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Questão 1/10 - Geografia política Leio o texto abaixo: “Ainda que uma teoria do imperialismo não possa ser encontrada em Marx e Engels, a colonização a partir da “América” foi posta como marco importante para a acumulação primitiva do capital (Marx, 2013:821), e a polêmica interpretação sobre o colonialismo britânico na Índia revelou a impossibilidade de emancipação humana fora dos limites do progresso, evolucionismo e eurocentrismo no pensamento marxiano (Marx e Engels, s/d). Apesar da antiguidade das manifestações imperiais e coloniais ao longo da história do mundo, a hegemonia da força explicativa pelo marxismo do fenômeno imperial provém em parte da sua associação diferencial, constitutiva e vinculante com o desenvolvimento do sistema capitalista na modernidade. Seu início, metaforicamente sugerido no ano de 1492 por Dussel (1993), constituiu pela primeira vez um sistema econômico globalmente interconectado, o sistema mundo moderno/colonial (Quijano e Wallerstein, 1992)” (BALLESTRIN, 2017, p. 506-507). Fonte: BALLESTRIN, Luciana Maria de Aragão. Modernidade/Colonialidade sem “Imperialidade”? O Elo Perdido do Giro Decolonial. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 60, no 2, 2017, pp. 505 a 540. Disponível em: http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/7378/1/Modernidade_Colonialidade_sem_Imperialid ade.pdf Tendo como base o texto citado acima e os conteúdos discutidos na disciplina de Geografia Política, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, uma das principais críticas, feita pelas abordagens contemporâneas do imperialismo às interpretações sobre o fenômeno dos marxistas clássicos: Nota: 10.0 A O pensamento marxista sobre o imperialismo encoraja a centralização da religião como instrumento de dominação e marginaliza a consideração das variáveis militares e econômicas relacionadas com o fenômeno. B A abordagem marxista a respeito do imperialismo favorece uma redução do fenômeno ao seu caráter cultural e social, negligenciando a influência das capacidades econômicas e militares para a consolidação do fenômeno. C A interpretação marxista do imperialismo tende a esvaziar o caráter político desse fenômeno, uma vez que prioriza as variáveis sistêmicas e estruturais em detrimento da observação das decisões políticas dos atores envolvidos. Você acertou! O argumento marxista sobre o fenômeno do imperialismo é essencialmente tautológico. O imperialismo seria fruto do avanço do capital financeiro monopolista, e caracterizaria uma fase do capitalismo: o imperialismo seria o capitalismo avançado. E, nesse sentido, o contrário também é verdadeiro: capitalismo avançado é sinônimo de imperialismo. Não há qualquer forma de fugir disso, senão a completa substituição do sistema econômico, o que mais uma vez conta no argumento da militância política. Mais uma vez, somos conduzidos a confirmar esses argumentos – e por vezes até acreditar em suas propostas de solução – porque nos baseamos (ou somos levados a fazê-lo) no caráter violento das investidas imperialistas. A prescrição da teoria marxista sobre o fim do capitalismo (e, portanto, do imperialismo) esvazia toda e qualquer agência política ao redor do fenômeno, como se um sistema fosse responsável pelos horrores, e não os políticos. Da mesma forma, esvazia-se a agência do outro, a quem só cabe o papel de dominado. Países figuram nessas teorias como campos de batalha passivos, sob nenhum aspecto como participantes ativos (Brewer, 2002). Só há a dominância dos fortes, do capital financeiro monopolista do estágio mais alto, ou final, do capitalismo. Referência: Rota de Aprendizagem de Geografia Política. Aula 3 – Material para a Impressão. Tema 3 “O Imperialismo acabou, o Capitalismo não”. D A leitura marxista a respeito do imperialismo fomenta uma interpretação economicista do fenômeno, excluindo as variáveis vinculadas à capacidade militar de um Estado e à necessidade de expansão territorial da observação. E O enquadramento marxista sobre o imperialismo acaba por adicionar excessiva importância ao componente político do fenômeno, compreendendo que a dominação imperialista permanece em decorrência da passividade dos atores dominados. Questão 2/10 - Geografia política Leia o texto abaixo: “Na Idade Média, o formato militar mais eficaz era a cavalaria armada: um cavaleiro armado com uma lança e seu cavalo, ambos cobertos por armaduras. O peso destas tornava necessária a ajuda de um ou