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Teorias Racistas: Factores e Construção Social

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17
Índice 
1.0.	Introdução	4
2.0.	Objectivos	5
Objectivo Geral	5
Objectivos Específicos	5
Metodologia	5
4.0	Construção social negativa do Outro	6
4.1. O racismo é um mecanismo de poder	6
4.2. Teorias do racismo	7
4.3. As teorias raciais no século XIX	8
4.4. Origem étnica / racial	10
5.0. Factores antropológicas de construção de teoria Racista na modernidade	12
5.1. As diferentes “versões” de modernidade e a compreensão de racismo.	13
6.0. Conclusão	16
7.0. Bibliografia	17
1.0. Introdução
Neste texto, desenvolvemos uma análise do surgimento das teorias raciais. Para fazer a introdução deste trabalho partimos do pressuposto de que a década de 1870 marcou o começo de uma nova era, pois foi nesta época que ocorreu a assinatura da Lei do Ventre Livre (1871), iniciando-se assim, pouco a pouco o fim da escravidão e início de um debate entre a mão-de-obra europeia que iria substituir a escravidão africana. Ocorre nesta época, um discurso evolucionista, a fim de analisar a sociedade, estabelecendo diferenças internas na população.
Os negros, escravos e africanos passaram a ser “objectos de ciência”, se tornaram “classes perigosas”, sendo definido pela ciência como diferentes e inferiores, pois era a partir da ciência que se estabeleciam as diferenças e as inferioridades.
Foi neste contexto de transição do trabalho escravo para o livre que as teorias raciais desenvolvidas na Europa começaram a penetrar no pensamento social brasileiro. Surgindo assim, o racismo como construção social baseado nos pressupostos científicos.
A influência de Gobineau nas teorias raciais que aqui se desenvolveram foram muito forte, da mesma forma com que sua ideias também repercutiu entre a elite branca do sul dos Estados Unidos, onde predominava o trabalho escravo. A teoria racista de Gobineau não era preconceituosa apenas contra as raças não brancas, mas contra inclusive, os brancos que consideravam ter sangue mesclado com negros e índios. De tal maneira que sua teoria racista foi “justificadora da dominação feudal
2.0. Objectivos 
3.0. Objectivo Geral
· Conhecer pensamento racial no passado e actualmente;
Objectivos Específicos 
· Relacionar factores da teoria racista;
· Descrever os factores de construção da teoria racista;
· Conceituar o racismo na concepção antropológica.
 Metodologia
O estudo caracterizou-se em uma pesquisa bibliográfica, realizada a partir de fontes secundárias, ou seja, a pesquisa é desenvolvido através de material já elaborado: livros e artigos científicos, tendo como objectivo identificar os factores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenómenos, procurando explicar a razão e o porquê das coisas.
4.0 Construção social negativa do Outro
Existem múltiplas maneiras de construção social negativa do Outro. O racismo, o etnicismo e o xenofobismo são três dessas maneiras. A esse respeito, permitam-me avançar as seguintes hipóteses, No racismo actua-se por marcadores físicos elementares - é a racialização do social; no etnicismo, por marcadores simbólicos (língua, "costumes", anterioridade de chegada a um território, heróis epónimos) da comunidade imaginada de origem - é a etnicização do social; no xenofobismo, por marcadores simbólicos alargados ou globais da comunidade imaginada alargada (nação) - é a nacionalização extrema do social. 
No racismo temos a visibilidade somática, no etnicismo a visibilidade das pequenas raízes originárias e, no xenofobismo, a visibilidade agrupada das grandes raízes originárias. É racista quem defende a superioridade sócio-genética de um grupo; é etnicista quem defende a superioridade da sua.
Porém, os seres humanos não nascem racistas, etnicistas ou xenofobistas. Tornam-se nisso devido às lógicas combinadas de três fenómenos: interacção social, disputa de recursos de poder e educação. É aqui que se tecem os sistemas de referência e os meandros categoriais, é aqui que crescem, se consolidam e se naturalizam os jogos de alteridade, adesão e repulsa.
4.1. O racismo é um mecanismo de poder
Como movimento cultural, ele tem tomado conta - em diferentes países da Europa e do continente americano - dos pensamentos e discursos de integrantes de determinados grupos étnicos iludidos e desiludidos com contínuos fracassos econômicos e políticos, que associam esse sentimento de privação, fortemente, com o racismo que, por fatores históricos.
