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BOVINOCULTURA DE CORTE Maria Eduarda Rocha FISIOLOGIA DO CRESCIMENTO Sequência de crescimento: 1º - Tecido nervoso 2º - Tecido ósseo 3º - Tecido muscular 4º - Tecido adiposo INTRODUÇÃO: · A fisiologia do crescimento possui correlação direta com a nutrição animal · Cada tecido tem seu crescimento predominante em determinada fase da vida do animal, tendo exigências nutricionais diferentes em cada período · O crescimento animal consiste no acúmulo de tecidos correlacionados com o tempo · Síntese e deposição de tecidos · Desde a fase gestacional até a fase de abate · O tecido muscular e o tecido adiposo são os mais importantes quando se pensa em bovinocultura de corte, pois representa a carcaça do animal (o quanto será transformado em carne e gordura) · O crescimento do animal é mensurado pela pesagem · Diferença entre os pesos das fases do animal (peso de abate - peso de nascimento) · Fitas · Correlação entre a circunferência torácica e o peso do animal · Cada cm de circunferência torácica equivale a 2,8 kg · Não é precisa como a balança, mas é uma alternativa · Mais empregada para pesagem de bezerros · Balanças · Objetivo principal do crescimento: · Deposição do máximo de proteína (músculo) · Deposição do mínimo de gordura · A gordura é um tecido “caro” e demorado para se depositar, pois é o último tecido na sequência de deposição da fisiologia do crescimento · O pecuarista deve atender a demanda de mercado ofertando uma carcaça o mais musculosa possível e com o teor de gordura mínimo adequado exigido pela indústria frigorífica · O teor mínimo de gordura subcutânea na área de olho de lombo (AOL) da carcaça é o que determina o momento do abate do animal · Para um animal ser abatido, não importa sua idade ou seu peso, mas sim a gordura subcutânea depositada · A fisiologia do crescimento é expressa através de uma curva sigmóide, que representa crescimento biológico, com fases de aceleração, desaceleração e estabilização do crescimento · Representa a velocidade de crescimento animal conforme o aumento da idade · Todo ser vivo possui crescimento em curva sigmóide, exceto peixes e anfíbios · Tipos de crescimento de tecidos: · Hiperplasia muscular · Aumento do número de fibras musculares (quantidade) · Predomina na fase gestacional · Hipertrofia muscular · Aumento do volume das fibras musculares (tamanho) · Predomina após o nascimento DEPOSIÇÃO DE TECIDOS: · TECIDO ÓSSEO: · Estrutura e sustentação do corpo; proteção dos órgãos; locomoção · O crescimento ósseo cessa quando há mineralização da placa epifisária · Condrócitos → cartilagem · Osteoblastos → colágeno ósseo (matriz) · Osteoclastos → reabsorção óssea para manter concentração de cálcio na corrente sanguínea · Composição da célula óssea: · 50% mineral · Predomínio de cálcio e fósforo · 50% matéria orgânica e água · TECIDO MUSCULAR: · Será convertido em carne · Células longas com vários núcleos · Após o nascimento do animal, o crescimento desse tecido será apenas em hipertrofia · A não ser que o animal tenha a mutação do gene da miostatina, em que mesmo após nascimento o animal terá crescimento em hiperplasia e hipertrofia · Média de 40% da massa corporal → 53 a 64% da carcaça · Células satélite: se localizam ao redor das células musculares e auxiliam na hipertrofia muscular, pois são fundamentais na síntese extra de proteína dentro da fibra muscular, garantindo o aumento de volume · TECIDO ADIPOSO: · O objetivo do tecido adiposo é acumular triglicerídeos (3 moléculas de ácidos graxos + 1 molécula de glicerol) para estocar energia · Reserva de energia · Gordura: adipócito + tecido conectivo · Diferenciação das células imaturas em adipócitos: · Adipoblastos (imaturas) → adipócitos · Dependendo da localização do adipócito, ainda terá a capacidade de aumentar em número de células para aumentar ainda mais o potencial de reservar gordura · FASE PRÉ-NATAL (gestacional): · Fecundação → meioses → diferenciação de tecidos → morfogênese → nascimento · Hiperplasia e hipertrofia · Fatores que influenciam o crescimento pré-natal e peso ao nascimento do animal: · Sexo · Geralmente machos nascem maiores · Genética (raça) · Nutrição da mãe · Programação fetal: não deixar faltar nutrientes específicos para a mãe na fase de síntese de fibras musculares do feto · Ordem de parição · Novilhas tendem a parir bezerros menores · FASE PÓS-NATAL (após o nascimento): · O rápido crescimento ocorre quando o animal está em 1/3 a 1/2 do peso vivo adulto, pois estará no pico máximo de deposição de tecido muscular (puberdade) · Apenas hipertrofia · O bezerro já nasce com cerca de 60% da altura dele, pois o tecido ósseo é um dos primeiros a se depositar, então o animal nasce com os membros desproporcionais em relação ao restante do corpo · Crescimento em curva sigmóide · Aceleração, desaceleração e estabilização da deposição dos tecidos de acordo com a fase de vida em que o animal se encontra (nascimento, puberdade, maturidade) · Quanto maior a inclinação da curva, maior é a taxa de crescimento · O animal nasce com média de 35 kg, tendo então uma aceleração do crescimento e ascensão da curva na fase de puberdade (alta eficiência de deposição de tecidos), e conforme o animal envelhece haverá uma desaceleração e estabilização da deposição de tecidos em fase de maturidade (baixa eficiência de deposição de tecidos), sendo que a partir dessa fase o animal terá que aumentar a ingestão de alimentos para conseguir ganhar peso · Conforme o animal atinge maturidade e envelhece, se torna ineficiente na deposição dos tecidos · Ao final da maturidade, considera-se que o animal atingiu quase o máximo de composição corporal, ocorrendo assim a estabilização da deposição dos tecidos · A puberdade é a fase de maior eficiência de crescimento · Por ser um animal mais leve, a exigência de mantença é menor, então sobra mais energia para ganho de peso · A taxa de crescimento em relação ao peso corporal do animal é maior nessa fase · O pico de crescimento se situa entre a fase final da puberdade e o início da maturidade FISIOLOGIA DO CRESCIMENTO E A CARCAÇA: · O principal determinante da lucratividade dos sistemas de produção de gado de corte é o valor da carcaça, pois no frigorífico o pecuarista é remunerado pela carcaça e não pelo peso vivo do animal · Em animais de corte, a carcaça é o elemento mais importante e foco da produção, pois nela está contida a porção comestível, a qual possui maior valor comercial. Com isso, têm-se a necessidade de uma padronização das carcaças dos animais e desta forma atender aos requisitos e preferências do consumidor de maneira rentável · O que se busca numa carcaça: · alta proporção de músculo · O músculo é o tecido mais barato de ser depositado, e o que garante maior retorno econômico ao pecuarista · proporção adequada de gordura · A gordura deve ser adequada para o padrão da indústria frigorífica, garantindo que o produtor receba bonificações · A gordura é o tecido mais caro de ser depositado · mínimo de osso · Para garantir a estrutura do animal · carcaças homogêneas e padronizadas · Área de olho de lombo (AOL) · A área de olho de lombo (AOL) é medida no músculo longissimus dorsi (contra-filé), cortado entre a 12ª e 13ª costela no sentido longitudinal, e dá uma dimensão da composição da carcaça indicando grau de musculosidade, rendimento e ganho de peso · Quanto maior a AOL, maior será o grau de musculosidade da carcaça (correlação direta) · A medida (AOL) é realizada no contra-filé porque este é o maior corte da carcaça e a verificação da área do músculo em cm² expressa a dimensão da proporção muscular da carcaça como um todo · Mensuração post mortem: · Sistema geométrico, utilizando um gabarito contendo quadros desenhados. Este gabarito é posicionado sobre a superfície do olho de lombo e conta-se o número de quadros preenchidos pelo músculo (sem contar a área de cobertura de gordura). O número de quadros dividido por 10 é resultado da área em centímetrosquadrados. · Mensuração in vivo: · Ultrassonografia de carcaças, que estima a composição final das