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MICROBIOLOGIA – JULIANA OLIVEIRA STREPTOCOCCUS PYOGENES “Emerson está com “feridinhas” nos braços e nas pernas, e na creche várias crianças estão com o mesmo problema de pele. Aparecem umas bolinhas no rosto e membros que se enchem de líquido e ficam vermelhas em volta e depois rompem e viram uma feridinha.” CARACTERÍSTICAS: ▪ Cocos gram positivos de crescimento rápido, dispostos em cadeias. ▪ Apresentam carboidrato grupo específico (antígeno A) classificação de Lancefield e tipo específico (proteína M) na parede celular. ▪ B- Hemolíticos (hemólise total) ▪ Patógeno mais sério ▪ Possui cápsula EPIDEMIOLOGIA: ▪ Humanos são o único reservatório ▪ Portadores assintomáticos ▪ Transmissão: Contato direto, aerossóis, alimentos, fômites. ▪ Porta de entrada é a pele ou faringe ▪ Crianças são predominantemente afetadas – infecções de pele e garganta. ▪ Faringite e infecções de tecidos moles tipicamente causadas por cepas com proteínas M (parede celular da bactéria) diferentes. ▪ Infecções progressivas sistêmicas e sequelas podem ocorrer FATORES DE VIRULÊNCIA: PRESENTES NA PAREDE DO S. PYOGENES. ▪ Proteína M: Contribui para a resistência à fagocitose (adere a porção Fc dos anticorpos, que bloqueia a ativação do sistema complemento pela via alternativa e reduz a quantidade de C3b ligado). Está ancorada na membrana citoplasmática e se estende através da parede celular, projetando-se acima da superfície celular, por meio de um terminal amino. As proteínas M são subdivididas em duas classes: I e II. As proteínas M de classe I compartilham antígenos expostos, o que não ocorre com as proteínas M de classe II. Embora cepas com ambas as classes possam estar associadas a infecções supurativas e glomerulonefrite, somente as que apresentam proteína M classe I, causam febre reumática. Baseia-se na sequência do gene emm, que codifica para as proteínas M. ▪ Fimbrias: Aderência. Fímbria F!! ▪ Cápsula de ácido hialurônico: Tem maior probabilidade de causar infecções sistêmicas graves, pois a cápsula protege a bactéria da eliminação por fagocitose, além disso, não provoca resposta imune por ser idêntica a membrana celular dos neutrófilos. ▪ Protease C5a: Contenção do recrutamento dos leucócitos. Enzima que inativa a C5a, um quimioatrativo de neutrófilos e de fagócitos mononucleares, e protege o microrganismo da eliminação precoce a partir de tecidos infectados. Enzimas extracelulares: ▪ Estreptoquinase: Clivam o plasminogênio, liberando a protease plasmina que, por sua vez, cliva a fibrina e o fibrinogênio, assim, essas enzimas podem lisar coágulos sanguíneos e depósitos de fibrina, facilitando a disseminação de S. pyogenes nos tecidos infectados. Obs: Anticorpos direcionados contra essas enzimas são marcadores úteis de infecção. (Anticorpos antiestreptoquinase) ▪ Hialuronidase: Degradação dos tecidos conectivos, favorecendo o poder disseminador da bactéria. ▪ DNase: Hidrólise do DNA principalmente de neutrófilos. Despolimeriza o DNA livre presente no pus, esse processo reduz a viscosidade do material do abscesso e facilita a disseminação dos microrganismos. Obs: Os anticorpos desenvolvidos contra DNase B são um importante marcador das infecções por S. pyogenes, principalmente pacientes com infecções cutâneas, porque estes falham em expressar anticorpos contra estreptolisina O. MICROBIOLOGIA – JULIANA OLIVEIRA Exotoxinas: ▪ Estreptolisina: HEMÓLISE Estreptolisina O (SLO) – Inativadas pelo oxigênio: Capaz de lisar eritrócitos, leucócitos, plaquetas e células em cultura. Obs: Anticorpos são prontamente formados contra a SLO, o que a diferencia da SLS, e é útil para documentar uma infecção recente por estreptococos do grupo A (testeanti-ASO). Obs: É irreversivelmente inibida pelo colesterol dos lipídios da pele, logo, pacientes com infecções cutâneas não desenvolvem esses anti corpos anti-ASO. Estreptolisina S (SLS) – Estáveis: É uma hemolisina ligada à célula, estável ao O2 e não imunogênica, que pode lisar eritrócitos, leucócitos e plaquetas. É responsável pela B-hemólise no meio ágar-sangue. ▪ Toxina eritrogênica: Pirogênica (SpeA, SpeB e SpeC) – Placas vermelhas na pele e febre. São produzidas por cepas lisogênicas; as toxinas agem como superantígenos, interagindo tanto com macrófagos como com células T auxiliares, aumentando a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Acredita-se que essa exotoxina seja responsável por muitas das manifestações clínicas das doenças estreptocócicas graves. ▪ Superantígenos (SpeA e SpeB): Forte estimulação de monócitos e linfócitos, aumento na secreção de TNF-a. PATOGÊNESE: Doenças estreptocócicas do grupo A ou supurativas. ▪ Infecções de pele: Impetigo (piodermite) - Lesões superficiais com formação de crostas: É uma infecção de pele confinada, purulenta que afeta principalmente áreas expostas. A infecção se inicia quando a pele é colonizada com s. pyogenes após contato direto com pessoas infectadas ou fômites contaminados. O microrganismo é introduzido no tecido subcutâneo através de uma lesão previa na pele (arranhão, picada de