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Julia Paris Malaco 
Síndrome pré menstrual 
 
A síndrome pré-menstrual (SPM) é um distúrbio crônico que ocorre na fase lútea do ciclo menstrual e 
desaparece logo após o início da menstruação. 
 
A SPM caracteriza-se por uma combinação de sintomas físicos, psicológicos e comportamentais que afetam 
as relações interpessoais da mulher de forma negativa. 
Entre 3 e 8% das mulheres têm sintomas muito intensos, interferindo nas suas atividades diárias e 
comprometendo a sua produtividade e qualidade de vida, o que constitui o transtorno disfórico pré-
menstrual (TDPM). 
 
A ausência de um consenso diagnóstico para definir essa síndrome justifica, pelo menos em parte, a 
discrepância nos dados de prevalência encontrados na literatura. Estima-se que até 90% das mulheres 
apresentem a percepção de sintomas pré-menstruais. Estudos demonstram que 20 a 40% das mulheres 
sofrem de SPM e que, dessas, 3 a 8% apresentam sintomas intensos – o TDPM. 
 
Sinais e sintomas: 
 Os sintomas da SPM são muitos e variados, sendo citados mais de 100 sintomas físicos, psicológicos e 
comportamentais associados. 
 O sintoma psicológico mais frequente é a labilidade de humor, ocorrendo em até 80% das pacientes. 
Outros sintomas são ansiedade, irritabilidade, depressão, sentimento de desvalia, insônia ou aumento de 
sonolência, diminuição da memória, confusão, concentração diminuída e distração. 
 As queixas físicas comuns incluem aumento do volume abdominal e sensação de fadiga, cefaleia 
tensional, enxaqueca, mastalgia, dores generalizadas, aumento de peso, tonturas, náuseas e 
palpitação. 
 Entre as mudanças de comportamento, são comuns mudanças nos hábitos alimentares, aumento de 
apetite, avidez por alimentos específicos (particularmente doces ou comidas salgadas), não 
participação em atividades sociais ou profissionais, maior permanência em casa, aumento de consumo 
de álcool e aumento ou diminuição da libido. 
 
A etiologia da SPM permanece desconhecida e, por isso, muitas hipóteses têm sido cogitadas, porém, 
nenhuma delas pode ser comprovada. Há consenso de que seja secundária à atividade cíclica ovariana. 
A menstruação em si não é fundamental, visto que os sintomas se mantêm após histerectomia. Parece ser 
consequência de uma interação complexa e pouco compreendida entre hormônios esteroides ovarianos, 
peptídeos opioides endógenos, neurotransmissores centrais, prostaglandinas e sistemas autonômicos 
periféricos e endócrinos. 
Estudos comprovaram que não há alteração na dosagem sérica dos hormônios sexuais das mulheres com 
SPM quando comparadas às mulheres normais (grupo-controle). 
 
Recentemente, vem sendo estudado um neurotransmissor, o fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF, 
do inglês brain-derived neurotrophic factor), que estaria associado à etiologia da SPM. 
 
Fatores inflamatórios podem estar relacionados à etiologia da SPM. A fase lútea está relacionada com 
aumento de produção de fatores pró-inflamatórios, como as interleucinas (IL-6) e o fator de necrose tumoral 
alfa (TNF-α)), quando comparada com a fase folicular. O nível de proteína C-reativa varia ao longo do ciclo 
menstrual; contudo, um aumento da PCR é observado quando se administra progesterona. Algumas 
doenças inflamatórias também tendem a piorar no período pré-menstrual, como a síndrome do intestino 
irritável 
 