carcaças dos animais in vivo, gerando economia ao sistema produtivo, uma vez que possibilita a avaliação precoce da terminação, por meio da medição do grau de musculosidade e gordura, e também sendo ferramenta para os processos de seleção genética. · Espessura de gordura subcutânea (EGS) · A espessura de gordura subcutânea (EGS) é medida na área de olho de lombo (AOL), e indica o acabamento da carcaça · Mercado e remuneração diferenciada ditam o grau ótimo de gordura na carcaça · Mensuração post mortem: · Paquímetro · Ideal de EGS requerida pela indústria frigorífica: 0,5 cm (5 mm) · Mensuração in vivo: · Ultrassonografia de carcaças · A classificação do acabamento de carcaça permite que o frigorífico ofereça bonificações ao produtor que entregar um produto de acordo com o padrão requerido pela indústria · Classes de acabamento: · 1 – Ausente · Não há gordura na carcaça e a musculatura fica aparente na região de todas as superfícies anatômicas · Indesejado pela indústria (o pecuarista é penalizado por escassez de deposição de gordura) · 2 – Escasso · Carcaça apresenta um pouco mais de gordura, preenchendo ligeiramente a região da alcatra e contra-filé. Porém, ainda não garante cobertura de costela. De 1 a 3 mm de espessura (0,1 a 0,3 cm) · 3 – Mediano · Carcaça com uma camada de gordura subcutânea um pouco mais espessa. Maior acúmulo de gordura na região da ponta de agulha e peito. De 3 até 6 mm de espessura (0,3 a 0,6 cm) · 4 – Uniforme · Preenche completamente a carcaça com uma camada mais espessa do que no acabamento mediano, uniformizando a superfície e fazendo desaparecer o relevo da musculatura, sendo que a maminha se encontra totalmente recoberta de gordura. De 6 a 10 mm de espessura (0,6 a 1 cm) · 5 – Excessivo · Contém grandes acúmulos de gordura e a superfície da carcaça se torna irregular. Espessura acima de 10 mm (acima de 1 cm) · Indesejado pela indústria (o pecuarista é penalizado por excesso de deposição de gordura) · A exigência atual dos frigoríficos é uma carcaça que apresente em torno de 5 mm de espessura de gordura subcutânea (0,5 cm), porém há uma grande desuniformidade (animais extremamente gordos, animais extremamente magros e uma minoria na faixa do ideal) · O que predomina na indústria frigorífica são as carcaças mais magras, pois a maioria dos animais brasileiros são criados somente à pasto, tendo assim baixo teor de energia na dieta e consequentemente uma deposição de gordura ineficiente, o que necessita destacar a importância de suplementação dos animais na recria e engorda para que atenda às exigências da indústria frigorífica e do mercado CURVA DE CRESCIMENTO: · Aceleração do crescimento e taxa de ganho de peso do animal após o nascimento → Alcance do pico máximo ao final da fase de puberdade → Desaceleração do crescimento em fase de maturidade → Estabilização do crescimento e massa corporal (deposição de todos os tecidos) CRESCIMENTO DOS TECIDOS: · Sequência de crescimento dos tecidos: tecido nervoso → tecido ósseo → tecido muscular → tecido adiposo · Cada tecido possui uma velocidade de crescimento, sendo o osso com crescimento precoce, o músculo intermediário e a gordura tardia · É claro que existe uma superposição de crescimento, isto é, os diferentes tecidos crescem ao mesmo tempo, mas crescem à taxas diferentes, de tal forma que completam o seu desenvolvimento na sequência mencionada · Ao observar a fase de puberdade por exemplo, todos os tecidos estarão sendo depositados, porém com taxas de crescimento diferentes · O animal possui uma variação da composição corporal ao longo da vida, em decorrência da fase de desenvolvimento corpóreo e deposição tecidual · Cada um dos tecidos possui uma hierarquia de início e alcance da taxa máxima de deposição · Ao nascer os animais apresentam o esqueleto bastante desenvolvido em relação ao tamanho adulto. Após o nascimento e até puberdade, a taxa de crescimento do tecido muscular é maior do que as taxas do tecido ósseo e do adiposo, enquanto após a puberdade até a maturidade passa a predominar o