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HISTÓRIA DA ARTE E DO DESIGN Jéssica Pinto de Souza Arte contemporânea Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Definir arte contemporânea. � Reconhecer as características desse movimento. � Listar exemplos de obras contemporâneas. Introdução A arte contemporânea se caracteriza por uma pluralidade de estilos que vêm sendo produzidos desde o final da Segunda Guerra Mundial até os dias de hoje. Rompendo com os conceitos preestabelecidos de arte, ela reinventa e inova as formas de expressão. Assim, dá liberdade total aos artistas, que exploram as potencialidades de discussão e reflexão da realidade por meio da arte. Neste capítulo, você vai estudar os conceitos de arte contemporânea. Também vai conhecer os diversos estilos e as características desse período da história da arte. Além disso, vai ver algumas obras importantes que ilustram essa vertente. Formação da arte contemporânea A arte contemporânea contempla a produção artística produzida no mundo a partir da segunda metade do século XX até os dias de hoje. Caracterizada por uma grande diversidade de linguagens, a arte contemporânea amplia o conceito de arte, proporcionando ao artista liberdade total para criar e se expressar de toda forma e com todo tipo de material. A Segunda Guerra Mundial trouxe grandes transformações para o mundo. A partir dela, ocorreram a expansão do capitalismo, o desenvolvimento da globalização, o surgimento de uma sociedade de consumo, o desenvolvi- mento tecnológico e a disseminação dos meios de comunicação de massa (rádio, televisão, cinema, etc.). Esse período também consolidou a hegemonia econômica e cultural dos Estados Unidos, transferindo o eixo das artes de Paris para Nova Iorque, com o expressionismo abstrato do artista Jackson Pollock (ARGAN, 1992). A arte contemporânea reúne um grande número de estilos vinculados a formas inovadoras de expressão. A arte se aproxima da realidade e provoca discussões e reflexões sobre a sociedade e sobre si mesma. Além disso, hoje se propõe o rompimento com as ideias tradicionais de arte (pintura e escultura). Isso resulta numa expressão em que o que importa é a ideia e o processo artístico, não o objeto ou a imagem final. A relação do espectador com a obra também se altera. O mero observador se torna participante ativo da obra. É o que ocorre, por exemplo, em instalações e performances, que passam a fazer parte da linguagem da arte contemporânea (BARROSO, 2018). Você pode considerar as seguintes vertentes da arte contemporânea: expres- sionismo abstrato, pop arte, minimalismo, action painting, arte cinética, arte conceitual, arte povera, body art, hiper-realismo, land art, neoconcretismo, op art, street art, entre outros. O expressionismo abstrato de Jackson Pollock introduziu uma nova técnica na pintura, a drip painting (pintura de gotejamento). O artista derrama e res- pinga a tinta sobre a tela, que fica na horizontal. Pollock ainda foi pioneiro em criar com a action painting (ou pintura de ação), em que o gestual da técnica da pintura passa a fazer parte da própria obra. Veja, na Figura 1, a obra Trilhas Onduladas, de Pollock (FARTHING, 2009). Arte contemporânea2 Figura 1. Trilhas onduladas (1947), Jackson Pollock. Fonte: Argan (1992, p. 624). Uma grande influência da arte contemporânea são os movimentos de vanguarda da Europa da primeira metade do século XX. Eles romperam com a estética clássica das artes. Nesse contexto, se destaca principalmente 3Arte contemporânea o movimento dadaísta, que iniciou a discussão sobre o conceito e a função da arte. Marcel Duchamp revolucionou o conceito de arte ao utilizar objetos ready-made, como o mictório de sua obra A fonte, de 1917, que você pode ver na Figura 2. Pela primeira vez na história da arte, a ideia e o conceito tinham mais valor do que a estética e a imagem. Figura 2. A fonte (1917), Marcel Duchamp. Fonte: Argan (1992). Em meio às discussões sobre o papel da arte, a pop art surge como um dos primeiros movimentos que rompem com os conceitos estabelecidos. Artistas como Andy Warhol utilizam objetos e linguagens típicos das propagandas de Arte contemporânea4 massa de produtos de consumo e os transformam em arte. Observe, na Figura 3, a obra Caixas de Brillo. Para criá-la, Warhol empilhou caixas de sabão em pó para uma exposição, discutindo a questão da arte enquanto mercadoria e questionando o próprio conceito de arte (ARCHER, 2011). Figura 3. Caixas de Brillo (1964), Andy Warhol. Fonte: Archer (2011). 