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GANHO COMPENSATÓRIO

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BOVINOCULTURA DE CORTE 
Maria Eduarda Rocha
GANHO COMPENSATÓRIO
O crescimento compensatório e seus efeitos sobre a fisiologia do crescimento animal e qualidade da carne de bovinos 
INTRODUÇÃO: 
· Existem duas separações climáticas ao longo dos 365 dias do ano (estação das águas e estação da seca), considerando temperatura, luminosidade e índice pluviométrico, o que culmina numa flutuação da qualidade da alimentação dos bovinos, visto que a pecuária 
de corte é baseada à pasto, relacionado à estacionalidade produtiva da forragem, com impacto sobre o desempenho (flutuações do ganho de peso).
· Estação das águas: primavera e verão 
· Alta oferta de forragem 
· Forragem de alta qualidade 
· Estação da seca: outono e inverno
· Baixa oferta de forragem 
· Forragem de baixa qualidade 
· Um dos grandes desafios enfrentados anualmente pela pecuária, principalmente de corte, é o período da seca, que causa danos significativos ao gado, entre eles, podemos citar o efeito boi sanfona (engorda nas águas e emagrece na seca), que acontece quando o animal não recebe nutrição suficiente para manter a engorda, tendo assim a perda de peso durante a seca. A melhor forma de se proteger contra o efeito boi sanfona é ter um planejamento alimentar e nutricional bem elaborado para todos os meses do ano. 
· Podemos dizer que os animais em regime de pastejo sempre estarão com algum grau de restrição nutricional.
· Dentro da flutuação, tem-se o estresse nutricional: 
· Estresse nutricional quantitativo (redução da quantidade de alimento ofertado ao animal) 
· Estresse nutricional qualitativo (redução da qualidade do alimento ofertado ao animal) 
· Na estação seca do ano, haverá diminuição da quantidade e qualidade de forragem produzida, ou seja, tem-se a associação do estresse nutricional quantitativo com o estresse nutricional qualitativo (baixa oferta de forragem e forragem de baixa qualidade) 
· Na realidade, dentro do potencial genético para ganho de peso do animal, explora-se apenas 20 (pastagens de pior qualidade) a 40% (pastagens de melhor qualidade) de taxa de crescimento. Ou seja, considerando que em uma pastagem de baixa qualidade o animal possui potencial genético de 1 kg de ganho de peso, na realidade ele estará ganhando apenas 200 g, da mesma forma em que numa pastagem de alta qualidade, esse animal ganhará apenas 400 g. De forma geral, os animais mantidos em sistema de pastejo no Brasil sempre estarão em restrição nutricional. 
· Curva sigmóide: 
· Há uma aceleração de crescimento após o nascimento, com posterior desaceleração após atingir a puberdade, de forma a alcançar então uma estabilização ao chegar à maturidade, visto que o animal terá alcançado seu peso adulto final. 
· No animal que sofre restrição alimentar, haverá um declínio da curva de crescimento, evidenciando que o animal pode ganhar peso, mas ganhará aquém do seu potencial de ganho. 
· Após a restrição alimentar, o animal passará por um processo de realimentação, em que se observará o período de ganho compensatório ou crescimento compensatório, em que o bovino terá maior performance. 
· Os bovinos não estarão em restrição nutricional apenas quando perdem peso, pois podem estar em restrição mesmo sem perder peso
· A adoção de estratégias de manejo das pastagens e de suplementação propicia aos animais condições para expressar o potencial genético para ganho de peso, ao longo do ano, durante as estações de águas e seca. 
GANHO COMPENSATÓRIO: 
· O ganho compensatório consiste numa tentativa de compensar o período de restrição alimentar ocorrido, aumentando sua taxa de desempenho quando submetido a uma melhoria na dieta, ou seja, é um fenômeno em que após um período de restrição alimentar suficiente para deprimir o crescimento contínuo, os animais apresentam taxa de crescimento acima do normal, ao acabar a restrição e reiniciar uma alimentação adequada. 
· Aumento da performance produtiva do animal, como forma de compensar o período de restrição nutricional. 
· Após sofrer uma restrição alimentar, quando o animal possuir acesso a um plano nutricional de maior qualidade ocorrerá o ganho compensatório. 
· O ganho compensatório sempre ocorrerá após um período de restrição alimentar. 
· A restrição nutricional refere-se a uma limitação qualitativa ou quantitativa que não permita ao animal expressar seu potencial genético. 
· Em sistema de pastejo, o animal sempre estará em restrição alimentar (ganho de peso real abaixo do potencial genético máximo de ganho) 
· Restrição nutricional na época da seca → Melhoria da dieta na época das águas → Ganho compensatório após plano nutricional mais eficiente 
· O gasto energético do animal com ganho compensatório será menor, uma das razões de ser um assunto muito estudado na área de aves e suínos, com o intuito de poder diminuir o gasto com ração e garantir o mesmo ganho de peso. 
· Considerando a entressafra da produção de forragem e períodos de restrição alimentar, tenta-se aproveitar o ganho compensatório como um fator positivo dentro do cenário da pecuária, aproveitando melhor performance produtiva do animal. 
· A criação em confinamento nunca faz restrição alimentar, mas aproveita ao máximo o ganho compensatório quando realiza a compra de animais magros, ou seja, inicia a engorda de animais que passaram por restrição alimentar, aproveitando do ganho compensatório que o animal apresentará quando começar a se alimentar de uma dieta de boa qualidade (realimentação). 
