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Legislação Penal Extravagante 07

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Aula 07
Passo Estratégico de Legislação Penal
Extravagante p/ PC-RN (Agente e
Escrivão) Pós-Edital
Autores:
Telma Vieira, Tulio Lages
Aula 07
24 de Dezembro de 2020
 
 
 1 
 
Sumário	
Introdução ......................................................................................................................................... 2	
Análise Estatística ............................................................................................................................. 2	
Roteiro de revisão e pontos do assunto que merecem destaque ................................................... 4	
Aposta Estratégica .......................................................................................................................... 25	
Questões Estratégicas .................................................................................................................... 27	
Questionário de Revisão e Aperfeiçoamento ................................................................................. 44	
Perguntas ..................................................................................................................................... 44	
Perguntas com Respostas ........................................................................................................... 46	
Lista de Questões Estratégicas ....................................................................................................... 51	
Gabarito .......................................................................................................................................... 57	
 
 
Telma Vieira, Tulio Lages
Aula 07
Passo Estratégico de Legislação Penal Extravagante p/ PC-RN (Agente e Escrivão) Pós-Edital
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 2 
 
INTRODUÇÃO	
Olá, pessoal, tudo bem? 
Neste relatório, dando continuidade à análise dos pontos do nosso edital, vamos estudar Lei 
Maria da Penha(Lei nº 11.340/06). Como vocês podem perceber, é uma Lei muito cobrado pela 
banca examinadora. 
Vamos ver como o assunto costuma ser cobrado e quais os pontos merecem uma atenção 
especial nos seus estudos. 
Vamos à análise! 
 
ANÁLISE	ESTATÍSTICA	
Inicialmente, convém destacar os percentuais de incidência dos assuntos de LEP previstos no 
cronograma do curso, no universo das questões da FGV, entre os anos de 2015 a 2020: 
Legislação Penal Especial 
% de cobrança em provas anteriores 
Lei nº 11.340/06 17,89% 
Lei nº 9.099/1995 - 11,38% 
Lei nº 7.210/1984 9,76% 
Lei nº 9.605/1998 - 8,94% 
Lei nº 11.343/2006 8,13% 
Lei nº 12.850/2013 8,13% 
Lei nº 8.069/1990 6,50% 
Lei nº 10.826/2003 5,69% 
Lei nº 9.503/1997 5,69% 
Lei nº 9.296/1996 - 4,07% 
Telma Vieira, Tulio Lages
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 3 
 
Lei nº 8.666/1993 4,07% 
Lei nº 9.455/1997 2,44% 
Lei nº 8.072/1990 - 2,44% 
Lei nº 9.613/1998 1,63% 
Crimes Eleitorais 0,81% 
Lei nº 13.869/2019 0,81% 
Lei nº 8.137/1990 0,81% 
Lei nº 10.741/2003 0,81% 
 	
Telma Vieira, Tulio Lages
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 4 
 
ROTEIRO	DE	REVISÃO	E	PONTOS	DO	ASSUNTO	QUE	MERECEM	DESTAQUE	
A ideia desta seção é apresentar um roteiro para que você realize uma revisão 
completa do assunto e, ao mesmo tempo, destacar aspectos do conteúdo que 
merecem atenção. 
 
A seguir listamos algumas súmulas importantes sobre o tema e que frequentemente costumam 
cair nas provas. 
§ Súmula 536 do STJ - A suspensão condicional do processo e a transação penal não se 
aplicam na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (Súmula 536, 
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015) 
§ Súmula 542, STJ - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 
§ Súmula 588 do STJ - A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com 
violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena 
privativa de liberdade por restritiva de direitos. (Súmula 588, TERCEIRA SEÇÃO, julgado 
em 13/09/2017, DJe 18/09/2017) 
§ Súmula 589 do STJ - É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou 
contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas. 
(Súmula 589, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/09/2017, DJe 18/09/2017) 
§ Súmula 600 do STJ - Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no 
artigo 5º da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor 
e vítima. (Súmula 600, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/11/2017, DJe 27/11/2017) 
 
Não menos importante é a vedação do art. 17 da Lei, bastante explorada em provas. 
 Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a 
substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
 
A seguir, destaco a demasiada importância do estudo aprofundado do artigo 5º da Lei Maria da 
Penha, à luz da jurisprudência. 
 
