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Aula 1 – Introdução a Química Analítica Instrumental Parte 3 - Calibração Prof. Julio C. J. Silva Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Instituto de Ciências Exatas Depto. de Química Juiz de Fora, 1o Semestre, 2020 QUI 093 – Métodos Instrumentais de Análise Padronização e Calibração • Métodos absolutos ??? • Métodos relativos ??? https://ipemsp.files.wordpress.com/2010/05/tira-taxi.jpg Métodos de Calibração Gráficos De Calibração Em Análise Instrumental “Calibração é um conjunto de operações que estabelece, sob condições especificadas, a relação entre valores indicados por um instrumento de medição ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência, e os valores correspondentes estabelecidos por padrões” ANVISA - Guia para Qualidade em Química Analítica: Uma Assistência a Acreditação – ANVISA, 1.ed. – Brasília, 2004. Resposta x concentração Determinação da Concentração Determinação da Concentração Correlação e Regressão • Em análise instrumental normalmente é necessário calibrar o instrumento • A maneira usual para realizar calibração é submeter porções conhecidas da quantidade (p. ex. usando-se um padrão de medida ou material de referência) ao processo de medição e monitorar a resposta da medição • Curva de calibração gráfico da resposta do instrumento (eixo y) em relação a concentração dos padrões (eixo x) • Curva e amostra desconhecida devem estar nas mesmas condições experimentais para que a concentração da amostra desconhecida seja determinado por interpolação gráfica da curva • Condições a serem verificadas: – Encontrar a melhor curva que se ajusta aos pontos – Quais são os erros para a inclinação e intercepto da linha? – Quais erros para a concentração determinada? – O gráfico é linear ou não? – Qual é o limite de detecção (LD/LQ)? Regressão Linear (Métodos dos Mínimos Quadrados) • Análise de regressão: estabelecer a melhor reta que passa pelos pontos (modelo de regressão) • Exigências: 1. Relação linear • Equação da reta (modelo matemático) y = bx + a – b = inclinação da reta (slope) – a = interseção no eixo x (coeficiente linear) – y = variável dependente (resposta [ordenada]) – x = variável independente (concentração [abscissa]) 2. O erro em x é considerado desprezível Regressão Linear (métodos dos mínimos quadrados) Método dos mínimos quadrados “Método estatístico de obtenção dos parâmetros de um modelo matemático (tal como a equação de uma linha reta) pela minimização da soma dos quadrados das diferenças entre os pontos experimentais e os pontos previstos pelo modelo” Parâmetros da equação da reta (modelo matemático) Resíduos (Diferença dos pontos medidos em relação a regressão) • Resíduo = yi – (bxi + a) • Soma dos quadrados dos resíduos • Desvio padrão da regressão (Sy/x) • Desvio padrão da inclinação (b) • Desvio padrão da interseção da reta (a) Erros (desvios padrões) Erro na estimativa da concentração (sXo) • sXo = Desvio padrão dos resultados a partir da curva • b = Inclinação da curva • Sy/x = Desvio padrão da regressão • Yo = resposta de y para a concentração desconhecida (xo) • m = número de replicatas • n = número de pontos as curva (IC): Correlação e Regressão • Coeficiente de correlação (r) mede a fração da variação observada em y que é explicada pela relação linear : • Quanto mais próximo r está da unidade, melhor o modelo linear explica as variações de y Regressão Linear (Parâmetros do Método dos Mínimos Quadrados) Métodos de Calibração Erros no Coeficiente Angular e no Intercepto • Branco - Evitar contaminação de três fontes primárias: • Aparelhos (Branco instrumental) • Reagentes (Branco de calibração) • Laboratório (Branco da amostra) • Principais erros sistemáticos no preparo das amostras: • Contaminação - Ambiente de trabalho (ar) - Impurezas nos reagentes - Materiais • Perdas de elementos - Volatilização - Adsorção • Decomposição incompleta da amostra • Amostragem • Erros aleatórios derivados da curva Erros na Análise Erros na Análise - Métodos Analíticos Solos Minério Água Plantas Frutos Animais Poeira (PTS) Insetos Clínica PM10 PM2,5 PM1,0 Balança Erros na Análise - Métodos Analíticos 1960 – 1 ppm: Pb (gasolina): 1º fio de cabelo branco 1970 – 1 ppb (composto policíclicos aromáticos): agulha no palheiro 1980 – 1 ppt (dioxina em leite): lente de contato numa praia de 150 Km Nobrega, J.A. I Escola de Química UFAM, 2013. Erros na Análise • Ambiente de trabalho (ar) • Teores de alguns elementos no ambiente de trabalho Erros na Análise - Fontes de contaminação • Ambiente de trabalho (ar) • Teores de alguns elementos no ambiente de trabalho Richter, R. Clean Chemistry. Techniques for Modern Laboratories. Monroe, Milestone Press, 2003. Erros na Análise - Fontes de contaminação Erros na Análise - Fontes de contaminação http://www.francodoamaral.med.br/upload/imagens/a20.jpg Nobrega, J.A. I Escola de Química UFAM, 2013. Erros na Análise - Fontes de contaminação “O objetivo da amostragem é coletar uma porção representativa para análise, cujo resultado fornecerá uma imagem mais próxima do universo estudado” “Não importando que a amostragem seja simples ou complexa, todavia, o analista deve ter a certeza de que a amostra de laboratório é representativa do todo antes de realizar a análise” “Frequentemente, a amostragem é a etapa mais difícil e a fonte dos maiores erros. A confiabilidade dos resultados finais da análise nunca será maior que a confiabilidade da etapa de amostragem” Erros na Análise - Amostragem Erros de Análise - AMOSTRAGEM Erros na Análise - Amostragem Unidades de amostragem Erros na Análise - Amostragem http://www.scielo.br/img/fbpe/rem/v55n3/3a11f1.gif Erros na Amostragem - Amostragem • Os erros aleatórios também podem influenciar a exatidão dos resultados obtidos a partir de curvas de calibração. • Pode-se observar que o desvio padrão (Sx0) na concentração do analito, obtido de uma curva de calibração, é mínimo quando a resposta (previsão de y0) da amostra se aproxima do valor médio (previsão média de y). • O ponto x(média), y (média) representa o centro da reta de regressão. Os pontos próximos desse valor são determinados com mais certeza que aqueles mais distantes da região central. Erros na Análise - Calibração Erros na estimativa da concentração Exemplo 1: Na determinação de um fármaco por fluorescência em meio ácido foram obtidos os seguintes resultados: a) Calcule o valor de r e a equação da reta; b) Considerando que o sinal de uma amostra desconhecida foi de 16,1 (n = 1), calcule o valor estimado de quinina na amostra; c) Calcule os desvios padrões da inclinação e da interseção da reta; d) Calcule o erro da concentração Sxo para a concentração de [x] e seu IC (95%); • Resposta: r = 0,9987; b = 48,3; a = 0,24; [x] = 0,328 mg L-1; Sb = 1,427; Sa = 0,3496; Sxo = 0,016 e IC(xo) = 0,328 0,05 mg L -1 Concentração de quinina (mg L-1) 0,00 0,10 0,20 0,30 0,40 Valores de fluorescência 0,00 5,20 9,90 15,30 19,10 Minimização de Erros • Separações • Modificação de matriz e mascaramento • Diluição e equiparação de Matriz (matrix matching) • Método das adições de padrão • Método do padrão interno (PI) Método de determinação da concentração de um analito em solução. Pequenas quantidades conhecidas do analito são adicionadas à solução da amostra e as