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02_Patologias em Oncologia_88p

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Brasília-DF. 
Patologias em oncologia
Elaboração
Anna Maly de Leão e Neves Eduardo
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APrESEntAção ................................................................................................................................. 4
orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 5
introdução.................................................................................................................................... 7
unidAdE i
ETIOLOGIA DO CÂNCER........................................................................................................................ 9
CAPítulo 1
DEfINIçõEs ImpORTANTEs ....................................................................................................... 9
CAPítulo 2
EpIDEmIOLOGIA ..................................................................................................................... 13
CAPítulo 3
NEOpLAsIAs ........................................................................................................................... 20
unidAdE ii
CLAssIfICAçãO ................................................................................................................................. 24
CAPítulo 1
Os pRINCIpAIs TIpOs DE CÂNCER ........................................................................................... 24
CAPítulo 2
AçõEs pARA O CONTROLE DO CÂNCER ............................................................................... 28
CAPítulo 3
DIAGNósTICO ....................................................................................................................... 42
unidAdE iii
CREsCImENTO TumORAL..................................................................................................................... 49
CAPítulo 1
INvAsãO ................................................................................................................................ 49
CAPítulo 2
TRATAmENTO .......................................................................................................................... 57
CAPítulo 3
mODELOs DE ATENçãO ONCOLóGICA ................................................................................ 66
rEfErênCiAS .................................................................................................................................. 84
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade 
dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos 
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém 
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a 
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para 
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos 
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
introdução
Em uma conferência da ONU (Organizações das Nações Unidas), os principais 
chefes de estado mundial estavam presentes para discutir sobre como diminuir 
o efeito das doenças crônicas não transmissíveis sobre a saúde da população. As 
doenças em destaque foram: diabetes, a obesidade, as doenças cardiovasculares e 
as doenças respiratórias crônicas. Destacaram-se nesse encontro uma das mais 
assustadoras e bem conhecidas patologias de toda a humanidade: o câncer. A grande 
preocupação com essa escolha é muito justificada pelos dados que ela apresenta: 
segundo um respeitado grupo de estudos, a União Internacional para o Controle do 
Câncer (UICC), apenas no ano de 2012, em todo o mundo, 7 milhões de pessoas serão 
diagnosticadas com algum tipo de câncer, sendo que dessas, em torno de 500 mil são 
de brasileiros. 
Essa doença é capaz de atingir todas as pessoas, de todas as nacionalidades, em idades 
diferentes, de todas as raças e também de todas as classes sociais. Esse fato a tornou 
popular, sem comparação como nenhuma outra ao longo dos séculos XX e XXI. Quando 
alguém pensa em câncer e nessa palavra, no imaginário das pessoas automaticamente 
aparece uma enormidade de imagens, uma mistura de ideias e de sentimentos ruins, 
que passam pelas etapas do tratamento, bem como pelas causas da doença e também 
as suas várias formas de controle e de prevenção. 
O elevado aumento nos casos dessa doença leva os estudiosos a acreditar que antigamente 
ela se manifestava de uma forma muito diferente. Contudo, o câncer tem uma relação 
contraditória com a qualidade de vida e os avanços da vida moderna: as pessoas no 
passado não viviam por um tempo suficiente para que o câncer se manifestasse de uma 
maneira significativa em todas as populações. A relação do câncer com o tempo de vida 
e a longevidade é totalmente direta. Quanto mais tempo vivemos, maiores serão as 
chances e os riscos do aparecimento da doença. 
O câncer é a segunda causa de morte no Brasil, sendo considerado um sério problema de 
saúde pública. Pode ser definido como um conjunto que abrange mais de 100 doenças e 
que apresenta em comum o fato de apresentar um crescimento desordenado e também 
maligno das células que se multiplicam e invadem os tecidos e órgãos, com uma grande 
capacidade de espalhar-se por outras regiões do corpo, processo chamado de metástases. 
Essas células tem a tendência de serem muito agressivas, e tem a capacidade de se 
dividirem muito rapidamente e de uma forma incontrolável, determinando assim as 
formações dos tumores.
8
objetivos
 » Favorecer a formação crítica e criativa do aluno pós-graduando,destacando seu papel profissional como farmacêutico clínico oncológico.
 » Desenvolver atividades de pesquisa, apresentando autonomia intelectual 
e espírito investigativo. 
 » Exercitar todas as normas científicas e oficiais na elaboração dos trabalhos 
acadêmicos tais como: os projetos de pesquisa, os artigos acadêmicos, as 
monografias, dentre outros.
 » Analisar os fundamentos da oncologia refletindo sobre os contextos social, 
histórico, econômico e cultural que os consolidaram, relacionando-os às 
novas necessidades educacionais.
 » Aprofundar todos os conhecimentos científicos e também profissionais 
sobre a área da farmácia clínica oncológica a partir das diversas 
concepções e atuações, reconhecendo, assim, as suas implicações teóricas 
e metodológicas para a área hospitalar e clínica.
 » Ampliar toda a compreensão de concepções acerca dos fármacos 
utilizados para os tratamentos oncológicos e também refletir sobre todas 
as respectivas implicações para o exercício legal da farmácia clínica e 
oncológica.
 » Promover a formação de profissionais que atuam ou desejam atuar na área 
da Farmácia Clínica Oncológica, em nível de especialização, de acordo 
com as tendências atuais do mercado, a fim de capacitá-los e qualificá-
los teórica e praticamente como profissionais de alta performance e 
consultores na área do conhecimento mencionada.
9
unidAdE iEtiologiA do CÂnCEr
CAPítulo 1
definições importantes
origem 
O câncer é definido como um tumor maligno, mas não é uma doença única e sim um 
conjunto de mais de 200 patologias, caracterizado pelo crescimento descontrolado de 
células anormais (malignas) e com isso ocorre à invasão de órgãos e tecidos adjacentes 
envolvidos, dando origem a tumores conhecida como metástase.
A área da ciência que se dedica aos estudos câncer é conhecida como Oncologia. 
O profissional médico especialista no câncer é o oncologista, ele faz o diagnóstico e 
trata os pacientes oncológicos. Um câncer não tratado pode se agravar, causar outras 
doenças e até a morte do paciente. Como o nosso corpo é formado por milhões de 
células, essas células sadias seguem o seguinte caminho: crescem, se multiplicam 
e se dividem e então morrem de uma maneira muito ordenada e sequencial. 
Nos primeiros anos de vida, todos os seres humanos possuem as células normais que 
se dividem de uma maneira bem mais rápida, para que possamos nos desenvolver de 
modo adequado. Então, já na fase adulta, ocorre uma renovação celular constante, 
com uma divisão celular mais intensa, com o objetivo de substituir as células 
velhas e desgastadas e as células que morrem com o intuito de reparar possíveis danos 
ao organismo. 
Estudos realizados no Brasil, enquadram o câncer na lista das doenças que são 
consideradas um problema de saúde pública, o que acarreta maior atenção dos órgãos 
públicos. Com o fato de a expectativa de vida do brasileiro ter aumentado muito, além 
do avanço na área industrial e da globalização, os dados sobre os acometidos por 
neoplasias ganharam uma enorme atenção e importância, pois nos dados sobre o perfil 
de mortalidade do Brasil, o câncer ocupa o segundo lugar nas causas de óbitos.
10
UNIDADE I │ ETIOLOGIA DO CÂNCER
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS – 2013), o câncer foi 
responsável por 7,6 milhões de mortes, de um total de 58 milhões em todo o mundo, 
o que representa 13% de todas as mortes. Os tipos de câncer com maior mortalidade 
foram: câncer de pulmão (1,3 milhões), câncer de estômago (cerca de 1 milhão), câncer 
de fígado (662 mil), câncer colorretal (655 mil) e câncer de mama (502 mil). Do número 
total de mortes por câncer ocorridos em 2005, mais de 70% ocorreram em países de 
média ou baixa renda.
A crescente curiosidade a respeito da expectativa de vida em todo o mundo tem sido 
associada a diversos fatores, como a ausência de uma boa qualidade de vida e o aumento 
assustador da prevalência e da incidência das doenças crônicas não transmissíveis, 
como o câncer.
O câncer é um importante problema de saúde pública, especialmente entre os países 
em desenvolvimento. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas 
próximas décadas teremos um impacto do câncer sobre a população que corresponderá 
a 80% dentro dos mais de 20 milhões de novos casos que devem ser diagnosticados 
até 2025.
O câncer é a segunda causa de morte no Brasil, sendo considerado um sério problema de 
saúde pública. De acordo com Almeida (2004) ele pode ser definido como um conjunto 
de mais de 100 doenças que tem em comum o crescimento desordenado e maligno de 
células que invadem os tecidos e órgãos, com a capacidade de se espalhar por outras 
regiões do corpo. 
origem e evolução da doença
Existe um registro oficial de um tumor considerado o mais antigo no ser humano com 
data de 4.000 anos a.C., mas não existe um primeiro registro que fale especificamente 
sobre a doença. Sabemos que nos tempos antigos, os egípcios, os persas e os indianos, 
séculos antes de Cristo, já mencionavam os tumores malignos. Na Grécia antiga, 
Hipócrates, o “pai da medicina”, definiu pela primeira vez uma determinada doença 
como sendo um tumor duro. Esse tumor, muitas vezes, reaparecia depois de retirado. 
Até o século XVI, todos os conhecimentos da medicina acreditavam que essa doença se 
tratava de um desequilíbrio dos fluídos corporais ou ainda um desequilíbrio do sistema 
linfático do corpo humano.