Diagnóstico 
 Os sintomas do TDPM podem ser muito semelhantes aos de outras doenças, por isso, uma avaliação 
prospectiva acurada é necessária para realizar o diagnóstico. A International Society for Premenstrual 
Disorders (ISPMD) indica a realização de diários por 2 a 3 meses consecutivos, e não apenas por um ciclo. 
 A SPM e o TDPM sempre devem ser diferenciados de outros sintomas psiquiátricos que, eventualmente, 
apenas se exacerbam no período pré-menstrual, e de algumas condições médicas como 
hipotireoidismo ou hipertireoidismo. 
Julia Paris Malaco 
 Uma variedade de sintomas clínicos, como cefaleia, fadiga crônica e síndrome do intestino irritável, é 
exacerbada frequentemente próximo à menstruação, contudo, os sintomas não são típicos de SPM, e o 
período em geral não coincide com a fase lútea. Exames laboratoriais poderão ser realizados 
excepcionalmente, quando for necessário afastar outras patologias. 
 O uso de entrevistas, questionários e escalas de autoavaliação da paciente já está bem estabelecido, 
particularmente no âmbito de pesquisas. O questionário DRSP (Daily Record of Severity of Problems 
[Registro Diário da Intensidade dos Problemas]) é considerado, por muitos profissionais, a melhor 
ferramenta para diagnóstico de SPM 
 A aplicação do DRSP para um diagnóstico de SPM com base nas suas diretrizes atuais requer um registro 
diário dos sintomas por pelo menos 2 meses. No entanto, essa exigência acaba limitando a sua 
aplicabilidade prática no dia a dia de atendimento de pacientes com sintomas pré-menstruais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Julia Paris Malaco 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento: 
 Estratégias de manejo para pacientes com SPM só podem ser realizadas seguindo uma quantificação 
adequada dos sintomas e um diagnóstico acurado. 
 O manejo inicial consiste em educação e orientação. As pacientes e seus familiares devem conhecer as 
características da SPM, pois ela é uma patologia endocrinoginecológica de causa incerta e não 
proveniente da imaginação da mulher. Apoio médico, empatia, discussão e paciência parecem ser 
bastante úteis. 
 O tratamento deve ser individualizado, iniciando com intervenções no estilo de vida 
 Muitas mulheres obtêm alguma melhora com modificações dietéticas, por isso o aconselhamento 
nutricional é um componente da terapia 
 As modificações dietéticas são amplamente indicadas. Recomenda-se que as pacientes tenham 
alimentação equilibrada – proteínas, fibras e carboidratos adequados e baixa ingestão de gorduras 
saturadas; alimentos muito salgados ou muito doces devem ser evitados, pois podem produzir retenção 
hídrica e consequente desconforto. 
 Bebidas como café, chá e à base de cola devem ser evitadas, pois são estimulantes, podendo agravar 
a irritabilidade, a tensão e a insônia. Também o álcool e outras drogas podem piorar os sintomas 
psicológicos. 
 O exercício aeróbio pode elevar os níveis de endorfinas e, com isso, melhorar o humor. Várias evidências 
reforçam que a atividade física tem seu lugar no tratamento dos sintomas pré-menstruais. Ainda que 
essas medidas careçam de estudos para determinar seu real papel no tratamento da SPM, são 
extremamente válidas como orientação global de saúde e devem ser recomendadas às pacientes 
 Alguns estudos sugerem que a utilização de vitamina B6 (piridoxina) é melhor do que placebo para SPM. 
 A terapia cognitivo-comportamental tem demonstrado eficácia no tratamento da SPM, auxiliando a 
modificar a irritabilidade e a forma de lidar com os momentos de estresse. 
 A acupuntura vem demonstrando benefícios quando comparada com o uso de progesterona e 
ansiolíticos, o que mostra um novo potencial terapêutico não farmacológico 
 
 As opções de tratamento medicamentoso seguem duas linhas: Aquela que influencia o sistema nervoso 
central (particularmente moduladores do neurotransmissor serotonina); Aquela que suprime a ovulação. 
 Os ISRSs são considerados fármacos de primeira linha, eficazes e de boa tolerabilidade para o tratamento 
da SPM e do TDPM. 
Julia Paris Malaco 
 Muitos estudos avaliaram a eficácia dos ISRSs no manejo da SPM e do TDPM, apresentando taxas de 60 
a 90% de melhora, comparadas a 30 a 40% do placebo. Os medicamentos mais utilizados são citalopram, 
fluoxetina, paroxetina, sertralina e um inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina (ISRN), a 
venlafaxina 
 Os ISRSs podem ser usados de forma contínua ou intermitente, a partir do 15o dia do ciclo. O tratamento 
intermitentetem sido particularmente útil para sintomas de irritabilidade, labilidade emocional, e o 
tratamento contínuo, mais útil em tratamentos de quadros depressivos 
 
 
 
 
 
 
 Benzodiazepínicos: Sedativos como os benzodiazepínicos (alprazolam na dose de 0,25 mg 2 ×/dia na 
fase lútea) fazem parte dos recursos terapêuticos da SPM e são comprovadamente eficazes, mas é 
preciso considerar os riscos de dependência e a rápida tolerância induzida por esses medicamentos. 
Eles estariam indicados em situações de extrema ansiedade, sempre com muito critério. 
 Supressão da ovulação utilizando anticoncepcionais orais combinados: Os ACOs eliminam a ciclicidade 
ovariana e poderiam ter eficácia terapêutica, principalmente para as mulheres com dismenorreia e 
mastalgia pré-menstrual, embora os resultados na literatura sejam controversos e não haja evidência de 
que possam aliviar os sintomas pré-menstruais. Uma possibilidade seria a tomada de ACO contínuo. A 
formulação contendo 30 µg de etinilestradiol + 3 mg de drospirenona tem sido considerada eficaz no 
tratamento dos sintomas pré-menstruais 
 
Recomendações 
Pacientes com critérios para SPM e TDPM devem ser inicialmente bem avaliadas por meio de anamnese, 
exame físico e, excepcionalmente, alguma avaliação laboratorial complementar. 
Caso haja suspeita de qualquer patologia psiquiátrica associada, a paciente deve ser encaminhada ao 
profissional de saúde mental para receber tratamento concomitante. 
Como os sintomas pré-menstruais são crônicos e recorrentes, o tratamento deve considerar os custos e as 
reações adversas. O manejo inicial deve abordar mudança de hábitos e dieta. 
O ACO contendo drospirenona mostrou-se efetivo para tratar os sintomas somáticos e físicos da TDPM, 
podendo ser indicado como primeira escolha. É possível que os ACOs, de maneira geral, quando utilizados 
de forma contínua, tenham benefício no alívio dos sintomas da SPM. 
Os ISRSs são comprovadamente eficazes para tratar SPM e TDPM. A sua utilização deve ser avaliada pelo 
médico após detalhada análise clínica.

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