dois escudeiros para que o cavaleiro conseguisse montar e desmontar do cavalo. Isso tudo era pago pelo próprio cavaleiro e custava caro. Como aponta Finer (1975), somente a malha de aço utilizada por baixo da armadura custava o equivalente a uma pequena fazenda. Um cavaleiro levar seu próprio cavalo, armadura e escudeiros, naquela época, equivale a um soldado, na atualidade, levar seu próprio tanque de guerra para a batalha. Por consequência, a guerra era uma atividade reservada para os ricos, que, naturalmente, esperavam ser recompensados por ela. Em uma economia desmonetizada (em que há pouco ou nenhum dinheiro em circulação) como a medieval, essa recompensa tomava a forma principalmente da concessão da posse de propriedades rurais para os combatentes. Na Europa, esse arranjo deu origem ao sistema social, político e econômico conhecido como feudalismo” (SILOTTO et al, 2021). Fonte: SILOTTO, Graziele; GELAPE, Lucas; CASTRO, Pedro Vicente de; SILVA, Glauco Peres da. Poder e território: uma abordagem a partir da Ciência Política. Curitiba: Editora InterSaberes, 2021, Capítulo 2. Tendo como base a contextualização acima e os conteúdos da disciplina de Geografia Política, assinale a alternativa que expressa, corretamente, que tipo de classe deu origem à nobreza europeia no contexto de formação dos Estados nacionais: Nota: 10.0 A Religiosa. B Uma classe militar. Você acertou! A nobreza europeia, portanto, era, em sua origem, uma classe militar. Guerrear era a atividade principal não só de príncipes, reis e duques, mas também de condes e barões. Levou séculos para que essa atividade fosse "desprivatizada" e monopolizada pelo Estado. Desenvolvimentos na tecnologia e nos formatos militares foram cruciais para isso. O fim da cavalaria armada medieval foi trazido pelo desenvolvimento das picas e das albardas, que permitiam que soldados de infantaria derrubassem os cavaleiros de cima de seus cavalos, eliminando sua vantagem no campo de batalha. Isso democratizou a guerra, que passou a ser travada por tropas de infantaria compostas por pessoas sem origem nobre. Elas só precisavam ser arregimentadas e equipadas por alguém, o que abriu o caminho para os mercenários. Não por acaso, a arma característica dos mercenários suíços era a pica. Referência: Referência: SILOTTO, Graziele; GELAPE, Lucas; CASTRO, Pedro Vicente de; SILVA, Glauco Peres da. Poder e território: uma abordagem a partir da Ciência Política. Curitiba: Editora InterSaberes, 2021, Capítulo 2. C Uma classe política. D Uma classe parlamentar. E Uma classe desenvolvimentista. Questão 3/10 - Geografia política “Quando Gaetano Mosca publicou o seu Elementi di Scienza Politica, em 1896, lançou com ele um programa de pesquisa novo e promissor. O sociólogo italiano determinou que as "minorias politicamente ativas" deveriam ser, para os cientistas políticos, o objeto de análise mais importante. Dado o caráter oligárquico de todos os governos, um estudo científico da política teria de estar atento não ao número de governantes (conforme a classificação aristotélica tradicional: um, poucos, muitos), mas aos mecanismos sociais e políticos responsáveis pela formação, pelo recrutamento, pela socialização e pela conduta dessas minorias. A Ciência Política, principalmente anglo-saxã, levou a sério esse decreto. Talvez não seja exagerado afirmar que as "elites políticas"foram um dos assuntos mais estudados ao longo do século XX. Em especial depois das traduções para o inglês das obras de Vilfredo Pareto (Mind and Society, editado em 1935) e de Mosca (The Ruling Class, em 1939), uma série de trabalhos empíricos sobre as minorias dominantes nas sociedades democráticas veio à luz”. Fonte: PERISSINOTTO, Renato M.; CODATO, Adriano. Apresentação: por um retorno à Sociologia das Elites. Revista de Sociologia e Política, Curitiba, v. 16, n. 30, p. 7-15, Jun de 2008. Disponível em https://doi.org/10.1590/S0104-44782008000100002. Acesso em 17 de maio de 2021. Leia a contextualização acima e avalie quais dos enunciados abaixo correspondem à tese elitista sobre a distribuição do poder político. I. De acordo com a tese elitista, diferentes grupos políticos, com diversas preferências, prevaleciam em várias decisões, sem que nenhum prevalecesse em todas por todo o tempo. II. Os elitistas entendiam que a distribuição do poder na sociedade dos Estados Unidos era dispersa entre grupos formadores, de modo que as decisões não fossem tomadas unilateralmente. III. A tese elitista afirmava que o poder