Então, no século XVIII, o câncer passou a ser estudado e considerado de uma forma 
diferente. Um médico patologista italiano caracterizou o câncer como sendo uma 
unidade específica, que se localizava em uma parte do corpo e outra pesquisadora 
11
ETIOLOGIA DO CÂNCER │ UNIDADE I
concluiu que os órgãos do corpo humano se localizavam em diferentes tecidos que eram 
afetados por diversos tipos de câncer. Nessa época, foi identificado ainda um primeiro 
caso de metástase com origem na corrente sanguínea ou região linfática.
Em 1860, o câncer ganhou uma nova alternativa de tratamento por meio da cirurgia, 
permitindo assim maior expectativa de cura aos pacientes. No final do século XIX, 
com o aumento do interesse da classe médica pela área oncológica e pelas cirurgias, foi 
realizada uma remoção de tumor no estômago no ano de 1881.
Inúmeros centros especializados foram criados em países pelo mundo. Citamos aqui: 
o German Central Committe for Câncer Research na Alemanha (1900), e o Instituto 
Radium de Paris (1919). Desde então, vários países criaram associações de saúde e 
institutos específicos para o câncer, e no Brasil surgiu o INCA (Instituto Nacional do 
Câncer) no ano de 1948.
A quimioterapia surgiu após o término da Primeira Guerra e o início da Segunda Guerra 
Mundial. O gás mostarda, utilizado por muito tempo como uma arma química nos 
combates, é uma substância muito tóxico. Notou-se que o gás causava a diminuição de 
leucócitos no sistema linfático e também na medula óssea – abrindo os caminhos para 
o combate das leucemias.
Uma descoberta feita pelos médicos James Holland, Emil Freireich e Emil Frei, no ano 
de 1965, transformaria todas as formas do tratamento quimioterápico. Eles utilizaram 
o modelo do tratamento da tuberculose com antibióticos e assim criaram o método 
inovador que dificultava a metástase e também a volta e recorrência dos tumores.
O câncer é a designação dada para uma série de doenças, superior a uma centena, 
que apresenta em comum entre elas: um crescimento descontrolado das células, que 
possuem a capacidade de invadir todos os tecidos e também os órgãos vizinhos.
O crescimento das células tumorais pode ser inibido por medicamentos antineoplásicos, 
porém, eles não são específicos para essas células, podendo agir também em células 
sadias do organismo. Assim, muitos fármacos possuem uma janela terapêutica estreita 
(dose usual próxima da dose tóxica) e muitos também podem ser considerados 
carcinógenos. As principais reações adversas dessa classe de medicamentos estão 
relacionadas à supressão da medula óssea, náuseas,vômitos e alopecia, toxicidade renal, 
cardiotoxicidade, toxicidade pulmonar, neurotoxicidade, lesão gonadal e esterilidade.
A construção e implementação da atenção farmacêutica oncológica consolidada 
demandará tempo, devido às grandes dificuldades encontradas no sistema de saúde 
atual, mas essas deverão acontecer com a participação de pequenos grupos de 
profissionais na elaboração de condutas e práticas ativas, com a demonstração de sua 
12
UNIDADE I │ ETIOLOGIA DO CÂNCER
importância e efetividade na melhora da terapia oncológica, de modo a conceituar o 
farmacêutico como provedor de saúde.
O farmacêutico como profissional de saúde, deve estar presente em cada etapa do processo 
de acompanhamento do paciente oncológico. Desde o diagnóstico laboratorial, na área 
de análises clínicas, até o tratamento oncológico. O seguimento farmacoterapêutico 
do paciente com câncer é de fundamental importância para garantir conforto, adesão 
terapêutica e sucesso nessa jornada tão árdua que é todo o tratamento oncológico.
Os profissionais farmacêuticos devem ser capacitados para acompanhar de perto esse 
grupo tão grande de pacientes. O suporte dado pelo farmacêutico irá acalentar um pouco 
as angústias e medos que cercam toda a família do paciente acometido pelo câncer.
13
CAPítulo 2
Epidemiologia
incidência de câncer no Brasil
Para o Brasil, estima-se para o biênio 2016-2017, uma ocorrência assustadora de cerca 
de 600 mil novos casos de câncer. Sendo esperados os seguintes tipos mais frequentes 
em homens: o câncer de próstata (28,6%), o câncer de pulmão (8,1%), o câncer de 
intestino (7,8%), o câncer de estômago (6,0%) e o câncer da cavidade oral (5,2%). Nas 
mulheres, os cânceres de mama (28,1%), o câncer de intestino (8,6%), o câncer de colo 
do útero (7,9%), o câncer de pulmão (5,3%) e o câncer de estômago (3,7%) estarão entre 
os principais.
O tratamento escolhido para o combate do câncer irá depender de inúmeros fatores, 
como estadiamento do tumor, idade do paciente, localização do tumor, e tipo de células 
cancerosas. Em grande parte dos tratamentos, há a associação de tratamento para o 
combate do câncer, distribuindo-se em modalidades como: cirurgia, radioterapia, 
quimioterapia, bioterapia, agentes endócrinos e transplante de medula óssea.
O tratamento quimioterápico é um dos tratamentos de preferência para se obter 
a cura do câncer, bem como o controle e os cuidados paliativos. A quimioterapia, 
envolve o uso de substâncias citotóxicas, administradas principalmente por via 
sistêmica (endovenosa). Os principais efeitos colaterais são: uma possível supressão 
da medula óssea, uma imunossupressão, presença de náuseas e vômitos após o ciclo do 
tratamento. Ainda pode gerar uma alopecia, uma toxicidade renal, toxicidade cardíaca, 
uma toxicidade pulmonar, uma neurotoxicidade e também uma lesão gonadal e até 
gerar uma esterilidade.
Dentre os vários efeitos clínicos do tratamento quimioterápico destacam-se a elevada 
indução de náuseas e dos vômitos, uma lesão do esôfago, fraturas múltiplas, desnutrição, 
um desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-básico nos pacientes, motivos pelos quais 
os pacientes abandonam os ciclos quimioterápicos, diminuindo de maneira acentuada 
a sua qualidade de vida e comprometendo gravemente toda a eficácia do tratamento 
medicamentoso.
No Brasil, têm ocorrido diversas mudanças tanto nas causas de mortalidade como as causas 
de morbidade. Devido à ocorrência de outras transformações, como as demográficas, as 
transformações sociais e as transformações econômicas. Esse acontecimento é conhecido 
14
UNIDADE I │ ETIOLOGIA DO CÂNCER
como uma transição epidemiológica ou ainda como uma mudança do perfil epidemiológico 
da população. Todo esse processo abrange três mudanças principais: 
 » Um aumento extremo da morbimortalidade causada pelas doenças e 
pelos agravos não transmissíveis e ainda pelas causas externas. 
 » Por um deslocamento da morbimortalidade dos grupos mais jovens para 
os mais idosos. 
 » Da mudança de uma situação na qual predominava a mortalidade, para 
uma outra situação onde a morbidade domina, gerando um grande 
impacto para todo o sistema de saúde. O câncer é responsável pela 
mudança do perfil de doenças da população brasileira.
São múltiplos os fatores que explicam a presença do câncer nessa mudança do perfil de 
acometimento da população brasileira. Podemos citar então: 
 » Uma exposição bem maior aos agentes cancerígenos, devido aos 
atuais hábitos de vida praticados em relação ao trabalho, durante 
a alimentação e no consumo vão expor todas as pessoas aos fatores 
ambientais (aos agentes químicos, físicos e os biológicos) resultantes 
dessa mudança no modo de vida das pessoas. Devemos citar também 
o processo de industrialização, que fez as pessoas comerem mais 
alimentos industrializados. 
 » O aumento da expectativa de vida das pessoas bem como o envelhecimento 
da estão relacionados com: 
 › Uma redução no tamanho das famílias, com um número menor de 
filhos (nascidos vivos) por mulher na idade reprodutiva. 
 › Houve uma melhoria nas condições econômicas e também nas sociais, 
que refletiu também na melhora do saneamento nas cidades. 
 › A modernização da medicina e o uso rotineiro de antibióticos e vacinas. 
 › O aprimoramento dos métodos para fazer diagnóstico do câncer. 
 › Um crescente aumento do número de óbitos causados pelo câncer. 
 › A melhora da qualidade e do registro das informações. Registra-se um 
claro aumento da incidência dos casos de câncer que se associam a um 
melhor nível socioeconômico: câncer de mama, câncer de próstata e 
câncer de e reto. 
15
ETIOLOGIA DO CÂNCER │ UNIDADE I
 › São observadas ao mesmo tempo taxas elevadas de incidência de 
tumores: tumores normalmente associados com as condições sociais 
menos favorecidas, câncer de colo do útero, câncer de estômago, 
câncer de cabeça e câncer de pescoço.
A estimativa de casos novos de câncer é analisada sob os aspectos: 
 » Através da localização primária do tumor e por sexo: os tipos de câncer 
(exceto pele não melanoma), separado pela localização primária e pelo 
gênero, para os anos de 2010/2011, no Brasil:
 › Homens: câncer de próstata, câncer de pulmão e câncer de estômago. 
 › Mulheres: câncer de mama, câncer de colo do útero e câncer de cólon 
e reto.
 » Por região geográfica: todas as estimativas de câncer (Tabela 1) são de 
grande importância. Com base nestes dados as são tomadas ações para 
fazer o controle dos tipos de câncer. As ações devem ser planejadas e 
os serviços de saúde e os profissionais de saúde irão se preparar para 
atender à população das maneiras que ela precisar.
Tabela 1. Número total de casos novos de câncer (exceto pele não melanoma) por regiões do Brasil, 2010/2011.
Região Estimativa de novos casos
Sudeste 202.340
Sul 77.880
Nordeste 57.890
Centro-oeste 22.510
Norte 14.800
Brasil 375.420
fonte: INCA, 2009.