· O menor ou maior ganho compensatório dependerá da duração e severidade da restrição alimentar. 
· Tipos de ganho compensatório: 
· O animal pode ter algum dos três tipos de crescimento compensatório, e está relacionado com a idade. 
· A restrição alimentar pode ocorrer em qualquer fase de idade do animal. 
· O tipo de ganho compensatório que um animal terá dependerá da sua idade, da duração e severidade da restrição nutricional. 
· Compensação completa: 
· Melhor cenário
· Dois grupos diferentes (alimentação normal e alimentação restrita) de animais com 225 kg de peso vivo 
· Os animais de alimentação restrita sofreram 100 dias de restrição nutricional, tendo então um menor ganho de peso nesse período. 
Posteriormente foram realimentados com a mesma dieta dos animais que não sofreram restrição e após realimentação, ao adentrarem no ganho compensatório ganharam mais peso que os animais sem restrição, e dessa forma conseguiram compensar todo o atraso alimentar que sofreram, chegando ao mesmo peso com a mesma idade do animal com alimentação normal 
· Há compensação de todo o atraso nutricional que o animal sofreu 
· O animal que sofreu restrição chega ao mesmo peso com a mesma idade daquele que não sofreu restrição alimentar 
· Pode ocorrer em animais em fase pós-desmame
· Média de 250 kg de peso vivo
· Se há intenção que ocorra compensação completa, então deve ser com esse tipo de animal 
· Compensação parcial: 
· Mais comum de ocorrer (geralmente vista em confinamentos) 
· Dois grupos diferentes (alimentação normal e alimentação restrita) de animais com 300 kg de peso vivo 
· Os animais de alimentação restrita sofreram 100 dias de restrição nutricional, tendo então um menor ganho de peso nesse período. Posteriormente foram realimentados com a mesma dieta dos animais que não sofreram restrição e após realimentação, ao adentrarem no ganho compensatório ganharam mais peso que os animais sem restrição, mas apesar de ter aceleração do desempenho, não conseguem chegar à determinado peso com a mesma idade que o animal com alimentação normal chegou, necessitando então serem alimentados por um período maior 
· O animal tem um bom desempenho, mas não chegará ao ponto de abate na mesma idade que o animal com alimentação normal, então deverá continuar ser alimentado por um período maior 
· Os dois animais não poderão ser abatidos ao mesmo tempo, pois o animal com restrição alimentar precisará de um tempo a mais para atingir o ponto de abate 
· O animal que sofreu restrição não chega ao mesmo peso do animal com alimentação normal com a mesma idade (diferençade menos de 100 dias em média) 
· O animal que sofreu restrição alimentar gastará em média 60 dias a mais que o animal com alimentação normal, para alcançar determinado peso 
· Pode ocorrer em animais em fase de sobreano (faixa de 300 kg; 10 a 12@)
· Média de 300 kg de peso vivo (10 a 12@) 
· Taxa de crescimento igual: 
· Não há ganho compensatório (o animal com alimentação restrita possui a mesma taxa de ganho do animal alimentado normal, ou pode ter uma taxa de ganho inferior) 
· Dois grupos diferentes (alimentação normal e alimentação restrita) de animais com 50 kg de peso vivo 
· Os animais de alimentação restrita sofreram 200 dias de restrição nutricional (restrição muito severa), tendo então um menor ganho de peso nesse período. Posteriormente foram realimentados com a mesma dieta dos animais que não sofreram restrição e após realimentação, terão a mesma taxa de ganho dos animais sem restrição ou ainda poderão apresentar uma taxa de ganho inferior, ou seja, esses animais não apresentam ganho compensatório 
· Pode ocorrer em animais muito jovens (logo após o nascimento) 
· Fase de cria: fase jovem da vida do animal, onde ocorre o desenvolvimento inicial dos tecidos 
· Deve-se evitar a restrição alimentar nessa fase, pois se ocorrer, irá comprometer todo o desenvolvimento do animal
· Bezerro “gabiru” ou “tucura”: 
· Animal de baixo potencial de ganho de peso (fraco e pequeno) 
· Encontrado principalmente quando a vaca perde alguns tetos, para de dar leite, refuga o bezerro ou até mesmo morre, garantindo então um baixo consumo de leite (prejudicado na fase inicial da vida)
· Sofrem restrição alimentar severa e duradoura na fase inicial da vida (grande importância para o desenvolvimento) 
· Comum em fazendas de leite onde não há tecnificação na produção de bezerros 
· A restrição na ingestão de alimentos, apesar de produzir crescimento anormal nos animais, resulta em maiores taxas de crescimento durante o período de realimentação quando comparados com animais que foram alimentados normalmente. No entanto, o uso dessa estratégia deve ser analisado cuidadosamente, uma vez que o ganho compensatório é, na maioria das vezes, parcial e o uso dessa estratégia está relacionado à idade ao abate dos animais.
FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO: 
· IDADE
· Bezerro 
· Evitar ao máximo que tenha restrição alimentar na fase de cria/aleitamento, pois comprometerá o desempenho produtivo do animal 
· Taxa de crescimento igual ou taxa de crescimento inferior 
· O animal com taxa de crescimento inferior (“gabiru”) tende a depositar gordura precocemente, tornando-se então um animal com peso de abate menor, mas com depósito de gordura precoce, sendo chamado então de “boi bolinha”, situação que acontece muito com animais refugo de rebanhos leiteiros, que quando colocados em confinamento, depositam muita gordura e pouco músculo, caracterizando animais gordos e pequenos
· Visto que sofreram restrição nutricional severa na fase inicial de vida, a deposição de gordura precoce nesses animais é um mecanismo de defesa do organismo, que irá estocar o máximo de gordura quando for submetido à um plano nutricional muito bom
· Não é vantajoso! 