crescimento do tecido adiposo · O pico máximo de crescimento do tecido ósseo ocorre na fase de desmama (6 a 8 meses de idade) · O pico máximo de crescimento do tecido muscular ocorre na fase de puberdade (12 a 18 meses de idade) · A recria é uma fase de ganho de peso excepcional e eficiente, justamente por ser a fase em que ocorre o pico máximo de crescimento muscular · O pico máximo de crescimento do tecido adiposo ocorre na fase de maturidade · Ganhos nessa fase implicam em maiores quantidades de alimentos e, portanto, maiores custos, evidenciando então a importância do abate ser feito em função do acabamento mínimo exigido pela indústria frigorífica · Após atingir o pico máximo, ocorrerá a desaceleração da deposição do tecido, independentemente de qual for (ósseo, muscular ou adiposo) · Diferenciação da composição do tecido corporal como um todo: · Desde a fase de bezerro até o momento de abate · A partir do momento que o animal nasce, ele vai desidratando (perda de água) e acumulando gordura · Quando o animal chega à fase final de maturidade (peso final), sua composição corporal se encontra alterada em relação ao que era na fase de bezerro · Bezerro: · 71,8% de água · 19,9% de proteína bruta · 4,0% de gordura · 4,3% de minerais · Animal adulto: · 43,5% de água · 15,7% de proteína bruta · 37,6% de gordura · 3,2% de minerais · À medida que aumenta a deposição de tecido adiposo reduz a proporção de músculo na carcaça · Animal mais novo: alto teor de água e baixo teor de gordura · Animais mais velho: baixo teor de água e alto teor gordura · Frame size: · Raças de diferentes tamanhos corporais à maturidade, com influência sobre a fisiologia do crescimento · Raças grandes, raças médias e raças pequenas · Animais mais precoces são de médio ou pequeno porte · Animais mais tardios são de grande porte · Efeito do sexo sobre a composição corporal de bovinos: · Fêmeas depositam mais gordura · Machos depositam mais músculo (hormônio testosterona auxilia na síntese de proteína muscular) · Se o macho for castrado logo após o nascimento, se assemelhará bastante ao padrão de deposição de tecidos da fêmea · Se o macho for castrado após a puberdade, se assemelhará bastante ao padrão de deposição de tecidos do macho inteiro · Quem deposita mais gordura? · Fêmea > macho castrado > macho inteiro · Quem deposita mais músculo? · Macho inteiro > macho castrado > fêmea · Machos castrados são intermediários em relação à fêmea e o macho inteiro · Sequência de deposição do tecido adiposo: · Tecido adiposo perirenal · Depositado na fase embrionária · Tecido adiposo intermuscular · Tecido adiposo subcutâneo · Tecido adiposo intramuscular (marmoreio) · Colocar gordura de modo geral na carcaça já é difícil, pois é um tecido depositado em fase final da vida do animal e pesa pouco, devido à baixa quantidade de água. Mas dentre os tipos de gordura, o marmoreio é o mais difícil e mais caro pois é o último tipo de tecido adiposo a ser depositado e possui a glicose como substrato (dependente de grãos na dieta) EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS: · A determinação da composição corporal é importante na avaliação do desempenho animal, além de estimar as exigências nutricionais · Exigências em proteína bruta: · Ao se comparar um bezerro de 100 kg de peso vivo com um novilho de 300 kg de peso vivo, submetidos a uma dieta balanceada para ambos ganharem 700 g por dia (ganho diário), para obtenção desse ganho a exigência de proteína bruta será diferente para cada um, pois se encontram em fases produtivas diferentes, o que implica que estão em diferentes fases de deposição de tecidos também. Sendo assim, o bezerro necessita ingerir 363 g de proteína bruta, enquanto o novilho necessita ingerir 656 g de proteína bruta, e dessa forma o bezerro apresentará uma eficiência de 26% a mais que o novilho para obter omesmo ganho de peso · Os 700 g de peso ganho não serão apenas de músculo, mas de todos os tecidos depositados em um animal, então nessa relação o novilho terá uma maior deposição de gordura