político era concentrado nas mãos de um grupo restrito de pessoas, e o restante da população tinha pouco ou nenhum poder sobre questões que lhe diziam respeito. IV. Os elitistas perguntavam aos moradores de uma cidade quem eram as pessoas reputadas poderosas naquele lugar. Diante da constatação de que estas tendiam a ser poucas e as mesmas, apontava-se esse grupo como a elite governante da cidade Assinale a alternativa que faz uma análise correta: Nota: 10.0 A Apenas as afirmativas I e II estão corretas. B Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. Você acertou! Apenas as afirmativas III e IV estão corretas. De acordo com o livro base da disciplina, “A análise de Dahl é, em parte, motivada por sua discordância substantiva com uma tese sobre a distribuição do poder político na sociedade dos Estados Unidos, popular à época. Essa tese, chamada de elitista, afirmava que o poder político era concentrado nas mãos de um grupo restrito de pessoas – uma elite – e o restante da população tinha pouco ou nenhum poder sobre questões que lhe diziam respeito. Entre as evidências empíricas que seus defensores apresentavam, havia resultados de pesquisas de opinião sobre reputação de poder. Essencialmente, os pesquisadores perguntavam aos moradores de uma cidade, por exemplo, quem eram as pessoas reputadas poderosas naquele lugar. Diante da constatação de que estas tendiam a ser poucas e as mesmas, apontava-se esse grupo como a elite governante da cidade. Dahl (2005; 2007) discordava da imagem que os elitistas pintavam da distribuição do poder na sociedade dos Estados Unidos, entendendo que ela era muito mais dispersa do que eles afirmavam”. As alternativas I (De acordo com a tese elitista, diferentes grupos políticos, com diversas preferências, prevaleciam em várias decisões, sem que nenhum prevalecesse em todas por todo o tempo) e II (Os elitistas entendiam que distribuição do poder na sociedade dos Estados Unidos era dispersa entre grupos formadores, de modo que as decisões não fossem tomadas unilateralmente) estão, portanto, incorretas. Fonte: SILOTTO, G; GELAPE, L; [et al.]. Poder e território: uma abordagem a partir da ciência política. Curitiba: InterSaberes, 2021 (Capítulo 1: Poder decisório). C Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas. D Apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. E As afirmativas I, II, III e IV estão corretas. Questão 4/10 - Geografia política Leio o texto a seguir: “Os termos “colonialismo” e “imperialismo” foram cunhados na transição do século XIX para o XX e tornaram-se indispensáveis para o entendimento das diferentes dinâmicas de expansão do capitalismo moderno no interior do sistema interestatal. Ao longo do século XX, uma vasta literatura sobre imperialismo foi desenvolvida por diferentes correntes, destacadamente no domínio do marxismo. Desde aí, as palavras império e imperialismo foram negativadas tanto pela crítica teórica marxista, quanto pela luta concreta de movimentos sociais e políticos, vinculando-as às formas de exploração, dominação e violência econômica internacional” (BALLESTRIN, 2017, p. 505). Fonte: BALLESTRIN, Luciana Maria de Aragão. Modernidade/Colonialidade sem “Imperialidade”? O Elo Perdido do Giro Decolonial. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 60, no 2, 2017, pp. 505 a 540. Disponível em: http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/7378/1/Modernidade_Colonialidade_sem_Imperialid ade.pdf Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Geografia Política, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a definição do termo “imperialismo” elaborada por Rudolf Hilferding: Nota: 10.0 A O imperialismo consiste na fase intermediária do capitalismo, na qual os Estados ainda possuem a responsabilidade de usar o seu aparato militar para garantir o progresso e o desenvolvimento da sua população. B O imperialismo consiste na etapa social do capitalismo, na qual ocorre a exportação dos valores e das normas sociais das sociedades desenvolvidas para as populações periféricas e subdesenvolvidas. C O imperialismo consiste na fase final do capitalismo, na qual há a formação dos monopólios e a utilização do aparato do Estado, pelo capital financeiro, para garantir a expansão de mercados. Você acertou! Hilferding acreditava que era preciso dar continuidade à obra teórica de K. Marx e incluir em sua teoria o surgimento e a presença de monopólios no argumento. A principal contribuição do autor, assim, foi a de caracterizar