· O gráfico mostra que a taxa de compensação será muito inferior nos animais que sofrem restrição alimentar com menos de 6 meses de idade, após realimentação; e em contrapartida, os animais que sofrem a restrição após os 6 meses de idade, terão uma taxa de compensação maior e consequentemente maior desempenho também 
· Animais que passam por restrição severa e prolongada na fase inicial da vida, ou seja, na cria, tendem a ter o comprometimento do seu desempenho futuro e não terem ganho compensatório 
· Desmame 
· Melhor período para ter resposta ao ganho compensatório (pós-desmame até sobreano)
· Fase de recria 
· Creep-feeding? 
· Considera-se que em algumas situações o creep-feeding pode não ser vantajoso, pois quando é utilizado e não deixa o animal de cria em restrição nutricional, o ganho compensatório não poderá ser aproveitado 
· Se for uma fazenda que realiza venda de bezerros, com certeza o creep-feeding é a estratégia mais vantajosa. Mas já o comprador desse tipo de bezerro deve ficar atento, pois se ele comprar um animal submetido a creep-feeding e depois não suplementar ele, não terá o desempenho produtivo esperado de um animal que foi comprado por um preço elevado exatamente por ter sido submetido ao creep-feeding
· Fazendas que compram bezerros de creep-feeding para fazer recria e terminação, devem continuar suplementando o animal 
· O ganho compensatório é favorável para quem faz recria e terminação 
· Adulto 
· Baixa resposta ao ganho compensatório 
· Bezerro e adulto não possuirão ganho compensatório
· SEVERIDADE
· Diferença entre o ganho de peso real e o potencial genético de ganho (quanto maior a diferença entre o potencial de ganho e o ganho real, maior será a severidade da restrição alimentar) 
· Ex: 
- Animal 1 possui potencial genético de ganhar 1,3 kg/dia, mas está sendo criado à pasto (menor qualidade) e ganhando 0,5 kg/dia 
- Animal 2 possui potencial genético de ganhar 1,3 kg/dia, mas está sendo criado à pasto (maior qualidade) e ganhando 1,0 kg/dia
- O animal 1 está sofrendo maior severidade de restrição alimentar 
· Influencia a duração do ganho compensatório 
· Duração do ganho compensatório 
· Quanto mais severa for a restrição nutricional, maior será o período de duração do ganho compensatório
· Após a realimentação, o animal terá um ganho compensatório mais duradouro, e não uma taxa de ganho superior 
· Ao invés de ficar 90 dias em ganho compensatório após realimentação, o animal pode ficar até 6 meses ou mais 
· A restrição alimentar do tipo severa afeta muito o tempo de duração do ganho compensatório. Ou seja, animais que passam por restrição nutricional muito severa, tendem a ter um maior período de duração de crescimento compensatório 
· Taxa de ganho compensatório 
· Não é um fator afetado pela severidade da restrição nutricional 
· DURAÇÃO
· Tempo em que o animal ficou em restrição alimentar 
· Influencia a taxa de ganho compensatório 
· Taxa de ganho compensatório 
· Quanto maior a duração da restrição nutricional, maior será a taxa de ganho compensatório (o animal terá um ganho de peso diário mais pronunciado) 
· Se o animal passa por uma restrição alimentar muito severa (severidade) e duradoura (duração), a duração do ganho compensatório e a taxa de ganho compensatório serão maiores. Ou seja, quanto mais severa e duradoura for a restrição alimentar, maior será a resposta de ganho compensatório, desde que não sejam animais jovens (cria) ou adultos 
· RAÇA 
· O tipo de crescimento compensatório também depende da genética
· Zebuíno x Taurino 
· O animal taurino sofre muito mais na restrição alimentar (perde mais desempenho) 
· O animal zebuíno é mais “resistente” à restrição alimentar 
· O animal zebuíno é superior na realimentação e ganho compensatório 
· GRAU DE MATURIDADE: 
· 30 a 35% do peso adulto: maior chance de compensação 
· Animais em fase de desmame/pós-desmame/recria 
· Faixa de 210 a 300 kg 
· TIPO DE RESTRIÇÃO: 
· Energética: melhor crescimento compensatório
· O animal com restrição de energia na dieta, terá uma melhor resposta ao ganho compensatório, quando comparado ao animal que tem maior restrição proteica 
· Proteica: pior crescimento compensatório
· O animal com restrição de proteína na dieta, terá uma pior resposta ao ganho compensatório 
· A restrição proteica é presente nas pastagens em época de seca 
· O mais comum é que os dois tipos de restrição qualitativa (energética e proteica) estejam associadas 
· Quanto melhor for a dieta a que o animal é submetido pós restrição, melhor será o ganho compensatório! 