do que o bezerro, devido ao fato de ser o último tecido a ser depositado e o novilho já se encontra numa fase em que essa deposição será maior, enquanto o bezerro estará depositando praticamente apenas músculo · Então quanto mais novo o animal, maior será sua eficiência em depositar tecidos pois será mais leve, então sua exigência de mantença é menor, e sua taxa de crescimento em relação ao peso corporal é maior · Composição de água nos tecidos: · Tecido magro (muscular) x Tecido adiposo · Tecido magro: 74% de água · 74% de água; 21% de proteína; 4% de gordura; 1% de minerais · O tecido muscular (tecido magro) possui muita água em sua composição, por isso é o que pesa mais · Por que o tecido muscular necessita de maior quantidade de água em sua composição? · Objetivo de contração e estruturação do esqueleto · Metabolismo muito alto (gasto de energia) · Tecido adiposo: 8 a 12% de água · O tecido adiposo é reserva de energia, então seu metabolismo é muito baixo, não necessitando assim de grande quantidade de água Numa carcaça deve-se colocar o máximo de tecido muscular e o necessário de tecido adiposo! O acabamento excessivo não é desejável, e depositar gordura na carcaça é um processo muito caro, podendo aumentar os custos de produção e diminuir margem de lucro. Animais quando abatidos além da composição corporal considerada ideal para um determinado mercado, apresentam menor eficiência alimentar (kg de ganho/ kg MS consumida), implicando em maior consumo de alimentos, e consequentemente maiores custos. EFEITO DA NUTRIÇÃO SOBRE A FISIOLOGIA DO CRESCIMENTO DOS TECIDOS: · Possibilidade de antecipação da deposição dos tecidos de acordo com o plano nutricional ofertado ao animal · A fisiologia do crescimento pode ser modulada de acordo com o plano nutricional · Teor de gordura do ganho: · Eixo x: peso dos animais (200 a 500 kg) · Eixo y: porcentagem do ganho de gordura (0 a 90%) · Considerando os animais na faixa de peso de 200 kg: · Linha vermelha · Dieta com 0,6 kg de ganho de peso diário · Plano nutricional baixo (o teor de gordura no ganho será baixo) · O animal ganha 0,6 kg de peso vivo por dia, sendo que 2% do ganho será de gordura · Animal criado somente à pasto, sem suplementação (menor ganho de peso e baixa deposição de gordura) · Não deposita gordura pois não sobra energia (a energia consumida vai apenas para mantença do animal) · Linha amarela · Dieta com 1,0 kg de ganho de peso diário · Plano nutricional médio (o teor de gordura no ganho será mediano) · O animal ganha 1,0 kg de peso vivo por dia, sendo que 13% do ganho será de gordura · Linha azul · Dieta com 1,3 kg de ganho de peso diário · Plano nutricional elevado (o teor de gordura no ganho será alto) · Dieta desafiadora · O animal ganha 1,3 kg de peso vivo por dia, sendo que 23% do ganho será de gordura · Animal criado em confinamento, com dieta desafiadora baseada em muita proteína e energia (maior ganho de peso e alta deposição de gordura) · Há depósito de gordura pois tem sobra de energia (a dieta consumida atende a mantença do animal, mas também permite estocar proteína e energia, favorecendo o ganho de peso e teor de gordura no ganho) · Planos nutricionais elevados são dietas para ganhos médios diários elevados e podem resultar na antecipação da idade de abate do animal, devido à antecipação da deposição de gordura proporcionada · Ao fornecer um plano nutricional elevado, ou seja, uma dieta mais desafiadora e mais energética, antecipa a deposição de gordura e consequentemente antecipa o momento de abate do animal · A densidade enérgica da dieta modifica a composição do corpo animal · Com o uso de suplementação é possível obter carcaças bem acabadas e mais pesadas em animais mais jovens, pelo fato de propiciar uma complementação energética e proteica das pastagens, explorando o potencial de ganho de peso dos animais · Conforme o animal vai se aproximando do peso adulto ou de abate, a porcentagem de gordura no ganho aumenta, enquanto a da proteína diminui. Após atingir o máximo do desenvolvimento da massa