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IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 1 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 ALINHAMENTO DAS EXTREMIDADES À esquerda temos a pisada pronada, que faz uma deformidade em Valgo, onde o centro da observação está se aproximando da linha central do corpo (nesse caso a parte interna dos pés pisa com mais força, o apoio é maior e consequentemente, muitas vezes o desgaste do calçado nessa parte é maior). No centro está uma pisada neutra e à direita uma pisada supinada, que faz uma deformidade chamada de Varo (nesse caso, o desgaste acontece na parte lateral dos pés). Sempre que falamos em alinhamento temos que pensar na linha mediana do corpo. Tudo que a convexidade se aproxima do centro é valgo (junteira) e tudo que a convexidade se afasta do centro é varo (cambota). Ambos os alinhamentos incorretos podem causar problemas, no caso do varo, onde a carga é maior na região medial do joelho, é esperado que o paciente desenvolve um desgaste precoce do compartimento medial. Já no valgo, o compartimento lateral sofre mais. A deformidade de varo é fisiológico do nascimento até os 2 anos de idade, enquanto o valgo é fisiológico dos 4 anos de idade até os 11 anos nas meninas e 14 anos nos meninos. Isso quer dizer que todas as pessoas que têm deformidade do tipo varo depois dos 2 anos de idade podem ter comprometimento de desgaste precoce (isso é um desalinhamento dos membros inferiores). Da mesma forma ocorre com os indivíduos que tem, acima dos 14 anos, uma posição de valgo acima de 4° na medida (em relação a uma linha traçada entre fêmur e tíbia) pode ter comprometimento futuro. Nas crianças a avaliação é feita colocando os membros inferiores em extensão, sendo que se a distância entre os maléolos mediais for maior que 10cm trata-se de um valvo excessivo. IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 2 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 TERMOS ORTOPÉDICOS IMPORTANTES CONTUSÃO • Trauma direto. Golpe ou impacto. • Provoca dor no local devido ao processo inflamatório • Partes moles e articulações • Não tem fratura ou lesão ligamentar • Pode ter lesão muscular e/ou subcutâneo leves LUXAÇÃO (SUB-LUXAÇÃO) • Perda parcial ou total da relação articular (congruência) • Pode provocar lesões ligamentos/nervos/vasos • Pode ser acompanhada por fraturas (nesse caso chamaria de fratura luxação) • Pode evoluir com instabilidade (se um ligamento for lesado e não cicatrizar adequadamente) • É uma lesão grave e urgente Obs.: A luxação anterior do ombro é a mais comum e é a maior causa de luxação espontânea. ENTORSE • Lesão ligamentar • Produzido por uma torção (torção é um mecanismo de lesão e que leva geralmente a uma lesão ligamentar – entorse) Trauma em inversão do pé. Precisa imobilizar para que ocorra cicatrização. IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 3 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 FRATURAS É a quebra da continuidade óssea; solução de continuidade no tecido ósseo. É uma força física que excede a capacidade do osso de suportar determinadas agressões. Existem 2 tipos de tecido ósseo, o osso cortical (mais compacto, na periferia) e o osso esponjoso (osso de dentro, da medular). O osso é composto por uma matriz óssea, que contém um componente orgânico (50%): colágeno tipo I + proteoglicanos e glicoproteínas de adesão; e um componente inorgânico (50%) mineral: cálcio, fósforo, bicarbonato, magnésio, sódio, potássio, citrato, hidroxiapatita. É a associação desses compostos (colágeno + hidroxiapatita) que determinam a dureza do osso e, ao mesmo tempo, uma certa elasticidade que permite sofrer ligeiras angulações sem sofrer alterações estruturais. Quanto às forças aplicadas ao osso, elas podem ser: • Força de compressão: Impactação de uma cortical sobre a outra. Ex.: cair em pé de uma certa altura (→ ). Na infância pode produzir fratura sub-periostal (galho verde). • Força de cisalhamento: escorregão, contorção. • Força de tensão → angulação/torção/tração ( →). Nesse contexto, o osso cortical apresenta alta resistência às forças de compressão e baixa resistência às forças de tensão, enquanto o osso esponjoso tem baixa resistência à força de compressão e alta resistência às forças de tensão. CLASSIFICAÇÃO DA FRATURA 1. Localização • Diafisária • Metafisária • Epifisária IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 4 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 Tipo 1: abertura pequena da linha epifisária. Tipo 2: é a mais comum. Fratura na linha epifisária e faz uma angulação para a metáfise. Tipo 3: atinge apenas a epífise, é articular. Tipo 4: atinge tanto epífise quanto a metáfise. Tipo 5: esmagamento (é a menos frequente). Obs.: Fraturas na placa de crescimento exigem tratamento urgente. 