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A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA

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A IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DA CRIANÇA
RESUMO - Este trabalho analisa a questão da relação família e escola. Apresenta o conceito de educação, explorando as concepções acerca da função educadora da família com a função educadora da escola. Buscando reflexões sobre esta relação no processo pedagógico, com o objetivo de juntas alcançarem o desenvolvimento total da criança. Trata-se de uma pesquisa teórica bibliográfica em livros e artigos que abordem o tema estudado nesse projeto. Tendo por objetivo fazer-se compreender que para uma educação integral, é necessário que haja o apoio entre os contextos familiar e escolar em que o ser está inserido. 
PALAVRAS-CHAVE: Escola; Família; Educação; Relação escola-família; processo pedagógico;
INTRODUÇÃO
A escola se constitui como um espaço onde ocorre à construção de relações saudáveis e que produzem aprendizagens importantes no contexto das relações interpessoais de toda a sua comunidade (pais, alunos, profissionais da instituição e comunidade ao entorno).
A participação familiar no cotidiano escolar do aluno é muito importante, pois isso traz segurança e confiança para que o estudante se desenvolva no processo de aprendizagem. Quando os pais estão presentes na educação dos filhos, estes conseguem perceber mais rapidamente as dificuldades e procurar auxilio, por exemplo.
Educar e promover o crescimento e o amadurecimento da pessoa humana em todas as suas dimensões: material, intelectual e moral. A família nesta perspectiva e uma das instituições responsáveis pelo processo de socialização exercida pelos pais os transmissores, e desenvolvidas junto aos receptores, os filhos. Naturalmente, depois da família e na escola que as crianças permanecem mais tempo, dadas suas características e funções, em geral um importante espaço de avaliação das crianças, cujo comportamento está marcado pelas maneiras de ver cada família. A escola, portanto, faz parte das funções em que a transmissão dos valores dessa sociedade modela o próprio processo de socialização da criança.
Quando a família se faz presente na vida escolar, há uma diminuição dos problemas com indisciplina e socialização. Além disso, e importante que os pais ajudem a criança a perceber a escola de maneira holística. O aluno precisa ter a percepção que a escola tem propósitos maiores do que apenas ensinar o aluno a ler e escrever. Esse espaço também e feito para construir relações, trocar experiencias e agregar conhecimento de formas variadas.
O presente artigo tem como objetivo conceituar educação e identificar a importância do envolvimento da família na vida escolar do educando apresentando citações de pensadores que confirmam o avanço na formação integral do aluno a partir desta presença familiar.
conceito de educaÇÃo 
A educação é tema de debate regular, faz parte de nossa história, já tendo sido utilizada como recurso, poder dominativo, porém, hoje é considerada um ato indispensável. E tem vários contextos, podendo ela ser formal – dentro do espaço escolar – ou informa – no contexto familiar. Não havendo assim uma única forma de educar, e nem vindo da escola como única fonte. 
A educação deve objetivar a formação ética e moral do ser, conduzindo-o para a conquista da sua emancipação e da sua vida em sociedade. Rodrigues declara que: 
 
A educação, entendida como processo de formação humana, atua sobre os meios para a reprodução da vida – e essa e sua dimensão mais visível e pratica -, bem como coopera para estender a aptidão do homem para olhar, perceber e compreender as coisas, para se reconhecer na percepção do outro, constituir sua própria identidade, distinguir as semelhanças e diferenças entre si e o mundo das coisas, entre si e os sujeitos. A educação envolve todo esse instrumental de formas de percepção do mundo, de comunicação e de intercomunicação, de autoconhecimento, e de conhecimento das necessidades humanas. E propõe-se a prover as formas de superação dessas necessidades, sejam elas materiais ou psíquicas, de superação ou de reconhecimento de limites, de expansão do prazer e outras. Educar requer preparo eficiente dos educandos para que se capacitem, intelectual e materialmente, para acionar, julgar e usufruir esse complexo de experiencias com o mundo da vida. Esta e uma responsabilidade a ser atribuída ao educador. (RODRIGUES, 2001, p. 243). 
A educação tem como objetivo fomentar o processo de estruturação do pensamento e das formas de expressão. Contribui para o processo de maturidade sensório-motor e estimula a integração e o convívio em grupo. A educação escolar, por sua vez, consiste na apresentação sistemática de ideias, fatos e técnicas aos alunos. Uma pessoa exerce uma influência ordenada e voluntária sobre outra com a intenção de a formar. Assim, o sistema escolar e a maneira pela qual uma sociedade transmite preserva a sua existência coletiva entre as novas gerações.