Telma Vieira, Tulio Lages
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 5 
 
 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a 
mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos 
que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou 
por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de 
orientação sexual. 
 
Para a configuração dos crimes desta lei não se exige o vínculo familiar conjugal, podendo os 
mesmos ocorrer, por exemplo, entre irmãos, pai e filha, amigos, namorados, noivos e etc. 
Nesse passo, vejamos algumas decisões interessantes: 
LEI MARIA DA PENHA. BRIGA ENTRE IRMÃOS. 
A hipótese de briga entre irmãos - que ameaçaram a vítima de morte - amolda-
se àqueles objetos de proteção da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). In 
casu, caracterizada a relação íntima de afeto familiar entre os agressores e a 
vítima, inexiste a exigência de coabitação ao tempo do crime, para a 
configuração da violência doméstica contra a mulher. Com essas e outras 
ponderações, a Turma, por maioria, denegou a ordem de habeas corpus. 
Precedentes citados do STF: HC 106.212-MS, DJe 13/6/2011; do STJ: HC 
115.857-MG, DJe 2/2/2009; REsp 1.239.850-DF, DJe 5/3/2012, e CC 103.813-
MG, DJe 3/8/2009. HC 184.990-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 
12/6/2012. 
Telma Vieira, Tulio Lages
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 6 
 
 
LEI MARIA DA PENHA. CRIME DE AMEÇA ENTRE IRMÃOS. 
A Turma, cassando o acórdão recorrido, deu provimento ao recurso para 
estabelecer a competência de uma das varas do Juizado de Violência Doméstica 
e Familiar contra a Mulher para examinar processo em que se apura a prática do 
crime de ameaça. Na hipótese, o recorrido foi ao apartamento da sua irmã, com 
vontade livre e consciente, fazendo várias ameaças de causar-lhe mal injusto e 
grave, além de ter provocado danos materiais em seu carro, causando-lhe 
sofrimento psicológico e dano moral e patrimonial, no intuito de forçá-la a abrir 
mão do controle da pensão que a mãede ambos recebe. Para os integrantes da 
Turma, a relação existente entre o sujeito ativo e o passivo deve ser analisada em 
face do caso concreto, para verificar a aplicação da Lei Maria da Penha, tendo o 
recorrido se valido de sua autoridade de irmão da vítima para subjugar a sua 
irmã, com o fim de obter para si o controle do dinheiro da pensão, sendo 
desnecessário configurar a coabitação entre eles. Precedentes citados: CC 
102.832-MG, DJe 22/4/2009, e HC 115.857-MG, DJe 2/2/2009. REsp 1.239.850-
DF, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/2/2012. 
 
DIREITO PENAL E PROCESSUAL PENAL. APLICAÇÃO DA LEI MARIA DA 
PENHA NA RELAÇÃO ENTRE MÃE E FILHA. 
É possível a incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) nas relações 
entre mãe e filha. Isso porque, de acordo com o art. 5º, III, da Lei 11.340/2006, 
configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou 
omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual 
ou psicológico e dano moral ou patrimonial em qualquer relação íntima de afeto, 
na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, 
independentemente de coabitação. Da análise do dispositivo citado, infere-se 
que o objeto de tutela da Lei é a mulher em situação de vulnerabilidade, não só 
em relação ao cônjuge ou companheiro, mas também qualquer outro familiar ou 
pessoa que conviva com a vítima, independentemente do gênero do agressor. 
Nessa mesma linha, entende a jurisprudência do STJ que o sujeito ativo do crime 
pode ser tanto o homem como a mulher, desde que esteja presente o estado de 
vulnerabilidade caracterizado por uma relação de poder e submissão. 
Precedentes citados: HC 175.816-RS, Quinta Turma, DJe 28/6/2013; e HC 
250.435-RJ, Quinta Turma, DJe 27/9/2013. HC 277.561-AL, Rel. Min. Jorge 
Mussi, julgado em 6/11/2014. 
 