· Devido ao fato de serem criados em maioria à pasto, os animais sempre estarão em restrição alimentar (ganha menos peso do que tem potencial de ganhar), porém existem épocas em que essa restrição será mais severa (estação da seca, por exemplo)
· A restrição alimentar NUNCA deve ser feita intencionalmente!É algo que ocorre por si só, principalmente devido à sazonalidade das pastagens 
· Então deve-se aproveitar o ganho compensatório ao melhorar a dieta, e quanto melhor for a dieta pós restrição, melhor será o ganho compensatório 
· Os ruminantes possuem melhor resposta de ganho compensatório, quando comparados aos suínos e aves, devido ao ambiente natural de seleção 
· Aves e suínos já estão muito ambientados e geneticamente modificados para alta performance e sistema de produção intensivo 
· O crescimento compensatório provoca alterações em: 
· Consumo; 
· Principal fator que determina a superioridade do animal no ganho compensatório 
· Fase de restrição alimentar (redução da quantidade e qualidade de alimento) 
· O animal terá um consumo menor 
· Fase de realimentação (crescimento compensatório) 
· O animal restrito terá um consumo maior do que os animais não restritos (cerca de 10 a 20% a mais de consumo de matéria seca por dia, em relação ao animal que não sofreu restrição) 
· Ganho superior 
· O maior consumo na fase de realimentação é o que explica o maior ganho de peso e performance 
· Exigências nutricionais; 
· As exigências nutricionais do animal em restrição irão diminuir, pois reduzirá também seu gasto energético como forma de poupar energia 
· Ao realimentar os animais, as exigências nutricionais ainda continuam inferiores em comparação às exigências do animal que não sofreu restrição. Então pode-se dizer que os animais que sofreram restrição serão mais eficientes em utilizar os nutrientes adquiridos através do maior consumo, tendo assim maior ganho de peso 
· As exigências nutricionais de mantença desses animais são reduzidas, sobrando mais energia para o ganho de peso 
· Tamanho e crescimento dos órgãos; 
· Rins, coração, trato gastrointestinal e fígado (esses órgãos requerem mais de 50% da exigência de mantença, porém pesam menos que 10% do peso total do animal) 
· Na restrição, o tamanho dos órgãos do animal é reduzido para poupar energia
· Durante a fase de realimentação, ocorre o inverso: o organismo será preparado para receber maior quantidade de alimento, então haverá o aumento do crescimento dos órgãos e depois o crescimento dos componentes de carcaça (crescem primeiro as vísceras e órgãos, e só depois a carcaça)
· Em muitos casos, não esperam o tempo necessário para essa preparação, que pode ocorrer até em 90 dias, mas é muito intensa nas 2 a 3 primeiras semanas de ganho compensatório. Dessa forma, nas primeiras 2 semanas, o que o animal ganha de peso compensatório são vísceras, então se ele for abatido logo após esse período, observa-se que estará com maior peso, mas de vísceras e não de carcaça, o que não é vantajoso ao pecuarista 
· Animais que iniciam o confinamento, geralmente com baixo escore de condição corporal, podem ter ganhos de pesos iniciais muito altos. Isso se deve primeiramente pela hidratação e ao enchimento do trato gastrointestinal, seguido pelo crescimento das vísceras 
· Durante o período de restrição alimentar, ocorrem mudanças no perfil hormonal dos animais e redução do tamanho dos órgãos metabolicamente ativos. A extensão em que ocorre a redução do tamanho desses órgãos influencia a resposta compensatória, em decorrência da relação direta entre o tamanho dos órgãos e as exigências de energia de mantença do animal.
· Secreções endócrinas; 
· No período de ganho compensatório, ocorre alteração no perfil hormonal, que garantem que o animal possa ter maior performance 
· Composição corporal; 
· Há a predominância de determinados tipos de tecido no período de ganho compensatório 
· Qualidade de carne. 
CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO E SECREÇÕES ENDÓCRINAS: 
· Hormônios 
· Substâncias produzidas em determinados órgãos, e ao caírem na corrente sanguínea terão ação em outros órgãos 
· Ação regulatória sobre o crescimento dos tecidos 
· Existem mais de 80 regulares de crescimento dos tecidos: 
· IGF’s (fator de crescimento semelhante a insulina) 
· Esteróides 
· Miostatina 
· GH (hormônio do crescimento) 
· O crescimento dos tecidos é muito proporcional à quantidade de alimento consumida, e consequentemente à quantidade de energia e proteína também 
· Baixa quantidade de proteína e energia → menor crescimento dos tecidos 
· Alta quantidade de proteína e energia → maior crescimento dos tecidos → exteriorização do potencial genético 
· Essa alteração no crescimento dos tecidos altera também a secreção dos hormônios, então a restrição alimentar garante modificações endócrinas 
· GH (hormônio do crescimento) 
· Somatotropina 
· Hormônio anabolizante (síntese de tecidos) 
· O hormônio GHRF (fator liberador do hormônio do crescimento) estimula a liberação de GH pela adenohipófise 
· Baixa concentração de GH na corrente sanguínea → Liberação de GHRF pelo hipotálamo → Estímulo da liberação de GH pela adenohipófise 
· O hormônio somatostatina inibe a liberação de GH pela adenohipófise 
· Alta concentração de GH na corrente sanguínea → Liberação de somatostatina pelo hipotálamo → Inibição da liberação de GH pela adenohipófise 
· Atuação sobre o tecido muscular e tecido adiposo 
· Tecido muscular: 
· Função de síntese proteica (anabolizante) 
