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BFF 2 BFF 2 • Conceitos: deglutição – ato de engolir os alimentos; digestão – é o conjunto de transformações fisioquímicas que os alimentos orgânicos sofrem para que sejam transformados em moléculas menores e absorvíveis; nutrição – incorporação de novos materiais estruturais e energéticos ao patrimônio celular e orgânico do indivíduo • Características do sistema gastrointestinal: ocorre motilidade do alimento pelo trato, secreção de soluções digestivas, digestão, absorção (água, eletrólitos, vitaminas e produtos da digestão), circulação de sangue para o transporte de substancias absorvidas e excreção, mediados pelos sistemas nervoso e hormonais locais Atividade Elétrica do musculo liso gastrointestinal: • O músculo liso do trato é excitado por atividade elétrica, contínua e lenta, nas membranas das fibras musculares; os dois tipos de ondas elétricas são: • Ondas lentas: são variações lentas e ondulantes do potencial de repouso da membrana; sua frequência determina o ritmo das contrações gastrointestinais • Elas são causadas por interações entre as fibras musculares lisas e as células intersticiais de Cajal, que são o marcapasso elétrico das células do musculo liso; essas células se interpõem nas camadas do músculo liso, com contatos do tipo sináptico com as células do musculo liso • Os potenciais de membrana das células intersticiais são cíclicos, pois a célula tem canais iônicos que se abrem periodicamente, gerando atividade de onda lenta • As ondas lentas não geram por si só contração muscular, mas estimulam o disparo intermitente dos potenciais em ponta, que de fato geram a contração; por isso, as ondas lentas não estão associadas a entrada de íons Ca++ na fibra (somente íons Na+) • Potenciais em ponta: são potenciais de ação; quando os picos das ondas lentas ficam mais positivos que -40 mV (o potencial de repouso é entre -50 e -60 mV), surgem os potenciais em ponta • Quanto maior o potencial da onda lenta, maior a frequência dos potenciais em ponta • Os potenciais em ponta no músculo gastrointestinal são de duração maior que os PA nas grandes fibras nervosas; entre 10 a 20 milissegundos • Nas fibras musculares lisas gastrointestinais, canais para cálcio-sódio são responsáveis pelo PA, com grande influxo de Ca++ e pequeno influxo de Na+; esses canais se abrem/fecham mais lentamente que os canais rápidos de sódio das grandes fibras nervosas, e isso faz com que os PA tenham uma maior duração • Mudanças na voltagem do potencial de repouso da membrana: • Fatores que despolarizam a membrana – estiramento do musculo, estimulação da acetilcolina (liberada pelas terminações dos nervos parassimpáticos), estimulação por hormônios gastrointestinais específicos • Fatores que hiperpolarizam a membrana – norepinefrina e epinefrina, e estimulação dos nervos simpáticos, que secretam norepinefrina em seus terminais • Contração tônica: parte do musculo liso gastrointestinal apresenta contração continua, com intensidades variáveis (contração tônica), durando vários minutos ou horas • Pode ser causada por potenciais em ponta repetidos, sem interrupção – quanto maior a frequência, maior o grau de contração; ou, pode ser causada por hormônios ou fatores que produzem despolarização parcial contínua da fibra sem provocar PA; ou, pode se associar a entrada de Ca++ na célula, por outra via que não seja a relacionada ao PA Controle neural da função gastrointestinal: • O sistema nervoso entérico está presente na parede do tubo digestivo (do esôfago até o ânus), e é composto pelo plexo mioentérico (de Auerbach) e pelo plexo submucoso (de Meissner); ele é importante no controle dos movimentos e secreção gastrointestinal • O plexo submucoso, interno, fica localizado na submucosa, e é responsável por controlar: • O plexo mioentérico, plexo externo disposto entre as camadas musculares longitudinal e circular, é mais responsável pela motilidade muscular/ contração gastrointestinal; secreções gastrointestinais locais absorção local contração local do musculo submucoso, que causa