2. Configuração • Transversa • Oblíquas curtas e longas • Espiral • Simples – apenas 2 fragmentos • Cominutiva – 3 ou mais fragmentos • Fratura em galho verde Outros exemplos de fraturas: É mais comum na tíbia, na região diafisária, na região metafisária proximal (mostra à direita). IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 5 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 TIPOS DE TRAUMA • Direto → quando o trauma atinge diretamente o osso fraturado. • Indireto → atravessa articulações, lesionando outro osso à distância. Ex.: criança que cai no chão e apoia o braço, fazendo a fratura supra condiliana do úmero (cotovelo). À direita uma fratura direta e à esquerda uma indireta, ambas no cotovelo. EXTENSÃO DA LESÃO Lesão completa Lesão incompleta POSIÇÃO DA FRATURA Sem desvio Com desvio RELAÇÃO COM O MEIO EXTERNO • Fratura fechada IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 6 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 • Fratura aberta ou exposta → mais grave, prognóstico pior DIAGNÓSTICO Anamnese → Aqui é necessário que haja uma análise do agente (trauma) e uma análise do objeto (paciente). Em relação ao trauma deve-se saber quando, como, local, tipo de trauma. Já quanto ao paciente é importante verificar idade, sexo, nível de consciência, local atingido, estalo, sente crepitação, traumas associados) Exame físico → Há várias coisas possíveis de serem encontradas, sendo que dor e edema são as mais comuns. Além disso, pode ter deformidade, crepitação, equimoses/hematomas, impotência funcional, partes moles (integridade: fechada/exposta), pulsos e nervos periféricos, articulações próximas, avaliação geral do paciente, politrauma. Obs.: Fraturas incompletas/impactadas/sem desvio/estáveis podem ter pouca sintomatologia, entretanto não devem ser negligenciadas! Por menor que seja a possibilidade de fratura tem que fazer um raio X e dar atenção à mínima queixa que o paciente tiver. Lembrar também que uma fratura muito evidente pode ocultar outra fratura, por isso em casos de politrauma deve-se fazer um examegeral do paciente. Exames complementares: • Raio X → é o primeiro exame dos ossos a ser solicitado, é barato, de fácil acesso e simples de ser realizado. Deve ser feito em no mínimo 2 incidências: AP e perfil (para todos os ossos, excetos pés e mãos e bacia), AP e oblíqua (pés e mãos), AP panorâmico (bacia). Lembrar que paciente sintomático com RX normal deve-se realizar novo RX com uma ou duas semanas de evolução. • TC (com montagem 3D) → deve ser realizada em todas as fraturas articulares com desvios, além de servir para classificar melhor quando houver dúvida para avaliar o tratamento e nas fraturas da coluna vertebral e bacia. • RNM → é importante na avaliação de partes moles extra e intra-articular. Muito utilizada para fraturas no punho, joelho, pé, bacia e coluna. Auxilia também na visualização de fraturas por estresse. TRATAMENTO DAS FRATURAS O tratamento tem como objetivo a cura da solução de continuidade, ou seja, a consolidação da fratura. Como disse McKibbin, em 1978, o processo de cicatrização de uma fratura não é uma cicatriz, mas sim uma reconstituição do tecido danificado (ele nem só consolida, como remodela, de como que muitos nãos depois IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 7 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 pode ser que nem se veja nenhuma cicatriz). Essa consolidação é um processo natural, que estabiliza gradativamente os fragmentos ósseos fraturados (com ou sem deformidades). Para que a consolidação óssea ocorra é ideal que tenha