· Da corrente sanguínea, o GH se transportará ao fígado, se ligando aos receptores para GH e estimulando a liberação de IGF-1 pelo fígado. O IGF-1 irá para a circulação e posteriormente para os músculos, tendo a função de aumentar o número de células satélites nas fibras musculares, que são células responsáveis pelo aumento da síntese proteica e consequentemente auxilia na hipertrofia muscular (aumento do volume das fibras musculares) 
· O GH é um hormônio anabolizante que estimula a síntese de músculo por hipertrofia de forma indireta (através do IGF-1) 
· Tecido adiposo: 
· O GH é um hormônio anabolizante, então nunca terá função de estocar energia 
· BEN (balanço energético negativo) 
· Fase de restrição alimentar 
· O animal consome menos que sua demanda nutricional 
· Numa situação de BEN, o GH terá função de aumentar a lipólise, quebrando então as reservas corporais de lipídeos, para liberar mais energia 
· BEP (balanço energético positivo) 
· Fase de ganho compensatório (realimentação) 
· Numa situação de BEP, o GH terá função de reduzir a lipogênese
· Durante a restrição, os níveis de GH aumentam acima do normal 
· Alguns autores afirmam que esse aumento é devido à diminuição do controle pela somatostatina (hormônio inibidor da liberação de GH) 
· Alguns autores sugerem que aumenta devido a maior necessidade de mobilização de gordura na fase de restrição nutricional 
· A mensuração dos NEFAs (ácidos graxos não esterificados) é uma forma de analisar a quantidade de gordura que está sendo quebrada 
· Concentração de NEFAs 23 a 50% superior em animais que sofreram restrição alimentar, em comparação aos animais não restritos, significando então que há tecido adiposo sendo degradado (lipólise) 
· Num experimento, os animais foram submetidos a 40 dias de restrição alimentar 
· Níveis de GH 
· Período pré-restrição: níveis de GH normais
· Período de restrição: níveis de GH aumentados 
· Período pós-restrição: níveis de GH aumentados até 20 dias após realimentação e depois normalizados
· Ao realimentar o animal, os níveis de GH ainda continuam superiores em torno de 20 dias, sendo então um dos fatores que justificam o ganho compensatório mais pronunciado principalmente no início desse período 
· IGF-1 (fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1) 
· O IGF-1 é a “forma” que o GH usa para atuar na síntese muscular 
· Níveis de IGF-1: 
· Período pré-restrição: níveis de IGF-1 normais 
· Período de restrição: níveis de IGF-1 reduzidos
· Período pós-restrição: níveis de IGF-1 aumentados nos primeiros dias após realimentação e depois normalizados 
· Ao realimentar o animal, os níveis de IGF-1 se elevam rapidamente, ficando em níveis superiores em comparação ao normal por um certo período, sendo então um dos fatores que justificam a melhor deposição de tecidos na fase de crescimento compensatório 
· “Mas seo aumento de GH mobiliza a liberação de IGF-1 para a corrente sanguínea, porque que no período de restrição alimentar, em que tem aumento de GH, terá a redução do IGF-1 e não o aumento?” 
· Consiste num mecanismo de defesa do organismo, pois em período de restrição alimentar haverá aumento do GH, que durante o BEN (balanço energético negativo) tem função de aumentar a lipólise. Se os níveis de IGF-1 também se elevassem, haveria síntese muscular (demanda muita energia), num momento em que o animal está em restrição e realizando quebra de gordura através da lipólise estimulada pelo GH 
· Período de restrição: aumento dos níveis de GH e redução dos níveis de IGF-1 
· Os níveis de IGF-1 são reduzidos por meio da diminuição da responsividade dos receptores de GH no fígado 
· Não há diminuição dos receptores no fígado, mas sim a diminuição da resposta dos receptores ao hormônio GH no fígado. Então o GH estará na corrente sanguínea, não consegue se ligar aos receptores no fígado e consequentemente não haverá estímulo da liberação de IGF-1, garantindo sua redução na corrente sanguínea, sendo então uma forma de defesa para impedir a elevação do IGF-1 e a síntese muscular no período de restrição 
· Período pós-restrição (realimentação): manutenção dos níveis de GH nos primeiros dias (ainda se mantém elevado) com posterior normalização e aumento dos níveis de IGF-1 nos primeiros dias (se mantém superior ao nível normal) com posterior normalização 
· Nos primeiros dias de realimentação, ambos os hormônios estarão em níveis superiores, e conjuntamente justificam a maior performance do animal em período de ganho compensatório 
· Por meio da interação entre os hormônios haverá então redução da lipogênese, aumento da lipólise e aumento da síntese de proteína, garantindo a produção de tecido magro e justificando o fato de se ter uma carcaça mais magra (menos gordura e mais músculo) nesse período, principalmente em fase inicial 
· O animal em fase inicial de ganho compensatório tem a tendência de crescimento inicial das vísceras e depois da carcaça, que inicialmente cresce em músculo (tecido magro) e só depois apresentará deposição de gordura 
· A deposição de gordura pode ser mais tardia ou mais precoce, depende da restrição sofrida pelo animal 
· O fato do IGF-1 se elevar no período pós-restrição (realimentação) justifica a maior síntese muscular e maior performance do animal. Além disso, nos primeiros dias de realimentação, os níveis de GH ainda se mantém altos, e o GH no BEP (balanço energético positivo) tem a função de diminuir a lipogênese, fazendo com que tenha mais nutrientes na circulação sanguínea, favorecendo então a maior síntese de tecidos 