5Arte contemporânea Como você pôde ver, a arte contemporânea explora as mais variadas formas de expressão. Ela expandiu o campo da arte para além da pintura e da escul- tura. Assim, surgiram, por exemplo: instalações, videoarte, videoinstalação, assemblage (colagens com objetos em três dimensões), performance, body art (arte no corpo), arte digital, entre outros. Principais vertentes da arte contemporânea A arte contemporânea tem como característica a pluralidade de estilos e formas de expressão. A seguir, você vai ver algumas das principais vertentes da arte contemporânea e as suas características centrais. Minimalismo O minimalismo surgiu na década de 1960, em Nova Iorque, em contraposição ao expressionismo abstrato de Pollock. Ele se caracteriza pelo uso da instalação como forma de expressão. Ou seja, o espaço e o entorno passam a fazer parte do conceito da obra. Além disso, o minimalismo organiza formas geométricas simples e puras em sequências que compõem e transformam o espaço. Entre os principais artistas minimalistas, você pode considerar: Donald Judd, Carl Andre, Sol LeWitt, Robert Morris e Dan Flavin. Op art A denominação op art deriva do termo em inglês optical art, que significa arte óptica. Esse estilo ganhou força na metade dos anos 1950. Ele se caracteriza por explorar as características e falhas da visão humana por meio da ilusão de óptica. Geralmente, se expressa por meio de figuras geo- métricas abstratas na pintura. A principal intenção da op art é representar o movimento. Entre os principais artistas, estão: Ad Reinhardt, Kenneth Noland e Bridget Riley. Arte cinética A arte cinética surgiu em Paris, na década de 1950. Ela se caracteriza por explorar o movimento, principalmente nas esculturas. Está ligada à op art por explorar também a ilusão de óptica na busca pelo movimento. Pode utilizar Arte contemporânea6 diversos materiais para o movimento da estrutura, como motores, eletromag- netismo, vento, água e interação com o público. Entre os principais artistas da arte cinética, você pode incluir: Victor Vasarely, Pol Bury, Yaacov Agam, Jean Tinguely e Jesus Rafael Soto. Arte conceitual A arte conceitual surgiu em meados de 1960, na Europa e nos Estados Unidos. Ela se caracteriza por valorizar mais o conceito e as ideias do que o objeto em si. A arte deixa de ser visual e passa a ser uma ideia, uma expressão, um questionamento. Os artistas utilizam as mais variadas formas de expressão e os mais variados materiais, como fotografia, filmes, fotocópias, etc. Entre os artistas que se destacam na arte conceitual, estão: Barbara Kruger, Jasper Johns, Joseph Beuys, Joseph Kosuth e Daniel Buren. Arte povera A arte povera (arte pobre) surgiu na Itália, na década de 1960. Ela se caracteriza pelo empobrecimento da arte por meio do uso de materiais simples e naturais, como madeiras, folhas, areia e até sucata. A arte povera faz uma crítica à sociedade de consumo e destaca a efemeridade da arte contemporânea, bem como a sua desvinculação com o mercado das artes. Os principais artistas da arte povera incluem: Giovanni Anselmo, Jannis Kounellis, Richard Long e Giuseppe Penone. Body art A body art (arte do corpo) surge no final dos anos 1960 em contraposição ao minimalismo e à arte conceitual. Ela se caracteriza pela utilização do corpo como forma de expressão ou como suporte para a expressão da arte. Utiliza frequentemente aperformance como forma de expressão. Ou seja, a execução da obra se torna parte dela, e esse processo pode ser desenvolvido para um público que assiste ou que interage com a criação do artista. Uma série de obras provocativas da body art foi criada para questionar guerras. Tais obras incluíam automutilação e autoflagelação dos artistas. Entre os principais nomes da body art, você pode considerar: Yves Klein, Bruce Nauman, Piero Manzoni e Vito Acconci. 7Arte contemporânea Land art A land art (arte da terra) também surge no final dos anos 1960. Ela se caracteriza pela utilização dos meios da natureza como suporte, ou seja, como espaço e como material para a expressão artística. Geralmente, as obras assumem grandes dimensões e só podem ser compreendidas a partir de fotografias ou vídeos. A land art extrapola os limites das galerias de arte e museus. Entre os principais artistas dessa vertente, estão: Robert Smithson, Richard Serra e Walter de Maria. No Brasil, a arte contemporânea surgiu a partir da atuação dos artistas Flávio de Carvalho, Lygia Clark e Hélio Oiticica, no início da década de 1960. A obra de Oiticica se caracteriza pela interação do espectador com a instalação, explorando a experiência sensorial, muitas vezes acompanhada da experiência auditiva. Já Clark é pioneira na criação de obras que estimulam a interação com público. Em sua série Bichos (Figura 4), esculturas metálicas articuladas podem ser manuseadas e transformadas pelo espectador, que passa a fazer parte da obra por meio da participação ativa. Figura 4. Bicho Caranguejo (1984), Lygia Clark. Fonte: Clark (2018, documento on-line). Arte contemporânea8 Obras em destaque