o imperialismo como a fase final do estágio do desenvolvimento capitalista (Hilferding, 1910), distanciando-o do seu predecessor, o colonialismo. A essa fase é comum a presença de monopólios, segundo Hilferding, e seriam eles que viabilizariam a empreitada imperialista. Esses monopólios seriam o resultado da junção do capital bancário e industrial, e seu objetivo não é o livre-mercado, mas dominar mercados. O Estado, nessa explicação, deveria ser forte para garantir o sucesso da expansão de mercados e o processo de acumulação de capital. O capital financeiro teria a ânsia de conquistar novos mercados internacionais para o interesse dos monopólios garantindo apoio militar, econômico, e/ou ainda político, lançando mão de tarifas protecionistas e estratégias imperialistas. Portanto, o capital financeiro, interessado na expansão de mercados, usaria o Estado para tal. Referência: Rota de Aprendizagem de Geografia Política. Aula 3 – Material para a Impressão. Tema 2 “Teorias Marxistas Clássicas sobre o Imperialismo”. D O imperialismo consiste na etapa inicial do capitalismo, na qual a elite burguesa manipula as instituições do Estado para conquistar formalmente novos territórios e mão de obra de escrava. E O imperialismo consiste no período intermediário do capitalismo, no qual a consolidação dos grandes monopólios impede o funcionamento do livre mercado. Questão 5/10 - Geografia política Leia o texto abaixo: “Governos democráticos são mais sensíveis aos interesses e preferências da população do que governos autoritários, já que dependem dos votos populares para se manter no poder. Se guerras geram morte, destruição e privação socioeconômica, elas tendem a ser altamente impopulares, o que desincentiva governos democráticos a seguir esse curso de ação. Nas palavras dos autores: "as pessoas tipicamente desejam a paz não apenas pela ausência de mortes, mas pela oportunidade de viver vidas normais. A paz não é só comum; ela é desejável" (ONEAL; RUSSETT, 2001, p. 81-82). Desse modo, governantes democráticos autointeressados evitariam as guerras como forma de manter seu apoio popular. Cabe ressaltar que essa premissa de Oneal eRussett, de resto compartilhada pelo grosso da literatura no campo, de fato é mais compatível com a tese monádica do pacifismo geral das democracias. Afinal, se o elemento causal é a repulsa popular pelos efeitos e constrangimentos impostos por confrontações armadas, o regime político de um eventual oponente em quase nada importa” (Mendes, 2012, p.82-83). Fonte: Mendes, Flávio Pedroso. Clausewitz, o realismo estrutural e a paz democrática: uma abordagem crítica. Contexto Internacional [online]. 2012, v. 34, n. 1, pp. 79-111. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-85292012000100003>. Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Geografia Política, assinale a alternativa que analisa, corretamente, a correlação entre paz e democracia: Nota: 10.0 A A correlação entre democracia e paz acontece apenas nos países da Europa Ocidental, uma vez que eles possuem democracias mais consolidadas. B A correlação entre democracia e paz é tida como premissa pelas teorias realistas das Relações Internacionais para explicar o sistema internacional. C A correlação entre democracia e paz é espúria, uma vez que o capitalismo é considerado como o verdadeiro responsável por diminuir as guerras entre países democráticos. Você acertou! A ideia de que o liberalismo traz paz às nações não é nova. O argumento é que a estrutura democrática restringiria países de endossarem guerras custosas, sobretudo contra outras democracias, e incentivaria os políticos a optarem por saídas diplomáticas e pacíficas (De Mesquita et al., 1999; Lake, 1992). Haveria, além disso, um elemento normativo: nações perceberiam que (supostamente) têm valores parecidos, e também teriam a percepção que julgam como preferidas algumas formas de resolver conflitos e, ao adotar um governo liberal, se oporiam às guerras contra os Estados (Owen, 1994). Contudo, Gartzke (2007) mostra que, na verdade, a correlação entre democracia e paz é espúria, pois, na verdade, o capitalismo foi o responsável por trazer fim às guerras entre países democráticos. Segundo o autor, o capitalismo, ao tirar a ênfase econômica da terra e dos recursos minerais, reduz o uso da força entre os Estados. Isso porque o poder viria da condição de avanços na produtividade, e não mais da posse de matérias-primas (Gartzke; Rohner, 2011). Além disso, esse cenário diminuiria o peso da ação do Estado na economia (McDonald, 2010). Referências: Rota de Aprendizagem de Geografia Política. Aula 3 – Material para a Impressão. Tema 5 “Democracia, Capitalismo e Paz”. SILOTTO, Graziele; GELAPE, Lucas; CASTRO, Pedro Vicente de; SILVA, Glauco Peres da. Poder e Território: uma abordagem a partir da Ciência Política. Curitiba: Intersaberes. 