inseto). As vesículas se desenvolvem, progridem para pústulas (vesículas cheias de pus e então se rompem e formam uma crosta na superfície. Os linfonodos regionais podem estar aumentados, porém não são comuns sinais sistêmicos de infecção. É observada principalmente durante meses quentes e úmidos e em crianças pequenas com pouca higiene pessoal. Erisipelas: Derme e tecidos subcutâneos É uma infecção aguda da pele. Os pacientes apresentam dor localizada, inflamação, aumento dos linfonodos e sinais sistêmicos. A área da pele envolvida fica tipicamente elevada, diferindo das regiões não afetadas. Ocorre mais comumente em crianças pequenas e idosos, na face, mas mais frequente nas pernas. É precedida por infecções do trato respiratório ou da pele com S. pyogenes. Fascite necrozante: É uma infecção que ocorre no tecido subcutâneo profundo, dissemina-se ao longo dos planos fasciais e é caracterizada por uma destruição extensiva do músculo e do tecido adiposo. O microrganismo é introduzido no tecido por meio de uma descontinuidade na pele. Inicialmente há uma evidência de celulite, que em seguida forma uma bolha, gangrena e desenvolvimento de sintomas sistêmicos. Faz-se necessário tratamento agressivo que inclui desbridamento cirúrgico do tecido infectado. ▪ Infecções de garganta: Faringite estreptocócica: Se desenvolve 2 a 4 dias após a exposição ao patógeno, com um início abrupto de dor de garganta, febre, mal estar e cefaleia. A faringe posterior pode se apresentar eritematosa com um exsudato, e com proeminente linfadenopatia cervical. MICROBIOLOGIA – JULIANA OLIVEIRA ▪ Infecções sistêmicas: Febre escarlatina: É uma complicação da faringite. Ocorre quando a cepa infectante é lisogenizada por um bacteriófago temperado que medeia a produção de uma exotoxina pirogênica. (Profago codificante de toxinas eritrogênicas) Síndrome do choque tóxico estreptocócico ▪ Complicações de longo prazo: DOENÇAS NÃO SUPURATIVAS Febre reumática: É caracterizada por alterações inflamatórias envolvendo coração, articulações, vasos sanguíneos e tecidos subcutâneos. Relaciona-se com a faringite, mas não a infecções cutâneas estreptocócicas. Hipersensibilidade a antígenos da parede que reagem cruzadamente com tecido cardíaco. Nosso corpo produz anticorpos contra essa bactéria mais especificamente contra a proteína M, mas nosso corpo reconhece proteínas presentes na válvula mitral do coração e permite a permanência lá, ocasionando dano crônico das válvulas cardíacas. Glomerulonefrite aguda: Deposição de complexos antígeno-anticorpo na membrana basal glomerular. É caracterizada por inflamação aguda do glomérulo renal com edema, hipertensão, hematúria e proteinúria. A glomerulonefrite aguda é uma sequela tantonas infecções estreptocócicas de faringe, quando da piodermia. A bactéria tem antígenos que tem uma facilidade de se depositarem nos glomérulos, podendo ser decorrentes do impetigo. O antígeno NAPIr tem uma afinidade pela região dos glomérulos, se alojando na membrana basal dos glomérulos, reduzindo a filtração glomerular. DIAGNÓSTICO: ▪ Microscopia: A microscopia é útil nas infecções em tecidos moles, não sendo útil nas faringites e complicações não supurativas. ▪ Testes Testes diferenciais entre straphylococcus/streptococcus: Teste da catalase (se for negativo indica streptococcus) Teste da coagulase ▪ Detecção de antígenos: Uma variedade de testes imunológicos usando anticorpor que reagem com o carboidrato grupo específico da parede celular bacteriana, pode ser usada para detectar os estreptococos do grupo A diretamente de swabs da orofaringe. Obs: Possui baixa sensibilidade (80 a 90%) Obs: Não é utilizada para as doenças cutâneas ou não supurativas. ▪ Cultura: O espécime deve ser obtido da orofaringe posterior (tonsilas). Poucas bactérias estão presentes nas áreas anteriores da boca e porque a boca (particularmente a saliva) é colonizada com bactérias que inibem o crescimento de S. pyogenes, a contaminação até mesmo de um espécime coletado corretamente pode obscurecer ou suprimir o crescimento dela. Em casos de impetigo, a crosta da superfície da lesão é levantada e o material purulento e a base da lesão são usados para a cultura. ▪ Detecção de anticorpos: Os pacientes com doença por S. pyogenes produzem anticorpos para enzimas estreptocócicas específicas. A quantificação de anticorpos contra a estreptolisina O (teste ASO) é útil para confirmar a febre reumática ou glomerulonefrite aguda, resultante de uma infecção estreptocócica recente de orofaringe. A produção de anticorpos contra outras enzimas estreptocócicas, particularmente DNase B, tem sido documentada em paciente com piodermia e faringite estreptocócicas. O teste anti-DNase B deve ser realizado quando existe suspeita de glomerulonefrite estreptocócica. TRATAMENTO: Penicilina via oral ou amoxilina (faringite estreptocócica) Cefalosporina oral ou um macrolídeo (pacientes alérgicos à penicilina) Em pacientes com infecções graves em tecidos moles, a drenagem e o desbridamento cirúrgico agressivo devem ser iniciados.
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