graus variados de dobramento da mucosa gastrointestinal fluxo sanguíneo • O plexo mioentérico possui alguns neurônios inibitórios, que secretam o polipeptídeo intestinal vasoativo; os sinais inibitórios são uteis na inibição de músculos de esfíncteres intestinais, como o esfíncter pilórico (controla esvaziamento do estomago para duodeno) e o esfíncter da valva ileocecal (controla esvaziamento do intestino delgado para ceco) • Fibras extrínsecas simpáticas e parassimpáticas se conectam com os 2 plexos • Terminações nervosas sensoriais do epitélio gastrointestinal enviam fibras aferentes para os dois plecos, e para gânglios pré-vertebrais do SNA, medula espinal e o tronco cerebral pelos nervos vagos; eles provocam reflexos locais • Controle autônomo do trato gastrointestinal: • A estimulação parassimpática aumenta a atividade do sistema nervoso entérico: essas fibras executam o reflexo da defecação; regiões sigmoide, anal e retal são mais bem supridas dessas fibras do que outras regiões do intestinais • A estimulação simpática inibe a atividade do trato gastrointestinal: as fibras simpáticas se originam da medula espinal; o simpático inerva igualmente todo o trato gastrointestinal; terminais dos nervos simpáticos secretam norepinefrina e epinefrina; em pequeno grau, a norepinefrina age diretamente na musculatura na musculatura lisa do trato, e em grau maior, a norepinefrina inibe neurônios de todo o sistema nervoso entérico; pode provocar bloqueio da movimentação do alimento pelo trato • Fibras nervosas sensoriais aferentes do intestino: podem ser estimulados por irritação da mucosa intestinal, distensão excessiva intestinal ou presença de substancias químicas específicas no intestino; seus sinais podem provocar excitação ou inibição dos movimentos/ secreção intestinal • Reflexos gastrointestinais: • Reflexos completamente integrados na parede intestinal do sistema nervoso entérico: reflexos que controlam grande parte da secreção gastrointestinal, aumenta contração tônica da parede intestinal aumenta a intensidade das contrações rítmicas aumento do ritmo da contração aumento da velocidade da condução das ondas excitatórias (o que acelera os movimentos das ondas peristálticas) Simpático • Reduz a motilidade intestinal •Vasoconstrição – reduz o aporte de sangue ao sistema gastrointestinal •Menor atividade glandular Parassimpático •Aumenta a motilidade intestinal; •Aumento do fluxo sanguíneo local; •Maior atividade glandular peristaltismo, efeitos inibidores locais, contrações de mistura • Reflexos do intestino para gânglios simpáticos pré-ganglionares e que retornam ao trato gastrointestinal: reflexo gastrocólico – sinais do estomago que causam evacuação do colo; reflexos enterogástricos – sinais do cólon e intestino delgado para inibir motilidade e secreção do estomago; reflexo colonoileal – reflexos do cólon para inibir o esvaziamento de conteúdos do íleo para o colo • Reflexos do intestino para a medula ou para o tronco cerebral e que voltam para o trato gastrointestinal: reflexos do estômago e duodeno para o tronco cerebral, que retornam ao estomago por nervos vagos para controlar a atividade motora e secretora; reflexos de dor que inibem de forma geral o trato; reflexos de defecação – vão do cólon e do reto para a medula espinal, e retornam produzindo contrações colônicas, retais e abdominais, necessárias a defecação • Controle hormonal da motilidade gastrointestinal: • Hormônios gastrointestinais são liberados na circulação porta • Gastrina: secretada pelas células G do antro do estomago em resposta a digestão do estomago, produtos da digestão de proteínas e peptídeo liberador de gastrina; ela estimula a secreção deácido gástrico e o crescimento da mucosa gástrica • Colecistocinina: secretada pelas células I da mucosa do duodeno e jejuno, em resposta e produtos da digestão de gordura, ácidos graxos e monoglicerídeos no intestino; contrai a vesícula biliar, expelindo bile para o intestino delgado; inibe a contração estomacal; inibe o apetite (fibras nervosas sensoriais, por meio do nervo vago, mandam