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Ascite e a importância do diagnóstico anatomopatológico Izadora Novaes Bohier Universidade Federal do Espírito Santo Centro de Ciências da Saúde Departamento de Patologia Feminino, 80 anos, reside em Viana Paciente encaminhada da UPA de Viana QP: “Dor na barriga e na perna” Identificação Paciente refere que em abril de 2020 iniciou um quadro de distensão abdominal, dor, dispneia e fraqueza, sendo necessário desde então 5 paracenteses, porém sem diagnóstico (não foi feita análise de líquido ascítico). Última paracentese em 05/01 com retirada de 3,1 L. Há cerca de 5 dias refere, associado ao quadro de dor abdominal, edema e dor em MIE, impossibilitando deambulação. Refere uma evacuação ontem, episódio com fezes líquidas, sem sangue ou muco. Nega melena, hematêmese. Nega náuseas ou vômitos. Feito Doppler venoso agora que evidenciou TVP aguda/subaguda em femoral esquerda. HDA HAS DRC Nega alergia medicamentosas HPP Ex tabagista há mais de 40 anos, cigarro de palha Em contato com fogão a lenha por mais de 40 anos Nega etilismo HPS REG, LOTE, corada, hidratada, anictérica, acianótica ACV: RCR, 2T, BNF, com sopro sistólico em focos aórtico e mitral 3+/6, FC 86 BPM AR: MVF com estertores bibasais, FR 18 IPM em ar ambiente, SAT 98% Abdome: globoso, piparote +, hipertimpânico, RHA presentes nos 4Q, indolor à palpação superficial e profunda, não palpo massas e/ou VMG. Traube livre.Sem sinais de peritonismo. MIMII: edema MIE e dor à palpação de panturrilha ++/4 Exame físico Sopro cardíaco Sopro sistólico em focos mitral e aórtico Sístole ventricular: período de contração do miocárdio ventricular Estenose aórtica e insuficiência mitral → associadas ao envelhecimento apresentam principalmente lesões degenerativas, decorrentes de uso contínuo Sopro sistólico Estenose aórtica: é geralmente consequência do uso e desgaste associados ao envelhecimento → estenose aórtica calcificada senil e calcificação da valva aórtica bicúspide (congenitamente deformada) Fatores de risco: processo de envelhecimento → dislipidemia → obesidade → quadro inflamatório → placas de aterosclerose, diabetes, HAS → desgaste valvar Insuficiência mitral: Correlação com uso e desgaste → Calcificação do anel mitral (mais comum em mulheres acima de 60 anos) Valvulopatias Ascite Acúmulo de líquido em excesso na cavidade peritoneal Hiperemia passiva crônica → ICC, trombose/embolia Hipertensão portal → cirrose Hipoproteinemia → acometimento hepático Inflamação do peritônio → apendicite, colecistite, pancreatite Tumores no peritônio e em órgãos abdominais → mesotelioma ou tumores metastáticos (cólon, ovário, pâncreas, colo do útero) Em 85% dos casos é causada por cirrose Ascite TVP Formação de um coágulo de sangue em veia profunda, geralmente em membro inferior Obesidade Insuficiência cardíaca Neoplasias Varizes TVP Hipóteses diagnósticas Cirrose hepática Insuficiência cardíaca Neoplasia Inflamação peritoneal Hipóteses diagnósticas Exames complementares USG abdome total (15/01/2021): Fígado de morfologia e dimensões normais, com ecogenicidade preservada, mantendo margens livres e ecotextura, homogênea, ausência de dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas. Vesícula biliar normodistendida, com paredes finas, com múltiplos cálculos, o maior medindo 7mm. Baço de dimensões normais, textura homogênea, morfologia e contorno preservados. Rins tópicos, com morfologia e contornos usuais, dimensões reduzidas. Rim esquerdo apresentando um cisto simples medindo 9mm. Moderada ascite. Exames complementares TC tórax (15/01/2021): Pequeno derrame pleural à direita, associado a espessamento pleural irregular e com aspecto nodular na porção anterior deste hemitórax, particularmente em projeção paramediastinal direita, com algumas linfonodomegalias justadiafragmáticas medindo até 1,5 X 1,1cm e densificação da gordura extrapleural adjacente. Também se destaca pequeno componente intracissural do derrame, com pequenas atelectasias compressivas. Não há evidência de derrame pleural à esquerda. Bandas parenquimatosas no lobo médio e na língula, assim como nos segmentos basais dos lobos inferiores, predominando à direita. Pequena opacidade nodulariforme subpleural na periferia do segmento basal lateral do lobo inferior esquerdo com cerca de 0,8cm, inespecífica. Exames