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1 Interpretação dos testes de função tireoidiana Amaralina Portela e Melinna Gomes Interpretação dos testes de função tireoidiana Introdução A pesquisa de disfunções tireoidianas faz parte da investigação clínica em diversas especialidades médicas. A interpretação dos testes de função tireoidiana (TFT) geralmente é feita de modo simples e direto; entretanto, em certas condições, os resultados laboratoriais dos hormônios tireoidianos (HT) podem ser conflitantes ou incompatíveis com o quadro clínico. A falha em reconhecer tais situações pode levar a diagnósticos incorretos e tratamentos desnecessários. Fisiologia da tireóide A principal função da tireoide é produzir quantidades adequadas de HT (hormônios tireoidianos) para atender às demandas periféricas. Os dois principais HT são a tri-iodotironina ou T3 e a tetraiodotironina (tiroxina ou T4). A síntese desses hormônios envolve as seguintes etapas: 1. Transporte ativo de iodeto (I–) para o interior da célula tireoidiana; 2. Oxidação do I– e ligação a resíduos tirosil da tireoglobulina (Tg), formando a monoiodotirosina (MIT) e a di-iodotirosina (DIT). 3. Acoplamento de duas moléculas de DIT para formar o T4, e MIT + DIT para gerar o T3 4. Proteólise da Tg, com liberação dos hormônios livres na circulação. A oxidação do iodo e a reação de acoplamento são catalisadas pela peroxidase tireoidiana (TPO). A tireoide normal produz todo o T4 circulante e cerca de 20% do T3 circulante. Os 80% restantes do T3 circulante provêm da deiodinação periférica do T4, por meio da ação das deiodinases tipo 1 (D1) e tipo 2 (D2). OBS: Algumas condições podem diminuir a conversão periférica do T4 em T3, como, por exemplo: vida fetal, restrição calórica, doença hepática, doenças sistêmicas graves, medicamentos (propitioluracil, propranolol, glicocorticoides, amiodarona etc.) e deficiência de selênio. Uma vez liberados na circulação, T4 e T3 se ligam, de maneira reversível, a três proteínas plasmáticas: globulina ligadora de tiroxina (TBG), transtirretina (TTR) e albumina. A ação dos HT é mediada por receptores nucleares (TR [thyroid receptor; receptor tireoidiano]), com diferentes expressões nos diversos tecidos. A tireoide é controlada pela atividade do eixo hipotalâmico-hipofisário-tireoidiano. O TSH, produzido pelas células tireotróficas da hipófise anterior, liga-se a receptores específicos nas células tireoidianas e estimula todas as etapas da síntese do T4 e do T3, bem como sua liberação pela glândula. A síntese e a secreção do TSH, por sua vez, são inibidas pelos HT (feedback negativo) e estimuladas pelo hormônio liberador da tireotrofina (TRH), produzido no hipotálamo. Por isso, o TSH constitui-se no melhor indicador de alterações discretas da produção hormonal da tireoide. Distúrbios tireoidianos 1. Hipotireoidismo: Hipotireoidismo é a síndrome clínica caracterizada pela deficiência de hormônios tireoidianos. Pode ser primário (HTP), quando resulta de condições que interfiram diretamente sobre a tireoide, ou central (por deficiência de TSH). O HTP responde por pelo menos 90% dos casos de hipotireoidismo. No HTP, caracteristicamente há falta do feedback dos HT sobre os tireotrofos e, assim, sempre se observa elevação do TSH, associada à redução dos níveis de T4 livre, e o T3 pode estar baixo ou normal. 2 Interpretação dos testes de função tireoidiana Amaralina Portela e Melinna Gomes Níveis altos de TSH, sem alteração dos HT, caracterizam o hipotireoidismo subclínico (HSC). Outras condições que podem cursar com TSH aumentado e T4 livre normal (simulando HSC) são, por exemplo: • Adquiridas: Início do tratamento com L-tiroxina (antes de 6 a 8 semanas), Medicamentos (amiodarona, lítio), obesidade; • Congênitas: defeitos no receptor do TSH, defeitos na síntese de tireoglobulina, Síndrome de Pendred. O hipotireoidismo central (HC) caracteriza-se por deficiente produção de TSH e pode resultar de qualquer patologia da região hipotalâmico-hipofisária, bem como de seu tratamento com cirurgia ou radioterapia. Laboratorialmente, manifesta-se por níveis séricos baixos de T4 livre, enquanto os do TSH em geral estão baixos ou normais. No entanto, eventualmente podem estar discretamente elevados (em geral < 10 mUI/ℓ). Nessa situação, o TSH tem atividade biológica diminuída, não tem ritmo circadiano, mas mantém a sua imunoatividade. Dessa maneira, o TSH tem pouca utilidade no diagnóstico e monitoramento do HC. O melhor parâmetro é, portanto, o T4 livre. 