Durante o ano de 2008, com as informações de mortalidade (Tabela 2), segundo o 
grupo de causas (CID 10), as neoplasias (tumores) são responsáveis pela segunda causa 
das mortes na população (exceto as “demais causas definidas”), representando mais de 
14,6% do total de óbitos no país.
Tabela 2. mortalidade proporcional (%), segundo grupos de causas, 2008.
Grupo de causas Total
Doença do aparelho circulatório 29.51%
Neoplasias (tumores) 15.57%
Causas externas de morbidade e de mortalidade 12.62%
16
UNIDADE I │ ETIOLOGIA DO CÂNCER
Grupo de causas Total
Doenças do aparelho circulatório 9.75%
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais 6.00%
Doenças do aparelho digestivo 5.13%
Algumas doenças infecciosas e parasitárias 4.39%
Algumas afecções originadas no período perinatal 2.42%
Demais causas definidas 14.61%
Total 100%
fonte: sIm (sistema de Informação sobre mortalidade).
Análise da mortalidade segundo diferentes 
aspectos
A mortalidade no Brasil por câncer pode ser observada por diferentes aspectos, dentre 
eles: analisar a mortalidade de acordo com a localizaçãoprimária do tumor e analisar a 
mortalidade por faixa etária e do sexo.
 » Na análise da mortalidade de acordo com a localização primária de um 
tumor, o câncer pode acometer diferentes órgãos do corpo. O local do 
órgão onde é diagnosticado o tumor será reconhecido pela localização 
primária da doença, como mostra a tabela 3.
 › Os cânceres de pulmão, de estômago, de próstata, de cólon e reto e 
de mama estão entre as cinco maiores causas da mortalidade dessa 
doença na população brasileira. 
 › As principais causas de óbito por câncer nos homens, no ano de 2008 
foram: em 1o lugar o câncer de traqueia, brônquios e pulmões, seguido 
por câncer de próstata e câncer de estômago. 
 › As três maiores causas do óbito pelo câncer nas mulheres, no ano de 
2008, foram: em 1o lugar o câncer de mama, câncer de traqueia, câncer 
de brônquios e pulmões e câncer de cólon e reto.
 » A mortalidade pela faixa etária e pelo sexo. Permite conhecer toda a 
distribuição percentual dos óbitos pelo câncer em cada faixa etária, através 
do sexo, na população residente em cada região, no ano considerado. Os 
números se encontram na (Tabela 4): 
 › O número menor de óbitos entre a faixa etária de 0 a 19 anos está 
relacionado com uma baixa ocorrência do câncer nas crianças e nos 
17
ETIOLOGIA DO CÂNCER │ UNIDADE I
adolescentes quando comparado ao número de casos da doença entre 
os adultos e idosos.
 › A mudança da concentração de óbitos para faixas etárias reflete a 
redução da mortalidade em idades jovens, sobretudo adultos jovens e 
o aumento da expectativa de vida da população. Esses indicadores são 
importantes para:
 · identificar as necessidades de mais estudos referentes às causas da 
morte pela idade e sexo;
 · os processos de planejamento, da gestão e da avaliação das políticas 
de saúde destinadas aos grupos etários específicos.
Tabela 3. As dez principais causas de morte por câncer.
Homens Mulheres
Traqueia, brônquios e pulmões 15,3% Mama 16%
Próstata 14,1% Traqueia, brônquios e pulmões 10%
Estômago 9,7% Cólon e reto 8,6%
Colón e reto 6,8% Colo do útero 6,6%
Esôfago 6,5% Estômago 6,1%
Fígado e vias biliares intra-hepáticas 4,6% Pâncreas 4,6%
Cavidade oral 4,2% SNC 4,5%
SNC 4,2% Fígado e vias biliares intra-hepáticas 4,2%
Pâncreas 3,9% Localização primária desconhecida 4,0%
Laringe 3,7% Ovário 3,9%
Outras 27% Outras 31,3%
Total 85,988 Total 73,775
fonte: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abc_do_cancer.pdf>.
Tabela 4. Número total de óbitos por câncer, distribuído por faixa etária e gênero no Brasil, em 2007.
Faixa etária
Homens Mulheres
Número de óbitos
00 a 04 388 357
05 a 09 392 281
10 a 14 383 304
15 a 19 535 371
20 a 29 1.354 1.322
30 a 39 2.290 3.535
40 a 49 7.176 8.851
50 a 59 16.074 14.204
18
UNIDADE I │ ETIOLOGIA DO CÂNCER
Faixa etária
Homens Mulheres
Número de óbitos
60 a 69 22.125 16.956
70 a 79 23.412 17.333
80 ou mais 16.018 13.957
Idade ignorada 29 19
Total 90.176 77.490
fonte: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/abc_do_cancer.pdf>.
Para se implantar uma política pública eficiente capaz de solucionar os problemas de 
saúde, é extremamente necessário que se tenha uma base confiável de informações para 
nortear as tomadas de decisão. Tais informações devem ser precisas e atualizadas com 
frequência. Elas serão um ponto de partida para que se faça a identificação de todos 
os determinantes do processo saúde-doença, bem como das desigualdades existentes 
na saúde e também do impacto dessas ações e da implementação de programas para 
reduzir a carga de doença na população. É com esse foco que atuará a área de Vigilância 
em Saúde Pública, acompanhando de perto e de maneira sistemática os eventos adversos 
que ocorrerem na saúde dentro da comunidade, com o objetivo de não só implementar, 
mas também aprimorar medidas de controle. 
Os números sobre a doença são monitorados e acompanhados pelos Registros de Câncer 
de Base Populacional (RCBPs). Nos Registros Hospitalares de Câncer (RHCs) é onde 
todas as internações e intervenções realizadas são acompanhadas. Todos esses registros 
permitem aos profissionais da saúde reconhecerem todos os novos casos e realizarem 
as estimativas sobre incidência do câncer, pois esses dados serão fundamentais para 
um melhor planejamento das ações de saúde locais para o controle do câncer, com 
base na situação de cada região. Existem hoje no Brasil, mais de 20 cidades que já que 
possuem RCBPs e que realizam a coleta dos dados de uma determinada população (que 
possuem diagnóstico de câncer) dentro de uma área geográfica delimitada. Os RHCs 
são implantados nos próprios hospitais e também funcionam como centros de coleta de 
dados, de processamento, da análise e da divulgação das informações sobre a doença, 
de uma forma padronizada, sistemática e de forma contínua.
Determinada situação de saúde que é capaz de levar um número grande de pessoas a 
adoecer e chegar a morrer deve ser conhecida e combatida por todos os profissionais 
que trabalham na área da saúde. 
 » Todos os registros das informações e notificações são necessários para 
uma melhor compreensão sobre as doenças e os seus determinantes. Na 
formulação das políticas de saúde. Todo o esforço para a manutenção 
19
ETIOLOGIA DO CÂNCER │ UNIDADE I
de uma base de dados atualizada deverá ser feito em todos os níveis de 
atendimento em saúde.
 » O profissional de saúde deve manter-se sempre atualizado sobre todo o 
perfil de adoecimento da população, das suas condições de saúde e dos 
cuidados que serão disponibilizados, consultando com frequência os 
cadernos de informações de saúde do Ministério da Saúde.
 » No momento em que o governo entende que uma determinada doença 
representa um sério problema de saúde, e que ela afetará uma grande 
parcela da população, serão desenvolvidos Programas de Saúde e Planos 
de Ação que objetivarão preveni-la, fazer os diagnósticos e também tratar 
e cuidar das pessoas que adoecem. Mas, é evidente que nenhum plano, 
programa ou ainda um serviço de saúde, por melhor que ele seja esboçado 
e organizado, não conseguirá atingir todos os seus objetivos e metas, isto 
só acontecerá se os profissionais de saúde realizarem os seus papéis no 
seu âmbito de atuação e colocarem em prática as suas atribuições.
 » Diante da gravidade e das ocorrências elevadas do câncer como problema 
de saúde, todos os profissionais de saúde, em maior ou menor grau, serão 
responsáveis pelo sucesso das terapias e demais ações para o controle da 
doença, aí se inclui o papel do farmacêutico.
20
CAPítulo 3
neoplasias
Câncer e crescimento celular
Todas as células normais que são capazes de formar os tecidos do corpo humano serão 
aptas a se multiplicar por meio de um processo contínuo e natural. As células normais 
crescem, multiplicam-se e morrem de maneira coordenada. Mas as células normais não 
são todas iguais: algumas jamais se dividem, como os neurônios; as células de todo o 
tecido epitelial por exemplo se dividem de uma forma rápida e muito contínua. Uma 
proliferação de células não significa uma presença de malignidade, mas uma resposta 
às necessidades do corpo.
As células cancerosas crescem de maneira diferente das células normais. Elas não 
morrem, crescem de uma maneira contínua e formam outras células ruins. 
Os organismos vivos apresentarão, em alguma fase da vida, deficiências durante o 
crescimento das células. Essa doença é identificada pela perda do controle na divisão 
das células.
Câncer: tipos de crescimento celular
O processo de proliferação celular será controlado ou não controlado. No crescimento 
controlado, tem-se um aumento localizado e autolimitado do número de células 
de tecidos normais que formam o organismo, causado por estímulos fisiológicos ou 
patológicos. Nele, as células são normais ou possuem pequenas alterações na sua 
forma e função, podendo ser iguais ou diferentes do tecido onde se instalam. O efeito é 
reversível após o término dos estímulos que o provocaram. A hiperplasia,a metaplasia 
e a displasia são exemplos desse tipo de crescimento celular (Figura 1).
Se o crescimento celular não for controlado, será formada uma massa anormal de 
tecido, onde esse crescimento será praticamente autônomo. E continuará crescendo 
excessivamente, mesmo após o término de todos os estímulos que o provocaram. 