-se na estrutura e relaçóes hurnanas das sociedades ocidentais pós-colonialistas. As condições históricas da desigualdade racial - particularmente em detrimento da população afrodescendente - e dos conflitos étnicos contemporâneos foram consubstanciadas por meio de genocídio indígena, ideologização do domínio da rnetrópole sobre os nativos, escravidão transatlântica. Há um pano de fundo cultural que propicia a permanência do racismo nas relaçóes intergrupais e interpessoais para além das fronteiras transnacionais. Um índice prático da desigualdade pode ser dado pelo Brasil', país rico ern recursos naturais e industrialmente desenvolvido, porém no qual vigora uma das piores distribuições de renda do planeta.
As relaçóes entre o racismo como processo psicossocial de exclusão, a exclusão socioeconômica efectiva da população discriminada e a proliferação de ideologias como a do neofascismo, ou dos diferentes nacionalismos exaltados - que mesmo não explicitamente privilegiam determinadas etnias em detrimento de outras - se afiguram a partir do momento em que "a exaltação conquistadora do sentimento nacional por nações já constituídas" (Koogan, L973, p.3579)8, característica da vontade colectiva de pode¡ é confrontada com a denúncia colectiva da discriminação estrutural de base racista.
4.2. Teorias do racismo 
As ideias racistas contemporâneas, que remontam aos primórdios do capitalismo mercantilista, foram primeiramente teorizadas na Europa da época das grandes navegações, que posteriormente se tornou a dos grandes impérios colonialistas, sob uma aparência de rigor científico que se apropriava dos progressos da Biologia, Antropologia e Linguística da época. Anteriormente, o que fundamentava o racismo eram crenças populares e religiosas sem o respaldo de teorias científicas. 
O contacto dos povos europeus com civilizações distintas anatomicamente e tecnologicamente os levou a crer, de maneira errónea, que tais diferenças se deviam a caracteres biológicos e psicológicos inatos, e não a circunstâncias geográficas e históricas particulares de cada agruparnento humano. Em raras ocasiões, como a partir do século XX, a humanidade se preocupou tanto com suas distinções raciais e étnicas. 
Os cientistas sociais se vêm confrontados pelo dilema de fazerem uso, em suas pesquisas, de categorias raciais abandonadas ou rejeitadas por urna parte progressivamente maior da comunidade científica, senão da própria sociedade. Como indicava Hotz (1995)61, a partir da colectânea de diferentes depoimentos de biólogos, o conceito de raça, entre os seres humanas, não tem nenhuma base na Biologia Molecular contemporânea, ele é um construtor social que se derivou de percepções que foram condicionadas por eventos históricos e políticos. Biologicamente, entre os humanos, só existe uma raça: a raça humanitária. 
O termo "raça" adquire valor semântico apenas de acordo com o seu uso entre sociedades que tendem a estratificar slras classes com base em características físicas dos grupos sociais que nelas vivem, determinando o grau de sua cidadania ou humanização. Categorias raciais fundamentadas na aparência das pessoas são extremamente arbitrárias. 
Poder-se-ia construir raças se baseando na impressão digital ou mesmo no tipo sanguíneo, e essas construções seriam tão legítimas quanto as diferenças de cor da pele. É importante reiterar que, embora não existam diferenças biológicas significativas entre os grupos etnicorraciais, esse fato nao pode servir de pretexto para que se abandonem políticas de superação da desigualdade racial. 
O racismo é um fato, fundamentado em diferenças sociais derivadas do modo como os grupos socialmente discriminados foramtratados ao longo da História. O racismo contemporâneo deriva do conceito de cor de pele. História de vida, tipo de cabelo, proporções faciais ou corporais, herança étnica, tudo isso é relativamente bem absorvido pelas sociedades ocidentais no conceito de raça, mas a cor' em particular, representa um aspecto discriminativo mais poderoso. Diferentes estudiosos das comunidades negras norte-americanas, como Keith e Herring (1991) e Glenn (2009)63, identificaram que algumas diferenciações raciais entre pessoas negras. e brancas, e mesmo entre pessoas negras, estão relacionadas com a cor da pele, determinante do que hoje em dia chamamos de racismo mas que, para sermos mais precisos, deveríamos chamar de "colorismo", o qual determina, sutilmente, quais pessoas podem ou não exercer plenamente sua cidadania.