sinais para inibir os centros de alimentação no cérebro) • Secretina: secretada pelas células S da mucosa do duodeno, em resposta ao conteúdo gástrico ácido transferido do estomago ao duodeno; promove secreção pancreática de bicarbonato, que neutraliza o ácido no intestino delgado • Peptídeo inibidor gástrico: secretado pela mucosa do intestino delgado superior, em resposta a ácidos graxos e AAS principalmente, e em menor extensão carboidratos; diminui atividade motora estomacal, retardando esvaziamento gástrico no duodeno (quando ele – duodeno - está sobrecarregado com produtos alimentares); estimula secreção de insulina • Motilina: secretada pelo estomago e duodeno superior durante o jejum; aumenta a motilidade gastrointestinal; liberada ciclicamente, estimulando complexos mioelétricos interdigestivos (ondas da motilidade gastrointestinal); sua secreção é inibida após a digestão Tipos funcionais de movimentos no trato gastrointestinal: • Movimentos propulsivos – peristaltismo: • Fazem com que alimento percorra trato com velocidade apropriada para que ocorra a digestão/ absorção • Um anel contrátil surge em um ponto ao redor do intestino e move-se adiante; qualquer material a frente do anel é movido para diante • O estímulo usual do peristaltismo intestinal é a distensão do trato gastrointestinal; se há acumulo de alimento no intestino, a distensão da parede estimula o sistema nervoso entérico a provocar uma contração que faz surgir um anel contrátil que inicia o peristaltismo • A irritação química ou física do revestimento epitelial do intestino, e sinais nervosos parassimpáticos também provocam o peristaltismo • O peristaltismo é fraco ou ausente nas regiões do trato em que haja ausência congênita do plexo mioentérico; atropina bloqueia ação dos terminais nervosos colinérgicos do plexo mioentérico; logo, o peristaltismo efetivo requer o plexo mioentérico ativo • O peristaltismo ocorre em ambas as direções, mas cessa rapidamente na direção da boca, e se mantém por distância considerável na direção do ânus • O anel contrátil começa no lado oral do segmento distendido, e empurra o conteúdo intestinal na direção anal; ao mesmo tempo, o intestino relaxa na direção do anus (relaxamento receptivo), permitindo que o alimento seja impulsionado mais facilmente na direção anal do que na oral • Reflexo peristáltico (mioentérico) + direção anal do movimento do peristaltismo = lei do intestino • Movimentos de mistura: • Em algumas áreas, as ondas peristálticas podem apenas agitar os conteúdos intestinais, em vez de impulsioná-los para frente, o que se comprova a partir do bloqueio da propagação dos conteúdos intestinais por esfíncter • Contrações constritivas intermitentes locais ocorrem em regiões separadas da parede intestinal; constrições ocorrem em diferentes pontos do intestino, em que há a trituração e separação dos conteúdos Fluxo sanguíneo gastrointestinal – circulação esplâncnica: • Os vasos sanguíneos do sistema gastrointestinal fazem parte da circulação esplâncnica; ela inclui o fluxo pelo intestino, baço, fígado e pâncreas • Todo o sangue que passa pelo intestino, baço e pâncreas flui pela veia porta para o fígado.; no fígado, o sangue passa por sinusoides hepáticos e deixa o órgão por meio das veias hepáticas, que desembocam na veia cava • O fluxo pelo fígado permite que células reticuloendoteliais, que revestem os sinusoides, removam bactérias e outras partículas, que poderiam entrar na circulação sanguínea do trato gastrointestinal, evitando o transporte de agentes prejudiciais ao restante do corpo • Nutrientes não lipídicos e hidrossolúveis, absorvidos no intestino (como carboidratos e proteínas) são transportados no sangue venoso da veia porta para os sinusoides hepáticos; células reticuloendoteliais e células hepáticas absorvem e armazenam parte dos nutrientes • Quase todas as gorduras, absorvidas pelo trato gastrointestinal, não são transportadas no sangue porta, mas sim pelo sistema linfático intestinal, e então levadas ao sangue circulante sistêmico por meio do ducto torácico, sem