Todas as neoplasias (do câncer in situ até o câncer invasivo) correspondem a uma forma 
descontrolada do crescimento das células, são os chamados tumores.
21
ETIOLOGIA DO CÂNCER │ UNIDADE I
figura 1. Tipos de crescimento celular.
fonte: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/livro_abc_2ed.pdf>.
 Classificação das neoplasias
Toda neoplasia é conceituada como uma proliferação descontrolada e anormal do 
tecido, e que fugirá parcial ou totalmente do controle do organismo humano. Esse tumor 
tenderá a ser autônomo e se perpetuará, gerando efeitos mais agressivos sobre o 
homem. As neoplasias se classificam em benignas ou malignas (Figura 2). As benignas 
ou tumores benignos terão o seu crescimento de uma maneira organizada, mas ocorrerá 
lentamente. Será de uma forma expansiva e apresentará os limites nítidos. Não invadirão 
os tecidos vizinhos, mas podem causar uma compressão em todos os órgãos e nos tecidos 
adjacentes. O lipoma (que se origina no tecido gorduroso), o mioma (com origem no 
tecido muscular liso) e ainda o adenoma (um tipo de tumor benigno das glândulas) 
são todos exemplos de tumores benignos. Neoplasias quando são malignas/tumores 
malignos, se manifestarão com um grau maior de autonomia e serão capazes de invadir 
os tecidos vizinhos e ainda provocar metástases, podem ser resistentes aos tratamentos 
e levar o paciente ao óbito. Veja na tabela 5.
figura 2. Diferenças entre os tipos de tumores.
fonte: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/livro_abc_2ed.pdf>.
22
UNIDADE I │ ETIOLOGIA DO CÂNCER
Tabela 5. principais diferenças entre tumores benignos e malignos.
Tumor benigno Tumor maligno
Formado por células bem diferenciadas (semelhantes às do tecido 
normal); estrutura típica do tecido de origem.
Formado por células anaplásicas (diferentes das do tecido normal); 
atípico; falta diferenciação.
Crescimento progressivo; pode regredir; mitoses normais e raras. Crescimento rápido; mitoses anormais e numerosas.
Massa bem delimitada, expansiva; não invade nem infiltra tecidos 
adjacentes.
Massa pouco delimitada, localmente invasivo, infiltra tecidos adjacentes.
Não ocorre metástase. Metástase frequentemente presente.
fonte: <http://www1.inca.gov.br/inca/Arquivos/livro_abc_2ed.pdf>.
Câncer: nomenclatura dos tumores
Para poder fazer a nomenclatura dos vários tipos de câncer, deve-se relacionar ao tipo 
de célula que originou o tumor. O corpo humano possui tipos de células diferentes que 
irão formar os tecidos, e o nome dado a esses tumores vai depender do tipo de tecido 
que lhes originou.
Nos tumores benignos, deve-se acrescentar o sufixo ‘-oma’ (tumor) ao termo capaz de 
designar o tecido que originou esse tumor. Exemplos:
 » Tumor benigno do tecido cartilaginoso: é chamado de condroma.
 » Tumor benigno do tecido gorduroso: é chamado de lipoma.
 » Tumor benigno do tecido glandular: é chamado de adenoma.
Nos tumores malignos, considera-se a origem embrionária dos tecidos de que deriva 
o tumor:
 » Os tumores malignos que se originam dos epitélios de revestimento 
externo e também do interno serão chamados carcinomas. Se o epitélio 
for de origem glandular, passarão a ser chamados adenocarcinomas.
Exemplos: carcinoma de células escamosas, carcinoma basocelular, 
carcinoma sebáceo.
 » Tumores malignos originados dos tecidos conjuntivos (mesenquimais) 
têm o acréscimo de sarcoma ao final do termo que corresponde ao tecido.
Exemplo: tumor do tecido ósseo – osteossarcoma.
Ainda a respeito da nomenclatura dos tumores, geralmente, além do tipo histológico, 
acrescenta-se ainda a topografia. Por exemplo:
 » O adenocarcinoma de pulmão.
23
ETIOLOGIA DO CÂNCER │ UNIDADE I
 » Um adenocarcinoma de pâncreas.
 » Um osteossarcoma de fêmur.
Mas a nomenclatura dos tumores poderá ser feita das seguintes maneiras:
 » Pode-se utilizar ainda os nomes dos cientistas que descreveram o câncer 
pela primeira vez (porque a sua origem celular foi esclarecida tarde, ou 
porque os nomes ficaram consagrados pelo uso).
Exemplos: linfoma de Burkitt, o sarcoma de Kaposi e o tumor de Wilms.
 » Podemos utilizar também os nomes sem citar que se tratam de tumores, 
como por exemplo: na doença de Hodgkin; na mola Hidatiforme e na micose 
fungoide. Embora os nomes não sugiram uma neoplasia, são tumores do 
sistema linfático, tumor do tecido placentário e um tumor da pele.
Já vimos até aqui que um câncer poderá surgir em qualquer local do corpo 
humano. Veremos algumas informações importantes para relembrar:
 » São cadastrados acima de 100 casos de câncer, todos diferentes e cada 
um possui as suas particularidades. Dessa maneira, o diagnóstico, bem 
como o tratamento e o seguimento terapêutico e farmacoterapêutico 
devem ser adequados.
 » Uma interpretação errada ou o fato de se generalizar um caso isolado de 
câncer, acabam fazendo com que essas crenças pareçam ser verdades.
 » Todo profissional de saúde tem que ter conhecimentos científicos 
sobre o câncer para que esteja apto para informar, para cuidar e saber 
encaminhar os seus pacientes da maneira adequada.
 » Sendo o câncer considerado um problema de saúde capaz de atingir 
toda a população, os profissionais de saúde de todas as classes, em 
maior ou menor grau, serão responsáveis pelo sucesso de todas as 
ações para o controle da doença.
24
unidAdE iiClASSifiCAção
CAPítulo 1
os principais tipos de câncer
origem 
As células doentes podem ser muito agressivas, mas os tumores malignos podem ser 
tratados e seus índices de cura atualmente são muito elevados. Por outro lado, um tumor 
benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se assemelham ao 
tecido original.
Os tipos de câncer se classificam baseados na localização primária do tumor. Exemplo: 
câncer de colo do útero, câncer de mama, câncer de pulmão.
Para informações complementares sobre os tipos de câncer que mais acometem a 
população brasileira, veja os tipos a seguir:
Câncer da cavidade oral (boca)
É um tipo de câncer que afetará os lábios e também o interior da cavidade oral, incluindo 
as gengivas, a mucosa jugal (bochechas), no palato duro (chamado de céu da boca), na 
língua (as bordas), também no assoalho da língua (região embaixo da língua) e ainda as 
amígdalas. O câncer dos lábios será mais comum nas pessoas brancas, e tem ocorrido 
com uma frequência maior nos lábios inferiores e associada à uma exposição a luz solar, 
ao tabagismo e ao etilismo.
Câncer de cólon e reto (intestino)
No câncer colorretal, vários tumores acometem uma parte do intestino grosso (o cólon) 
e o reto. É totalmente passível de tratamento e, na maioria dos casos, será curável, 
quando detectado precocemente, e quando ainda não atingiu outros órgãos. Grande 
25
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
parte desses tumores se inicia a partir de pólipos, lesões benignas que podem crescer 
na parede interna do intestino grosso. Uma maneira de prevenir o aparecimento dos 
tumores é a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos.
Câncer de esôfago
O câncer de esôfago se encontra entre os dez mais incidentes (6o entre os homens e 9o 
entre as mulheres). Esse câncer, com uma maior frequência, é o tipo carcinoma das células 
escamosas (também conhecido de carcinoma escamoso ou por carcinoma epidermoide 
e ainda por um carcinoma espinocelular). Esses tipos serão responsáveis por 96% dos 
casos registrados. O adenocarcinoma tem aumentado significativamente nos pacientes.
Câncer de estômago
É o chamado de câncer gástrico. Esses tumores no estômago se apresentam sob a forma de 
três tipos histológicos: de um adenocarcinoma (que será responsável por 95% dos tumores), 
do linfoma (será diagnosticado em cercade 3% dos casos) e ainda do leiomiossarcoma 
(que se inicia nos tecidos que darão origem aos músculos e também aos ossos).
A maior incidência se dará, na maioria dos casos, em homens na faixa dos 70 anos de 
idade. Dos pacientes, 65% serão diagnosticados com o câncer de estômago com idade 
maior que 50 anos. No Brasil, esses tumores aparecem em 3o lugar entre os homens e 
em 5o lugar entre as mulheres. As estatísticas mostram um declínio da incidência em 
vários países, como no Brasil.
Câncer de mama
Está classificado como o segundo tipo com maior frequência no mundo. Sendo o 
câncer de mama o mais comum entre as mulheres. Se for diagnosticado e tratado 
precocemente, o prognóstico desse tipo de câncer é bom. O envelhecimento, um 
processo que ocorre naturalmente é o seu principal fator de risco. Os fatores de risco 
relacionados com a vida reprodutiva da mulher (uma menarca precoce, não ter filhos, 
uma idade da primeira gestação acima dos 30 anos, o uso de anticoncepcionais orais, 
uma menopausa tardia e a terapia de reposição hormonal) já estão bem estabelecidos 
em relação ao desenvolvimento deste tipo de câncer, o de mama.
Câncer de pele tipo melanoma
Este câncer se refere a um tipo de câncer de pele que tem origem nos melanócitos (são 
as células produtoras de melanina, uma substância que determina a cor da pele) e tem 
26
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
alta predominância em adultos e brancos. O melanoma representa apenas 4% das 
neoplasias malignas da pele, sendo o tipo mais grave devido à sua alta possibilidade de 
causar uma metástase.