muscular, o ganho passa a ser composto basicamente de gordura EFICIÊNCIA DE DEPOSIÇÃO DE ENERGIA, DE PESO DOS COMPONENTES QUÍMICOS E DOS TECIDOS: · Eficiência energética da deposição do tecido muscular e tecido adiposo · Para o animal sintetizar 1 g de músculo e para sintetizar 1 g de gordura são necessárias eficiências energéticas diferentes · “Quanto é necessário de energia para sintetizar 1 g de músculo?” · “Quanto é necessário de energia para sintetizar 1 g de gordura?” · O tecido adiposo é mais eficiente energicamente para sintetizar, pois as reações químicas envolvidas na síntese de gordura são mais simples do que as envolvidas na síntese de proteína, então a eficiência de retenção da energia é maior no tecido adiposo · Caloria é uma medida de energia, sendo que 1 caloria é a energia necessária para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5°C para 15,5°C · Ao fornecer 10 Kcal de energia para o animal, ele conseguirá converter essa quantidade em 3,5 Kcal de energia em proteína (eficiência de 35% → de 10 Kcal de energia fornecidos, apenas 35% foram convertidos em tecido muscular) · O valor de energia contido em 1 g de proteína é 5,5 Kcal/g · Devido ao fato de o tecido muscular ter água predominante em sua composição, o animal deposita 2,8 g de músculo em tecido vivo · Ao fornecer 10 Kcal de energia para o animal, ele conseguirá converter essa quantidade em 6,0 Kcal de energia em gordura (eficiência de 60% → de 10 Kcal de energia fornecidos, 60% foram convertidos em tecido adiposo) · O valor de energia contido em 1 g de gordura é 9,4 Kcal/g · Devido ao fato de o tecido adiposo não ter grande quantidade de água em sua composição, o animal deposita 0,7 g de gordura em tecido vivo · A deposição de tecido adiposo é mais eficiente energeticamente do que a síntese muscular · Em termos de eficiência energética (Mcal), a deposição de tecido adiposo é mais eficiente: · Mcal de energia consumida / Mcal de energia depositada · Em termos de eficiência de síntese de tecido vivo (kg), a deposição de tecido muscular é mais eficiente: · Kg de carcaça / kg de alimento ingerido · Em resumo, em termos de eficiência de energia (Mcal de energia consumida / Mcal de energia depositada) a deposição de gordura na carcaça é mais eficiente que a de proteína, pois 60% da energia consumida é retida na deposição de gordura, comparada com retenção de 35% para proteína. Por outro lado, a deposição de proteína é mais eficiente em termos de peso de tecido depositado, pois para cada unidade de proteína depositada cerca de 3 unidades de água são depositadas em associação, formando o músculo · Com base nesses fatores, é possível que o pecuarista mensure a conversão alimentar e analise as exigências nutricionais dos animais · É utilizada a mesma quantidade de energia para colocar 4 kg de músculo e 1 kg de gordura, porém em termos de eficiência energética, é mais eficiente converter a energia consumida em tecido adiposo · As medidas de conversão alimentar e eficiência alimentar são correlacionadas também com características de crescimento (resultando em aumento significativo do tamanho dos animais e consequentemente aumentando custos), diferentemente do consumo alimentar residual (CAR), que é a medida mais utilizada atualmente para selecionar animais eficientes, pois é independente do peso vivo e do ganho de peso do animal · Conversão alimentar: · Razão entre o consumo alimentar e o ganho de peso (quanto de alimento é ingerido para que o animal ganhe 1 kg de peso vivo) · kg de alimento consumido / kg de ganho de peso · Consumo / ganho · O animal eficiente possui a menor conversão alimentar possível · Quanto mais velho o animal, pior sua conversão alimentar (precisa comer mais para depositar o tecido) · Eficiênciaalimentar: · Razão entre o ganho de peso e o consumo alimentar (quanto o animal ganhou em peso ao ingerir tal quantidade de alimento) · kg de ganho de peso / kg de alimento consumido · Ganho / consumo · O animal eficiente possui a maior eficiência alimentar possível, significando que