passar pelo fígado • Em condições normais, o fluxo sanguíneo em cada área do trato gastrointestinal está relacionado ao nível local de atividade; na absorção ativa de nutrientes, o fluxo nas vilosidades e submucosa adjacente aumenta muito • Depois da refeição, a atividade motora, secretória e absortiva aumentam, então o fluxo aumenta; ele diminui a valores normais após 2/4 horas • Causas do aumento do fluxo durante atividade gastrointestinal: liberação de substancias vasodilatadoras pela mucosa do trato, como hormônios peptídicos (colecistocinina, peptídeo vasoativo intestinal, gastrina, secretina); glândulas gastrointestinais liberam calidina e bradicinina na parede intestinal (potentes vasodilatadores, que causam vasodilatação na mucosa); redução da concentração de oxigênio na parede intestinal pode aumentar o fluxo por 50-100%, assim, a atividade metabólica intensa diminui essa concetração, provocando vasodilatação; além disso, a diminuição do oxigênio aumenta a concentração de adenosina (vasodilatador) • Fluxo sanguíneo em contracorrente nas vilosidades: O fluxo arterial e venoso no vilo correm em direções opostas, e os vasos são paralelos e próximos; por isso, grande parte do oxigênio sanguíneo se difunde das arteríolas para as vênulas adjacentes, sem passar nas extremidades dos vilos (esse O2 não participará das funções metabólicas dos vilos) • Em condições patológicas, onde o fluxo sanguíneo intestinal fica comprometido, ex, choque circulatório, o déficit de O2 nas pontas das vilosidades pode causa a morte isquêmica/desintegração das vilosidades, o que leva a redução da capacidade absortiva • Controle nervoso do fluxo sanguíneo gastrointestinal: • A estimulação dos nervos parassimpáticos, para o estomago e cólon distal, aumentam o fluxo sanguíneo local e a secreção glandular; • A estimulação simpática tem efeito direto em todo o trato gastrointestinal causando vasoconstrição das arteríolas, reduzindo o fluxo sanguíneo • Depois de alguns minutos de constrição, o fluxo, em geral, retorna a valores próximos dos normais por conta do escape autorregulatório; ou seja, mecanismos vasodilatadores metabólicos locais, provocados pela isquemia, predominam sobre a vasoconstrição simpática; logo, há retorno do fluxo sanguíneo nutriente, necessário as glândulas e musculatura gastrointestinal • A vasoconstrição simpática no intestino interrompe o fluxo gastrointestinal por breves períodos durante exercício intenso, quando o coração e músculos esqueléticos precisam de maior fluxo • No choque circulatório, a estimulação pode reduzir em muito o fluxo esplâncnico, sendo o cérebro e coração priorizados, pois estão em risco de morte celular • Choque hemorrágico: estimulação simpática promove vasoconstrição de veias intestinais e mesentéricas, deslocando grande quantidade de sangue para outras áreas da circulação Ingestão de alimentos: • Mastigação: a mastigação tritura (dentes molares, posteriores) e corta (incisivos, anteriores) os alimentos aumentando a área do alimento exposto às secreções digestivas, e evitando a escoriação do trato gastrointestinal, facilitando a passagem das partículas pelo trato; a mastigação rompe membranas de celulose de frutas e vegetais, para que o alimento possaser digerido • Deglutição: • A pressão da língua para cima e para trás contra o palato inicia o processo de deglutição (estágio voluntário), empurrando o alimento para trás, em direção a faringe • Estágio faríngeo: • Passagem do alimento pela faringe até o esôfago (involuntário); o bolo, ao atingir a parte posterior da cavidade oral e a faringe, estimula áreas de receptores da deglutição, especialmente nos pilares tonsilares, e seus impulsos passam para o tronco encefálico, onde iniciam contrações faríngeas automáticas • 1 - O palato mole é empurrado para cima, fechando parte posterior da cavidade nasal, evitando refluxo • 2 – pregas palatofaríngeas se aproximam e formam a fenda sagital, por onde o alimento passará • 3 – cordas vocais se aproximal, laringe é puxada para cima, e epiglote se mantém fechada = impedem passagem do