O prognóstico deste tipo de câncer será considerado bom, se for detectado nos estágios 
iniciais. Houve nos últimos anos uma grande melhora da sobrevida dos pacientes que 
possuem melanoma, devido à detecção feita precocemente do tumor.
Câncer de pele tipo não melanoma
Esse câncer é o mais frequente no Brasil, e corresponde a cerca de 25% de todos os 
tumores malignos que são registrados no país. Apresenta ainda altos percentuais 
de cura, se for detectado de maneira precoce. Dentre os tumores de pele, o tipo não 
melanoma é o que representa uma maior incidência e uma menor mortalidade.
O câncer de pele é mais presente nas pessoas acima de 40 anos, sendo raro em crianças 
e negros, exceto naqueles portadores das doenças cutâneas prévias. Pessoas com a 
pele clara, sensíveis à ação dos raios solares, são as principais acometidas por esse 
tipo de câncer.
A pele sendo o maior órgão do corpo humano, é muito heterogênea, e o câncer de 
pele não melanoma pode apresentar tumores de linhagens diferentes. Os tipos 
mais frequentes são: o carcinoma basocelular (que é o responsável por 70% dos 
diagnósticos) e o carcinoma de células escamosas ou o carcinoma epidermoide (que 
representa 25% dos casos). O carcinoma basocelular, apesar de ser o mais incidente, 
é o menos agressivo.
Câncer de próstata
Esse tipo de câncer é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de três 
quartos dos casos de acometidos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Um aumento 
foi observado nas taxas de incidência no Brasil e pode ser parcialmente justificado 
pela modernização dos métodos de diagnósticos (os exames), também pela melhoria 
na qualidade dos sistemas de informação disponíveis no país e por um aumento da 
expectativa de vida dos brasileiros. Alguns desses tumores poderão crescer de forma 
muito rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar o paciente ao óbito. 
Mas a grande maioria crescerá de uma forma tão lenta (eles levarão cerca de 15 anos 
para atingir o tamanho de 1 cm³) que não chegará a se manifestar durante a vida e nem 
irá ameaçar a saúde da população.
27
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
Câncer de pulmão
É considerado o mais comum entre todos os tumores malignos, com um aumento de 2% 
ao ano na sua incidência mundial. Em quase 90% dos casos que foram diagnosticados, o 
câncer de pulmão está sempre associado a um consumo de derivados do tabaco. Por ser 
muito letal, a sobrevida média gira em torno de cinco anos, e pode variar entre os 13% 
e os 21% nos países desenvolvidos e entre 7% e 10% nos países em desenvolvimento. 
No final do século XX, o câncer de pulmão tornou-se uma das principais causas das 
mortes evitáveis no mundo.
A literatura científica mostra que as pessoas que estão acometidas por um câncer de 
pulmão, apresentam um risco elevado para desenvolver um segundo câncer no pulmão 
e que os irmãos e os filhos das pessoas que tiveram esse tipo de câncer apresentam 
um risco levemente aumentado para o desenvolvimento desse câncer. Mas é difícil 
dimensionar quanto desse risco maior decorrerá dos fatores hereditários e o quanto 
será computado por causa do hábito de fumar.
Câncer do colo do útero
É também chamado de câncer cervical, e geralmente demora muitos anos para se 
desenvolver. 
As células quando alteradas poderão desencadear um câncer. Tais células são descobertas 
facilmente no exame preventivo (o exame de Papanicolaou). Por isso é importante a 
realização periódica desse exame, a cada três anos após dois exames anuais consecutivos 
que deram negativos. A alteração principal que levará a esse tipo de câncer é a presença 
de uma infecção pelo HPV: Papilomavírus Humano, com alguns subtipos de alto risco 
que estão relacionados com os tumores malignos.
leucemias
É uma doença maligna que afeta os glóbulos brancos (leucócitos) do sangue. Sua principal 
característica será o acúmulo das células jovens anormais na medula óssea, que irão 
substituir as células sanguíneas normais.
Obs.: a medula óssea produz as células que dão origem às células sanguíneas, que são: 
os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e as plaquetas.
28
CAPítulo 2
Ações para o controle do câncer
Prevenção
Como, afinal, podemos prevenir o câncer? De acordo com a Organização Mundial da 
Saúde (OMS), pelo menos cerca de 40% das mortes devido ao câncer poderiam ser 
evitadas. Tal afirmação faz da prevenção um aliado essencial para todos os planos de 
cuidados e controles do câncer.
Sendo o câncer uma doença na qual o seu processo terá início causado por um dano 
a um gene específico ou ainda quando um grupo de genes da célula progridem. 
Isso acontecerá quando os nossos mecanismos de defesa do sistema imunológico, que 
irão reparar ou destruir as células, falham. Quais seriam então os fatores que poderão 
contribuir para o desenvolvimento de um câncer?
A prevenção do câncer, que será tratada neste capítulo, diz respeito a um conjunto de 
atitudes que visam reduzir ou evitar uma exposição aos fatores que podem aumentar 
as possibilidades de um indivíduo vir a desenvolver uma doença, ou ainda de sofrer um 
agravamento dela, são os chamados fatores de risco.
Fatores de risco para o câncer estão relacionados aos ambientes físicos, à hereditariedade, 
ou ainda, representar alguns comportamentos ou costumes próprios de um determinado 
ambiente social e cultural.
A prevenção deve enfatizar os fatores associados aos modos de vida, independente das 
idades, e devem ser incluídas as intervenções no combate aos agentes ambientais e 
ocupacionais chamados de cancerígenos. Essas ações podem trazer, com certeza, bons 
resultados na redução do número de acometidos pelo câncer.
A vitamina d e a prevenção do câncer
A vitamina D, hoje em dia, não tem sido mais considerada apenas uma vitamina, mas 
um hormônio esteroide por causa das suas diversas atuações no organismo humano. 
Ela é capaz de regular vários dos processos biológicos, dentre eles: o metabolismo 
ósseo, a nossa resposta imune inata e também a proliferação e a diferenciação celular.
A função da vitamina D em todo o metabolismo ósseo já é muito reconhecida. Todo o 
reconhecimento e a identificação da expressão do receptor para a vitamina D, o VDR 
29
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
nas células e também de algumas células que possuem a capacidade de produzir as 
formas ativas da vitamina D. Esses poderes da vitamina têm sido comprovados através 
da ação desta vitamina sobre a fisiopatologiade muitas outras doenças. Dentre elas 
citamos: as doenças osteometabólicas, o diabetes, as doenças cardiovasculares, as 
doenças autoimunes, as doenças infecciosas e em especial o câncer.
As formas que se destacam da vitamina D são: a vitamina D3 (conhecida como 
colecalciferol, origem animal) que é sintetizada na pele, e a vitamina D2 (conhecida 
como ergocalciferol, origem vegetal) que é fornecida através da alimentação. 
Podemos encontrar essa vitamina em alimentos (óleo de fígado de peixe, bacalhau, 
atum, cogumelos, salmão e gema de ovos. Mas com toda certeza a sua maior fonte 
vem da síntese cutânea, através da exposição ao sol (radiação UVB). Nessa vitamina, 
diferente das outras, apenas 20% do que o organismo precisa diariamente é suprido 
pela alimentação. Tal composto, que é lipossolúvel, tem a sua absorção no intestino 
delgado. Depois é levada com a ajuda de uma proteína carreadora, a DPB, para vários 
órgãos-alvo. A sua metabolização acontece no fígado. Esse processo ocorre por meio da 
hidroxilação do carbono 25 pela enzima D3 25 Hidroxilase (25-OHase), ou calcidiol. 
As quantidades sanguíneas da vitamina D podem ser influenciadas por vários fatores, 
como o envelhecimento, a latitude, as estações climáticas, a ingestão alimentar, o 
uso de bloqueador solar, a hiperpigmentação cutânea, e o tempo de exposição solar. 
Os critérios de diagnósticos propostos para avaliação do estado nutricional de vitamina 
D foram descritos de acordo com as diretrizes da Sociedade Clinica de Endocrinologia, 
que define como: 
 » deficiência severa: > 25nmol/L; 
 » deficiência: 25-49 nmol/L; 
 » insuficiência: 50-74nmol/L; 
 » saudável – ideal: 75 – 150 nmol/L; 
 » intoxicação (indicado por hipercalcemia e hiperfosfatemia): < 250nmol/L.
Pesquisas epidemiológicas documentaram que existe uma alta prevalência de níveis 
insuficientes da vitamina D em pacientes idosos e em um número maior entre os pacientes 
com osteoporose. Aproximadamente 1 bilhão de pessoas apresentam deficiência ou 
níveis insuficientes de vitamina D. No Brasil, ainda existem poucos estudos que relatam 
a prevalência de hipovitaminose.
A vitamina D é capaz de exercer vários efeitos biológicos extremamente importantes 
no organismo, como a utilização de cálcio e fosfato; ela também consiste em um 
30
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
hormônio antiproliferativo e pró-diferenciativo, ou seja, inibe a proliferação e estimula 
a diferenciação celular, de modo que a deficiência desse hormônio pode levar a uma 
proliferação celular descontrolada, induzindo, assim, a formação de tumores malignos; 
participa de dois aspectos importantes da função neuromuscular: a força muscular 
e o equilíbrio.
A vitamina D consiste em um potente modulador do sistema imune. O receptor desse 
hormônio pode ser encontrado em diferentes células do sistema imune, como os 
linfócitos, os monócitos, os macrófagos e as células dendríticas. A vitamina D consegue 
levar a um aumento da imunidade inata com associação à regulação da imunidade 
adquirida. Dessa maneira, a sua deficiência pode ser relacionada ao aparecimento de 
algumas doenças autoimunes como DM1, a esclerose múltipla, a artrite reumatoide, 
o lúpus eritematoso sistêmico e ainda a doença inflamatória intestinal. Então, a 
suplementação da vitamina D pode ser usada tanto na prevenção quanto no tratamento 
das doenças autoimunes.
