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@claimafra – Infectologia med UFOB São um grupo de doenças causadas por famílias distintas de vírus. SINAIS INDICATIVOS DE GRAVIDADE: Choque circulatório, disfunção do SNC, insuficiência renal aguda, Insuficiência respiratória aguda, insuficiência hepática aguda. CARACTERÍSTICAS COMUM: Todos vírus de RNA Sobrevivência dependente de reservatórios naturais (animais ou insetos). Os vírus são geograficamente restritos a áreas dos reservatórios animais. Infecção humana dependente do contato com reservatórios animais. Alguns vírus podem ser transmitidos entre humanos. Surtos ocorrem esporadicamente e não podem ser previstos. Não há tratamento curativo para a maioria. VÍRUS Flaviviridae: dengue, zika e febre amarela Anaviridae: Junin vírus – FH argentina, machupo vírus – FH boliviano, ganarito vírus – FH venezuelana, sabiá – FH brasileira. Filoviridae: Ebola, marbug. Flavivirus: cerca de 60 espécies 30 pode causar doenças em humanos. Doença sistêmica, com espectro clínico amplo, comportamento dinâmico e com evolução difícil de prever. Inespecificidade da apresentação clínica isso dificulta o diagnóstico. Pode-se dividir em três fases: 1. Febril 2. Crítica 3. Recuperação EPIDEMIOLOGIA A dengue é um problema de saúde pública mundial. TRANSMISSÃO Vírus do gênero flavivirus com 4 sorotipos. É transmitido pelo mosquito Aedes aegypti – apresenta suceptibilidade e capacidade de se tornar infectado pelo vírus, além de possuir competência para transmissão para os seres humanos. O vírus se replica no mosquito por 1 a 2 semanas antes de poder ser transmitido numa próxima picada. O inseto adulto vive 1 a 4 semanas e pode picar várias vezes ao dia. QUADRO CLÍNICO Doença febril aguda com duração de sete a dez dias acompanhada de pelo menos dois dos seguintes sintomas: @claimafra – Infectologia med UFOB cefaleia, dor retroorbitária, mialgia, artralgia, prostração e exantema. Associados ou não à presença de hemorragias. Na anamnese é importante questionar a história ou diagnóstico prévio de dengue – Paciente em um segundo episódio tem maiores chances de evoluir com complicações. FASE FEBRIL Cefaleia, dor retro-orbitária, mialgia, artralgia, prostração, enantema conjuntival (conjuntivite), exantema, náuseas-vômitos, odinofagia, fenômenos hemorrágicos leves. FASE CRÍTICA Aumento da permeabilidade capilar (3º ao 6º dia) Queda da temperatura, melhora sintomática, aumento do hematócrito, piora da leucopenia e plaquetopenia, derrames cavitários, enantema conjuntival, choque, aumento do fígado (dor abdmonial em hipocôndrio direito), fenômenos hemorrágicos graves. FASE DE RECUPERAÇÃO Após 48h da fase crítica, o paciente experimenta gradual recuperação clínica e laboratorial. Episódio prévio de dengue: pacientes com história pregressa de sorologia positiva para dengue ou sintomatologia de dengue sem resultado de exame negativo. EXAME FÍSICO Monitorar dados vitais: PA, temperatura axilar. Na suspeita de dengue a PA é muito importante. Focalizar o exame a depender da queixa: hepatomegalia, ascite, dor abdominal, estado de hidratação, peso, nível de consciência, sinais de irritação meníngea e prova do laço. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA DENGUE ● Chikungunya ● Zika ● Febre amarela ● Leptospirose ● Meningococcemia ● Influenza ● Sepse bacteriana ● Rubéola ● Febre tifoide ● Malária ● Ricketsioses ● Outras febres hemorrágicas FISIOPATOGÊNESE Aumento da permeabilidade capilar, extravasamento do plasma. Isso pode levar a derrames cavitários como ascite, derrame pleural, hemoconcentração (quando hemácias não saem, sai o líquido e a hemácia fica lá então aumenta o hematócrito). Pode ocorrer hipoalbuminemia. Exemplo de paciente aparentemente normal e um com derrame pleural @claimafra – Infectologia med UFOB Marcador de aumento da permeabilidade capilar e transudação plasmática. Também pode ter uma lesão hepatocelular com aumento de transaminases e aumento de gama GT. Aumento da permeabilidade capilar: ascite, derrame pleural, aumento do fígado, distensão – o fígado pode ser palpável e isso se torna um marcador de gravidade. OBS: O paciente pode ter dengue grave sem ter a dengue hemorrágica. SINAIS DE ALARME ● Dor abdominal intensa e contínua → Não cessa com analgesia, no quadrante superior direito. Ocorre por causa do