Telma Vieira, Tulio Lages
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 7 
 
A conduta “vias de fato”, como configura contravenção penal e não crime, não autoriza a prisão 
preventiva do réu descrita no art. 313, do CPP. Vaja o informativo nº 632 de 28/09/2018: 
A prática de contravenção penal, no âmbito de violência doméstica, não é 
motivo idôneo para justificar a prisão preventiva do réu. 
Inicialmente cumpre destacar que a prática de vias de fato é hipótese de 
contravenção penal (art. 21 do Decreto-Lei n. 3.688/1941), e não crime, o que 
contraria o disposto no art. 313, II, do Código de Processo Penal. Deste modo, 
em se tratando de aplicação da cautela extrema, não há campo para 
interpretação diversa da literal, uma vez que não há previsão legal que autorize a 
prisão preventiva contra autor de uma contravenção, mesmo na hipótese 
específica de transgressão das cautelas de urgência já aplicadas. (HC 437.535-SP, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. Acd. Min. Rogerio Schietti Cruz, por 
maioria, julgado em 26/06/2018, DJe 02/08/2018). 
 
Para esclarecer trouxemos o elucidativo conceito sobre “vias de fato”, ensinado pelo professor 
Guilherme Nucci: 
“É a contravenção penal prevista no Dec.-lei 3.688/1941, art. 21, consistente em 
praticar qualquer forma de violência física contra pessoa humana. Somente se 
pune com base nesta contravenção se o fato não constituir crime, geralmente, 
lesão corporal. A diferença básica entre vias de fato e lesões corporais é a ofensa 
à integridade física da vítima; havendo e devidamente atestada por laudo, 
configura-se o crime; do contrário, a simples contravenção. Exemplo de vias de 
fato: um tapa no rosto. Eleva-se a pena de um terço até metade se a vítima for 
maior de 60 anos”. 
 
No Informativo nº 625 do STJ, a Corte definiu não caracterizar bis in idem o reconhecimento das 
qualificadoras de motivo torpe e de feminicídio no crime de homicídio praticado contra mulher 
em situação de violência doméstica e familiar. 
Observe-se, inicialmente, que, conforme determina o art. 121, § 2º-A, I, do CP, a 
qualificadora do feminicídio deve ser reconhecida nos casos em que o delito é 
cometido em face de mulher em violência doméstica e familiar. Assim, 
"considerando as circunstâncias subjetivas e objetivas, temos a possibilidade de 
coexistência entre as qualificadoras do motivo torpe e do feminicídio. Isso 
porque a natureza do motivo torpe é subjetiva, porquanto de caráter pessoal, 
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enquanto o feminicídio possui natureza objetiva, pois incide nos crimes 
praticados contra a mulher por razão do seu gênero feminino e/ou sempre que o 
crime estiver atrelado à violência doméstica e familiar propriamente dita, assim 
o animus do agente não é objeto de análise" (HC 433.898-RS, Rel. Min. Nefi 
Cordeiro, por unanimidade, julgado em 24/04/2018, DJe 11/05/2018). 
Outro artigo importante para a sua banca é o 7º, do Estatuto. 
Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou 
saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause dano 
emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação 
de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou 
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à 
autodeterminação; (Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018); 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, 
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o 
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de 
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, 
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, 
difamação ou injúria. 
 
A banca costuma misturar ou criar hipóteses inexistentes dos conceitos definidos neste artigo. O 
mesmo se dá com as medidas protetivas de urgência do art. 22, 23 e 24 da Lei. 
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 9 
 
 
 
 
Apenas para fazer um link, a Lei 13.772/18 também fez alterações no Código Penal, 
acrescentando um novo Capítulo aos crimes contra a Dignidade Sexual, Capítulo I-A, art. 216-B, 
que criminaliza o registro não autorizado da intimidade sexual, forma de violação da intimidade: 
CAPÍTULO I-A 
DA EXPOSIÇÃO DA INTIMIDADE SEXUAL 
Registro não autorizado da intimidade sexual 
Art. 216-B. Produzir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, conteúdo com 
cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado sem autorização 
dos participantes: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa.” 
 