A vitamina D é capaz de exercer ações diretas ou indiretas em mais de 200 genes 
envolvidos na regulação do ciclo celular, na diferenciação celular, na apoptose 
e na angiogênese, promovendo ou inibindo a proliferação de células normais ou 
neoplásicas.
A identificação da expressão do VDR em quase todas as células e a descoberta significativa 
que algumas células também podem apresentar vários mecanismos enzimáticos para 
produzir formas ativas da vitamina D têm evidenciado a grande influência dessa 
vitamina na patogenia de algumas neoplasias. A 1,25(OH)2D (calcitriol) liga-se ao VDR 
nuclear para determinar uma resposta genômica específica por meio da regulação da 
transcrição genética. O VDR é produzido a partir de um gene localizado no cromossomo 
12, conhecido como gene VDR.
A identificação de diversos polimorfismos nesse gene o associa com os níveis de 25(OH)
D (calcidiol). O VDR também é encontrado nas células da mama, em células ósseas, nas 
células renais e intestinais, em células do sistema reprodutivo feminino (útero, ovário, 
placenta) e masculino (testículo e próstata), nas células do sistema imune e do sistema 
endócrino (pâncreas, hipófise, tireoide e adrenal). As células musculares esqueléticas, 
coração, cérebro e fígado também apresentam VDR.
Câncer de pele e as ações da vitamina d
Essa relação é muito complexa, e os estudos existentes trazem resultados bem 
conflitantes. Sabemos que o sol é necessário (raios UVB) para a síntese da vitamina 
D e que o sol também causa câncer. A teoria que afirma que a produção de vitamina 
31
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
D através do sol exerce um efeito protetor sobre o desenvolvimento do câncer de pele 
não encontra ainda um grande embasamento científico. Sendo assim, não existe um 
consenso entre a área da saúde para as orientações de ingestão da vitamina D e se os 
seus níveis elevados estão relacionados com a prevenção do câncer de pele.
Câncer do sistema urinário e próstata e a vitamina d
Vários estudos em epidemiologia foram feitos sobre a relação entre o câncer de 
próstata e a vitamina D, e a incidência de acometidos bem como a mortalidade deles 
com câncer de próstata. As evidências encontradas foram que a deficiência de vitamina 
D representa sim um fator de risco para esse tipo de câncer. Foi identificado ainda 
que o calcitriol (1,25(OH)2D é capaz de inibir o crescimento de duas das três linhas 
de células neoplásicas da próstata. Tal inibição era proporcional à presença do VDR, 
e os altos níveis de 24-hidroxilase/CYP24A1 reduziriam essa inibição. Os resultados 
mostraram que o calcitriol pode retardar de forma muito eficiente a evolução do 
câncer de próstata.
Câncer do aparelho digestivo e a vitamina d
Alguns estudos analisaram a concentração da vitamina D e a incidência de câncer e 
outras doenças crônicas. Um estudo foi realizado em 47.800 homens com idade entre 
40 e 75 anos, e correlacionou os níveis séricos de vitamina D e os riscos de câncer no 
aparelho digestivo. Os níveis séricos da vitamina estavam associados a uma redução de 
43% na incidência e 45% na mortalidade por cânceres do sistema digestivo.
Câncer de mama e a vitamina d 
O gene YP24A1 e o VDR são encontrados tanto no tecido mamário normal quanto nos 
tumores mamários. O CYP24A1 é estimulado pela sinalização do VDR, que é capaz 
de proporcionar um mecanismo de realimentação de forma negativa para a vitamina 
D. A expressão e a atividade de CYP24A1 são determinantes fundamentais para uma 
disponibilidade de vitamina D na mama. 
Como resultado de uma metanálise sobre a vitamina D e também sobre a prevenção do 
câncer de mama, houve uma redução de 45% no risco de desenvolvimento do câncer em 
mulheres que obtiveram os níveis séricos de 25(OH)D calcidiol) em torno de 60nmol/L 
quando elas foram comparadas com mulheres com níveis mais baixos de vitamina, um 
indicativo que a vitamina D participa mesmo na carcinogênese do câncer de mama de 
uma forma importante.
32
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
Câncer colorretal e a vitamina d
No ano de 1980, a incidência do câncer colorretal foi relacionada (CCR) com a população 
que tem baixa exposição ao sol. Foi levantada a hipótese de que a vitamina D é um fator 
de proteção contra o CCR. Em outro estudo, foi possível perceber que as pessoas que 
ingeriram mais que 1.000 UI por dia de vitamina D ou as que apresentaram nível sérico 
de 25(OD)D igual ou maior que 82,5 nmol/L, demonstraram uma redução bastante 
significativa na frequência de CCR, em um valor aproximado de 50%.
Câncer gástrico e esofágico e a vitamina d
Em um estudo de caso-controle realizado no norte da Itália, que estudouuma possível 
associação da ingesta da Vitamina D com o câncer de orofaringe e o câncer de esôfago, 
concluiu-se que o consumo de vitamina D representava um fator de alta proteção para 
o câncer do trato aerodigestivo superior, e também em alcoolistas e nos tabagistas.
Câncer pancreático
Vários estudos sugerem com a mesma intensidade, uma associação positiva entre a 
exposição ao sol, com taxas muito menores de mortalidade causada pelo câncer de 
pâncreas em caucasianos, japoneses e também em populações afro-americanas. As células 
das ilhotas, do ducto pancreático e dos tecidos adenocarcinomatosos pancreáticos, que 
expressam a 1,25(OH)2D e a enzima que a catalisa, a 24-hidroxilase/CYP24A1.
Foi sugerido que o crescimento das linhagens celulares de câncer de pâncreas possa 
ser inibido por 25(OH)D3. Foi ainda demonstrado in vitro, que a 25(OH)D3 é capaz de 
inibir a proliferação de células neoplásicas pancreáticas, induzindo a uma diferenciação 
celular e promovendo uma apoptose. Vários profissionais da saúde afirmam que os 
níveis mais elevados da vitamina D estiveram diretamente associados com uma menor 
incidência total do câncer, incluindo o câncer de pâncreas.
Câncer de ovário e a vitamina d
A presença do VDR no epitélio do ovário normal e em algumas linhas celulares de 
tumores ovarianos parece influenciar um desenvolvimento do câncer de ovário. Pois 
foi identificado em mulheres afro-americanas que são capazes de expressar pelo menos 
um polimorfismo do VDR, um risco bem elevado para desenvolver um câncer de ovário.
Foram encontradas também expressões do VDR em plaquetas de mulheres com 
câncer epitelial de ovário em níveis significativamente maiores do que os encontrados 
33
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
em mulheres saudáveis. Em relação à resposta ao regime que envolve o tratamento 
quimioterápico, a sobrevida foi em média de 6 vezes maior nas mulheres com valores 
mais elevados de VDR plaquetário, que é considerado um marcador patológico.
Conclui-se que as interações da vitamina D, 25(OH)D e os seus níveis plasmáticos 
de exposição à radiação UV desempenham uma ação fundamental na ocorrência do 
câncer. Contudo, para alguns tipos de câncer, as evidências dessas associações são 
inconsistentes ainda.
O VDR parece desempenhar uma função fundamental na carcinogênese. As recomendações 
diárias alimentares (RDA) tiveram um acréscimo nos últimos anos de 400 UI/dia para 
600UI/dia e as indicações para uma suplementação com 50.000 UI uma ou duas vezes 
por mês são cada vez mais rotineiras para populações vulneráveis.
Diversos estudos realizados em diferentes populações têm mostrado uma relação 
direta entre a deficiência de vitamina D e diversas doenças crônicas e também doenças 
autoimunes, incluindo entre elas o diabetes mellitus (DM1). O mecanismo envolvido 
nessa relação é que a vitamina D parece interagir com o sistema imunológico através 
de sua ação sobre a regulação e a diferenciação de várias células, como os linfócitos, 
os macrófagos e as células natural killer (NK), além de interferir na produção de 
citocinas, que são proteínas relacionadas com as respostas imunes e com as respostas 
inflamatórias. Sendo assim, de modo geral, o efeito da vitamina D no sistema 
imunológico leva ao aumento da imunidade inata e à regulação de diferentes formas 
da imunidade adquirida.
A vitamina D é um hormônio esteroide, cuja principal função consiste na regulação da 
fisiologia osteomineral. Nos seres humanos, de 80 a 90% da vitamina D são sintetizados 
endogenamente e o restante necessário ao organismo humano (de 10 a 20%) provem 
da dieta: vitamina D3 (colecalciferol) encontrada em peixes como atum e salmão, e 
vitamina D2 (ergosterol) encontrada em fungos comestíveis.
Causas de câncer
As definições dos riscos para a saúde têm sido ampliadas e envolvem várias condições 
que trarão ameaças aos níveis da saúde de toda uma população. Os riscos do câncer, 
em uma determinada população, dependerão das condições sociais, dos vários fatores 
ambientais, e das políticas e situações econômicas que a cercam, e das características 
biológicas inerentes a cada indivíduo. 
Essa compreensão será essencial nas definições dos investimentos em pesquisas de 
avaliação dos riscos e em ações concretas de prevenção.
34
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
Mesmo se for considerado que o conhecimento dos mecanismos causais dos diversos 
tipos de câncer não está completo, na prática, do ponto de vista da saúde pública, as 
identificações de apenas um dos componentes pode ser o suficiente para trazer grandes 
avanços na prevenção, a partir das escolhas das medidas preventivas.
Em várias ocasiões, por precaução, poderíamos adotar atitudes em favor da proteção da 
saúde da população e até mesmo antes que qualquer componente do mecanismo causal 
seja descoberto.