· Insulina 
· Controla a glicose no sangue (anabolismo/síntese de tecidos) 
· Responsável pela redução da glicemia (taxa de glicose no sangue) ao promover a entrada de glicose nas células 
· Durante a restrição os níveis de glicose e de insulina estarão baixos 
· Período de restrição: baixa glicose; baixa insulina 
· Durante a realimentação os níveis de glicose e de insulina estarão normais 
· Período pós-restrição (realimentação): glicose normal; insulina normal 
· Rápido aumento (devido à elevação da glicose após realimentação, haverá uma resposta muito rápida da insulina, que rapidamente capta a glicose sanguínea para transportar para as células) 
· A função da insulina no ganho compensatório é de sinalizadora de realimentação 
· Hormônios tireoidianos 
· Regulação do metabolismo das células 
· Controle da respiração celular e taxa metabólica dos tecidos 
· Aumento do número e volume de mitocôndrias 
· Tiroxina (T4) 
· Triiodotironina (T3) 
· 5 vezes mais eficaz que a T4 
· Durante a restrição os níveis de hormônios tireoidianos estarão baixos, pois o animal abaixa seu metabolismo 
· Durante a realimentação os níveis de hormônios tireoidianos estarão normais 
· Retorno ao normal lentamente 
· Após a realimentação de um animal que ficou restrito por 400 dias, os níveis de hormônios tireoidianos retornam ao normal de forma muito lenta 
· No ganho compensatório (após realimentação), por estar ainda com uma taxa metabólica menor, consequentemente o animal reduzirá sua exigência de mantença e terá melhora na eficiência, devido ao longo período em que as concentrações de hormônios tireoidianos permanecem baixas mesmo após realimentação 
· Metabolismo basal baixo 
· Realimentação (sobra de mais nutrientes ao dispor do ganho do animal) 
· Aumento da frequência de células oxidativas 
· O animal em restrição deve poupar energia de qualquer maneira, e uma forma de fazer isso é alterando a relação dos tipos de fibra muscular (fibra muscular branca, fibra muscular vermelha e fibra muscular intermediária)
- Fibra muscular vermelha (oxidativa)
	→ Oxidativa (realiza oxidação)
		▪ Tem a gordura como principal substrato 
		▪ Oxida a gordura (substrato), gerando muito ATP 
	→ Mais eficiente energeticamente
	→ Fibra muscular de contração lenta
	→ Não susceptível a fadiga (não realiza fermentação) 
	→ Fibra de menor volume e mais dura
	→ Fibra para contrações duradouras e longas
	→ Dependente do oxigênio
- Fibra muscular branca (glicolítica) 
	→ Glicolítica (realiza fermentação) 
		▪ Tem a glicose como principal substrato
	→ Fibra muscular de contração rápida
	→ Realiza fermentação
	→ Gera pouco ATP e muito ácido lático
	→ Susceptível a fadiga
	→ Fibra de maior volume e mais macia
	→ Maior potencial de hipertrofia 
- Fibra muscular intermediária 
	→ “Meio termo” 
	→ Realiza tanto oxidação quanto fermentação 
	→ Utiliza como substrato tano a gordura como a glicose 
	→ Fibra de volume intermediário 
· Durante a restrição há aumento da proporção de fibra vermelha para poupar energia, e durante a fase de ganho compensatório volta aos patamares normais de proporção de fibra vermelha e fibra branca, porém de forma lenta 
· A maior proporção de fibras vermelhas (oxidativas) na fase de restrição também garante a redução da exigência de mantença, e na fase inicial do ganho compensatório ainda continua alta essa proporção, o que favorece a maior performance do animal 
· Diminuição da exigência de mantença 
· Permite maior ganho, pois os nutrientes que iriam para a mantença poderão ir para o ganho de peso 
· Testosterona 
· Hormônio masculino anabolizante (síntese muscular) 
· Possui a função de aumentar a síntese e diminuir a degradação de tecido muscular, proporcionando então um balanço positivo e maior hipertrofia 
· ↑ síntese muscular
· ↓ degradação muscular 
· Em restrição alimentar, os níveis de testosterona estarão baixos, pois o animal não consegue sintetizar músculo 
· Após realimentação, os níveis de testosterona se elevam rapidamente, garantindo o aumento da hipertrofia muscular de tecido magro no ganho compensatório 
· Dentre os fatores hormonais, o que justifica que o animal tenha maior ganho no período de crescimento compensatório, em relação ao animal que não sofreu restrição, são as seguintes proporções hormonais após realimentação: 
· GH em níveis altos → Atuação na diminuição da lipogênese quando em balanço energético positivo (realimentação) → Manutenção de nutrientes na corrente sanguínea para serem aproveitados no ganho de peso 
· IGF-1 em níveis mais altos (acima da normalidade) → Atuação direta sobre o número de células satélites → Maior hipertrofia muscular 
· T3 e T4 em níveis baixos → Redução das exigências de mantença → Maior quantidade de nutrientes disponíveis para o ganho de peso
· Insulina em níveis altos → Sinalização da realimentação 
· Testosterona em níveis altos → Atuação direta sobre a síntese de músculos → Maior hipertrofia muscular 
· Então as proporções desses hormônios em fase de ganho compensatório justificam o fato de animais que sofreram restrição serem mais eficientes no ganho de peso, em comparação aos animais não restritos 
CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO E A COMPOSIÇÃO DO CORPO: 
· Há a possibilidade de se ter qualquer um dos 3 tipos de composição corporal em animais que sofreram restrição alimentar e passam por crescimento compensatório:· Animal restrito com carcaça mais gorda em comparação ao animal não restrito 