As bancas costumam misturar ou criar hipóteses inexistentes dos conceitos definidos neste 
artigo, bem como com as medidas protetivas de urgência do art. 22, 23 e 24 da Lei. 
 
 
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor 
Art.22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos 
termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou 
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão 
competente, nos termos daLei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
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 10 
 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite 
mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e 
psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de 
atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras previstas 
na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as circunstâncias o 
exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério Público. 
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas condições 
mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003, o juiz 
comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição as medidas protetivas de 
urgência concedidas e determinará a restrição do porte de armas, ficando o superior 
imediato do agressor responsável pelo cumprimento da determinação judicial, sob 
pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de desobediência, conforme o caso. 
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o juiz 
requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no caput 
e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de Processo Civil). 
Seção III 
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário de 
proteção ou de atendimento; 
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 11 
 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo 
domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a 
bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou daqueles de 
propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as 
seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e 
locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos 
materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins previstos 
nos incisos II e III deste artigo. 
 
 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade 
física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus 
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de 
convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; 
ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
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 12 
 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado 
disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado 
no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a 
manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério 
Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida 
protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela 
Lei nº 13.827, de 2019) 
 
Até a edição da Lei nº 13.827/19, a autoridade judicial era a competente para a concessão das 
medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha. A lei nº 13.827/19 trouxe uma 
exceção, permitindo que a medida protetiva de afastamento do lar seja concedida pelo 
Delegado de Polícia (se o município não for sede de comarca) ou o policial (caso não haja 
Delegado de Polícia no momento da denúncia). 
 
Além disso, a Lei nº 13.827/19 inseriu um dispositivo na Lei Maria da Penha (§2º, do artigo 12-C) 
proibindo expressamente a concessão de liberdade provisória ao autor de um crime praticado 
com violência doméstica e familiar contra a mulher caso esteja demonstrado que a soltura do 
agente acarretará risco à integridade física da vítima ou risco à efetividade da medida protetiva 
de urgência. 
Mas atenção: tal dispositivo deve ser interpretado em conjunto com as regras do CPP que dizem 
respeito à prisão preventiva e liberdade provisória. 
Por fim, a lei nº 13.827/19 acrescentou o artigo 38-A, prevendo que as medidas protetivas de 
urgência deverão ser registradas em banco de dados para fiscalização de sua efetividade. 
Vejamos o dispositivo: 
 
Art. 38-A. O juiz competente providenciará o registro da medida protetiva de 
urgência. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
Parágrafo único. As medidas protetivas de urgência serão registradas em banco de 
dados mantido e regulamentado pelo Conselho Nacional de Justiça, garantido o 
acesso do Ministério Público, da Defensoria Pública e dos órgãos de segurança 
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pública e de assistência social, com vistas à fiscalização e à efetividade das medidas 
protetivas. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
 