alimento para nariz/ traqueia • 4 – movimento para cima da laringe puxa e dilata o esôfago; o esfíncter faringoesofágico relaxa, então o alimento passa da faringe posterior para o esôfago superior; entre as deglutições o esfíncter se mantém contraído, evitando entrada de ar no esôfago durante respiração • 5 – a parede muscular da faringe se contrai, progride para baixo, impulsionando o alimento por peristaltismo ao esôfago • Os impulsos são transmitidos de áreas sensoriais na faringe, pelas porções sensoriais dos nervos trigêmeo e glossofaríngeo para o bulbo, pelo trato solitário; áreas no bulbo e ponte inferior que controlam a deglutição = centro da deglutição • Todo o estágio faríngeo ocorre em menos de 6 segundos; o centro da deglutição inibe o centro respiratório do bulbo, interrompendo a respiração para permitir a deglutição • Estágio esofágico da deglutição (involuntário): • A função do esôfago é conduzir o alimento da faringe para o estômago • A onda peristáltica percorre da faringe ao estomago em 8-10 segundos, e o alimento em 5-8 segundos, por conta do efeito adicional da gravidade (pessoa ereta), que força o alimento para baixo • Peristaltismo primário – é a continuação da onda peristáltica que começa na faringe e se estende ao esôfago, durante o estágio faríngeo da deglutição • Peristaltismo secundário – distensão do esôfago por conta do alimento que restou/ ficou retido; elas continuam até o completo esvaziamento do esôfago; ocorrem a partir do sostema nervoso mioentérico e, em parte, por reflexos iniciados na faringe e transmitidos por fibras vagais aferentes até o bulbo, que retornam ao esôfago por fibras nervosas eferentes vagais e glossofaríngeas • A musculatura da parede faríngea e do 1/3 superior do esôfago é composta por músculo estriado; as ondas peristálticas são controladas por impulsos em fibras nervosas motoras de músculos esqueléticos dos nervos glossofaríngeo e vago • A musculatura nos 2/3 inferiores do esôfago é composta por músculo liso e essa porção do esôfago é controlada pelos nervos vagos que atuam por meio de conexões com o sistema nervoso mioentérico esofágico • Quando a onda peristáltica esofágica se aproxima do estomago, onda de relaxamento, transmitida por neurônios inibidores mioentéricos, precede o peristaltismo; o estomago e até mesmo o duodeno relaxam para receber o alimento • Na porção final do esôfago, o esfíncter gastroesofágico permanece tonicamente contraído, enquanto a porção medial do esôfago fica relaxada; ocorre o relaxamento receptivo desse esfíncter, a frente da onda peristáltica, permitindo a fácil propulsão do alimento deglutido para o estômago • Em condições normais, essa constrição tônica do esfíncter gastroesofágico evita refluxo do conteúdo gástrico (ácido) para o esôfago • O aumento da pressão intra-abdominal projeta uma porção do esôfago ao estomago, e o fechamento da porção distal do esôfago, como uma válvula, contribui para evitar que essa elevação dessa pressão force os conteúdos gástricos de volta ao esôfago; situações que aumentam a pressão intra-abdominal – respirar profundamente, tossir, andar Funções motoras do estômago: • Estão associadas a: armazenamento de grande quantidade de alimento, até que possa ser processado no estomago e intestino delgado; misturar alimento com secreções gástricas, formando o quimo; esvaziar lentamente o quimo do estômago para o intestino delgado • Função de armazenamento do estômago: quando o alimento distende o estômago, o reflexo vagovagal do estomago para o tronco encefálico, e de volta para o estomago, reduz a tonicidade da parede muscular do corpo do estomago, possibilitando a distensão da parede e maior acomodação de alimentos até que o limite seja atingido no estomago relaxado (0,8 a 1,5 L); a pressão no estomago permanece baixa até tal limite • Mistura e propulsão do alimento no estomago: • Enquanto o alimento estiver no estomago, ondas constritivas peristálticas fracas (ondas de mistura) se iniciam nas porções média/ superior da parede gástrica e vão até o antro; são desencadeadas pelo ritmo