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@apostilas_medvet 33 É um tecido composto por células alongadas, com vários filamentos citoplasmáticos de proteínas, que ajuda na transformação de energia química em energia mecânica. As células, por serem alongadas, também podem ser chamadas de fibras. Possui origem mesodérmica e distinguem-se em 3 tipos, de acordo com características morfológicas e funcionais: músculo estriado esquelético, músculo estriado cardíaco e músculo liso. MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO Células cilíndricas multinucleadas, longas, com estrias transversais, com contração rápida e vigorosa, sujeitas à controle voluntário. Contém inúmeros filamentos cilíndricos denominados de miofibrilas. O diâmetro das fibras varia de 10 a 100μm e se originam pela fusão de mioblastos. Asteriscos: fibras musculares trasnversais Barras: indicam 3 fibras longitudinais Os núcleos elípticos estão localizados na periferia da célula, abaixo do sarcolema, ajudando a distinguir o esquelético do cardíaco, pois ambos possuem estriações transversais, porém no músculo cardíaco os núcleos são centrais. Os músculos são formados por milhares de fibras musculares que estão organizadas em conjuntos de feixes, sendo estes envolvidos por epimísio (camada de tecido conjuntivo). Do epimísio, partem septos de TC, chamados de perimísio para o interior dos músculos, separado cada feixe de fibra. Entre cada fibra muscular, há o endomísio¸ uma fina camada de tecido conjuntivo formada por fibras reticulares e células do TC, contendo também várias redes de capilares sanguíneos. Cada célula muscular esquelética possui lâmina basal que a envolve. O tecido conjuntivo desse tipo muscular possui vasos linfáticos e nervos, além de ter a função de manter unidas todas as fibras musculares e transmitir forças produzidas pelo músculo na sua contração. Os vasos penetram o músculo através dos septos do perimísio e formam rede de capilares no endomísio, entre fibras musculares. Alguns músculos podem afilar em suas extremidades, formando uma transição para tendão. Nessa região, as fibras de colágeno do tendão inserem-se em dobras complexas do sarcolema. As fibras musculares esqueléticas possuem estriações transversais com alternância de faixas claras e escuras. A faixa escura recebe o nome de Banda A, a faixa clara de Banda B, no centro de cada banda há uma linha transversal escura chamada de Linha Z/disco Z, e a banda A possui uma zona mais clara no centro chamada de Banda H. As miofibrilas são formadas por longos filamentos dispostos longitudinalmente e paralelo ao eixo das células, chamados miofilamentos, podendo ser de dois tipos: fino e grossos. Nos filamentos finos predominam moléculas de actina, e nos filamentos grossos predominam moléculas de miosina II Nos discos Z de cada sarcômero ancoram-se os filamentos finos, que se dirigem para o centro da célula e suas extremidades ficam intercaladas com os filamentos grossos, na região central de cada sarcômero. TECIDO MUSCULAR @apostilas_medvet 34 Dessa forma, a banda I é formada apenas por filamentos finos, e os filamentos de miosina II ocupam a banda A. Na porção externa da Banda A, há finos intercalados com filamentos grossos. As miofibrilas contém 4 tipos de proteínas: miosina, actina, tropomiosina e troponina. Os filamentos grossos são formados por miosina II e os finos, das outras 3 proteínas. A Actina está sob a forma de polímeros longos, formados por duas cadeias de monômeros globulares torcidas uma sobre a outra, em hélice dupla. Cada monômero de actina G tem um sítio que interage com a miosina. A troponina possui 3 subunidades: TnT, que se liga fortemente à tropomiosina, TnC (afinidade por íons cálcio), e Tnl, que cobre o sítio ativo da actina, onde há interação entre actina e miosina. A tropomiosina é longa e fina, formada por duas cadeias polipeptídicas enroladas entre si. Unem-se pelas extremidades pra formar filamentos ao longo do sulco entre os dois filamentos de actina F. A molécula de miosina II é formada por duas cadeias enroladas em hélice. Uma das suas extremidades possui saliência globular, que contém locais para combinação com ATP e com a actina, onde ocorre a hidrólise de ATP para liberar a energia que será usada na contração. A contração das fibras musculares esqueléticas é comandada por nervos motores ramificados no tecido conjuntivo do perimísio. No local de contato com a fibra muscular, os ramos finais dos nervos perdem sua bainha de mielina, e axônio é recoberto apenas por uma delgada camada de