Prosseguindo: 
Seção IV (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência 
previstas nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 
2018) 
§ 1o A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que 
deferiu as medidas. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
§ 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá 
conceder fiança. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
§ 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções 
cabíveis. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
Importa observar que antes da referida alteração legislativa o descumprimento de 
medidas protetivas de urgêncianão era considerado crime pelo STJ, não 
respondendo o agente sequer pelo crime de desobediência previsto no art. 330 
do CP, uma vez que havia uma sanção na Lei 11.340/06 para o descumprimento de 
tais medidas: 
“(...) 1. O Superior Tribunal de Justiça firmou o entendimento de que para a 
caracterização do crime de desobediência não é suficiente o simples 
descumprimento de decisão judicial, sendo necessário que não exista previsão 
de sanção específica. 
2. A Lei n. 11.340/06 determina que, havendo descumprimento das medidas 
protetivas de urgência, é possível a requisição de força policial, a imposição de 
multas, entre outras sanções, não havendo ressalva expressa no sentido da 
aplicação cumulativa do art. 330 do Código Penal. 
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3. Ademais, há previsão no art. 313, III, do Código de Processo Penal, quanto à 
admissão da prisão preventiva para garantir a execução de medidas protetivas 
de urgência nas hipóteses em que o delito envolver violência doméstica. 
4. Em respeito ao princípio da intervenção mínima, não há que se falar em 
tipicidade da conduta atribuída ao recorrido, na linha dos precedentes deste 
Sodalício. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1528271/DF, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 
13/10/2015.” 
Após a alteração legislativa, a lei criou um tipo penal específico para o descumprimento de 
medidas protetivas, respondendo o agente pelo art. 24-A da Lei, e não pelo crime de 
desobediência do CP. 
Apenas para deixar registrado, a lei 13.641/18 que inseriu o art. 24-A na Lei 11.340/06 é uma lei 
posterior mais gravosa (uma vez que antes dela a conduta de descumprir as medidas protetivas 
de urgência não era crime). Assim, ela não retroage, e só responderá pelo crime o agente que 
descumpriu medidas protetivas a partir de 04/04/18, data da entrada em vigor da lei. 
 
 
Atenção também para a alteração que a Lei 13.771/18 efetuou no art. 121 do CP, aumentando a 
pena do crime do feminicídio caso tenha sido praticado em descumprimento das medidas 
protetivas de urgência, nos seguintes termos: 
Aumento de pena 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for 
praticado: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) 
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos 
I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela 
Lei nº 13.771, de 2018) 
 
Outro dispositivo importante é o art. 10-A da Lei, incluído pela Lei nº 13.505/2017. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o atendimento 
policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - preferencialmente do 
sexo feminino - previamente capacitados. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
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§ 1o A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de 
violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, obedecerá às seguintes 
diretrizes: (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, considerada a sua 
condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº 
13.505, de 2017) 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência doméstica e 
familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados ou suspeitos e pessoas a 
eles relacionadas; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o mesmo fato nos 
âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos sobre a vida 
privada. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
§ 2o Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de testemunha de 
delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o seguinte procedimento: (Incluído 
pela Lei nº 13.505, de 2017) 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o qual conterá os 
equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação de violência doméstica e 
familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência sofrida; (Incluído pela Lei nº 13.505, de 
2017) 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional especializado em violência 
doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária ou policial; (Incluído pela Lei 
nº 13.505, de 2017) 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a degravação e a 
mídia integrar o inquérito. (Incluído pela Lei nº 13.505, de 2017) 
 
 
Com esse entendimento, algumas questões com o seguinte teor já foram elaboradas. 
Considerou CORRETAS as seguintes alternativas: 
§ Se duas mulheres mantiverem uma relação homoafetiva há mais de dois anos, e uma 
delas praticar violência moral e psicológica contra a outra, tal conduta estará sujeita à 
incidência da Lei Maria da Penha, ainda que elas residam em lares diferentes. 
§ Nos termos da Lei n.º 11.340/2006 — Lei Maria da Penha —, a empregada doméstica 
poderá ser sujeito passivo de violência praticada por seus empregadores. 
Por outro lado, considerou INCORRETA a assertiva: 
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§ Afasta-se a incidência da Lei Maria da Penha na violência havida em relações 
homoafetivas se o sujeito ativo é uma mulher. 
 
Façam uma breve leitura, mas com atenção, das medidas de integração de prevenção previstas 
no art. 8º e 9º da Lei. 
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO 
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a 
mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por 
diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria 
Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, 
trabalho e habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, 
com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às 
conseqüências e à freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a 
sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica 
dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da 
pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou 
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III 
do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em 
particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência 
doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em 
geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das 
mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de 
promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação 
da violência doméstica e familiar contra a mulher; 
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VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do 
Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas 
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de 
irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de 
raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os 
conteúdos relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e 
ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E 
FAMILIAR 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será 
prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei 
Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de 
Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso. 
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo 
federal, estadual e municipal. 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para 
preservar sua integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração 
direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de 
trabalho, por até seis meses. 
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e 
tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das 
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos de 
violência sexual. 
 