4.3. As teorias raciais no século XIX
O século XIX foi uma época de intensos experimentos científicos e transformações. Foram realizados experimentos com cérebros humanos e de símios, dando origem a uma série de tratados sobre as diferenças raciais. Os africanos foram apontados como seres biologicamente inferiores.
Segundo Schwarcz, (1995, p. 47), no início do século XIX, o termo raça foi amplamente introduzido na literatura mais especializada por George Cuvier (1769-1832) quando mostrou as diferenças existentes entre os vários grupos humanos.
A partir da publicação da “Origem das espécies”, por Charles Darwin o conceito de raça ultrapassa os problemas biológicos e adentra nas questões de cunho político e cultural. Surgindo o Darwinismo Social, com o uso de termos como: “competição”, “seleção do mais forte”, “evolução” e “hereditariedade”. O Darwinismo tenta justificar com isso o domínio ocidental. A mistura de raças passa a ser vista como um problema de “degeneração” advindo do cruzamento de “espécies diversas”. Para Gobineau a extrema fertilidade destes povos seria a causadora das características mais negativas das raças em cruzamento, portanto deveria ser evitada. Segundo ele a desigualdade das raças humanas seria em problema ligado à miscigenação e que o resultado desta mistura seria um grande dano.
O Cabe primeiramente salientar que ao longo da história, a existência de quesitos que remontem às identidades colectivas no interior dos sistemas censitários ou amostrais somente pode decorrer do uso específico que se queira dar às respostas, especialmente por parte dos Estados nacionais. O mesmo vale para a sua não inclusão. Morning (2005, p. 6-7), baseada em documento originalmente formulado por Rallu, Piche e Simon; aponta quatro motivações básicas que podem levar a uma ou a outra decisão:
i) Contabilização dos contingentes étnico-raciais com finalidades de controlo político desses grupos;
ii) Não inclusão em nome da integração nacional; 
iii) Fortalecimento do discurso do hibridismo ou da mestiçagem no seio da população (nesse caso podendo levar tanto à inclusão como à exclusão do quesito) e; 
iv) Contabilização com finalidades para adopção de estratégias anti-discriminatórias ou favoráveis à adopção de políticas de acções
Afirmativas. Desse modo, não se pode dizer que ao longo do tempo todas as pesquisas demográficas interessadas e não interessadas em coletar aquela sorte de levantamento tenham caminhado necessariamente no mesmo sentido. Pelo contrário, a experiência histórica ensina estarem, aqueles levantamentos, invariavelmente embebidos, por parte do Estado e respectivas instituições da sociedade civil, de distintas dimensões axiológicas, jurídicas e políticas. 
De acordo com levantamento da Divisão de Estatísticas da ONU, entre os anos 1990 e 2000, em 121 países e territórios de todo o mundo (de um total que se aproxima de 175 países independentes em todo Planeta) estavam presentes no interior de seus respectivos sistemas estatísticos algum tipo de pergunta acerca do pertencimento étnico (incluindo derivações em termos de pertencimento tribal ou aborígene, grupo linguístico, ancestralidade), nacional (para além da nacionalidade predominante), religioso ou racial (ou cor da pele) aos seus habitantes. De todo modo, conforme já enfatizado, o significado de cada um daqueles termos não eram coincidentes entre todos os países obedecendo tais dimensões a respectivos factores históricos, demográficos e políticos (c.f. MORNING, 2005).
4.4. Origem étnica / racial 
Na maior parte dos casos o quesito raça aparecia conjuntamente a um quesito específico sobre o grupo étnico de pertencimento da pessoa. Tal realidade operava agregando-se à pergunta sobre a vinculação étnica auto-percebida qual o correspondente sentimento de pertencimento racial do respondente. Dessa maneira, no campo de opções de respostas, mesclavam-se variáveis de referência tipicamente étnica ou nacional com variáveis de referência tipicamente física (raça). No caso brasileiro, conformando uma situação única em todo o mundo, o quesito raça aparece concomitante, e posteriormente, ao termo cor. Já em Bermudas, EUA (e nos territórios das Ilhas Virgens e Porto Rico), e Ilhas Salomão o termo raça aparecia de forma exclusiva em um dos campos do questionário. 