· Menos músculo e mais gordura 
· “Boi bolinha” 
· Maior deposição de gordura 
· Situação vista em animais que sofreram restrição alimentar na fase jovem da vida (cria), tendo então o desenvolvimento comprometido, culminando na antecipação da deposição de gordura como forma de mecanismo de defesa do organismo contra possíveis restrições alimentares futuras 
· Boi pequeno, com pouco músculo e muita gordura (depositada precocemente) 
· Esse tipo de animal deve ser abatido mais leve, pois devido à deposição de gordura precoce, alcançam rapidamente o acabamento de carcaça do ponto de abate 
· Animal restrito com carcaça mais musculosa em comparação ao animal não restrito 
· Mais músculo e menos gordura 
· Animal restrito com o mesmo teor de músculo e gordura do animal não restrito 
· Experimento 1: 
· Estudo feito com animais da recria até a terminação
· Ganho compensatório parcial
· Lotes divididos em grupos com animais de 250 kg de peso vivo (animais de fase pós-desmama)
· Azul: Animal com alimentação constante (sem restrição) 
· Vermelho: Animal com restrição alimentar 
· 1º agrupamento: 
· Azul: Animal com alimentação constante (sem restrição) 
- Ganho de peso diário: 1,51 kg 
· Vermelho: Animal com restrição alimentar de 200 dias 
- Ganho de peso diário: 0,4 kg 
· Ao término da restrição (antes da realimentação), foi feito o abate de alguns animais para analisar a composição corporal e diferenças de carcaça dos dois tipos diferentes de animais. Ou seja, esses animais foram abatidos antes de serem submetidos à realimentação e sendo assim não passaram pela fase de crescimento compensatório 
· 2º agrupamento: 
· Os animais restantes nos lotes seguiram o experimento, sendo realimentados após restrição e tendo então o ganho compensatório, até todos chegarem aos 500 kg de peso vivo e serem abatidos
· Início do ganho compensatório: 
· Azul: Animal com alimentação constante (sem restrição)
- Ganho de peso diário: 1,56 kg 
· Vermelho: Animal com restrição alimentar 
- Ganho de peso diário: 2,17 kg 
· Fase final do ganho compensatório (pré-abate): 
· Azul: Animal com alimentação constante (sem restrição)
- Ganho de peso diário: 0,51 kg 
· Vermelho: Animal com restrição alimentar 
- Ganho de peso diário: 1,07 kg 
· Ou seja, todos os animais dessa segunda etapa foram abatidos aos 500 kg de peso vivo 
· O primeiro abate teve objetivo apenas de analisar as alterações de composição corporal em período de restrição alimentar 
· Nos animais restritos, houve aumento de proteína, água e cinzas, enquanto teve redução da gordura, devido à lipólise (quebra de gordura) ocorrida no período de restrição
· O segundo abate teve objetivo de analisar as alterações de composição corporal em período de ganho compensatório, visto que os animais foram submetidos a realimentação após restrição 
· Foi visto que os animais que tiveram ganho compensatório também mantiveram o mesmo padrão de carcaça dos animais restritos que foram abatidos sem realimentação (aumento de proteína, água e cinzas; redução de gordura). Ou seja, o animal que sofre restrição alimentar nessa fase da vida (pós-desmame) terá menos gordura que o animal com alimentação constante, culminando então numa carcaça mais magra e apesar de ter maior ganho de peso, é necessário ser alimentado por mais tempo para chegar ao ponto de abate (ganho compensatório parcial), visto que o mesmo é baseado no acabamento de carcaça (quantidade de gordura subcutânea)
· Experimento 2: 
· Estudo feito com animais da recria até a terminação 
· Dois grupos diferentes de animais com 250 kg de peso vivo (fase pós-desmame)
· Animal submetido a alto plano nutricional (sem restrição)
· Animal submetido a baixo plano nutricional (com restrição) 
· 3 abates:
· Logo após a restrição (sem realimentação) 
· Com 400 kg de peso vivo 
· Com 450 kg de peso vivo
· Fase de restrição alimentar: 
· Animal submetido a alto plano nutricional (sem restrição)
- Ganho de peso diário: 0,78 kg 
· Animal submetido a baixo plano nutricional (com restrição) 
- Ganho de peso diário: 0,45 kg
· O animal com alimentação normal (sem restrição) possui mais gordura em sua composição de carcaça, em comparação com o animal restrito
· O animal restrito possui a necessidade de poupar energia e consequentemente também estocar menos gordura 
· Fase de ganho compensatório (realimentação): 
· Animais abatidos com 400 kg: 
· Animal submetido a alto plano nutricional (sem restrição)
- Ganho de peso diário: 0,98 kg
· Animal submetido a baixo plano nutricional (com restrição) 
- Ganho de peso diário: 1,35 kg
· O animal com alimentação normal (sem restrição) possui mais gordura em sua composição de carcaça, em comparação com o animal restrito
· O animal restrito depositou mais músculo em sua carcaça 
· Animais abatidos com 450 kg:
· Animal submetido a alto plano nutricional (sem restrição)
- Ganho de peso diário: 1,20 kg
· Animal submetido a baixo plano nutricional (com restrição) 
- Ganho de peso diário: 1,38 kg
· Nesse caso, o animal com alimentação normal (sem restrição) depositou mais músculo na carcaça, em comparação com o animal restrito 
· O animal restrito aumentou e antecipou sua deposição de gordura na carcaça, frente ao animal sem restrição, como um mecanismo de defesa do organismo contra possíveis restrições futuras
Ou seja, a deposição de determinados componentes na carcaça é muito variável, e dependente do período de realimentação do animal! 