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Não são aplicáveis aos crimes cometidos na incidência da Lei Maria da Penha os institutos 
despenalizadores da Lei 9.099/95. Segundo a jurisprudência, o que se pode aproveitar é tão 
somente o rito mais célere trazido por esta lei. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a 
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 
26 de setembro de 1995. 
 
AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO 
CORPORAL – NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal 
resultante de violência doméstica contra a mulher é pública 
incondicionada – considerações. Vistos, relatados e discutidos estes autos, 
acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em julgar procedente a ação 
direta para, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos 
da Lei nº 11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em 
caso de crime de lesão corporal, pouco importando a extensão desta, praticado 
contra a mulher no ambiente doméstico, nos termos do voto do relator e por 
maioria, em sessão presidida pelo Ministro Cezar Peluso, na conformidade da ata 
do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. (STF, ADIN 4.424; 
RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO) 
 
Lembrando que a vítima, nos crimes de ação pública condicionada à representação, pode se 
retratar até o recebimento da denúncia, e desde que compareça em audiência especial perante 
o juiz para tanto. É o caso do crime de ameaça. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida 
de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, 
em audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento 
da denúncia e ouvido o Ministério Público. 
 
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 No CP, o crime de lesão corporal leve se procede mediante Ação Penal Pública Condicionada à 
Representação, a teor do art. 88 da Lei 9099/95. No entanto, tendo em vista a gravidade do 
contexto envolvendo os crimes praticados contra a mulher no raio de incidência da Lei Maria da 
Penha, o STJ firmou o entendimento de que, nesses casos, a lesão corporal leve será processável 
mediante Ação Penal Pública INCONDICIONADA. Nesse caso, descabe falar em retratação 
na lesão corporal leve cometido no contexto da Lei Maria da Penha. 
Súmula 542 STJ – “A ação penal pública relativa ao crime de lesão corporal 
leve resultante de violência doméstica contra a mulher é pública 
incondicionada”. 
 
Vale apena transcrever novamente as definições do art. 5º da lei, bem como o art. 6º: 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar 
contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause 
morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou 
patrimonial: (Vide Lei complementar nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de 
orientação sexual. 
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma 
das formas de violação dos direitos humanos. 
 
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Por fim, importante trazer as recentíssimas Leis que alteram a Lei Maria da Penha, 
a saber: 
• Lei 13.827/2019: acrescentou o art. 12-C; 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade 
física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus 
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de 
convivência com a ofendida: 
I - pela autoridade judicial; 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado 
disponível no momento da denúncia. 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no 
prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a 
manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério 
Público concomitantemente. 
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade 
da medida protetiva de urgência, não será concedida liberdade 
provisória ao preso 
 
• Lei 13.836/2019: incluiu o inciso IV ao §1° do art. 12; 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, feito o 
registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os seguintes 
procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo Penal: 
(...) 
§ 1º O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá 
conter: 
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I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descriçãosucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
IV - informação sobre a condição de a ofendida ser pessoa com 
deficiência e se da violência sofrida resultou deficiência ou agravamento 
de deficiência preexistente. ( Incluído pela Lei nº 13.836, de 2019) 
 
• Lei 13.871/2019: acrescentou os §§4º, 5º e 6º ao art. 9º: 
 § 4º Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou 
psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os 
danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo com a 
tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total 
tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os 
recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas 
unidades de saúde que prestarem os serviços. 
 
§ 5º Os dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e 
disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou familiar 
amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo agressor. 
 
§ 6º O ressarcimento de que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar 
ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem 
configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.” (NR) 
 
• Lei 13.880/2019: altera a Lei Maria da Penha, para prever a apreensão de arma de fogo 
sob posse de agressor em casos de violência doméstica, na forma em que especifica. 
 