citoplasma das células de Schwann. Algumas terminações axonais e suas extremidades dilatadas se aproximam do sarcolema e formam uma placa motora, onde cada dilatação dos axônios formam junções mioneurais. Quando um potencial de ação chega no terminal axônico, há liberação de acetilcolina na fenda entre membrana do axônio e célula muscular, que se liga em seus receptores e permite a entrada de íons sódio através do sarcolema na junção, despolarizando o sarcolema e se propagando na fibra muscular. A estrutura que permite a condução da despolarização para o interior da célula se chama sistema de túbulos transversais, ou sistema T, formado por invaginações tubulares da membrana plasmática da fibra muscular chamada túbulos T. Atravessam o citosol e circundam as miofibrilas entre as Bandas A e I de cada sarcômero. Em torno de cada túbulo T, de forma externa às miofibrilas, há um complexo chamado tríade, uma cisterna terminal onde a despolarização da MP que chega pelos túbulos T provoca a saída de íons cálcio armazenados nas cisternas do reticulo sarcoplasmático para o citosol que envolve as miofibrilas. @apostilas_medvet 35 O aumento desses íons no citosol é o fator que desencadeia a contração muscular. Quando a onda de despolarização termina, os íons são transportados de volta para as cisternas do retículo sarcoplasmático por transporte ativo, e a fibra muscular relaxa. A contração muscular se inicia na faixa A. Durante repouso, o ATP se liga à ATPase das cabeças de miosina → actina age como cofator para liberação de energia. Quando há aumento de íons cálcio no citosol, eles se combinam com a unidade TnC da troponina, que modifica a configuração espacial das 3 subunidades de troponina e desloca a molécula de tropomiosina em direção ao sulco da hélice de actina. Dessa forma, ficam expostos os sítios de ligação da actina e miosina, ocorrendo a interação entre suas cabeças. O movimento da cabeça da miosina traciona o filamento de actina, causando seu deslizamento sobre o filamento de miosina. A contração muscular se caracteriza por ciclos de deslizamento entre essas duas fibras. A atividade contrátil continua até que os íons cálcio sejam removidos após cessar o estímulo nervoso. Durante a contração, a banda I diminui de tamanho, e ao mesmo tempo, o comprimento da banda H – a porção da banda A que contém somente filamentos grossos – também se reduz à medida que os filamentos finos se sobrepõem completamente aos grossos. Como resultado, cada sarcômero e, em consequência, a fibra muscular inteira sofrem encurtamento. Os músculos estriados esqueléticos possuem proprioceptores que captam modificações nele mesmo, denominados fusos musculares. Cada fuso é delimitado por cápsula de tecido conjuntivo e isola seu interior, além de possuírem fluidos e fibras chamadas fibras intra- fusais. Fibras nervosas sensoriais aferentes inervam os fusos, onde detectam distensão e transmite essa info para o SNC. Próximos a inserção muscular, os tendões possuem feixes de fibras colágenas encapsuladas, onde penetram fibras sensoriais, constituindo os corpúsculos tendíneos de golgi, estruturas proprioceptivas que respondem à diferenças tensionais exercidas pelos músculos nos tendões.MÚSCULO ESTRIADO CARDÍACO É formado por células cilíndricas, alongadas, podendo ou não ser ramificadas, mais curtas que as musculares esqueléticas. Apresentam estriações transversais, porém suas fibras possuem apenas um ou dois núcleos elípticos localizados na região central da fibra. São circundadas por uma bainha de TC como o endomísio do M.esquelético, com abundante rede de capilares. Cada fibra se une a outra por meio de junções intercelulares, características desse tipo de músculo, sendo os discos intercalares. A estrutura e função das proteínas contráteis nesse tecido são semelhantes ao estriado esquelético, porém, no cardíaco, o Sistema T e o reticulo sarcoplasmático não são tão organizados, sendo que os túbulos T estão na altura da banda Z e o reticulo sarcoplasmático é menos desenvolvido e distribuído de forma irregular entre as miofibrilas. As tríades não são frequentes nesse tecido. Possui numerosas mitocôndrias que ocupam boa parte do volume citoplasmático de cada célula. Armazena ácidos graxos sob a forma de triglicerídeos e apresentam grânulos de lipofuscina, um pigmento que aparece em células que não se multiplicam e possuem vida longa. @apostilas_medvet 36 Setas: discos intercalares. Corte longitudinal Corte transversal Os discos intercalares são complexos juncionais entre as extremidades de células musculares