2. Hipertireoidismo: As causas mais comuns de hipertireoidismo são a doença de Graves (DG), o bócio multinodular tóxico (BMNT) e o adenoma tóxico (AT). Nessas situações, existe produção autônoma de T3 e T4, portanto elas se manifestam por níveis suprimidos de TSH e elevação do T3 e do T4. OBS: Em alguns casos, o T4 pode estar normal, caracterizando a T3-toxicose. Supressão do TSH, sem modificação dos HT, é típica do hipertireoidismo subclínico (HSC). Excepcionalmente, o hipertireoidismo pode resultar de tumor hipofisário secretor de TSH (tireotropinoma). Nesses casos, o TSH encontra-se elevado (em 77% dos pacientes) ou normal. Nas tireoidites subagudas (TSA), ocorre destruição da tireoide, com liberação de hormônios pré-formados pela glândula, o que pode levar a supressão do TSH e elevação das concentrações de T3 e T4. Nesses casos, a distinção com os estados de hiperfunção tireoidiana (p. ex., DG, BMNT e AT) é feita pela determinação da captação tireoidiana do 131I (RAIU) nas 24 horas. Esta última se encontra muito baixa ou indetectável nas tireoidites subagudas e praticamente sempre elevada nas outras condições. 3. Doenças tireoidianas autoimunes: As principais doenças tireoidianas autoimunes (DTA) são a tireoidite de Hashimoto (TH) e a doença de Graves (DG). Têm em comum a presença de anticorpos antitireoidianos (TAb), em frequências distintas, mas bem maiores do que as observadas na população geral. Os principais TAb são os antitireoperoxidase (anti- TPO), antitireoglobulina (anti-Tg) e os contra o receptor do TSH (TRAb). A tireoperoxidase é a principal enzima envolvida na síntese dos HT. Anti-TPO e anti-Tg parecem ser consequência da lesão tireoidiana, em vez da causa. Já os TRAb são os responsáveis diretos pela patogênese da Doença de Graves, uma vez que o hipertireoidismo, nesse caso, resulta da ligação de TRAb estimuladores ao receptor do TSH, o que resulta em produção excessiva dos HT, independentemente do TSH. A doença associada mais frequentemente a aumento de anti-TPO e anti-Tg é a Tireoidite de Hashimoto, embora esses autoanticorpos também sejam encontrados em outras tireopatias, bem como na população geral. Condições extratireoidianas com interferência nos hormônios tireoidianos 1. Resistência ao hormônio tireoidiano: A síndrome de resistência ao hormônio tireoidiano (SRHT) é uma condição rara caracterizada por reduzida responsividade dos tecidos-alvo aos hormônios tireoidianos (HT). Resulta, em 85% dos pacientes, de mutações no gene do receptor do hormônio tireoidiano, especificamente na isoforma β (TRβ), o que interfere na capacidade do receptor de responder adequadamente à ligação do T3. Na maioria dos pacientes não tratados, a resistência aos HT nos tecidos periféricos é compensada pela elevação dos níveis séricos de T3 e T4 livres, mantendo- se um estado de eumetabolismo. O grau dessa compensação, entretanto, é variável entre os indivíduos, bem como entre os diferentes tecidos. Entre os sinais e sintomas mais comuns estão bócio, hiperatividade, problemas de aprendizado, déficit de desenvolvimento e taquicardia sinusal. 3 Interpretação dos testes de função tireoidiana Amaralina Portela e Melinna Gomes Fatores Ambientais Jejum prolongado,dietas restritivas, desnutrição e anorexia nervosa diminuem a valores subnormais as concentrações séricas das frações total e livre do T3. • A medida que o T3 diminui, há um aumento da concentração do T3, devido à diminuição de sua depuração. • Não há alteração do TSH. • Em contrapartida, dietas hipercalóricas, principalmente as ricas em carboidratos, elevam os níveis séricos de T3, com aumento da termogênese basal. • A diminuição do T3 durante um período de jejum é vista por muitos como um mecanismo de economia de energia. • O estresse crônico induz aumento da atividade adrenocortical, suprime os eixos tireoidiano e gonadal, além de inibir a secreção de GH. Envelhecimento No idoso saudável, há valores normais de T4, com TSH mais baixo do que nos indivíduos mais jovens. Octogenários e nonagenários também têm redução da razão T3/T4, bem como uma redução na secreção diária de TSH. • A dose em geral necessária para reposição de hormônios tireoidianos (HT) é reduzida em, aproximadamente, 20% a partir da 8a década de vida • Alguns estudos têm encontrado declínio da função tireoidiana com o avançar da idade e têm correlacionado esse achado com um aumento da longevidade entre esses idosos Doenças Não Tireoidianas 1- Durante doenças agudas, a alteração mais comum e precoce dos testes de função tireoidiana (TFT) é a inibição da conversão de T4 em T3, com consequente queda do T3 total e livre e aumento do rT3. A patogênese dessa síndrome de baixo T3 envolve a produção de citocinas pelas células inflamatórias que são capazes de inibir a deiodinase tipo 1 e estimular a deiodinase tipo 3. Além disso, a queda dos níveis de albumina e proteínas ligadoras dos hormônios tireoidianos (HT) e a inibição da ligação, do transporte e do metabolismo dos HT pelo aumento de ácidos graxos livres também desempenham papel importante na etiologia dessa síndrome. Essas alterações tendem a se normalizar com a recuperação da doença. 