aumento do fígado (edema pelo aumento da permeabilidade vascular haverá extravasamento capilar) com distensão da cápsula hepática ● Vômitos persistentes → Pode haver desidratação ○ Se o paciente estiver com a zona crítica da doença, perdendo líquido para o terceiro espaço, distendendo o fígado, fazendo ascite, derrame pleural, provavelmente ele está com o intravascular depletado. Se ainda por cima ele tiver vômitos persistentes, ele vai chocar. ● Hepatomegalia dolorosa - se relaciona com dor abdominal intensa e contínua. ● Hemorragias importantes (hematêmese, melena) ○ Fenômeno hemorrágico: não é incomum o paciente possuir petéquias ou gengivorragia, mas por si só não marcam gravidade. Seriam mais hemorragias maiores, como gastrointestinais ou vaginal. ● Sonolência ou irritabilidade à baixa de PA ● Diminuição da diurese (>6h): indicativo de desidratação, hipoperfusão, hipovolemia. ● Indicativos de choque (extremidades frias e pegajosas, hipotensão arterial, pressão arterial convergente). ● Desconforto respiratório ● Hipotensão → como indicar para esse paciente quando está hipotenso: prostração, suor excessivo, sonolência excessiva. ● Laboratorial: aumento do hematócrito (perda de líquido) e queda de plaquetas. OBS: Pressão de Pulso é a diferença entre a sistólica e a diastólica. Nos casos de choque circulatório, pode haver uma aproximação entre a sistólica e diastólica, então a pressão de pulso vai estar aproximada. (Geralmente a diferença é normal acima de 40). DIAGNÓSTICO DA DENGUE HEMORRÁGICA @claimafra – Infectologia med UFOB Fenômenos hemorrágicos: Espontâneos gengivorragia, epistaxe, petéquias ou induzido – prova do laço positiva. Evidências de transudação plasmática: Hematócrito aumentado (>45% em mulheres ou >50% em homens ou queda de 20% do hematócrito após hidratação adequada) ou derrames cavitários (derrame pleural, ascite). Plaquetopenia <100.000. Prova do laço: mede a sistólica e diastólica e depois faz uma média. Desenha no braço da pessoa um quadrado com 2,5cm de lado e deixa insuflado 5 min no adulto e 3 min na criança. Se surgir petéquias, conta quantas petéquias tem no quadrado. Caso seja > ou = 20, prova do laço positivo. Fazer se tiver pensando em dengue hemorrágica, caso o paciente não apresente fenômeno hemorrágico evidente para uma confirmação da classificação. Raio-X de torax ou USG de abdome para buscar derrame ou ascite. QUANDO PEDIR EXAMES - Casos de surtos, não pedir exame para qualquer pessoa. - Fora do surto talvez pedir de maneira mais deliberada. - Em todos os casos internados deve pedir. - Caso de dúvida no diagnóstico. EXAMES Anticorpo IgM (depois de 5 dias) Isolamento viral – a viermia começa antes mesmo da clínica. Então no início faz-se o diagnóstico microbiológico. TRATAMENTO Transfusão plaquetária: Plaquetas abaixo de 10.000 (independente de haver sangramento ou não), plaquetas abaixo de 50.000 se houver sangramento associado. Caso seja discreto, como gengivorragia ou epistaxe pode-se observar. Dipirona de 500mg a 2g de 6/6h intercalar com paracetamol se o paciente seguir com dor. 1. Avaliação geral: História, exame físico, hemograma, testes para confirmaçãoo do diagnóstico, perfil hepático,eletrólitos, ureia, creatinina, lactato, enzimas cardíacas e ECG. 2. Avaliação da gravidade: Determinar a fase (febril, crítica ou de recuperação), investigar se há sinais de alarme, determinar se há necessidade de hospitalização. 3. Intervenção terapêutica: Notificar o caso, decisões quanto ao tratamento – Definir grupos A, B e C. GRUPO A S/ sinais de alerta, capazes de manter boa ingesta hídrica. Os pacientes desse grupo poderão ser atendidos nas unidades básicas de saúde: Reavaliados diariamente, até saírem da fase crítica, avaliar hit e sinais de alarme, encorajar hidratação oral, sintomáticos – evitar AINES, retorno mediato ao hospital em caso de piora @claimafra – Infectologia med UFOB clínica, dor abdominal severa, vômitos persistentes, sinais de choque, letargia e irritabilidade, sangramento importante e ausência de diurese>6h. GRUPO B Com Sinais de alerta/alarme Condições complicadoras: grávidas, idosos, obesos, DM, anemias hemolíticas. O ideal é o tratamento intra-hospitalar. Com sinais de alarme: Hidratação IV agressiva – reavaliação constante. Sem sinais de alarme: Hidratação VO ou IV, reavaliação clínica e