• Acrescenta o inciso VI-A ao art. 12 da Lei Maria da Penha: 
VI-A - verificar se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo e, na 
hipótese de existência, juntar aos autos essa informação, bem como notificar a 
ocorrência à instituição responsável pela concessão do registro ou da emissão do 
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porte, nos termos da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003 (Estatuto do 
Desarmamento); 
 
• Acrescenta o inciso IV ao art. 18 da Lei Maria da Penha: 
IV - determinar a apreensão imediata de arma de fogo sob a posse do agressor.” (NR) 
 
• Lei 13.882/2019: alterou a Lei Maria da Penha, para garantir a matrícula dos 
dependentes da mulher vítima de violência doméstica e familiar em instituição de 
educação básica mais próxima de seu domicílio. 
 
• Acrescenta os §§7 e 8 ao art. 9º da Lei Maria da Penha: 
§ 7º A mulher em situação de violência doméstica e familiar tem prioridade para 
matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu 
domicílio, ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos 
documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de 
violência doméstica e familiar em curso. 
 
§ 8º Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou 
transferidos conforme o disposto no § 4º deste artigo, e o acesso às informações será 
reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder público.” 
(NR) 
 
• Acrescenta o inciso V ao art. 23 da Lei Maria da Penha: 
V - determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação 
básica mais próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, 
independentemente da existência de vaga.” (NR) 
 
• Lei 13.894/2019: vejamos as alterações promovidas na Lei Maria da Penha, listadas no 
art. 1º da nova Lei: 
Art. 1º A Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), passa a vigorar 
com as seguintes alterações: 
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“Art. 9º (...) 
§ 2º (...) 
 III - encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso, inclusive para 
eventual ajuizamento da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de 
casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo competente. 
 
“Art. 11. (...) 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços disponíveis, 
inclusive os de assistência judiciária para o eventual ajuizamento perante o juízo 
competente da ação de separação judicial, de divórcio, de anulação de casamento ou 
de dissolução de união estável.” (NR) 
 
“Art. 14-A. (VETADO). 
§ 1º (VETADO). 
§ 2º (VETADO).” 
 
IMPORTANTE: 
Art. 14-A. A ofendida tem a opção de propor ação de divórcio ou de dissolução de 
união estável no Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. 
Promulgação partes vetadas 
§ 1º Exclui-se da competência dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher a pretensão relacionada à partilha de bens. 
§ 2º Iniciada a situação de violência doméstica e familiar após o ajuizamento da ação 
de divórcio ou de dissolução de união estável, a ação terá preferência no juízo onde 
estiver. 
 
“Art. 18. (...) 
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II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência judiciária, 
quando for o caso, inclusive para o ajuizamento da ação de separação judicial, de 
divórcio, de anulação de casamento ou de dissolução de união estável perante o juízo 
competente; 
 
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APOSTA	ESTRATÉGICA	
A ideia desta seção é apresentar os pontos do conteúdo que mais possuem 
chances de serem cobrados em prova, considerando o histórico de questões da 
banca em provas de nível semelhante à nossa, bem como as inovações no 
conteúdo, na legislação e nos entendimentos doutrinários e jurisprudenciais1. 
Nossa aposta de hoje vai para as alterações promovidas pela Lei nº 13.827/19 na Lei Maria da 
Penha. Vejamos novamente os dispositivos legais: 
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade 
física da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus 
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de 
convivência com a ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
I - pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
II - pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; 
ou (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado 
disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado 
no prazo máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a 
manutenção ou a revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério 
Público concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019) 
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida 
protetiva de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela 
Lei nº 13.827, de 2019) 
 
Até a edição da Lei nº 13.827/19, a autoridade judicial era a competente para a concessão das 
medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha. A lei nº 13.827/19 trouxe uma 
exceção, permitindo que a medida protetiva de afastamento do lar seja concedida pelo 
 
1	Vale deixar claro que nem sempre será possível realizar uma aposta estratégica para um determinado assunto, 
considerando que às vezes não é viável identificar os pontos mais prováveis de serem cobrados a partir de critérios 
objetivos ou minimamente razoáveis. 
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Delegado de Polícia (se o município não for sede de comarca) ou o policial (caso não haja 
Delegado de Polícia no momento da denúncia). 
 