Estudar a relação família-escola e uma oportunidade para se encontrar alternativas que contribuam para o desenvolvimento social e cognitivo e para o sucesso escolar do educando. Deve-se estar ciente de que essa tarefa não cabe apenas ao professor, mas sim a todos que fazem parte do processo educativo, que se inicia no ambiente familiar, passando pela escola, um espaço que reúne uma variedade de conhecimentos, envolve atividades, regras e valores, que ensina através do respeito as diferenças e aperfeiçoa o conhecimento do indivíduo. 
o papel da famÍlia na educaÇÃo
Desde o seu nascimento, a família é responsável pelos cuidados físicos, pelo desenvolvimento emocional, cultural, moral e psicológico da criança. Através desse contato humano e do repasse de informações a criança inicia a construção dos seus esquemas motores, afetivos, cognitivos, linguísticos e perceptuais.
Também, é a partir deste contato com o contexto familiar no qual está inserido que a criança cria ligações emocionais que são de extrema importância para o processo de internalização e para o desenvolvimento da socialização. “No ambiente familiar, a criança aprende a administrar e resolver conflitos, a controlar as emoções, a expressar os diferentes sentimentos que constituem as relações interpessoais, a lidar com as diversidades e adversidades da vida” (WAGNER, RIBEIRO, ARTECHE & BORNHOLDT, 1999 apud DESSEN, POLONIA, 2007, p. 23).
É no contexto familiar que a criança desenvolve seus sentimentos (alegria, felicidade, tristeza, ciúmes, raiva, o sentir-se amado). E junto à comunidade escolar explorar esses sentimentos, o que é de extrema importância para o desenvolvimento do indivíduo, o que inicia a sua inclusão social. 
Tiba afirma que:
As crianças precisam sentir que pertencem a uma família. Sabemos que a família e a base para qualquer ser, não referimos aqui somente família de sangue, mas também famílias construídas através de laços de afeto. Família, no sentido mais amplo, e um conjunto de pessoas que se unem pelo desejo de estarem juntas, de construírem algo e de complementarem. E através dessas relações que as pessoas podem se tornar mais humanas, aprendendo a viver o jogo da afetividade de maneira adequada. (TIBA 2002, p. 74).
A família funciona como o mais importante e também como primeiro passo processo de socialização, sendo dentro desse contexto iniciado o “processo de aprendizagem” e criando relação com todo o conhecimento adquirido durante sua infância e que vai se refletir na sua vida escolar. 
	Podemos então trabalhar com a ideia de que o modelo de aprendizagem não esteja ligado a algo de natureza unicamente individual, mais também como um modelo de aprendizagem dividido e relacionado por processos de internalização e vínculos. Logo, a família se torna indispensável não só no processo de assimilação emocional, como também no processo educativo. 
	Na perspectiva educacional, a família exerce uma importantíssima função na educação formal e informal. A instituição familiar, assim como a escolar, tem a função de transmitir conhecimento e dos valores éticos e culturais, paralelamente tambémsão instrumentos essenciais no desenvolvimento emocional, social, cognitivo e cultural do indivíduo.
Na escola, os conteúdos curriculares asseguram a instrução e apreensão de conhecimentos, havendo uma preocupação central com o processo ensino-aprendizagem. Já, na família, os objetivos, conteúdos e métodos se diferenciam, fomentando o processo de socialização, a proteção, as condições básicas de sobrevivência e o desenvolvimento de seus membros no plano social, cognitivo e afetivo. (DESSEN, POLONIA, 2007 p. 22)
Desde a criação Constituição Federal de 1988, o papel que a família e a escola desempenham no cotidiano do ser humano é estudado, quando ocorreu a inclusão de artigos que tratam sobre aos direitos e deveres do indivíduo. 
A Constituição Federal traz a importância da participação ativa da família no cognitivo e social da criança, tendo como dever de potencializar o desenvolvimento da criança. Nota-se nestes artigos da Constituição Federal (1988): 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
[...]
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
[...]
Art. 229. Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores, e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade (BRASIL, 2003).
Com a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em 13 de julho de 1990, foi-se reforçada a proposta presente na Constituição Federal, assim como pode ser constatado nos seguintes artigos:
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
[...]
Art. 53. A criança e ao adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
[...]
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais.
[...]
Art. 55. Os pais ou responsável têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino
.
[...]
Art. 129. São medidas aplicáveis aos pais ou responsável:
V - Obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar (BRASIL, 2002).