ingeriu menos alimento para ganhar tal kg em peso vivo · Consumo alimentar residual (CAR): · Medida de avaliação de eficiência alimentar, independente do peso vivo metabólico e do ganho de peso diário, para que não haja interferência no aumento da exigência de mantença · Diferença entre o consumo de alimento observado e o consumo de alimento esperado · Consumo observado - consumo esperado · O animal eficiente possui baixo CAR · Ao ser calculado com base no consumo esperado (valor de consumo ajustado para o peso vivo de determinado animal), se torna uma medida sem relação com o peso vivo, assim não gera modificações no tamanho corporal dos animais. Então, o consumo esperado é único para cada animal, pois foi calculado com base no seu peso vivo e ganho de peso diário, estabelecendo o quanto aquele específico animal deve comer · Mais usada atualmente para selecionar animais eficientes, pois possui a importante vantagem de ser ajustada para peso vivo e ganho de peso diário, o que não causa aumento de peso adulto PRINCIPAIS FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO E A COMPOSIÇÃO CORPORAL EM BOVINOS: · Nível nutricional (alto x baixo) · O nível nutricional é capaz de alterar a composição corporal · O nível nutricional dietético pode modificar a curva de crescimento, alterando a idade e o peso em que ocorre a aceleração ou desaceleração de deposição de cada tecido, modificando a composição corporal final dos animais · De acordo com o plano nutricional, consegue-se antecipar a deposição de gordura e consequentemente a idade ao abate do animal · Grupo genético · Diferenças entre raças · Comparação do crescimento entre Nelore e Angus · A raça Angus deposita mais músculo · A raça Angus apresenta uma carne mais macia · Menor k1 (taxa de acréscimo de DNA) de animais Nelore: animais mais tardios · Nelore apresenta menor taxa de maturação do que animais taurinos · Turnover proteico · Quanto maior a atividade metabólica para síntese de músculo in vivo, maior será a atividade metabólica das enzimas que farão a maturação no post mortem · Atividade metabólica muscular mais alta possui correlação direta com a maior maciez · Frame size · Modelo de seleção na ABCZ: · Estudos feitos para analisar se os animais selecionados como superiores são realmente produtivos à campo (seminário de revisão dos critérios de seleção das raças zebuínas) · Animais com alta taxa de ganho de peso · Animais cada vez mais pesados · Animais com maior área de olho de lombo (mais musculosos) · Filtro do banco de dados da ABCZ de vacas “produtivas” · Criadas, recriadas e reproduzindo naturalmente a campo · 2 a 15 anos de idade · Idade ao primeiro parto de 36 meses (3 anos) · Nunca falharam (sempre desmamaram seus bezerros) · Vacas controladas · Resultado (873.884 vacas avaliadas): · Apenas 1.010 vacas “produtivas” · Menos de 0,1% da população avaliada · Menos de 0,1% dos animais P.O eram produtivos a campo · Houve intensa seleção para ganho de peso, o que resultou em animais muito pesados e mais tardios, pois o peso vivo será maior. Considerando a criação à pasto, o capim não atenderá a demanda nutricional desse tipo de animal, pois será muito pesado e necessitará de muito alimento apenas para mantença, resultando num animal mais tardio reprodutivamente também, se tornando ineficiente no sistema · A busca de animais equilibrados é a melhor forma possível de garantir a eficiência do sistema de produção · Atualmente utilizam como critério de seleção, o CAR (consumo alimentar residual), que seleciona de acordo com a performance, mas sem aumentar o peso vivo do animal · Classe sexual · O sexo do animal influencia no predomínio da deposição de determinado tecido · Fêmeas depositam mais gordura · Machos depositam mais músculo · Machos castrados são intermediários · Início da fase de maior deposição de gordura · O início da fase de maior deposição gordura nas fêmeas é antecipado, pois são animais com ganho de peso menor, que consequentemente ficarão com peso vivo adulto menor (deposita a quantidade de músculo