2021, p. 132. D A correlação entre democracia e paz é observada somente em casos nos quais há a combinação entre democracia e valores cristãos, que condenam a guerra. E A correlação entre democracia e paz é uma unanimidade na literatura especializada, uma vez que países democráticos possuem princípios de atuação condizentes com os direitos humanos. Questão 6/10 - Geografia política Leia o texto abaixo: “O primeiro momento desse desenvolvimento devastador do imperialismo foi organizado em torno da conquista das Américas, no quadro do sistema mercantilista da Europa atlântica da época. As devastações desse primeiro capítulo da expansão capitalista mundial (genocídio dos índios, tráfico de escravos africanos) produziram – com atraso – as forças de libertação que questionaram as lógicas que as comandavam. A primeira revolução do continente foi a dos escravos de São Domingos (atualmente Haiti), no fim do século XVIII, seguida mais de um século depois pela revolução mexicana dos anos 1910, e cinquenta anos mais tarde pela de Cuba. E, se não enumero aqui a famosa "revolução americana", nem a das colônias espanholas que rapidamente se seguiu, é porque, nesses casos, tratou-se apenas de uma transferência de poder de decisão das metrópoles para os colonos para fazer a mesma coisa, ou seja, dar continuidade ao mesmo projeto com ainda mais brutalidade – sem ter que dividir os lucros com as "mães pátrias" de origem” (AMIN, 2005, p. 84). Fonte: AMIN, Samir. O imperialismo, passado e presente. Tempo, Niterói, v. 9, n. 18, p. 77-123, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 77042005000100005&lng=en&nrm=iso>. access on 19 May 2021. https://doi.org/10.1590/S1413- 77042005000100005. Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Geografia Política e o texto citado acima, assinale a alternativa que apresenta, corretamente, qual era a solução apontada pelos autores marxistas clássicos para a superação do imperialismo: Nota: 10.0 A Para os marxistas clássicos, o imperialismo só poderia ser superado por meio da criação de uma organização internacional de caráter supranacional. B Para os marxistas clássicos, o imperialismo só poderia ser superado a partir da realização de uma revolução burguesa e nacionalista. C Para os marxistas clássicos, o imperialismo só poderia ser superado por meio da defesa internacional dos direitos humanos. D Para os marxistas clássicos, o imperialismo só poderia ser superado a partir da independência dos territórios coloniais. E Para os marxistas clássicos, o imperialismo só poderia ser superado por meio da revolução socialista. Você acertou! No decorrer da aula 3, observamos que para Lenin e Bukharin o imperialismo consistia na expansão do capitalismo em seu maior estágio (a fase monopolista), não constituindo apenas uma forma de expansão territorial do Estado-Nação. Ambos os autores, assim como Rosa Luxemburgo, entendiam que a revolução socialista era a única saída para o capitalismo e, portanto, para o imperialismo. Assim, à exceção de Hobson, todos os autores prescreviam como única solução para os horrores do imperialismo a saída revolucionária socialista. Esse tipo de leitura era frequente porque, como ressaltou Callinicos (2009), essa literatura ocupou, sobretudo, autores ativistas. A literatura sobre imperialismo é essencialmente não acadêmica. Isso era visto como um problema para alguns, como Hilferding, que se indagava sobre a exclusão destes autores das universidades, restando a eles o tempo de lazer para a produção teórica sobre o fenômeno. Referência: Rota de Aprendizagem de Geografia Política. Aula 3 – Material para a Impressão. Tema 2 “Teorias Clássicas sobre o Imperialismo”; Tema 3 “O Imperialismo acabou, o Capitalismo não”. Questão 7/10 - Geografia política Texto 1 Leia os dois fragmentos de texto a seguir: “Carolina, cabo da milícia, e Carlos, sargento, estão preocupados com uma invasão estrangeira na Venezuela. Muito. Estão dispostos a dar suas vidas por Nicolás Maduro e levantam a voz quando insistem que é preciso estar preparado para defender a pátria. Eles dizem isso uma e outra vez. Até que relaxam e a conversa flui. Então, baixam