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A empresa BH BILIGTON EMPREENDIMENTOS E SOLUÇÕES S/A lhe
contrata para responder as seguintes indagações, conferindo as soluções
necessárias a cada questionamento realizado pela empresa ou seus
funcionários:
1. A empresa contratou Ronaldo Bretas em 11/2017 para o cargo de analista
sênior e o escolheu em razão de sua formação superior em Administração e
Economia, tendo pactuado com o mesmo uma remuneração de R$12.000,00
superior ao dobro do teto dos benefícios pagos a previdência social. Em 2019
decorrência de grave crise econômica a empresa lhe consulta para saber se
dado as condições em que o empregado Ronaldo Bretas foi contratado,
poderia a empresa nos moldes do art. 503 da CLT negociar com o
mesmo a redução de seu salário em 25% (vinte e cinco por cento), ou seja, de
R$3.000,00 passando Ronaldo Bretas a receber R$ 9.000,00 valor esse ainda
superior ao teto da previdência que é de R$ 5.839,45? Informe se a empresa
pode fazer a negociação e se ela possível face as regras trabalhistas vigentes
e se possui validade jurídica.
"Art. 503 - É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente
comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa,
proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto, ser
superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer caso, o
salário mínimo da região".
Para que seja fundamentada a resposta e apresentar um parecer a empresa, antes é necessário entender o que vem a ser considerado o conceito de empregado hipersuficiente, caso que teremos de analisar, pois é nosso ponto de partida a respeito do que nos foi apresentado. 
Na fundamentação legal, esse respaldo veio com a reforma trabalhista que entrou em vigor com a lei federal 13.467/17, cabendo mencionar o parágrafo único do artigo 444, da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que traz em sua redação: 
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social. (Incluído pela Lei nº 13.467, de 2017).
Com base nos temos desse artigo é possível entender e atribuir que o hipersuficiente possui então a junção de dois requisitos para configurá-lo nessa hipótese: 1) tem de ser detentor de formação superior e 2) auferir salário mensal igual ou superior ao dobro do teto dos benefícios do Regime Geral de Previdência Social.
Um dos pontos importantes que cabe ressaltar é que, por ser um acordo, podendo ser estipulado por um prazo certo ou tempo indeterminado, é de extrema necessidade que seja formalizado por escrito e contando também com a presença de duas testemunhas, no mínimo. 
A lei então entende que esses trabalhadores possuem uma maior liberdade e autonomia de negociação como jornada de trabalho, horas extras e até bancos de horas sem causar prejuízo a si. Essa qualificação também traz a esse empregado uma grande possibilidade de estipular livremente seu contrato de trabalho de forma individual diretamente com seu empregador, ainda que haja “eventual prevalência daquilo que foi negociado sobre a própria lei, desde que respeitadas, às disposições de ordem pública de proteção ao trabalho”, ou seja, sem haver a necessidade de interferência e/ou assistência do sindicato que representa a categoria ou classe. 
Mas é aqui, exatamente nesse ponto, que cabe expor o parecer a empresa, que será impossibilitada em negociar diretamente com o empregado Ronaldo Bretas, por mais que ele seja detentor dos dois requisitos que o configuram como hipersuficiente, mas, o caso hipotético apresentado traz as condições de redução do salário dele, fazendo com que Ronaldo então não seja mais configurado como um empregado hipersuficiente, vez que iria passar a receber R$ 9.000,00, descaracterizando sua atual condição, pois o hipersuficiente não pode negociar diretamente com sem empregador cláusulas ou condições que, se executadas, vão lhe retirar a qualidade de hipersuficiente. Dessa maneira, a negociação só será possível caso venha a ser feita de forma bilateral, ou seja, mediante acordo ou convenção coletiva, possuindo assim, validade jurídica.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil 03/Constituição/Constituição.htm>. Acesso em 21 de abril de 2020.
BRASIL. Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de Maio de 1943. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm>. Acesso em 21 de abril de 2020.
Jus. O trabalhador hipersuficiente e a liberdade para a negociação de seus contratos de trabalho. Disponível em <https://jus.com.br/artigos/77802/o-trabalhador-hipersuficiente-e-a-liberdade-para-a-negociacao-de-seus-contratos-de-trabalho>. Acesso em 23 de abril de 2020.
Grebler Advogados. Empregado Hipersuficiente. O que pode e o que não poder ser negociado? Disponível em <https://grebler.com.br/conteudo/empregado-hipersuficiente/>. Acesso em 26 de abril de 2020. 
Migalhas. Você conhece o empregado hipersuficiente? A reforma trabalhista e suas mudanças. Disponível em <https://www.migalhas.com.br/depeso/299972/voce-conhece-o-empregado-hipersuficiente-a-reforma-trabalhista-e-suas-mudancas>. Acesso em 23 de abril de 2020.

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