elétrico básico da parede (ondas elétricas lentas), que ocorrem espontaneamente • A medida que as ondas progridem, ficam mais intensas, podendo gerar PA peristáltico, formando anéis constritivos que forçam o conteúdo antral na direção do piloro • Grande parte do conteúdo antral, comprimido pelo anel peristáltico, são lançados de volta para o corpo do estomago; essa ejeção retrógrada (retropulsão) combinada com o movimento do anel constritivo peristáltico é um importante mecanismo de mistura • Depois do alimento ter sido misturado com as secreções gástricas (liberadas por glândulas gástricas presentes na parede do corpo do estomago; que entram em contato com o alimento nas proximidades da mucosa estomacal), ele passa a ser chamado de quimo; sua consistência é de semilíquida a pastosa, e sua fluidez depende das quantidades de alimentos, agua, secreções gástricas e grau de digestão • Contração de fome: ocorre quando o estomago esta vazio por várias horas; contrações peristálticas rítmicas no corpo do estomago; são mais intensas em jovens, sadios, com baixa glicose sanguínea, com tônus gastrointestinal elevado; a pessoa sente dor epigástrica = pontadas de fome • Esvaziamento do estômago: • A partir da porção média do estomago, as contrações ficam mais intensas, formando anéis de constrição que causam o esvaziamento do estomago; as ondas peristálticas promovem a ação de bombeamento = bomba pilórica • A abertura distal do estômago é o piloro; a espessura da musculatura circular de sua parede é maior que nas porções anteriores do antro, e permanece em leve constrição tônica constantemente; músculo circular pilórico = esfíncter pilórico • O esfíncter se abre o suficiente para a passagem de água e líquidos, e sua constrição fisiológica impede a passagem de partículas de alimentos até que tenham atingido a consistência de quimo; seu grau de constrição aumenta/diminui sob influência de sinais de reflexos nervosos e humorais, do estomago/ duodeno • A velocidade/ intensidade com que o estomago esvazia é regulado por sinais estomacais e intestinais (mais potentes) • O volume de alimentos maior promove maior esvaziamento gástrico; a distensão da parede gástrica desencadeia reflexos mioentéricos locais que acentuam a atividade da bomba pilórica e inibem o piloro • A gastrina intensifica a atividade da bomba pilórica, promovendo o esvaziamento gástrico • Quando o quimo entra no duodeno, reflexos nervosos (com origem na parede duodenal), atingem o estomago e retardam ou interrompem o esvaziamento gástrico, se o volume do quimo for excessivo; esses reflexos são mediados por 3 vias: • Isso causa a inibição das contrações propulsivas da “bomba pilórica” e aumentam o tônus do esfíncter pilórico • Fatores que podem desencadear reflexos inibidores enterogástricos:• Quando o pH do quimo duodenal cai para menos de 3,5-4, o esvaziamento é inibido até que seja neutralizado por secreções pancreáticas e outras secreções • Ao diminuir o esvaziamento, assegura-se tempo para que ptns sejam totalmente digeridas no intestino delgado • Líquidos hipertônicos/ hipotônicos inibem o esvaziamento; assim, evita-se a passagem rápida de fluxos não isotônicos para o intestino delgado, prevenindo-se mudanças na concentração de eletrólitos, no liquido extracelular do corpo, durante a absorção intestinal • As gorduras presentes no quimo estimulam a liberação de colecistocinina pela mucosa do jejuno, que inibirá a bomba pilórica e aumentará a contração do esfíncter pilórico; esse hormônio bloqueia o aumento da motilidade gástrica causado pela gastrina; isso ocorre pois as gorduras são mais lentamente processadas Diretamente do duodeno ao estomago, pelo sistema nervoso entérico da parede intestinal Pelos nervos extrínsecos que vão aos gânglios simpáticos pré-vertebrais e retornam pelas fibras nervosas simpáticas inibidoras que inervam o estomago Pelos nervos vagos que vão ao tronco encefálico, onde inibem sinais excitatórios, transmitido ao estomago pelos ramos eferentes dos vagos Grau de distensão do duodeno Irritação da mucosa duodenal em graus