o tom e ficam com os olhos marejados quando lembram que antes vinham todos os domingos para comer bolos e chocolates neste café em Caracas e que hoje só podem fazê-lo porque não têm de pagar a conta. Carolina González, de 45 anos, e Carlos Ortegano, de 73, são dois dos quase um milhão de milicianos que existem na Venezuela, segundo o Governo de Maduro. Um corpo criado por Hugo Chávez para militarizar a população e que seu herdeiro promete engordar até chegar a dois milhões neste ano. Eles devem servir para defender o país de uma hipotética invasão estrangeira, mas, enquanto isso, se dedicam a vigiar habitantes, empresas expropriadas, ajudar no metrô ou encher comícios. Um corpo a serviço do Governo que recebe 18.000 bolívares, menos de seis dólares (23,54 reais) por mês.” Fonte: Jornal El País. Milícia, o exército popular a serviço de Maduro. Disponívelem: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/29/internacional/1553824596_128119.html Texto 2 “O caos começa quando cada um acredita poder interpretar a lei da forma como a entende.” O tom polido do procurador, um colosso de 150 quilos, não esconde a tensão que reina, nesse 25 de julho de 2014, na procuradoria de Khmelnitski, uma cidade média de 260 mil habitantes no coração da Ucrânia ocidental. Uma secretária pede aos cerca de vinte jovens de uniforme negro e impecável, com cassetete na cintura, que esperem enquanto o procurador recebe seus chefes, Yuri Lutsiuk e Ivan Kushnir. “Somos uma organização registrada”, reivindica Kushnir. “Respeitamos a lei, recusamos a violência. Por enquanto, você pode falar com pessoas como nós, empresários; mas em breve, se isso continuar, você verá uma revolução proletária.” Ao expor a reclamação, os dois empresários, diretores de uma milícia, vacilam. O escrivão, de óculos e com um terno maior do que seu número, toma nota sem levantar a cabeça.” Fonte: Le Monde Diplomatique. O dilema das milícias ucranianas. Disponível em: https://diplomatique.org.br/o-dilema-das-milicias-ucranianas/ Considerando os conteúdos da Aula 2 da disciplina de Geografia Política, examine as afirmativas abaixo a respeito da relação entre a existência de milícias e o Estado moderno: I. A existência de milícias em um Estado demonstra a sua força e institucionalização. II. O Estado moderno possui o monopólio legítimo da força e não tolera conviver com outras organizações políticas que também exerçam coerção e autoridade. III. O Estado permite a existência de outras organizações políticas, mas estas só podem exercer coerção se esse poder lhes for delegado, como polícia, exército, já a existência de milícia – política ou pessoal – demonstra a fraqueza do referido Estado. IV. As leis de um Estado irão definir as regras internas e o seu poder, uma corte, por exemplo, pode determinar o confisco dos bens de dada pessoa para pagar a dívida apenas porque as leis do Estado autorizam, essa autorização do exercício de poder é comum no Estado moderno. Assinale a alternativa correta: Nota: 10.0 A Apenas a afirmação I está correta. B Apenas a afirmação II está correta. C Apenas a afirmação III está correta D Apenas as afirmações I, III e IV estão corretas. E Apenas as afirmações II, III e IV estão corretas. Você acertou! O Estado moderno ou nacional, reivindicando, como faz, o monopólio do poder coercitivo e da autoridade dentro de determinado território, não tolera conviver com outras organizações políticas que também exerçam coerção e autoridade. O Estado permite a existência de outras organizações políticas, mas estas só podem exercer coerção se esse poder lhes for delegado por ele próprio e se tal delegação sempre puder ser revogada. Uma corte arbitrai pode eventualmente determinar o confisco dos bens de dada pessoa para pagar uma dívida apenas porque as leis do Estado autorizam. Algumas entidades profissionais, como a dos advogados, podem cassar o direito de exercer a profissão de seus afiliados, de novo, apenas porque as leis do Estado autorizam. E essas mesmas leis podem ser alteradas, revogando essas autorizações a qualquer momento. Referência: SILOTTO, Graziele; GELAPE, Lucas; CASTRO, Pedro Vicente de; SILVA, Glauco Peres da. Poder e território: uma abordagem a partir da Ciência Política. Curitiba: Editora InterSaberes, 2021, Capítulo 2. Questão 8/10 - Geografia política Leia o trecho a seguir: “Todo contrato é uma transferência mútua, uma troca de direitos; e essa é a razão pela qual aquele que apenas fornece a promessa deve, pelo fato de que ele já recebeu a vantagem que motiva sua promessa, ser compreendido como se tivesse a intenção de que seu direito passe a outrem: com efeito, se ele não tivesse consentido a que suas palavras fossem compreendidas desse modo, o outro não teria se executado primeiro (HOBBES, 1988).” Fonte: HOBBES, T. Leviatã ou matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. Coleção Os Pensadores. (1º volume). 