suficiente, e depois já inicia a deposição de gordura) · Taxa de acúmulo de gordura · A taxa de acúmulo de gordura nas fêmeas é superior · O macho inteiro é a categoria que deposita mais músculo, devido à relação com a testosterona, sendo assim o tipo de animal que demanda maiores exigências de proteína · Ordem de exigência de proteína: macho inteiro > macho castrado > fêmea · Ordem de maior deposição de tecido muscular: macho inteiro > macho castrado > fêmea · A fêmea é a categoria que deposita mais gordura, devido ao seu menor peso vivo adulto, garantindo antecipado início da fase de maior deposição de gordura e maior taxa de acúmulo de gordura · Ordem de maior deposição de tecido adiposo: fêmea > macho castrado > macho inteiro · As fêmeas são mais precoces no acabamento de carcaça do que os machos · Em relação aos cortes da carcaça, a fêmea fornece maior porcentagem de carnes de traseiro especial do que as outras categorias animais (cortes de maior qualidade (“carne de primeira”) e mais valorizados) · O macho inteiro fornece maior porcentagem de carnes de dianteiro · Apesar da fêmea fornecer maior porcentagem de “carne de primeira” (traseiro especial), ela possui menor ganho de peso, então o macho rende mais carne em termos de peso total · Ex: em termos de peso, a picanha do macho inteiro será maior que a picanha da fêmea · Picanha do macho inteiro: 1,3 kg em média · Picanha da fêmea: 1,0 kg em média · O frigorífico terá os mesmos custos de produção para produzir a picanha de 1,0 kg e a picanha de 1,3 kg, então a picanha do animal mais pesado se torna mais vantajosa financeiramente para a indústria pois rende mais carne · Idade · Animal mais jovem tem potencial de depositar mais músculo e menos gordura · Animal mais velho tem potencial de depositar menos músculo e mais gordura · Peso à maturidade · Quanto maior o peso à maturidade, mais tardio o animal será · Utilização de produtos exógenos · Modulação do crescimento dos animais · Uso proibido em bovinos no Brasil · Agonistas beta adrenérgicos (Clenbuterol) · Os agonistas β-adrenérgicos são substâncias que normalmente causam vasodilatação, relaxamento do músculo liso e aumento da frequência cardíaca, porém também provocam um aumento significativo na massa muscular de animais · Hormônios anabolizantes · Manipulação do genoma · Mutação no gene da miostatina que garante crescimento muscular em hipertrofia e também em hiperplasia, mesmo após o nascimento “MITO” DA CONFORMAÇÃO: · Não existe diferença na conformação da carcaça de animais para corte e animais para leite · Mas o animal para corte tem maior eficiência alimentar que os animais de leite · Para ganhar 1 kg de peso, o animal holandês deverá comer mais que o animal para corte · Nos EUA, é muito comum confinar machos da raça holandesa (aptidão para leite) para corte COMPOSIÇÃO DE GANHO VARIÁVEL: · A composição do ganho é variável · Ganho de peso diário de fêmea adulta (1,2 kg de peso vivo por dia) x ganho de peso diário de fêmea jovem (1,2 kg de peso vivo por dia) · Os dois animais estarão ganhando a mesma quantidade de peso vivo por dia, porém a composição do ganho será diferente, pois estão em fases produtivas de deposição de tecidos diferentes · Devido à fase produtiva em que se encontra, a fêmea adulta estará depositando mais gordura do que músculo · Devido à fase produtiva em que se encontra, a fêmea jovem (bezerra) estará depositando mais músculo do que gordura · O estágio de desenvolvimento gera uma variação na composição corporal, em que no início da vida e durante o crescimento do animal ocorre uma maior deposição de proteína (músculo), devido ao desenvolvimento de órgãose tecidos, e uma maior deposição de gordura na fase de terminação · Consegue-se antecipar a deposição do tecido adiposo através de ajustes da dieta nutricional, mas ele sempre será o último tecido a ser depositado O entendimento da fisiologia do crescimento é importante para poder explorar de forma eficiente o ganho de tecido desejado.
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