vaariáveis Grau de acidez do quimo duodenal Grau de osmolalidade do quimo Presença de produtos de degradação do quimo (especialmente proteínas, e em menor grau, gorduras) • Secretina e peptídeo inibidor gástrico - também inibem o esvaziamento gástrico Movimentos do intestino delgado (I.D.): • Os movimentos podem ser divididos em contrações de mistura e contrações propulsivas • Contrações de mistura (de segmentação): quando a porção do intestino é distendida pelo quimo, contrações concêntricas espaçadas são geradas, com duração de fração de minuto; as contrações de segmentação dividem o quimo, promovendo a mistura do alimento com as secreções do I.D.; a frequencia máxima é determinada pela frequencia das ondas elétricas lentas; essas contrações ficam fracas com a utilização do fármaco atropina, pois bloqueia a atividade excitatória do sistema nervoso entérico • Movimentos propulsivos: • O quimo é impulsionado pelo intestino delgado por ondas peristálticas; elas são mais rápidas no intestino proximal e mais lentas no intestino terminal; leva de 3-5 horas para o quimo passar do piloro até a válvula ileocecal • A peristalse aumenta após a refeição, pois o quimo distende o intestino; e por conta do reflexo gastroentérico, causado pela distensão do estomago e conduzido, pelo plexo mioentérico da parede do estomago, até o I.D. • Gastrina, CCK, insulina, motilina e serotonina intensificam motilidade intestinal; secretina e glucagon tem ação contrária • As ondas peristálticas também distribuem o quimo ao longo da mucosa intestinal; esse processo se intensifica com a entrada de mais quimo no duodeno • Ao chegar na valva ileocecal, o quimo por vezes fica retido até que a pessoa se alimente denovo; assim, o reflexo gastroileal intensifica o peristaltismo no íleo e força o quimo remanescente a passar pela válvula ileocecal para o ceco • O peristaltismo no intestino delgado é fraco, mas a irritação intensa da mucosa intestinal, como ocorre em casos de diarreia infecciosa grave, pode causar peristalse intensa e rápida = surto peristáltico; é desencadeado por reflexos nervosos que envolvem o SNA e o tronco cerebral, e a intensificação de reflexos no plexo mioentérico na parede intestinal • As pregas mucosas aumentam a área de superfície exposta ao quimo, aumentando a absorção; as contrações e relaxamentos das vilosidades possibilita o fluxo livre da linfa para o sistema linfático; essas contrações da mucosa e submucosa ocorrem a partir de reflexos do plexo submucoso, em resposta ao quimo presente no I.D. • Função da válvula ileocecal: • Evita o refluxo do conteúdo fecal do cólon para o I.D. • A parede do íleo tem musculatura circular espessada chamada esfíncter ileocecal, que fica levemente contraído e retarda o esvaziamento do conteúdo do íleo para o ceco; essa resistência facilita a absorção • Quando o ceco se estende, a contração do esfíncter ileocecal se intensifica e o peristaltismo ileal é inibido; além disso, qualquer irritação do ceco retarda o esvaziamento • Apendicite pode causar espasmo intenso do esfíncter ileocecal e paralisia parcial do íleo, bloqueando o esvaziamento do íleo no ceco • Os reflexos do ceco para o esfíncter ileocecal e íleo são mediados pelo plexo mioentérico na parede do trato intestinal, e nervos autônomos extrínsecos (principalmente gânglios simpáticos pré- vertebrais) Movimentos do cólon: • Principais funções do cólon: absorção de água e eletrólitos do quimo para formar fezes sólidas; e armazenamento de material fecal, até que possa ser expelido • A metade proximal está envolvida na absorção, e a distal no armazenamento • Os movimentos de mistura e propulsivos do cólon são mais lentos do que os do intestino delgado • Movimentos de mistura (haustrações): grandes constrições circulares ocorrem, e ao mesmo tempo, o músculo longitudinal do cólon (que se reúne em tênias cólicas), se contrai; essas contrações combinadas fazem com que a porção não estimulada do intestino grosso infle em sacos denominados haustrações • As haustrações se movem lentamente em direção ao anus, durante a contração, em