4ª Edição, Nova Cultural, 1988. Tendo como base a contextualização acima e os conteúdos da disciplina de Geografia Política, assinale a alternativa que expõe, corretamente, a motivação do surgimento dos Estados nacionais: Nota: 10.0 A Surgiram em resposta aos governados, após a conquista de direitos sociais. B Surgiram em resposta às demandas das corporações de ofício, da Igreja Católica e as assembleias locais. C Surgiram em resposta aos interesses da Igreja Católica que, para fortalecer o seu poder, eliminou a possibilidade de outras organizações políticas. D Surgiram em resposta às demandas da população que, empobrecida, almejava a conquista de direitos sociais e políticos. E Surgiram em resposta aos interesses dos governantes em eliminar as organizações políticas que competiam consigo dentro do mesmo território, como a nobreza, as corporações de ofício, a Igreja Católica e as assembleias locais. Você acertou! Os Estados nacionais surgiram em resposta aos interesses dos governantes, não dos governados. Era do interesse dos governantes eliminar as organizações políticas que competiam consigo dentro do mesmo território, como a nobreza, as corporações de ofício, a Igreja Católica e as assembleias locais. Referência: SILOTTO, Graziele; GELAPE, Lucas; CASTRO, Pedro Vicente de; SILVA, Glauco Peres da. Poder e território: uma abordagem a partir da Ciência Política. Curitiba: Editora InterSaberes, 2021, Capítulo 2. Questão 9/10 - Geografia política “Assim como acontece com o poder decisório, estabelecer empiricamente o exercício do poder de agenda depende de que possamos afirmar que há preferências conflitantes a respeito de determinada questão. Com a diferença de que, no caso deste, trata-se de uma questão que não foi objeto de uma decisão”. Fonte: SILOTTO, G; GELAPE, L; [et al.]. Poder e território: uma abordagem a partir da ciência política. Curitiba: InterSaberes, 2021 (Capítulo 1: Poder de agenda). Tendo em conta os ensinamentos apreendidos em “Geografia Política, assinale a alternativa que descreve, corretamente, a principal dificuldade metodológica ao se estudar poder de agenda. Nota: 10.0 A A grande dificuldade do poder de agenda é que ele só considera parlamentares. B A principal dificuldade é como analisar não decisões, ou seja, decisões que não aconteceram. Você acertou! A alternativa correta é: (A principal dificuldade é como analisar não decisões, ou seja, decisões que não aconteceram). De acordo com o livro base da disciplina, “Em termos metodológicos, a discussão de Bachrach e Baratz (1963) sugere que, se quisermos entender a distribuição do poder em uma sociedade, precisamos ir além da análise de decisões específicas e de quem faz suas preferências prevalecerem nelas, investigando quais questões são deixadas de fora dos processos políticos decisórios e a quais grupos pertencem as preferências que são protegidas e as que são comprometidas por essas “não decisões”. É isso que os autores buscam fazer em sua análise da política local em Baltimore, ou seja, tentam mostrar como as queixas e as demandas da população negra e pobre da cidade eram sistematicamente excluídas do processo político decisório por uma série de expedientes de baixa visibilidade. O estudo foi criticado por ainda se concentrar em decisões específicas de líderes políticos, apesar de toda a discussão dos autores sobre as “não decisões” (Bachrach; Baratz, 1963). Essa crítica aponta para uma dificuldade fundamental do estudo do poder de agenda: Como analisar “não decisões”, decisões que não aconteceram? Essa dificuldade, porém, não deve levar-nos a menosprezar a importância dessa forma de poder na dinâmica política”. As demais alternativas estão, portanto, incorretas. Fonte: SILOTTO, G; GELAPE, L; [et al.]