O pluralismo de estilos da arte contemporânea se expressa em um grande número de obras. Muitas delas se destacaram e foram importantes para as definições dos novos rumos que a arte assumiu na segunda metade do século XX. A seguir, você vai conhecer algumas obras representativas dos estilos listados na seção anterior. Na Figura 5, você pode ver a obra minimalista do artista Carl Andre. Nela, blocos de madeira são organizados e dispostos em composições que se repetem. A obra explora a composição e a relação com o espaço, se afastando de qualquer elemento que seja decorativo ou irrelevante (FARTHING, 2009). Figura 5. Os blocos não talhados (1975), Carl Andre. Fonte: Farthing (2009, p. 513). Na Figura 6, você pode ver um exemplar da op art, da artista Bridget Riley. A ilusão de óptica e a ideia de movimento se dão por meio da distorção dos círculos da pintura da artista. A obra feita em duas dimensões dá a ilusão de movimento e de três dimensões. 9Arte contemporânea Figura 6. Fission (1962), Bridget Riley. Fonte: Farthing (2009). Arte contemporânea10 Na Figura 7, você pode ver a obra cinética do artista venezuelano Jesus Rafael Soto. Ela consiste em um cubo construído com fios de nylon, que remetem a vibrações e movimentos à medida que o espectador circunda o espaço em torno do objeto (ARCHER, 2011). Na Figura 8, você pode ver a obra conceitual do artista alemão Joseph Beuys. Ela consiste em um trenó com um kit de sobrevivência, que remetem a uma experiência do artista ao ser resgatado após um acidente de avião. A ideia que o artista quer passar se sobrepõe ao objeto final, que é uma composição com objetos já existentes. Na Figura 9, você pode ver a obra de arte povera do artista italiano Gio- vanni Anselmo, que consiste em dois blocos de granito unidos com folhas de alface entre eles. À medida que a folha murchava e secava, o bloco menor se desprendia e caía. Então, as folhas eram substituídas e o processo se iniciava novamente (FARTHING, 2009). Figura 7. Cubo do espaço ambíguo (1969), Jesus Rafael Soto. Fonte: Archer (2011, p. 20). 11Arte contemporânea Figura 8. Trenó nº 6 (1969), Joseph Beuys. Fonte: Farthing (2009, p. 453). Figura 9. Sem título (1968), Giovanni Anselmo. Fonte: Archer (2011, p. 91). Arte contemporânea12 Na Figura 10, você pode ver um exemplo de body art na obra de Yves Klein. A obra foi executada por mulheres cobertas de tinta que imprimiram marcas na tela com seus corpos. A performance da execução foi feita em frente a um público espectador, que se tornou parte da própria obra. Figura 10. Celebração de uma nova era antropométrica (1960), Yves Klein. Fonte: Archer (2011, p. 28). Na Figura 11, você pode ver a obra de land art do artista Robert Smithson, que construiu um molhe na forma de espiral de 457 m de extensão e 4,6 m de largura com basalto, sal e barro, em um lago de Utah, nos Estados Unidos. A obra permite a interação com os espectadores, que podem andar sobre ela. Contudo, só pode ser compreendida em seu todo à distância. Como você pode notar, Smithson retira a arte dos ambientes restritos das galerias e museus, levando-a para grandes espaços abertos (FARTHING, 2009). A Figura 12 mostra a obra do artista brasileiro Hélio Oiticica. Ela consiste em uma instalação de placas de madeira colorida suspensas que formam um núcleo que pode ser penetrado pelo observador. A intenção é explorar as sensações e as formas visuais de diferentes ângulos. 13Arte contemporânea Figura 11. Molhe espiral (1970), Robert Smithson. Fonte: Archer (2011, p. 97). Figura 12. O grande núcleo (1966), Hélio Oiticica. Fonte: Borges (2003, documento on-line). Arte contemporânea14 Na Figura 13, você pode ver uma obra do artista conceitual brasileiro Cildo Meireles. Essa obra fez parte de uma série intitulada Inserções em Circuitos Ideológicos, desenvolvida na década de 1970, durante o período da ditadura militar. Nesse trabalho, o artista imprimiu mensagens políticas em garrafas de refrigerante, que na época eram retornáveis. Assim, as embalagens passaram a circular com as mensagens de Meireles. Figura 13. Projeto Coca-cola (1970), Cildo Meireles. Fonte: Westerman (2016, documento on-line). 15Arte contemporânea 1. Uma das principais características da arte contemporânea é a expansão do conceito de arte a partir da diversidade de formas de expressão. Assinale a alternativa que lista inovações da arte contemporânea relativas aos meios de expressão dos artistas. a) A arte contemporânea passa a utilizar a pintura não figurativa, rompendo com as características estéticas da arte clássica. b) A arte contemporânea passa a utilizar a perspectiva como forma de se aproximar da realidade em suas pinturas. c) A arte contemporânea passa a utilizar a performance como forma de expressão, indo além dos limites da pintura e da escultura. d) A arte contemporânea passa a utilizar apenas a escultura como forma de expressão mais ampla do que a pintura. e) A arte contemporânea passa a utilizar materiais inovadores como a tela e a tinta para a sua representação e a sua expressão. 