2- Com o agravamento e a cronificação das doenças, ocorre queda do T4 total e livre. A proporção dessa queda se correlaciona com a gravidade da doença e é marcador prognóstico de desfecho adverso. A diminuição do T4 é multifatorial. Uma das causas é a diminuição da TBG, que ocorre em algumas doenças como síndrome nefrótica e doença hepática grave, o que leva à redução do T4 total. 3- Outra causa é o decréscimo na secreção tireoidiana, resultante de uma supressão central do eixo hipotalâmico-hipofisáriotireoidiano (o que configura um hipotireoidismo central transitório). Assim, os níveis de TSH podem se mostrar baixos com a progressão da doença de base e, mesmo quando normais, a pulsatilidade do hormônio está diminuída. Com a recuperação da doença, os níveis de TSH voltam a se elevar e é comum que alcancem valores acima do limite superior da normalidade 4- Além das alterações previamente citadas, alguns medicamentos comumente utilizados em pacientes graves atendidos em unidades de terapia intensiva (UTI) também modificam os testes de função tireoidiana. Dentre elas, a dopamina, um vasopressor amplamente utilizado em UTI, está relacionado com o aparecimento de hipotireoidismo iatrogênico e clinicamente relevante em adultos e crianças. Portanto, a interpretação dos TFT nesses contextos torna-se difícil e requer muita cautela Glicocorticoides Supressão do TSH Inibição da conversão periférica de T4 em T 3 Dopamina Supressão do TSH Opioides Supressão do TSH Benzodiazepínicos Inibição da conversão periférica de T 4 em T 3 Furosemida Interferência com proteínas de ligação Barbitúricos Aumento do clearance de T4 Gestação Em decorrência do aumento das demandas metabólicas que ocorrem na gestação, alterações adaptativas fisiológicas na função tireoidiana 4 Interpretação dos testes de função tireoidiana Amaralina Portela e Melinna Gomes acontecem durante toda a gravidez. Há aumento da síntese hepática da TBG, levando a um aumento nas concentrações de T3 total e T4 total até 1,5 vez maior do que em mulheres não gestantes, elevando-se a partir da 6° à 8° semana de gestação e atingindo pico na 20° semana. A gonadotrofina coriônica humana (hCG), produzida pela placenta, tem estrutura semelhante à do TSH e pode estimular a tireoide materna quando presente em altas concentrações no soro. Coincidindo com seu pico, no final do primeiro trimestre, pode ocorrer aumento do T4 livre e supressão do TSH, cujos níveis podem se tornar indetectáveis. A partir de então, o TSH sérico retorna aos níveis normais, se a ingestão de iodo for adequada, e permanece inalterado. Em gestantes com autoimunidade tireoidiana, TRAb estimuladores ou inibidores podem cruzar a placenta e causar disfunção tireoidiana fetal. Após o parto, as alterações na função tireoidiana retornam gradativamente ao normal, e a TBG alcança níveis normais com 6 a 8 semanas de puerpério Alterações nas proteínas transportadoras dos HT Alterações quantitativas e/ou qualitativas das proteínas carreadoras dos HT resultam em aumento ou diminuição da fração total dos HT, sem alterar, contudo, a fração livre (metabolicamente ativa). TBG: • Várias doenças e alguns medicamentos alteram os níveis de TBG. • Elevação e redução da TBG resultam, respectivamente, em aumento e diminuição do T3 e T4 totais, sem modificar a fração livre dos HT nem o TSH. • Os pacientes são clinicamente eutireóideos. • Gravidez e terapia estrogênica aumentam a glicosilação da molécula de TBG, o que resulta em diminuição da sua depuração metabólica e aumento dos níveis séricos • Outras substâncias que podem aumentar a TBG são: tamoxifeno, heroína, metadona, clofibrato e 5-fluoruracila. • Redução da TBG pode ocorrer na rara condição de deficiência congênita de TBG (frequência de 1:5.000 nascidos vivos), que é uma alteração ligada ao X, bem como na presença de doenças graves e com uso de certos medicamentos (p. ex., andrógenos e glicocorticoides Albumina • Seu papel na fisiologia tireoidiana torna-se importante em pacientes com hipertiroxinemia disalbuminêmica