: C.M.T. Sabiston Tratado de Cirurgia - A Base Biológica da Prática Cirúrgica Moderna. Grupo GEN, 2019. 9788595150461.