Contrários aos fatores de risco existem fatores que darão ao organismo uma capacidade 
de se proteger contra uma doença, daí serem chamados de fatores de proteção. 
São considerados fatores de proteção, por exemplo, o consumo de frutas, de legumes e 
verduras.
Os estudos dos fatores de risco e de proteção, isolados ou combinados, tem permitido 
serem estabelecidas relações de causa-efeito com determinados tipos de câncer. 
Contudo, três aspectos devem ser enfatizados:
 » Nem sempre uma relação entre a exposição a um ou mais fatores de 
risco e o desenvolvimento de uma doença será reconhecida, em especial 
quando se imagina que a relação se dará por meio de comportamentos 
sociais comuns, como na alimentação, por exemplo.
 » Em doenças crônicas, como o câncer, as primeiras manifestações surgirão 
após os muitos anos de uma exposição única (as radiações ionizantes, por 
exemplo) ou através de exposições contínuas (na radiação solar ou no 
tabagismo) aos fatores de risco. Sendo importante considerar o conceito 
de período de latência, isto é, o tempo decorrido entre a exposição ao 
fator de risco e o surgimento da doença.
 » As causas para a instalação do câncer são variadas, podendo ser 
divididas em externas ou internas ao organismo, sendo que ambas estão 
inter-relacionadas.
Causas externas
As causas externas, como as substâncias químicas, a irradiação, os vírus e os fatores 
comportamentais, estarão relacionados ao meio ambiente, ou seja, constituirão 
os fatores de risco ambientais. De todos os casos de câncer, entre 80% a 90% estão 
associados a fatores ambientais. Alguns desses fatores são bem conhecidos, dentre eles 
destacam-se:
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ClassifiCação │ UNiDaDE ii
 » O cigarro poderá causar câncer de pulmão (cerca de 90% dos cânceres de 
pulmão são causados pelo cigarro) e muitos outros tipos de câncer.
 » O uso constante de bebidas alcoólicas pode causar câncer de boca, 
orofaringe e laringe (principalmente quando associado ao fumo), esôfago 
e fígado.
 » Uma exposição excessiva ao sol pode causar câncer de pele.
 » Alguns tipos de vírus também podem causar câncer (de leucemia, câncer 
do colo do útero e o câncer de fígado).
 » Uma irradiação também poderá causar câncer: a incidência e a mortalidade 
por câncer nos habitantes das cidades do Japão de Hiroshima e de 
Nagasaki, logo após a explosão da bomba atômica (no fim da Segunda 
Guerra Mundial, em agosto de 1945), ainda hoje são muito altas.
Existem diversos outros fatores causais do câncer que ainda estão em estudos. 
Alguns componentes dos alimentos que ingerimos serão ainda motivo de diversos 
estudos, mas existem outros fatores causais que são ainda completamente desconhecidos 
pelos pesquisadores.
O envelhecimento do modo natural no ser humano trará mudanças nas células, que 
aumentarão as suas suscetibilidades perante uma transformação maligna. Somado ao 
fato das células das pessoas idosas terem ficado expostas por mais tempo aos diferentes 
fatores de risco para o câncer, isso explica, em partes, o porquê de o câncer ser mais 
frequente nessa fase da vida.
Causas internas
As causas internas envolvem os hormônios, as condições imunológicas e as mutações 
genéticasque são, na maioria das vezes, predeterminadas geneticamente e estarão 
ligadas à capacidade do organismo de se defender de todas as agressões externas. 
Apesar de os fatores genéticos serem capazes de exercer um importante papel nas 
formações dos tumores (na oncogênese), serão raros os casos de câncer que se devem 
exclusivamente por fatores hereditários, pelos familiares e pelos étnicos. Alguns tipos 
de câncer como os cânceres de mama, câncer de estômago e do intestino parecem ter 
um forte componente familiar, embora ainda não foram afastadas as hipóteses de 
exposição dos membros daquela família a uma causa comum.
36
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
Alguns fatores genéticos podem tornar determinadas pessoas mais susceptíveis às 
ações dos agentes cancerígenos do ambiente. Fica explicado o porquê de algumas delas 
desenvolverem o câncer e outras não, quando elas forem expostas a um mesmo agente 
carcinógeno.
As causas externas e internas podem interagir de várias maneiras, aumentando assim 
a probabilidade das transformações malignas acontecerem nas células normais. 
O surgimento do câncer dependerá da intensidade e da duração da exposição das células 
aos agentes causadores desse câncer, por exemplo: os riscos de uma pessoa desenvolver 
câncer de pulmão serão diretamente proporcionais ao número de cigarros fumados por 
dia e ao número de anos que ela vem fumando. As principais causas do câncer estão no 
quadro 1.
Quadro 1. principais causas do câncer.
Alimentação 30%
Tabagismo 30%
Hereditariedade 13%
Infecção 5%
Exposição profissional 5%
Obesidade e falta de exercício 5%
Álcool 3%
Raios UV 2%
Medicamentos 2%
Poluição 2%
Outras 1%
fonte: INCA, 1997.
Classificação dos fatores de risco
É possível modificar os riscos de uma pessoa desenvolver um câncer?
Sim. Pois a exposição a diversos fatores de risco, em especial os de maior impacto, 
podem ser modificados.
Tais modificações dependerão de mudanças no estilo de vida individual, do desenvolvimento 
de ações e da implementação das regulamentações do governo, das várias mudanças 
culturais na nossa sociedade e ainda dos resultados de novas pesquisas de um número 
maior de pesquisas voltadas ao câncer.
Os fatores de risco para o câncer se classificam segundo a possibilidade de modificação.
37
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
fatores de risco modificáveis
Serão classificados como fatores de risco modificáveis os que já foram identificados, 
como: o uso de tabaco e do álcool, dos hábitos alimentares inadequados, da inatividade 
física, dos agentes infecciosos, da radiação ultravioleta, de exposições ocupacionais, da 
poluição ambiental, da radiação ionizante, dos alimentos contaminados, da obesidade e 
da situação socioeconômica. Existe ainda uma relação com o uso das drogas hormonais, 
dos fatores reprodutivos e da imunossupressão.
Essa exposição será cumulativa, portanto, os riscos de câncer aumentarão com a idade. 
Contudo, será a interação entre os fatores modificáveis e os fatores não modificáveis 
que determinará os riscos individuais do câncer.
Mas sabemos que uma grande parte desses fatores ambientais, dependerão dos 
comportamentos do indivíduo, que poderá ser modificado, reduzindo assim o risco de 
desenvolver um câncer.
As mudanças dependem somente do indivíduo, diferente de outras mudanças que 
requerem alterações em níveis populacionais e comunitários. Um exemplo de uma 
modificação em nível individual pode ser a interrupção do uso do cigarro e, em nível 
comunitário, uma introdução de vacinas para fazer o controle de um agente infeccioso 
que está associado com o desenvolvimento do câncer, como o vírus da hepatite 
B. É importante lembrar sempre que um alto índice de mortes por câncer pode ser 
evitado. Mas para isso acontecer, todos devem contribuir para modificar o risco de 
desenvolvimento do câncer.
uso de tabaco
É considerada a principal causa dos cânceres no pulmão, na laringe, na cavidade oral 
e no esôfago. Tem ainda um papel importante nos cânceres de bexiga, da leucemia 
mieloide, do pâncreas, do colo do útero entre outros.
Alimentação inadequada
Uma alimentação, quando rica em gordura saturada e muito pobre em frutas, legumes e 
verduras, irá aumentar os riscos dos cânceres de mama, do cólon, da próstata e do esôfago.
Quando a alimentação é rica em alimentos de alto índice energético, haverá um aumento 
nos riscos de ganho de peso e do desenvolvimento da obesidade, que é considerado um 
fator de risco para os diversos tipos de câncer. Vale ressaltar que os alimentos de alta 
densidade energética concentraram muitas calorias em um pequeno volume.
38
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
Esses alimentos serão os que contêm mais de duas calorias por grama. Olhe o rótulo 
dos produtos no supermercado e divida o número de calorias da porção pelo total de 
gramas dessa porção, que aparece listada do rótulo nutricional, e descubra então se ele 
é um alimento de alta densidade energética.
Consumir frutas, legumes e verduras diminuirá os riscos de cânceres de pulmão, 
do pâncreas, do cólon e do reto, da próstata, do esôfago, da boca, da faringe e da 
laringe.
Por outro lado, a contaminação dos alimentos poderá ocorrer naturalmente, como no 
caso das aflatoxinas, presentes no amendoim (câncer de fígado).
inatividade física
A prática regular de uma atividade física diminuirá os riscos de câncer de cólon e reto, 
câncer de mama (pós-menopausa) e o de endométrio. Serão reduzidos também os riscos 
de se desenvolver obesidade (que é um fator de risco para diversos tipos de câncer).
obesidade
É considerada um fator de risco para os cânceres do endométrio, renal, da vesícula 
biliar e o mamário.
Consumo excessivo de bebidas alcoólicas
O uso exagerado das bebidas alcoólicas poderá causar cânceres de boca, da faringe, da 
laringe, do esôfago, do fígado, de mama e de cólon e reto. Os riscos de se desenvolver 
um câncer da cavidade oral aumentam quando houver uma associação com o fumo.
Agentes infecciosos
Esses respondem por uma taxa de 18% dos cânceres registrados no mundo. O HPV, o 
vírus da hepatite B e também a bactéria Helicobacter Pylori responderão pela maioria 
dos cânceres que se associam com as infecções.
radiação ultravioleta/ionizante
É uma radiação ultravioleta e a luz do sol é a sua maior fonte, ela causa o câncer de pele. 
Radiação ionizante é a mais importante radiação e é proveniente dos raios x, mas pode 
ocorrer na natureza em pequenas quantidades.