suprimento sanguíneo adequado (osso desvitalizado não cicatriza), estabilidade da fratura e substratos adequados para a formação da matriz óssea, como minerais, vitamina D, carboidratos e proteínas. A partir do momento de quebra o processo de regeneração já começa. Das plaquetas já começa a ter a chegada de agentes de proliferação celular, macrófagos são produzidos e eles começam a fazer uma limpeza das células mortas e o resto de matriz óssea do próprio hematoma fraturário. Depois, a partir da proliferação do periósteo e da própria medular óssea começa a ter uma formação do periósteo e ele começa então a formar osso novo, que primeiro é cartilaginoso para depois ossificar. Por último, ocorre a ossificação do tecido cartilaginoso, tecido esse que forma o calo, que é tanto mais exuberante quanto maior for a mobilidade do foco de fratura (se tiver boa estabilidade da fratura quase não vai ter calo exuberante). ETAPAS DE CURA DA FRATURA IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 8 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 A cura da fratura varia conforme o grau de nutrição, a idade do paciente e a forma como a fratura foi conduzida, sendo que quanto mais jovem maior o poder de remodelação do osso. OBJETIVOS DO TRATAMENTO Quando é feito o tratamento do paciente deve-se objetivar uma imobilização mínima ideal do osso fraturado (porque quanto mais imobilizado e por mais tempo, maior a atrofia muscular), proteção das partes moles e articulações (não pode fazer uma imobilização que vai machucar a pele, tecido subcutâneo, articulação), mobilização precoce da articulação (quanto mais cedo puder imobilizar a articulação, melhor), menor morbidade possível, restaurar função da região, com retorno rápido às atividades normais. FATORES QUE PREJUDICAM A CONSOLIDAÇÃO DA FRATURA Idade avançada, nutrição inadequada, deficiência hormonal (GH/tireoide), uso de corticoides, consumo de álcool, tabagismo são fatores que podem diminuir o processo de cicatrização do osso. ESTABILIDADE DA LESÃO Estabilidade relativa é aquela onde há movimento controlado no foco fratura e há bom suprimento sanguíneo → consolidação secundária (vai ter presença de calo) TRATAMENTOS • Conservador com ou sem redução da fratura → tala de gesso, aparelho gessado ou imobilizadores • Cirúrgico: redução e fixação da fratura → colocar no alinhamento 3D e longitude ideal • Fixação da fratura → fios de Kirschner/Steinman, placas e parafusos, hastes intramedulares (bloqueadas ou não), próteses totais e parciais e fixadores externos) Tratamento conservador incruento: imobilização da fratura pelo tempo necessário para a consolidação, com exames de RX periódicos. É feito em casos de fraturas simples sem desvios, quando é possível apenas imobilizar pelo tempo necessário para a cura, tanto em crianças como em adultos. A consolidação em crianças ocorre com 3-4 semanas e em adultos 6-8 semanas. Tratamento conservador com redução incruente e imobilização: redução e estabilização não cirúrgicas. Ex.: fratura de Colles. De 15 em 15 dias deve-se fazer RX para acompanhar se a fratura está consolidando de forma adequada. Tratamento cirúrgico, indicação absoluta para fixação: é feito em casos de fraturas expostas, fraturas articulares com desvio, múltiplos ossos fraturados, politrauma, ossos longos no adulto. IZADORA BOHIER – MEDUFES 103 | ortopedia aula 1 9 Ortopedia Izadora Bohier – medUfes 103 COMPLICAÇÕES DAS FRATURAS As complicações locais (morbidade) são retardo de consolidação, pseudo-artrose, consolidação viciosa, lesões de estruturas nobres, infecção, síndrome compartimental. Já as complicações sistêmicas (mortalidade) podem ser hemorragias, embolia pulmonar, TVP, sepse. As principais complicações estão relacionadas a pseudo-artrose atrófica. Atrófica: existe uma atrofia do osso no local ou esse paciente foi mal fixado ou deu infecção ou ele não tem boa nutrição e isso impede a consolidação adequada. Hipertrófica (pata de elefante): esse osso tem tudo para colar, mas não consolidou porque não tem boa fixação (pode ser um gesso mal feito, fixação inadequada). pseudo-artrose atrófica à esquerda e hipertrófica à direita.
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