Finalmente em Moçambique o termo raça vinha na frente no campo do questionário dedicado à pergunta, porém se fazendo acompanhar de uma correspondente indagação acerca da origem da pessoa que estava respondendo ao questionário. Outro dado importante é que dos países e territórios que incorporavam o quesito racial em seus questionários censitários, em Guam, Mariana do Norte e Samoa (todos territórios dos EUA) e em Palau, o campo do questionário dedicado à resposta sobre a origem étnica / raça aparecia de forma aberta. 
Igualmente é digno de nota que o termo raça em quase todos os exemplos listados se fez presente em nações notadamente marcadas pela presença afrodescendente com a excepção das Ilhas Salomão onde a pergunta sobre a raça dos entrevistados remetia a um campo fechado de respostas de natureza predominantemente étnica. De todo modo, nesse último caso, também devemos levar em conta que na Oceânia incide uma forte presença de pessoas de peles negras de origem não directamente africana
O racismo cientifico é uma corrente de ideias que busca justificar o racismo a partir dos conceitos científicos. O racismo é uma forma de discriminação de pessoas por suas características fenotípicas associadas às suas características socioculturais, como se ambas derivassem dos elementos biológicos do ser humano, e não se uma construção histórico-cultural.
Com o termo Racismo se entende, não a descrição da diversidade das raças ou os grupos étnicos humanos, realizada pela antropologia física ou pela biologia, mas a referência do comportamento do indivíduo à raça a que pertence e, principalmente, o uso político de alguns resultados aparentemente científicos, para levar à crença da superioridade de uma raça sobre as demais. Este uso visa a justificar e consentir atitudes de discriminação e perseguição contra as raças que se consideram inferiores. (BOBBIO, 2016, p. 1059).
Para Bobbio, as teorias racistas buscavam a justificação científica a partir do século XVIII, devido às próprias características da época iluminista. A ideia de um racismo científico se relaciona, assim, com a justificativa biológica de que existem raças humanas superiores e inferiores, e isso pode ser analisado de forma objectiva pela ciência. Diferentes ramos científicos estavam relacionados a estes estudos, como a frenologia, fisionomia, antropometria, além da utilização de conceitos da biologia, psicologia, antropologia e mais. O racismo científico, porém, não se sustenta enquanto argumento cientifico contemporaneamente. Tanto por não existirem raças dentro da espécie humana, como por que suas bases não são comprovadas por meio de pesquisas recente. 
Os postulados gerais do racismo científicos tentam incluir dentro das características das raças, elementos psicológicos, morais, sexuais, culturais etc. Esses elementos são, actualmente, estudados pelas demais ciências e entende-se que a sua construção não se refere a raças, mas as condiçõesbiopsicossociais que os diferentes grupos humanos apresentam e que não podem ser hierarquizados em primitivos ou superiores como propunha o racismo cientifico.
O racismo científico no Brasil transmite a situação histórica em que o país vivia. Um país com heranças da escravidão e a maior população negra fora de África. No entanto, isto era visto de forma pejorativa e acreditava-se que por este motivo a nação estaria comprometida. Desta forma, o racismo científico no caso brasileiro vai se pautar mais nas teorias de embranquecimento do que nas teorias de segregação racial. Assim, era fomentada a imigração de pessoas brancas, e dificultada a imigração de pessoas negras e asiáticas.
Para Nina Rodrigues, autor brasileiro do século XIX e reconhecido por suas teorias racistas, a Nação precisaria de uma homogeneidade para prosperar, criticando, assim, a mestiçagem. A igualdade entre os indivíduos da nação também era um problema por este autor considerar, a partir da antropometria, que as raças têm aptidões diferentes e não podem ser tratadas com igualdade.
Tentando seguir coerentemente um corpo teórico e aplicando os conceitos científicos correspondentes a este campo, Nina Rodrigues procurava “avaliar”, “medir” a “inferioridade detectada” com “métodos exactos” (quantitativos). (HOFBAUER, 2003, p. 86)
O que se percebe, então, é que o racismo científico é uma teoria vinculada ao momento de consolidação das ciências enquanto discurso explicativo da realidade, com foco principalmente nas teorias da biologia do século XIX. Em diferentes países do mundo, buscou-se estudar as diferenças humanas a partir de um ideal de raça e justificar as diferentes características humanas com elementos hereditários e biológicos. Essas teorias eram utilizadas para explicar as diferenças culturais e sociais entre os povos humanos a fim de criar hierarquias e justificar a dominação e as condições subalternas a que eram submetidos os povos.