especial no ceco e no cólon ascendente, contribuindo com a propulsão do conteúdo colônico • Movimentos de massa (propulsivos): grande parte da propulsão do reto e cólon ascendente resulta de contrações haustrais lentas e persistentes; o movimento de massa é tipo de peristaltismo caracterizado por: 1 - ocorrência de anel constritivo, em resposta a distensão/ irritação em um ponto do cólon; 2 – no cólon distal ao anel, as haustrações desaparecem, e o segmento se contrai como unidade, impulsionando o material fecal em mass para região mais adiante do cólon; quando a massa de fezes é forçada para o reto surge a vontade de defecar • O aparecimento de movimentos de massa após a alimentação é facilitado por reflexos gastrocólicos e duodenólicos: resultam da distensão do estomago e do duodeno; são transmitidos por meio do SNA • Pessoa com colite ulcerativa (condição ulcerativa da mucosa do cólon), com frequencia, tem movimentos de massa que persistem quase todo o tempo • Defecação: • Na junção entre o cólon sigmoide e reto há um fraco esfíncter (pois a maior parte do tempo o reto fica vazio); angulação aguda nesse local contribui para a resistência ao enchimento do reto; • Quando o movimento de massa força as fezes para o reto, imediatamente surge a vontade de defecar, ocorrendo contração reflexa do reto e relaxamento dos esfíncteres anais • A passagem de fezes pelo ânus é evitada pela constrição tônica dos esfíncter anal interno (espesso músculo liso), e o esfíncter anal externo (músculo estriado voluntário que circunda o esfíncter interno) • O esfíncter externo é controlado por fibras nervosas do nervo pudendo, que faz parte do sistema nervoso somático; subconscientemente é mantido contraído, a menos que sinais conscientes inibam a constrição • Reflexos de defecação: quando as fezes entram no reto, a distensão de sua parede estimulam sinais aferentes que se propagam pelo plexo mioentérico para dar inicio a ondas peristálticas no cólon descendente, sigmoide e reto; a medida que a onda se aproxima do anus, o esfíncter anal interno relaxa, por sinais inibidores do plexo mioentérico, e se o esfíncter anal externo relaxar ocorre a defecação (reflexo intrínseco) • O reflexo intrínseco mioentérico não é suficiente; para que a defecação ocorra, o reflexo de defecação parassimpático é necessário; ele envolveos segmentos sacros da medula espinal; quando as terminações nervosas do reto são estimuladas, os sinais são transmitidos para a medula espinal e de volta para o cólon descendente, sigmoide e reto por nervos parassimpáticos pélvicos; esses sinais parassimpáticos intensificam as ondas peristálticas, e relaxam o esfíncter anal interno • Efeitos dos sinais de defecação na medula espinal: inspiração profunda, fechamento da glote, contração dos músculos abdominais = forçar conteúdos fecais do cólon para baixo e relaxar assoalho pélvico Outros reflexos autônomos que afetam a atividade intestinal: • O reflexo peritoneointestinal resulta da irritação do peritônio e inibe, fortemente, os nervos entéricos excitatórios, podendo causar paralisia intestinal, em especial pacientes com peritonite • Os reflexos renointestinal e vesicointestinal inibem a atividade intestinal, como resultado de irritação renal ou vesical, respectivamente Caso clínico: • Paciente com dor abdominal em barra há 48 horas evoluiu com parada da eliminação de fezes e gases também há 48 horas. Realizou o RX ao lado. Comente possíveis causas da obstrução intestinal levando em consideração a inervação enterogástrica e possíveis reflexos inibitórios • Isso ocorre muito nas afecções do pâncreas; a pancreatite aguda causa uma dor em barra, podendo causar inflamação de ligamentos na flexura esplênica, e na parede intestinal na flexura esplênica, assim, os plexos enviam informações para parar os movimentos peristálticos, o que provoca distensão de alças, e as alças ficam mais paralisadas; inflamação induz reflexos que reduzem a motilidade gastrointestinal; ocorre grande distensão das alças acima do ceco
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