. Podere território: uma abordagem a partir da ciência política. Curitiba: InterSaberes, 2021 (Capítulo 1: Poder de agenda). C A principal dificuldade é estabelecer uma relação não probabilística entre os agentes que detém o poder. D O estudo do poder de agenda sugere que intelectuais passam a ter acesso privilegiado aos interesses de grupos oprimidos. E A principal dificuldade do poder de agenda é que ele só observa aquilo que se manifesta nos meios de comunicação de massa. Questão 10/10 - Geografia política Leia o texto abaixo: “As interpretações sobre a escalada imperial europeia de 1870 até as duas grandes guerras mundiais marcaram o debate clássico sobre imperialismo da primeira metade do século XX. Neste contexto, marxistas, sociais-democratas e liberais ofereceram diferentes interpretações sobre suas causas e dinâmicas de funcionamento. O imperialismo como produto do capitalismo e o colonialismo como produto do imperialismo foram elaborados em diferentes direções; tratava-se não somente de definir o conceito de imperialismo, mas também de dispor teoricamente sobre sua vinculação como crise, sobrevivência e estágio do capitalismo. A noção de “imperialismo capitalista” marcaria a especificidade do imperialismo no capitalismo (Lenin, 2012; Wood, 2014), ainda que todas as fases do capitalismo possam ser consideradas como imperialistas (Mascaro, 2013)” (BALLESTRIN, 2017, p. 506). Fonte: BALLESTRIN, Luciana Maria de Aragão. Modernidade/Colonialidade sem “Imperialidade”? O Elo Perdido do Giro Decolonial. DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 60, no 2, 2017, pp. 505 a 540. Disponível em: http://repositorio.ufpel.edu.br:8080/bitstream/prefix/7378/1/Modernidade_Colonialidade_sem_Imperialid ade.pdf Tendo como base os conteúdos discutidos na disciplina de Geografia Política e a importância das contribuições de Lênin para a discussão sobre o imperialismo, analise as afirmações abaixo, que abordam o pensamento deste autor: I. O trabalho de Lenin sobre o imperialismo é fundamental para a compreensão da discussão sobre o conceito. Muito embora, o autor seja frequentemente criticado pelo excessivo academicismo do seu texto, resultando na sua baixa circulação entre os trabalhadores. II. De acordo com Lenin, a partir do início do século XX os cartéis, que eram fenômenos transitórios, converteram-se na base da vida econômica. Como consequência desse processo o capitalismo tornou-se imperialista. III. Lenin defende que o imperialismo se consolida a partir de três passos, que envolvem a formação de monopólios, a militarização da economia e, por fim, a dominação formal dos países periféricos por países centrais. IV. Em essência, Lenin defende que o imperialismo não está restrito a um processo de expansão do Estado-Nação, mas envolve fundamentalmente a expansão do capitalismo em seu maior estágio - a fase monopolista. Agora, assinale a alternativa que indica apenas as corretas: Nota: 10.0 A Apenas as afirmativas I e III estão corretas. B Apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. C Apenas as afirmativas II e III estão corretas. D Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. E Apenas as afirmações II e IV estão corretas. Você acertou! A afirmação I está incorreta, uma vez que o trabalho de Lenin sobre o imperialismo é o mais conhecido no campo. Diferentemente dos demais autores, Lenin editou um panfleto sobre o imperialismo, cujo intuito era de ter grande alcance, para o público em geral. Para Lenin, o capitalismo monopolista era a resposta que o sistema econômico teria encontrado para sair da grande depressão do final do século XIX (McDonough, 1995). A afirmação II está correta porque, para Lenin, cartéis seriam fenômenos transitórios, até o início do século XX, a partir do qual passam a ser a fundação de toda a vida econômica. E seria nesse estágio, precisamente, que o capitalismo teria se tornado imperialista (Lenin, 1917, p. 181). A afirmação III está incorreta porque, para Lenin, o imperialismo surge no início do século XX, sendo caracterizado por cinco passos: a concentração da produção e do capital cria monopólios, surge o capital financeiro, a exportação do capital adquire importância pronunciada de forma que se formam associações capitalistas (trustes) que dividem o mundo entre si e há a divisão de todos os territórios do globo entre as maiores forças capitalistas estão completadas (Lenin, 1917, p. 232). A afirmação IV está correta porque tanto para Lenin, como para Bukharin, mais do que apenas uma forma de expansão do Estado- Nação, o imperialismo seria a expansão do capitalismo em seu maior estágio (a fase monopolista. Referência: Rota de Aprendizagem de Geografia Política. Aula 3 – Material para a Impressão. Tema 2 “Teorias Marxistas Clássicas sobre o Imperialismo”.
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