2. O principal representante do expressionismo abstrato, o artista americano Jackson Pollock, é considerado um dos pioneiros na transição da arte moderna para a arte contemporânea. Assinale a alternativa que contém a correta contribuição desse artista para a arte contemporânea. a) Jackson Pollock inovou ao pintar formas abstratas sem referências à pintura figurativa. b) Jackson Pollock inovou ao misturar a pintura com elementos em três dimensões. c) Jackson Pollock inovou ao pintar quadros de grandes dimensões. d) Jackson Pollock inovou ao inventar e patentear um tom de azul próprio em suas obras. e) Jackson Pollock inventou a action painting, que fez com que o processo de produção da arte passasse a ter tanta importância quanto a obra final. 3. A arte contemporânea introduz muitas inovações no mundo das artes. Uma das mais importantes é o rompimento com a estética do objeto. Assinale a alternativa que sintetiza os novos valores da arte contemporânea. a) A habilidade e a perfeita execução da obra têm mais valor do que o processo e a ideia do artista. b) A reprodução da realidade a partir da habilidade do artista tem mais valor do que a beleza finalda obra. c) A utilização de regras de composição e proporção garante a qualidade formal da obra contemporânea. d) O conceito e a ideia do artista têm mais valor do que a sua habilidade e a beleza do objeto. e) A arte contemporânea cria novos limites para a expressão artística que havia sido distorcida pela arte moderna. 4. As instalações são formas de arte contemporânea que extrapolam Arte contemporânea16 as potencialidades da escultura e ampliam a experiência do público. Assinale a alternativa que contém a correta definição de instalação. a) As instalações são estruturas dispostas em um espaço, explorando os sentidos do público a partir da interação com o ambiente ou com a própria obra. b) As instalações são esculturas que mostram a mecânica por trás de sua construção, deixando exposta a sua estrutura de sustentação, como fios e cabos de aço. c) As instalações são formas de expressão realizadas por meio de ações que exploram as potencialidades do corpo dos artistas, em interação direta com o público. d) As instalações são as salas dos museus, que são pensadas para abrigar as obras de arte contemporâneas de grandes dimensões. e) As instalações são os suportes das telas das pinturas dos artistas contemporâneos, que passam a fazer parte da expressão artística, como uma extensão da própria obra. 5. A obra do artista da vanguarda moderna Marcel Duchamp é considerada uma influência para a arte contemporânea. Assinale a alternativa que descreve corretamente como o dadaísmo de Duchamp influenciou a arte contemporânea. a) A utilização da estética abstrata na pintura introduz o conceito de arte não figurativa. b) A utilização de objetos de consumo de massa introduz a discussão sobre a sociedade consumista e os meios de comunicação de massa. c) A utilização de tecnologia nas obras de Duchamp introduz a discussão da interferência da inteligência artificial na vida da sociedade contemporânea. d) A utilização de materiais perecíveis introduz na obra de Duchamp a discussão sobre a efemeridade do tempo, característica do período pós- Segunda Guerra Mundial. e) A utilização dos objetos ready- made de Duchamp traz pela primeira vez a noção de que a ideia é mais importante do que a estética do objeto ou a sua execução. 17Arte contemporânea ARCHER, M. Arte contemporânea: uma história concisa. São Paulo: Martins Fontes, 2001. ARGAN, G. Arte moderna: do iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Cia das Letras, 1992. BARROSO, P. F. História da arte. Porto Alegre: Sagah, 2018. BORGES, R. A arte experimental de hélio oiticica. Obvious, 2003. Disponível em: <http:// obviousmag.org/pintores-brasileiros/helio_oiticica/as-principais-obras-de-helio-oiti- cica.html>. Acesso em: 10 out. 2018. CLARK, L. Bicho Caranguejo, 1984. TNT Arte, 2018. Disponível em: <https://www.artsy. net/artwork/lygia-clark-bicho-caranguejo-2>. Acesso em: 10 out. 2018. DENIS, R. C. Uma introdução à história do design. São Paulo: Edgard Blücher, 2000. FARTHING, S. 501 grandes artistas. Rio de Janeiro: Sextante, 2009. WESTERMAN, J. 'Cildo Meireles, Coca-Cola Project 1970', in Performance At Tate: Into the Space of Art. Tate, 2016. Disponível em: <https://www.tate.org.uk/research/publi- cations/performance-at-tate/perspectives/cildo-meireles>. Acesso em: 10 out. 2018. Arte contemporânea18 Conteúdo:
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