familiar (HDF). • Trata-se de um distúrbio autossômico dominante que decorre de mutações no gene da albumina e caracteriza-se pela presença no plasma de uma albumina anormal (25% do total) com elevada afinidade pelo T4 (mas não pelo T3). • Em consequência, observa-se elevação dos níveis do T4 total, enquanto TSH, T4 livre, T3 total e T3 livre permanecem normais Presença de Anticorpos As principais classes de anticorpos que causam interferência nos ensaios de HT são os autoanticorpos e os anticorpos heterófilos. • Entre os autoanticorpos capazes de interferir nos TFT incluem-se o anti-T4 e anti-T3. Dependendo do método utilizado, a presença de autoanticorpos anti-T3 ou anti-T4 pode ocasionar resultados falsamente elevados ou diminuídos de T4 e T3 livre e/ou total Já os anticorpos heterófilos podem interferir na dosagem de TSH e provocar valores falsamente elevados. • Deve-se suspeitar dessa interferência quando os níveis de TSH permanecerem relativamente estáveis, a despeito de mudanças nos HT ou quando existirem valores discrepantes de TSH entre laboratórios que usem metodologias diferentes 5 Interpretação dos testes de função tireoidiana Amaralina Portela e Melinna Gomes Fármacos Vários medicamentos podem interferir, por mecanismos distintos, no metabolismo extratireóideo, no transporte, na absorção e na ação dos HT. Os principais são: • Glicocorticoides A administração de glicocorticoides em altas doses pode diminuir transitoriamente a secreção de TSH, por ação direta na secreção de TRH. Também causa diminuição da conversão periférica de T4 em T3 e, por isso, doses farmacológicas de dexametasona (8 mg/dia) são usadas na crise tireotóxica• Amiodarona A amiodarona é uma molécula rica em iodo; um único comprimido de 100 mg desse fármaco contém, aproximadamente, 200 vezes a necessidade diária de iodo de um indivíduo normal. Além da sobrecarga de iodo, pode também causar disfunção tireoidiana por outros mecanismos, como: inibição da conversão periférica de T4 em T3, reação autoimune, ação tóxica direta, bloqueio da entrada do HT nas células-alvo e diminuição da ligação do T3 com seus receptores. Disfunção tireoidiana, seja hipo ou hipertireoidismo, acontece em 14 a 18% dos pacientes tratados com amiodarona. ➔ O hipotireoidismo induzido pela amiodarona é explicado pelo excesso de iodo fornecido pela medicação e ocorre mais frequentemente em pacientes com autoimunidade tireoidiana, do sexo feminino e residentes em área com ingestão adequada de iodo. ➔ O hipertireoidismo ocorre mais em áreas deficientes em iodo e está relacionado com a síntese hormonal excessiva induzida pelo iodo em pacientes previamente predispostos (tireotoxicose induzida por amiodarona tipo 1) ou tireoidite destrutiva por ação tóxica direta da amiodarona (tireotoxicose induzida por amiodarona tipo 2). ➔ Combinação dos 2 tipos de tireotoxicose não é incomum, tornando o diagnóstico e o tratamento mais desafiadores. ➔ Pacientes cardiopatas que fazem uso de amiodarona devem, portanto, ser monitorados para sinais de disfunção tireoidiana que pode se manifestar como reaparecimento da descompensação da cardiopatia de base. • Anti-inflamatórios O ácido acetilsalicílico compete com os HT na ligação com TBG e TTR e pode aumentar as frações livres do T4 (em até 100%) e T3. Efeito semelhante é observado com outros anti-inflamatórios não hormonais. • Heparina Acredita-se que o efeito seja resultante da ativação da lipase lipoproteica, que resulta em aumento nos ácidos graxos livres presentes no plasma e, subsequentemente, em deslocamento do T4 de suas proteínas carreadoras. Para melhor avaliação tireoidiana, é necessária a interrupção da medicação por pelo menos 24 horas • Hormônios Sexuais A estrogenoterapia costuma levar a aumento nas concentrações da TBG. A influência do estrógeno sobre a TBG depende da sua via de administração, dose e estrutura. De fato, diferentemente da via oral, o estrógeno transdérmico causa mínimas alterações nas concentrações de TBG. Em contraste, os andrógenos causam diminuição da TBG e, consequentemente, diminuem as concentrações de T3 e T4 totais, porém mantêm-se normais os níveis de TSH. • Dopamina e dobutamina Tanto a dopamina quanto a dobutamina causam supressão do TSH logo após a administração de doses usadas com frequência em terapia intensiva. Apesar disso, o tratamento crônico com agonistas dopaminérgicos não causa hipotireoidismo em pacientes em estado crítico. Após sua suspensão, o TSH retorna aos níveis anteriores em 24 a 48 horas
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