laboratorial. GRUPO C Dengue grave: paciente com choque, hemorragia intensa, tem comprometimento orgânico grave. Devem ser internados em UTI. QUANDO DAR ALTA ● Ausência de febre por 24 horas, sem uso de antitérmicos ● Melhora clínica evidente ● Hematócrito normal e estável por 24 horas ● Plaquetas em elevação e acima de 50.000 células/mm3 ( um dos sinais mais importantes) ● Pressão arterial estável por 24 horas derrames cavitários, se houver em reabsorção e sem repercussão clínica Infecção subclínica, síndrome febril inespecífica, doença grave: febre, icterícia, IRA e hemorragia. PERÍODO DE INFECÇÃO: 3 a 4 dias. Febre, mal-estar, cefaleia, fotofobia, lombalgia, mialgias, anorexia, náuseas, vômitos e prostração. Leucopenia (1500 a 25000) e aumento das transaminases. PERÍODO DE REMISSÃO: Dura cerca de 48h. Melhora sintomática 15% passa para o período de intoxicação. PERÍODO DE INTOXICAÇÃO: Começa entre o 3º e 6º dias. Retorno da febre, dor epigástrica, icterícia, oliguria e diátese hemorrágica. Letalidade de 20 a 50%. Causa doença febril e aguda com poliartralgia e artrite. EPIDEMIOLOGIA É endêmica na África e se espalhou amplamente em 2004 na índia, regiões banhadas pelo índico e por outras partes da ásia. Era considerada uma doença tropical até que ocorreu um surto na Itália em 2007. Desde 2013 a doença se espalhou no continente americano. TRASMISSSÃO Transmissão por vetor. Nasocomial (sangue contaminado) e vertical – 48,7%. O VÍRUS Virus RNA de fita única – alphavirus. @claimafra – Infectologia med UFOB MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS INFECÇÃO AGUDA Artralgias ou artrire são o sinal/sintoma inicial em 70% dos casos Febre, cefaleia, mialgias, conjuntivite e linfadenopatia cervical (9-41%). OBS: Cuidado com o diagnóstico de artrite, pois muitos pacientes com artralgia irão dizer que a articulação está inchada e isso pode te influenciar no diagnóstico. Articulações acometidas na fase aguda e crônica. SINTOMAS PERSISTENTES: O paciente costuma ter esses sintomas articulares persistentes em locais que já foram acometidos na fase aguda. A duração dessa fase varia em diferentes estudos, mas já foi demontrado pacientes com sintomas de até 3 anos. Artralgia, artrite, tenossinovite, rigidez matinal, fenômeno de Raynaud (20% dos casos), cioglobulinemia. COMPLICAÇÕES SEVERAS: Habitualmente ocorrem dentro da fase aguda ou logo em seguida. Insuficiência respiratória, descompensação, miocardite, lesão hepática aguda, envolvimento neurológico – (meningoencefalite, Guillain-Barre), perda auditiva neurossensorial, uveíte e necrose de pele do nariz. INFECÇÕES SUBCCLÍNICAS: depende do local. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Dengue, zika, artrite reumatoide soronegativa (devido à rigidez matinal), febre tifoide, leptospirose, malária, meningococcemia, rubéola, mononucleose, parvovirose, HIV agudo, rickettsiose. DIAGNÓSTICO - Até o 5 dia, pedir isolamento viral. - Sorologia IgM após o 5 dia TRANSMISSÃO Pela picada do mosquito infectado. Vertical – intrauterina. Aleitamento – ainda não descrito. Sexual – já foi descrito. Hemoderivados. Acidente ocupacional. Transplante de órgãos. @claimafra – Infectologia med UFOB MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Período de incubação de 2 a 14 dias, duração da doença de 2 a 7 dias. O vírus é detectado no sangue por até uma semana. Adultos: 75 a 80% são assintomáticos. Febre baixa, exantema maculopapular, artralgia (pequenas articulações das mãos e pés), conjuntivite, mialgia, cefaléia, dor abdominal e astenia. Menos comum: dor abdominal, náuseas, vômitos, úlceras mucosas e prurido. Na gravidez está associada a microcefalia, perda fetal no 1º trimestre. Sendo o maior risco de malformações em grávidas infectadas no primeiro trimeste. Pode haver evolução para Guillain Barré: Doença desmielinizante ou de degeneração axonal – Fraqueza muscular, arreflexia/hiporreflexia, não tem tempo de ter atrofia muscular e fasciculações, mas pode ter défict de um pouco da força e hiporreflexia/arreflexia. DIAGNÓSTICO Caso confirmado: Confirmação laboratorial: detecção do RNA viral (sangue ou outras amostras), detecção de antígeno sérico e detecção de IgM. RT-PCR: positivo em um breve período (3 a 7 dias). IgM: 4 a 7 dias após o início dos sintomas.
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