adjacentes, com junções de adesão e comunicante. As junções de adesão é o local onde se ancoram os filamentos de actina dos sarcômeros terminais, sendo equivalentes aos Discos Z das miofibrilas, dando suporte às células para que não se separem durante atividade contrátil. As junções comunicantes são responsáveis pela comunicação iônica entre células musculares adjacentes, permitindo que as células se comportem como sincício funcional. A contração muscular ocorre pela ativação enzima ATPase da cabeça da miosina e a mudança de conformação da troponina. Com os sítios expostos, esse processo se completa, levando à interação dos filamentos de actina com a miosina, fenômeno chamado de pontes cruzadas, que no sarcômero são identificadas pelo estreitamento da banda H, em que os filamentos de actina “deslizam” sobre os filamentos de miosina, assim, garantindo a contração muscular. O relaxamento do músculo cardíaco acontece pela diminuição da concentração de cálcio intracelular. Esse evento acontece, pois, ao final do platô o influxo de cálcio é bruscamente interrompido. Os íons Ca2+ localizados dentro do sarcolema são mandados para fora da fibra pelo antiporte, entrando três íons sódio pela saída de um íon cálcio. Assim, cessa a atividade ATPase da miosina; a troponina é desativada, cobrindo os sítios ativos da actina; a banda H alarga- se, relaxando o músculo. MÚSCULO LISO É formado por células longas e fusiformes, espessas no centro e afiladas nas extremidades, com núcleo único elíptico e central. Não possuem estriações transversais e, portanto, não possuem miofibrilas. São fibras que se organizam em feixes ou em camadas nas paredes dos órgãos ocos. As células são revestidas por lâmina basal e são unidas por fibras reticulares, que permite uma contração simultânea de todas as células. Corte longitudinal. Núcleo elíptico Células musculares lisas podem sintetizar fibras reticulares formadas de colágeno III, fibras elásticas e proteoglicanos. Seu sarcolema possui diversas invaginações denominadas de cavéolas, associadas ao transporte de íons cálcio para o citosol, necessários @apostilas_medvet 37 para contração muscular. Apresentam junções comunicantes que propagam o estímulo de uma fibra para outras. Em seu citoplasma, podem ser encontrados estruturas chamadas corpos densos e placas densas, ambas fazendo parte do citoesqueleto dessas células, sustentando-as. Corte transversal. Setas: núcleos centrais O mecanismo de contração do músculo liso é uma modificação do mecanismo dos filamentos deslizantes. No início da contração, os filamentos de miosina aparecem e os de actina são puxados em direção e por entre eles. O deslizamento dos filamentos de actina (ancorados nos corpos densos e nas placas densas) aproxima os corpos densos levando ao encurtamento da célula. As fibras musculares individuais podem sofrer contrações peristálticas parciais. Durante o relaxamento, os filamentos de miosina diminuem em número, desintegrando-se em componentes citoplasmáticos solúveis. As fibras musculares lisas são capazes de contração espontânea que pode ser modulada pela inervação autônoma. Ambas as terminações nervosas, simpática e parassimpática, estão presentes e exercem efeitos antagônicos. Em alguns órgãos, a atividade contrátil é aumentada pelos nervos colinérgicos e diminuída pelos nervos adrenérgicos, enquanto em outras ocorre o oposto. REGENERAÇÃO DOS DIVERSOS TECIDOS MUSCULARES O músculo cardíaco não se regenera. Quando há lesões no coração, as partes que foram destruídas são invadidas por fibroblastos, que irão produzir fibras colágenas formando cicatriz de tecido conjuntivo denso. As fibras musculares esqueléticas não se dividem, ficando sempre em estado G0 no ciclo celular, porém, possuem uma pequena capacidade de reconstituição a partir de células satélites, que são mononucleadas, fusiformes e dispostas de forma paralela às fibras musculares dentro da lâmina basal que envolve as fibras. São consideradas mioblastos inativos. Após lesão, essas células sofrem proliferação por mitose e se fundem umas às outras para formas novas fibras musculares esqueléticas. Isso também ocorre na hipertrofia por exercícios. O músculo lis possui resposta regenerativa mais eficiente. Após lesão, as células que são viáveis entram em mitose e reparam o tecido destruído. Na parede dos vasos sanguíneos, há participação dos periquitos na regeneração do tecido muscular liso ali presente, que se multiplicam por mitose e originam novas células musculares lisas.
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