5.0. Factores antropológicas de construção de teoria Racista na modernidade 
Neste sentido, ao retomar a antropologia de finais dos séculos XIX e XX, ao invés de destacar datas que indiquem fixamente sobre o momento de nascimento da antropologia, é importante ser indicado o contexto e os processos que levaram a esta busca de compreensão e de dominação do homem branco europeu com o outro, no qual este se dá conta da extensão e riqueza do mundo que o cerca e da necessidade de entendê-lo e dominá-lo. 
Todavia, para uma abordagem sobre as teorias antropológicas, se faz necessário ler o seu contexto histórico e social que possibilitaram a germinação de tais teorias, que em momentos específicos foram revolucionárias (e em outras não) e possibilitaram avanços no modo de estudar e entender não só a sociedade, mas também o ser humano, envolvido numa teia de complexidade que vai além do seu aspecto biológico, físico, genético e geográfico.
Na concepção de Boas e no seu método de Antropologia Cultural, o homem deveria ser percebido dentro de sua cultura e de suas condições de vidas, independente de suas raças ou de sua localização geográfica. Tais ideias irão influenciar antropólogos como Alfred Louis Kroeber, Ruth Benedict e Margaret Mead (CASTRO, 2009).
Somadas a estas concepções é notável o interesse dos teóricos em realizar demarcações que possibilitassem separar ou distinguir o homem de outros animais. De acordo com Laraia (2001) havia constantes tentativas e preocupações dos pensadores (não só) da antropologia clássica em separar o homem do animal, no qual aponta que juntamente com Edward Tylor, que na sua definição de cultura postulou todas as possibilidades de realização humana, sendo Kroeber também crucial.
5.1. As diferentes “versões” de modernidade e a compreensão de racismo.
A história ao se fazer a partir das ações dos seres humanos, também se realizou (e se realiza) por meio das trocas entre as diferentes culturas. Porém, estas trocas não se deram de forma pacífica, harmoniosa e sem dominação como sempre foi demonstrado pela “versão europeia” (e dos que nela acreditam) sobre a modernidade, acreditada unicamente à capacidade criativa de um único homem, o europeu, capaz de criar instrumentos e fazer história e produzir conhecimento.
A modernidade produziu e estabeleceu uma mudança na subjetividade e nas identidades, em que o homem (europeu) até então “proibido” de se mostrar e se ver, e buscar explicar a si mesmo e o mundo, surge estabelecendo princípios e regras que o afastasse das crenças e hábitos do mundo medieval (conhecido como o mundo das trevas) premiando o conhecimento científico e a razão - que diferente da Idade Média que se utilizava única e exclusivamente da religião - para justificar as ações de barbárie e opressão dos diferentes povos. A intenção do presente artigo, ao tomar caminhos que visam interrogar a narrativa hegemônica e eurocêntrica de modernidade, e para tal tomando os constructos teóricos da Antropologia, não seria o de descartar o que já foi produzido, mas sim de repensá-las e construir novos caminhos. Ressaltar sobre este caráter da modernidade e da ciência decorrente deste processo histórico, politico e social, permite perceber as fortes conexões destes pensamentos iniciais sobre homem, cultura e raça presentes nos pensamentos basilares das teorias antropológicas que ainda necessitam ser questionados e ressignificados.
A Modernidade se originou nas cidades europeias medievais, livres centros de enorme criatividade. Mas ‘nasceu’ quando a Europa pode se confrontar com ‘o Outro’ e controlá-lo, vencê-lo, violentá-lo; quando pode ser definido como um ‘ego’ descobridor, conquistador, colonizador de alteridade constitutiva da mesma modernidade. De qualquer forma, o outro não foi "descoberto" como outro, mas foi ‘en-coberto’ como "o mesmo" que sempre foi a Europa. Assim, 1492 será o momento do "nascimento" da modernidade como um conceito, o tempo preciso da "origem" de um "mito" de violência sacrificial muito particular e, ao mesmo tempo, um processo de ‘en-cobrimento’ do não-europeu. (DUSSEL, 1994, p 08; minha tradução).