Assim, os responsáveis devem doar maior atenção as necessidades e cuidados necessários durante todo o desenvolvimento. Porém, deve-se ressaltar que o contexto escolar é primordial no processo de educação formal, objetivando o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho, todavia, é função dos pais a orientação da criança para uma formação sistemática, com ênfase na educação como setor significativo para o desenvolvimento integral do ser.
Ao longo do presente artigo, podemos verificar o papel significativo que a família tem no desenvolvimento da criança, assim como, a escola torna-se uma fonte infinita de conhecimentos. Conforme Dessen e Polonia:
A família não é o único contexto em que a criança tem oportunidade de experienciar e ampliar seu repertório como sujeito de aprendizagem e desenvolvimento. A escola também tem sua parcela de contribuição no desenvolvimento do indivíduo (2007, p. 29).
No decorrer da história houveram vários fatores que contribuíram para uma melhor relação entre família/escola. Contudo, segundo Duarte com a Revolução Industrial e a entrada das mulheres no mercado de trabalho dos séculos XVIII e XIX, este vínculo foi reforçado, pois influenciou diretamente na criação de novas instituições escolares, já que a criança ficava distante da mãe por grande parte do dia.
À vista disso, Varani e Silva (2010) afirmam que a escola passou a ter a função de educar e atender tal indivíduo conforme as suas necessidades, logo, tanto a escola quanto a família têm o dever de auxiliar o indivíduo no seu desenvolvimento integral.
conclusão
Historicamente as relações entre família e escola sempre ocuparam um importante lugar no contexto educacional, pois são em ambos contextos que ocorrem a formação integral do indivíduo.
Em geral, o processo de aprendizagem é resultado da integração e da adaptação do ser humano no seu ambiente físico e social.
Para criar na criança a capacidade de aprender há a necessidade que esta forme ações mentais adequadas, inicialmente existentes sob a forma de eventos interiorizados. Assim sendo, a aprendizagem é um conteúdo das ações compartilhadas e da experiência humana que a criança internaliza durante todo o contato com o contexto no qual está inserida, sendo este familiar ou educacional.
Podemos então caracterizar aprendizagem como um modelo desenvolvido em uma rede de vínculos, citando a família como o contexto inicial onde se desenvolvem padrões de socialização onde a criança cria o seu modelo de aprendizagem, o seu “ser aprendiz” e se relaciona com todo os acontecimentos desenvolvidos durante sua experiência de vida.
Tais experiências e sentimentos que ocorrem no contexto familiar trazem grande influência para o comportamento da criança, para a sua interação escolar e motivação de aprendizagem. 
Assim sendo, a família é indispensável não somente na estabilidade emocional da criança, com também na sua educação, sendo assim necessária a colaboração familiar ativa para o sucesso da tarefa escolar.
Desta forma, cabe à escola e a família auxiliarem a criança no seu processo de aprendizagem, criando uma relação saudável, carregada de incentivos, objetivando um aprendizado positivo. À vista disso, esses contextos – familiar e educacional – devem estabelecer relações colaborativas, onde a família aja como incentivadora e dando continuidade ao trabalho feito pela escola, acompanhando e auxiliando a criança no seu desenvolvimento, concomitantemente a escola deve ter um projeto pedagógica que influencie na formação crítica-reflexiva, valorizando a integração escola-família no processo educativo, contribuindo assim para a formação da criança objetivando um desenvolvimento integral.
REFERÊNCIAS.
BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei nº 8.069, de 13-7-1990. Disponível em :< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> Acesso em: 12 de novembro de 2020. BRASIL. Leis e Decretos. Constituição da República Federativa do Brasil. 1988. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf > Acesso em: 12 de novembro de 2020.
DESSEN, Maria Auxiliadora; POLONIA, Ana da Costa. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia (Ribeirão Preto) [online]. 2007, vol.17, n.36, pp. 21- 32. ISSN 0103 - 863X. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0103-863X2007000100003>. Acesso em: 12 de novembro de 2020.
RODRIGUES, N. Educação: da formação humana a construção do sujeito ético. Educação & sociedade, v.22, n.76, out./2001.
TIBA, I. Quem ama educa! 18.ed. São Paulo: Gente, 2002. 
VARANI, A.; SILVA, D. C. A relação família-escola: implicações no desempenho escolar dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental. Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v.91, n.229, p. 511-527, set/dez 2010. Disponível em: <http://rbep.inep.gov.br/index.php/RBEP/article/viewFile/1643/1364>. Acesso em: 12 de novembro de 2020.

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