CRESCIMENTO COMPENSATÓRIO E QUALIDADE DA CARNE:
· MACIEZ: 
· Mensurada através da força de cisalhamento (força necessária para romper a fibra) 
· Dados ainda contraditórios! 
· Tem determinadas fases em que o animal do ganho compensatório apresentará maior maciez 
· Hansen et al. 2006 
· Maior força de cisalhamento para animais restritos → carne mais dura 
· Therkildsen et al. 2008
· Carne mais macia em animais com ganho compensatório 
· HIPÓTESES
· Melhora na maciez devido ao aumento da degradação proteica 
· Existe a hipótese que os animais com ganho compensatório tenderiam a ter uma carne mais macia, pois inicialmente no crescimento compensatório haverá uma maior deposição de músculo e consequentemente tem maior atividade do sistema muscular com mais ação das enzimas. Se essas enzimas estão mais ativas, há uma tendência de amaciamento no post mortem, pois elas são as responsáveis pelo processo de degradação proteica, que garante a transformação da fibra muscular em carne 
· Elevado turnover proteico in vivo → maior degradação proteica post mortem 
· É o mais esperado, porém os dados ainda são contraditórios 
· Melhora na maciez devido a alterações nas atividades de enzimas proteolíticas (calpaína e calpastatina) 
· Para maciez, o ideal é ter uma relação maior de calpaína do que calpastatina 
· Os zebuínos possuem maior proporção de calpastatina → tendência de uma carne mais dura 
· Therkildsen et al. 2008: sem alterações nas atividades enzimáticas
· Sazili et al. 2003: menor atividade de calpastatina e maior maciez 
· TEXTURA E SABOR: 
· Mensurados através de painel sensorial (profissionais treinados para avaliação)
· Hansen et al. 2006: 
· Melhor textura e sabor para animais com crescimento normal no M. longissimus dorsi e M. supraspinatus 
· Melhor textura e sabor para animais com crescimento compensatório no M. semimembranosus 
· Há diferenças entre os grupos musculares, mas são diferenças muito sutis 
· Considerações:
· Ambas as estratégias de alimentação interferem pouco na satisfação dos consumidores 
· Consumidores não são capazes de diferenciar carne proveniente de animais que passaram por crescimento compensatório 
· GORDURA SUBCUTÂNEA: 
· Sainz et al. 1995:
· 12,1 mm de EGS em animais de crescimento normal 
· 8,4 mm de EGS em animais de crescimento compensatório 
· Purchas et al. 2002: 
· 4,7 mm de EGS em animais de crescimento normal 
· 3,0 mm de EGS em animais de crescimento compensatório 
· Em ambos os trabalhos, a gordura subcutânea foi menor nos animaisde crescimento compensatório 
· GORDURA INTRAMUSCULAR (marmoreio):
· Hansen et al. 2006: 
· 2,87% em animais de crescimento normal 
· 2,13% em animais de crescimento compensatório 
· Purchas et al. 2002: 
· 2,02% em animais de crescimento normal 
· 1,40% em animais de crescimento compensatório 
· Sainz et al. 1995: 
· Escore de marmoreio 
· 8,0 em animais de crescimento normal 
· 7,4 em animais de crescimento compensatório 
· Nos três trabalhos, a gordura intramuscular foi menor nos animais de crescimento compensatório
· ÍNDICE DE FRAGMENTAÇÃO MIOFIBRILAR (IFM):
· Outra medida para determinar maciez da carne 
· Geralmente em animais jovens esse índice será alto 
· Purchas et al. 2002: 
· Animais de crescimento mais rápido possuem maior IFM do que animais de crescimento restrito ou menor potencial de crescimento. Ou seja, animais com ganho compensatório possuem um IFM menor, consequentemente favorecendo uma carne mais dura 
· TIPOS DE FIBRAS MUSCULARES:
· Vestergard et al. 1999 e Arrigoni et al. 1997: 
· Maior número de fibras oxidativas (fibra muscular vermelha) em animais que passam por restrição alimentar, mas a relação entre fibra glicolítica e fibra oxidativa tende a normalizar após a realimentação 
· A fibra oxidativa é mais dura 
· Sem diferença para as características de área de olho de lombo (AOL), comprimento de sarcômero, tamanho de fibra e perdas por cocção 
· De forma geral, não há grandes diferenças entre o animal restrito e o não restrito no aspecto de qualidade de carne, sendo assim o fato do animal ter o ganho compensatório não afeta negativamente a qualidade de carne 
· Mas é claro que o animal que foi criado em um plano nutricional alto, abatido jovem, terá uma qualidade de carne superior, principalmente pela idade (quanto mais novo, mais macia será a carne devido aos maiores teores de colágeno solúvel) 
· Então o tipo de ganho compensatório dependerá do período em que o animal sofreu a restrição (fase da vida), da duração, da severidade, e também da duração da realimentação 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: 
· Animais que passam por crescimento compensatório tendem a: 
· Aumentar água e proteína no corpo (músculo) 
· Reduzir a proporção de gordura corporal 
· Mínimas alterações na maciez, textura, sabor e outros parâmetros

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