Para Dussel (1994) o nascimento da modernidade se deu ainda no século XV - no contato com a América - momento em que a Europa pode se confrontar com o outro, porém o outro como inferior e anterior numa linha evolutiva, no que diz respeito ao constitutivo da história da humanidade. Neste processo, este outro teve que ser tornar igual e semelhante ao europeu, enquanto referência de civilidade e “cultura”. O outro, enquanto individuo inferior e selvagem deveria ser “salvo” pelo europeu civilizado e racional do seu estado de natureza a qualquer custo, permitindo, inclusive, o uso da violência que estaria justificado para um bem maior - fato a que Dussel se refere como o mito irracional da modernidade.
Enrique Dussel (1994) ao dialogar com os principais clássicos do pensamento europeu, como Kant e Hegel, o primeiro afirma que a humanidade ao se encontrar num estado de imaturidade culpada procura formas de se desatrelar desse estado, em que o momento do Iluminismo representou uma destas buscas. Nos diálogos com Kant, Enrique Dussel lança a seguinte pergunta:
Hegel parte da compreensão de que a História Mundial se desenvolveu de maneira dialeticamente linear, onde a Europa seria o fim e a Ásia o começo, estando o mundo dividido entre o velho e o novo mundo, logo a América estaria descartada da história mundial. Nesta trama observaremos que assim como a América Latina - que Hegel se refere como a terra do futuro, porém sem importância de ser pensada naquele momento – a África também se tornou lugar igualmente descartado, compreendida pelo pensador como um lugar sem história e de homens que se encontram em um estado bruto. Não estando longe, para a soberba europeia encontrada em Hegel sobre a classificação de imaturidade dos demais continentes, a Ásia estaria em estado introdutório, de preparação, ou melhor, em estado infantil para o desenvolvimento da história mundial (DUSSEL, 1994). 
A raça branca seria a única a possuir a vontade e a capacidade de construir umpercurso histórico. A raça negra, especificamente, não teria nem vida, nem vontade, nem energia próprias. Consumida por velhos ódios ancestrais e intermináveis lutas intestinais, não faria senão dar voltas em torno de si mesma. Não seria nada além de uma massa inerte, à espera de ser trabalhada pelas mãos de uma raça superior (MBEMBE, 2018, p. 85).
6.0. Conclusão 
Depois de desenvolver o trabalho percebe que o factor de construção de teoria racista O racismo está enraizado nas sociedades ocidentais, e a ideologia racista se liga diretamente a questões de ordem prática. O lacismo não é exclusivo de um determinado grupo humano, de qualquer classe social ou de quaisquer tipos de relação de produção. Como tentei demonstrar ao longo do texto, o racismo, para além de ser um fenômeno cultural que redunda em processos psicossociais de exclusão, é um produto do sistema econômico etnocêntrico e um instrumento da conquisia, tendo portanto um aspecto funcional. O zeitgeist - espírito ou mentalidade do tempo - que possibilitou a proliferação da discriminação em função de raça ou etnia nos tempos modernos era o de uma sociedade capitalista em processo de industrialização, que se construiu sobre a exploração do trabalho humano. E isso tem tudo a ver com processos psicossociais de exclusão contemporâneos. O preconceito racial não desapareceu junto com a decadência do colonialisrno europeu - tal como o fundamentalismo religioso não se extinguiu corn o fim da inquisição e tampouco o antissemitismo findou com a derrocada do nazismo.
7.0. Bibliografia 
BRAICK, Patrícia Ramos e Mota, Myriam Brecho. (2006). Das cavernas ao terceiro milênio. São Paulo: Moderna. 
BUONICORE, Augusto C. Reflexões sobre o Marxismo e a Questão Racial -Revista espaço academico – nº 51 – Agosto/2005 – mensal – issn 1519.6186.
CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. (1998). O Racismo na história do Brasil, São Paulo, Editora Ática.
COTRIM, Gilberto. (2001). Saber e fazer história: história Geral e do Brasil. São Paulo: Saraiva.
GEBARA, Ademir. (1986). O Mercado de Trabalho Livre no Brasil. São Paulo: Brasiliense,
RODRIGUES, Nina. (1894). As Raças Humanas e a Responsabilidade Penal no Brasil. Livraria Progresso Editora, Bahia.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. (1995). O Espetáculo das Raças: Cientistas, Instituições e Questão Racial no Brasil, 1ª reimpressão, São Paulo, Editora Companhia das Letras. 
SCHWARCZ, Lilia Moritz. (1994). O espectáculo da miscigenação. São Paulo: Estudos Avançados, 8(20).
SCHMIDT, Mario. (2001). Nova História Crítica. São Paulo: Nova Geração.

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