complementares TC abdome/pelve (15/01/2021): Fígado, baço, pâncreas e adrenais sem anormalidades detectáveis no exame sem contraste venoso. Ausência de dilatação das vias biliares intra e extra-hepáticas. Rins tópicos, com forma, contorno e dimensões normais.Grande quantidade de líquido livre na cavidade abdominal, com aparentes focos de espessamento do revestimento peritoneal, particularmente na região da fossa ilíaca direita. Não há evidência de linfonodomegalias na cavidade abdominal. Exames complementares Submetida a videolaparoscopia diagnóstica em 03/02/21: Grande quantidade de líquido ascítico de coloração amarelo citrino, múltiplos implantes peritoneais em todo abdome, distribuídos de forma uniforme, de tamanhos variados, acometendo peritônio visceral e parietal, pela superfície de todos os órgãos abdominais. Realizada biópsia. Material encaminhado para o Serviço de Anatomia Patológica (líquido ascítico + biopsia) Exames complementares Líquido ascítico Cell block – Líquido Ascítico, H&E Cell block Técnica de emblocamento celular utilizada para análise de materiais, efusões e líquidos Os blocos celulares são feitos com os sedimentos restantes provenientes da centrifugação, são envoltos em papel filtro e colocados em cassetes embebidos em parafina e cortados em seções histológicas Outra técnica consiste em adicionar plasma e trombina ao sedimento e formalina tamponada a 10%, a coagulação ocorre espontaneamente e os cortes podem ser feitos Cell block Os blocos celulares são vantajosos uma vez que podem utilizar uma quantidade maior de células, aumentando a porcentagem de resultados positivos, e revelar especificidades celulares não visíveis nos esfregaços citológicos Amplia a disponibilidade de material para análise pelo patologista Reduz o número de esfregaços a seremexaminados Esses blocos podem ser corados o que é particularmente útil para a Imunocitoquímica Cell block Peritônio Corte histológico do peritônio – H&E Corte histológico do peritônio – H&E Corte histológico do peritônio – H&E Corte histológico do peritônio – H&E Fragmentos de tecido fibroconjuntivo e adiposo apresentando infiltração por neoplasia maligna epitelioide Células de núcleos vesiculosos e nucléolos evidentes, dispostas em agrupamentos coesos Figuras de mitose Estudo anatomopatológico Imuno-histoquímica Imuno-histoquímica Estudo imuno-histoquímico Mesotelioma maligno epitelioide É utilizado como um estudo complementar do diagnóstico anatomopatológico Essa técnica é realizada para localizar proteínas celulares ou populações celulares e tem como fundamentos, a utilização de anticorpos específicos contra a proteína ou célula que pretende se localizar tornando-a um antígeno A ligação permite situar e identificar a presença de variadas substâncias nas células e tecidos por intermédio da cor que é associada aos complexos antígeno anticorpo Estudo imuno-histoquímico Diagnóstico citogenético de neoplasias morfologicamente não diferenciadas Subtipagens de neoplasias Caracterização da localização primária de neoplasias malignas Diferenciação da natureza benigna ou maligna de proliferações celulares Detecção de agentes infecciosos Pesquisa de fatores prognósticos e indicações terapêuticas de determinadas doenças Estudo imuno-histoquímico É uma neoplasia maligna do mesotélio, tecido de origem mesodérmica Pode aparecer no peritônio, pleura, pericárdio e vaginal do testículo Histologicamente, pode ser de 3 tipos: epitelioide, sarcomatoso ou misto No epitelioide, as células são cubóides, colunares ou achatadas e formam estruturas tubulares ou papilares, semelhante a adenocarcinoma Para o diagnóstico diferencial deve ser feita análise imunohistoquímica do tecido tumoral (no caso de mesotelioma há positividade para citoqueratinas, calretininas, tumor Wilms 1) Mesotelioma BRASILEIRO FILHO, G. Bogliolo - Patologia. 9. ed. Rio de Janeiro: Gen, Guanabara Koogan, 2016. KUMAR, V.; ABBAS, A. K.; FAUSTO, N.; MITCHELL, R. N. Robbins. Bases patológicas das doenças. 7. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. http://kcm.com.br/blog/153-aplicacoes-da-imuno-histoquimica https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//mesotelioma-2009.pdf https://www.ccecursos.com.br/img/resumos/tcc---rosana-beatriz-pinheiro-da-silva.pdf Referências Obrigada!
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