39
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
Exposições ocupacionais
Exposições ocupacionais ocorrem nos ambientes de trabalho, como o contato com 
substâncias como o asbesto, o arsênio, o benzeno, a sílica, as radiações, os agrotóxicos, 
a poeira das madeiras e dos couros e ainda a fumaça do tabaco, todas carcinogênicas. 
O câncer ocupacional mais comum é o de pulmão.
Poluição ambiental
A poluição das águas, do ar e dos solos respondem por cerca de 1% até 4% dos cânceres 
nos países desenvolvidos. A poluição tabagística ambiental é a principal poluição 
presente nos ambientes fechados, e segundo a OMS, pode ser classificada como 
tabagismo passivo.
nível socioeconômico
A relação do nível socioeconômico com vários tipos de cânceres se refere provavelmente 
ao seu papel como um marcador dos modos de vida e das exposições das pessoas aos 
outros fatores de risco do câncer.
Comportamento sexual
Quando se iniciam de forma precoce as atividades sexuais, quando possuir um parceiro 
sexual com múltiplas parceiras e quando se possui múltiplos parceiros sexuais, esses são 
fatores relacionados ao desenvolvimento de uma infecção pelo HPV, que é considerado 
o maior fator de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.
fatores de risco não modificáveis
Estão relacionados os fatores de risco que não dependerão do comportamento, dos 
hábitos e das práticas individuais ou coletivas das pessoas. São conhecidos como os 
fatores de risco intrínsecos. São eles: a idade, o gênero, a etnia/raça e a herança genética 
ou a conhecida hereditariedade.São raros os casos de cânceres que se devem única e exclusivamente aos fatores 
hereditários, familiares ou étnicos, apesar de o fator genético exercer um papel 
fundamental na oncogênese. Um exemplo são os indivíduos com uma retinoblastoma 
(tumor ocular) que em 10% dos casos, apresentam uma história familiar desse tumor.
Alguns tipos de câncer de mama, estômago e intestino parecem ter um alto componente 
familiar, embora não possamos afastar as hipóteses de uma exposição dos membros 
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UNIDADE II │ ClAssIfICAção
da família a uma causa comum. Determinados grupos de pessoas, por causas étnicas, 
parecem ser protegidos de certos tipos de câncer. A leucemia linfocítica, por exemplo, 
será rara em orientais, e o sarcoma de Ewing (um tipo de tumor ósseo) é extremamente 
raro em negros.
idade
Os riscos da maioria dos cânceres aumentam com a idade das pessoas e por esse motivo, 
eles ocorrerão com maior frequência nos grupos de pessoas com a idade avançada.
Etnia ou raça
Os riscos de câncer podem variar entre os grupos humanos das diferentes raças ou 
etnias. Algumas dessas diferenças refletirão as características genéticas e específicas, 
enquanto outras podem ser relacionadas aos estilos de vida e às exposições ambientais.
Hereditariedade
Os genes de cânceres hereditários respondem por mais ou menos 4% de todos os cânceres 
conhecidos. Alguns genes irão afetar a susceptibilidade das pessoas aos diferentes fatores 
de risco para o câncer.
gênero
Alguns tipos de cânceres ocorrem em apenas um sexo, e isso se deve às diferenças 
anatômicas entre homens e mulheres, como próstata e o colo do útero; enquanto outros 
ocorrem em ambos os sexos, mas com as taxas marcadamente diferentes entre os sexos 
como o câncer da bexiga (muito mais frequente no homem que na mulher) e o câncer 
de mama (mais frequente nas mulheres que nos homens).
A prevenção do câncer dependerá das medidas adotadas para reduzir ou ainda evitar a 
exposição aos seus fatores de risco. Esse é considerado o nível mais abrangente das ações 
de controle das doenças. Mas o que “você” pode fazer para contribuir para a prevenção 
do câncer? Como posso colaborar para reduzir ou evitar a exposição a fatores de risco, 
sendo um profissional da saúde? Algumas dicas devem ser seguidas:
 » Deve-se tentar eliminar ou reduzir a exposição aos fatores de risco que 
são modificáveis. Isto é uma medida de prevenção adequada para os 
vários tipos de cânceres.
 » O câncer considerado ocupacional possui o mais alto potencial de ser 
prevenido, pois quando se conhece o local e o momento exato da exposição, 
41
ClassifiCação │ UNiDaDE ii
será possível interromper essa exposição mediante a substituição dos 
produtos cancerígenos ou da tecnologia empregada.
 » Uma participação efetiva de todos os profissionais de saúde incluindo 
aí o farmacêutico, nos programas de educação comunitária para fazer 
a adoção de hábitos saudáveis de vida (como parar de fumar, ter uma 
alimentação rica em fibras e frutas e pobre em gordura animal, limitar 
a ingestão de bebidas alcoólicas, praticar atividade física regularmente e 
controlar o peso) será de extrema importância.
 » Ter a participação dos membros da comunidade em todas as atividades 
educativas poderá ser uma das estratégias para se conseguir transmitir 
informação e a divulgação das medidas de controle do câncer. Os 
profissionais de saúde deverão instruir a todos, orientando-os quanto 
às possíveis medidas alimentares e as comportamentais que devem ser 
estimuladas: tentar evitar a obesidade e o sobrepeso, o sedentarismo, 
o fumo, os alimentos que possuem uma alta concentração de calorias e 
evitar uma ingestão alcoólica em excesso.
É importante ter em mente que a multicausalidade costuma ser frequente na formação 
do câncer (carcinogênese). Ela poderá ser exemplificada no câncer de esôfago e no câncer 
da cavidade bucal, onde haverá uma associação entre o consumo de álcool e do tabaco.
A interação entre os fatores de risco e os fatores de proteção, à qual as pessoas estão 
submetidas, resultará, ou não, numa redução da probabilidade de elas serem acometidas 
pelo câncer e de adoecerem.
42
CAPítulo 3
diagnóstico
Sabemos que quanto antes o câncer for detectado e tratado, mais eficiente será o 
tratamento. Maiores serão também as possibilidades de cura e as chances de o paciente 
viver com qualidade. Veremos as ações que fazem parte dessa detecção precoce.
Nessa etapa o objetivo será detectar as lesões pré-cancerígenas ou ainda as cancerígenas, 
quando essas estão localizadas no órgão de origem e antes que elas invadam os tecidos 
circundantes ou outros órgãos.
Conheça as duas estratégias que devem ser utilizadas na detecção precoce:
 » Fazer um diagnóstico precoce.
 » Realizar um rastreamento.
diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce será realizado com o intuito principal de descobrir o mais 
cedo possível uma doença por meio dos sintomas e/ou sinais clínicos que o paciente 
apresenta. A exposição aos fatores de risco é umas das condições na qual todos os 
profissionais devem ficar atentos. Deve-se dispor atenção especial aos pacientes que 
convivem com esses fatores.
O Programa Nacional para o Controle do Câncer da OMS (2002) faz uma recomendação: 
para que todos os países promovam uma conscientização sobre os sinais de alerta que 
alguns tipos de cânceres são capazes de apresentar no organismo.
Os dois principais componentes dos programas nacionais para se fazer o controle do 
câncer são: informação para a população e informações completas para os profissionais 
de saúde, incluindo o farmacêutico.
A prevenção e a detecção precoce são as melhores armas para se obter o controle do câncer.
rastreamento
O rastreamento (screening) é o exame aplicado em pessoas saudáveis (sem os sintomas 
de doenças) com o intuito de selecionar as pessoas com maiores chances de ter uma 
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ClassifiCação │ UNiDaDE ii
enfermidade, pois apresentam os exames alterados ou que são suspeitos e que devem 
ser encaminhadas para uma investigação diagnóstica completa.
De acordo com a OMS (2003), o rastreamento poderá ser oferecido de três formas 
diferentes:
 » O rastreamento será chamado de desorganizado quando for dispensado, 
por meio de planejamento ativo, a pessoas convidadas, tendo uma 
frequência e uma faixa etária pré-definidas.
 » O rastreamento será chamado de seletivo quando for dispensado a um 
subgrupo já previamente identificado como de maior risco de ter uma 
doença.
 » O rastreamento será chamado de oportunístico quando for oferecido, 
de modo oportuno, aos indivíduos que, por outras razões, procuram os 
serviços de saúde.
Deve-se ter em mente que as finalidades de qualquer tipo de rastreamento serão a 
redução da morbimortalidade pelo câncer.
recomendações para detecção precoce
Veja a seguir alguns tipos de cânceres para os quais já existem as recomendações para 
detecção precoce: o rastreamento populacional e/ou diagnóstico precoce.
As recomendações e orientações apresentadas não reproduzirão, necessariamente, os 
programas do governo de detecção precoce, mas se baseiam nas melhores evidências 
científicas disponíveis na atualidade, servem como sugestões que podem ser incorporadas 
às ações dirigidas ao controle do câncer. Veja os quadros 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10.
Quadro 2. Recomendações para detecção precoce segundo a localização do tumor.
Localização do câncer Diagníostico precoce Rastreamento
Mama Sim Sim
Colo do útero Sim Sim
Cólon e reto Sim Sim
Cavidade oral Sim Sim
Pulmão Não Não
Próstata Sim Não
Estômago Sim Não
Pele (melanoma e não melanoma) Sim Não
fonte: INCA, 2009. 
44
UNIDADE II │ ClAssIfICAção
Quadro 3. Recomendações e orientações para detecção precoce do câncer de mama.
Algumas queixas/alterações que podem ser 
notadas pelos pacientes ou identificadas 
pelo profissional de saúde 
Recomendações/orientações gerais
Sintomas como dor, calor, edema, rubor ou descamação 
na mama.
Alteração na forma ou tamanho da mama.
Alteração na auréola ou no