leituras do instrumento são registradas apósuma ou mais adições. O método de adição padrão é trabalhoso, mas é especialmente importante quando a amostra é muito complexa, quando as interações com a matriz são significativas e quando houver dificuldade de encontrar um padrão interno adequado ou uma matriz isenta da substância de interesse MÉTODO DAS ADIÇÕES DE PADRÃO [Xi]/([S]f + [X]f) = Ix/Is+x [X]f = [X]i x (V0/V) [S]f = [S]i x (Vs/V) [X]i = conc. do analito na solução inicial [X]f = concentração do analito na solução final [S]f = concentração do padrão na solução final Ix = sinal da solução inicial Ix+s = sinal da solução final [S]i = concentração do padrão na solução inicial Vo = Volume inicial da amostra Vs = volume do padrão V = Volume total MÉTODO DAS ADIÇÕES DE PADRÃO MÉTODO DAS ADIÇÕES DE PADRÃO (Adições múltiplas - Método Gráfico) y = b.xE + a, y = 0 → xE = - a/b Cx Cx Um soro contendo Na+ fornece um sinal de 4,27 mV em uma análise de emissão atômica. Então 5,00 mL de uma solução de NaCl 2,08 mol L-1 foram adicionados a 95,00 mL de soro. Esse soro contaminado fornece um sinal de 7,98 mV. Considerando os dados acima encontre a [Na] na amostra de soro. R: 0,113 mol L-1 Exemplo 3 R: 17,3 g mL-1 Exemplo 2 “Amostra gravimetricamente contaminada” Método do Adição e Recuperação (Spike) Elementos Nível 1 Nível 2 Nível 3 75 As 87,5 ± 6,7 91,7 ± 6,7 93,8 ± 7,6 137 Ba 134,1 ± 31,8 117,3 ± 13,4 112,6 ± 7,7 114 Cd 99,3 ± 6,6 99,3 ± 7,7 100,7 ± 8,3 59 Co 87,1 ± 7,1 87,8 ± 8,1 89,2 ± 8,3 52 Cr 87,6 ± 14,0 86,2 ± 11,0 86,3 ± 9,9 133 Cs 104,6 ± 3,5 104,6 ± 4,2 105,4 ± 4,7 63 Cu 100,2 ± 8,1 97,8 ± 6,7 97,9 ± 6,8 69 Ga 97,6 ± 5,3 96,4 ± 5,1 97,3 ± 6,2 113 In 96,4 ± 7,6 96,5 ± 6,2 98,1 ± 8,1 7 Li 83,6 ± 9,0 82,6 ± 8,6 83,5 ± 8,2 60 Ni 89,6 ± 8,4 90,4 ± 8,8 91,5 ± 7,9 206 Pb 114,6 ± 5,3 113,4 ± 5,1 114,1 ± 5,5 109 Ag 85,3 ± 31,1 87,2 ± 30,8 88,8 ± 31,1 86 Sr 91,5 ± 2,5 95,7 ± 5,2 97,8 ± 6,8 203 Tl 112,2 ± 4,3 112,8 ± 5,0 113,5 ± 5,4 51 V 79,3 ± 8,1 81,6 ± 8,2 83,3 ± 8,5 64 Zn 116,2 ± 10,5 101,8 ± 8,2 99,4 ± 5,4 Método do Padrão Interno (PI) • No método do padrão interno, uma quantidade conhecida da espécie que atua como referência é adicionada a todas as amostras, padrões e brancos. Então o sinal de resposta não é aquele do próprio analito, mas sim da razão entre o sinal do analito e o da espécie de referência. • É preparada, como de maneira usual, uma curva de calibração na qual o eixo y é a razão entre as respostas e o eixo x, a concentração do analito nos padrões. • Adição de quantidade conhecida de elemento nos padrões e na amostra • Corrige variações no sinal analítico devido a mudanças nas condições de análise • O padrão interno deve ser semelhante ao analito para “sofrer” os mesmos efeitos ! Método do Padrão Interno (PI) Método do Padrão Interno (PI) Ax /[ X ] = F x As/[ S ] Ax = área do sinal do constituinte [X] = concentração do constituinte As = área do sinal do padrão interno (PI) [S] = concentração do padrão interno F = Fator de resposta Exemplo 4: Em um experimento preliminar, uma solução contendo 0,0837 mol L-1 de X e 0,0666 mol L-1 de S (padrão interno) fornece picos com área de Ax = 423 e As = 347. Para analisar a amostra desconhecida, 10,0 mL de uma solução de 0,146 mol L-1 de S foram adicionados a 10 mL da amostra desconhecida, e a mistura foi diluída a 25 mL. A mistura forneceu um cromatograma com Ax = 553 e As = 582. Encontre [X] na amostra. R = 0,143 mol L-1 Figuras de Mérito • Validação – Sensibilidade – Limites de detecção (LD) e Quantificação (LQ) – Faixa dinâmica linear – Adição e recuperação (spike, tendência) – Precisão Sensibilidade Sensibilidade da calibração • A sensibilidade da calibração reflete o quanto de medida observada é aumentada após o acréscimo de uma unidade em concentração da espécie de interesse. • Numericamente, ela é determinada pelo coeficiente angular da curva analítica. Y = bx + a ( b = inclinação = sensibilidade) • Essa medida não é capaz de informar as diferenças de concentrações que podem ser detectadas. Sensibilidade analítica • É definida como a razão entre a inclinação da curva analítica e o desvio padrão do sinal analítico em uma determinada concentração. • Esse parâmetro leva em consideração o ruído presente nos sinais de resposta. • g = b/s (desvio padrão do sinal) Faixa dinâmica de trabalho (Faixa Linear) • LOQ – Limite de Quantificação • LOD – Limite de Detecção • LOL – Limite de linearidade https://www.google.com/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.slideser ve.com%2Fdieter-spence%2Fcalibration- methods&psig=AOvVaw1phB7jPFy4KSnwQvl92Zmd&ust=158830285 6170000&source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCODI6bqXj- kCFQAAAAAdAAAAABBo Limites de Detecção Limite de detecção (LD) e Quantificação (LQ): é a menor concentração que pode ser distinguida com um certo nível de confiança. Toda técnica analítica tem um limite de detecção. LD = Ybco + K . Sbco em termos de sinal LD = limite de detecção (em termos de sinal) Ybco = sinal do banco intercepto (estimativa) Sbco = desvio padrão do branco (n= 10 no mínimo) Sy/x (estimativa) LD = (K . Sbco) / S em termos concentração S = Sensibilidade (coef. angular da curva analítica (b)) LQ = (10 . Sdbco)/S em termos concentração LQ = limite de quantificação LQ (INMETRO): usar o primeiro ponto da curva analítica de calibração Limites de Detecção (sinal) • Um valor de k de 3 corresponde a um nível de confiança de 98% Limites de Detecção • Exemplo 5: Usar os dados do exemplo 2 para calcular o LD e o LQ. Controle de Qualidade dos Resultados (Gráficos de Controle) • Um gráfico de controle é um gráfico sequencial de alguma característica que é importante na garantia de qualidade. • O gráfico também mostra os limites estatísticos da variação que são permissíveis para a característica que está sendo medida. • = média da população • = Desvio padrão da população • N = no de replicatas • LSC =limite superior de controle • LIC = limite inferior de controle Controle de Qualidade dos Resultados (Gráficos de Controle) Ensaio de Proficiência • Determinação de Metais em matriz de Água por ICP-MS - PEP 002/2007 (SENAI-CETIND-BA) • Resultados – Arsênio (z-scores) Lab/ICP-MS Exemplo 6: Construa um gráfico de controle para “Total de óbitos”. Considere N = 1. Obs.: no site tem um exercício modelo. Validação de métodos (INMETRO) • Validação – Seletividade – Faixa de trabalho (curva analítica) – Linearidade (r) – Sensibilidade – Limite de detecção (LD) – Limite de quantificação (LQ) – Exatidão (CRM) – Teste de hipótese (teste t = 95%) – Adição e recuperação (spike, tendência) – Precisão – Registro de validação – Robustez – Ensaio interlaboratorial – Incerteza de medição Referências -Cadore, S. Notas de aula. IQ, UNICAMP, 2004. -Santos, M., Notas de aula. Depto Química, UFJF. 2009 -D. A. SKOOG, D. M. WEST, F. J. HOLLER e S. R. CROUCH – Fundamentos de Química Analitica, 1a ed., Thomson, 2006. - Baccan, N., Química Analítica Quantitativa Elementar. 3a Ed. Edgard Blucher LTDA - James N. Miller & Jane C. Miller. Statistics and Chemometrics for Analytical Chemistry, fourth edition. Person Education. -ANVISA - Guia para Qualidade em Química Analítica: Uma Assistência a Acreditação – ANVISA, 1.ed. – Brasília, 2004. - Lowinsohn, D., Notas de aula. Depto. de Química, UFJF. 2009.