Além disso, a Lei nº 13.827/19 inseriu um dispositivo na Lei Maria da Penha (§2º, do artigo 12-C) 
proibindo expressamente a concessão de liberdade provisória ao autor de um crime praticado 
com violência doméstica e familiar contra a mulher caso esteja demonstrado que a soltura do 
agente acarretará risco à integridade física da vítima ou risco à efetividade da medida protetiva 
de urgência. 
Mas atenção: tal dispositivo deve ser interpretado em conjunto com as regras do CPP que dizem 
respeito à prisão preventiva e liberdade provisória. 
 
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QUESTÕES	ESTRATÉGICAS	
 
Nesta seção apresentamos e comentamos uma amostra de questões objetivas 
selecionadas estrategicamente: são questões com nível de dificuldade 
semelhante ao que você deve esperar para a sua prova e que, em conjunto, 
abordam os principais pontos do assunto. 
A ideia, aqui, não é que você fixe o conteúdo por meio de uma bateria extensa 
de questões, mas que você faça uma boa revisão global do assunto a partir de, 
relativamente, poucas questões. 
1. (2018 – FGV – PC/AP – DELEGADO DE POLÍCIA) 
Carla compareceu à Delegacia para narrar ter sido vítima de um crime de lesão corporal 
leve (Art. 129, §9º, CP - pena: 3 meses a 3 anos de detenção) que teria sido praticado 
por seu marido, Juarez, primário, em contexto de violência doméstica e familiar contra 
a mulher. Após requerimento, foram aplicadas medidas protetivas de afastamento do 
lar e não aproximação da vítima, tendo o oficial de justiça realizado a intimação de 
Carla e Juarez sobre o teor da decisão. Dois dias depois da intimação, Juarez retorna à 
casa de Carla e a ameaça para retomada do relacionamento. Carla, então, comparece 
ao Ministério Público para narrar o ocorrido e o promotor de justiça formula pedido de 
decretação da prisão preventiva de Juarez, que foi acolhido. Após o oferecimento da 
denúncia, mas antes de seu recebimento, Carla se arrepende e diz não mais ter 
interesse em ver o autor do fato processado. 
Com base apenas nas informações narradas e nas previsões da Lei nº 11.340/06 (Lei 
Maria da Penha.), é correto afirmar que: 
a) poderá ser requerido o relaxamento da prisão preventiva, tendo em vista que a pena 
prevista para o delito é menor que 4 anos e o autor do fato não é reincidente; 
b) poderá ser oferecida proposta de suspensão condicional do processo, tendo em 
vista que o denunciado é primário e a pena mínima do delito é inferior a 1 ano; 
c) não poderá Carla se retratar da representação, tendo em vista que a Lei nº 11.340/06 
somente admite retratação até o oferecimento da denúncia; 
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d) poderá Carla se retratar da representação, tendo em vista que ainda não houve 
recebimento da denúncia, mas deverá ser realizada perante o magistrado e ouvido o 
Ministério Público, para gerar a extinção da punibilidade; 
e) não poderá Carla impedir o prosseguimento da ação penal por não mais ter vontade 
de ver o acusado responsabilizado criminalmente, mas poderá requerer a revogação 
das medidas protetivas aplicadas. 
 
Comentários: 
 
a) ERRADA. Poderá ser requerido o relaxamento da prisão preventiva, tendo em vista que a 
pena prevista para o delito é menor que 4 anos e o autor do fato não é reincidente; 
Veja o artigo 313 do CPP, que versa sobre a prisão preventiva. 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 
(quatro) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, 
ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal; (Redação dada pela Lei nº 12.403, de 2011). 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, 
idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas 
de urgência; 
Note que, mesmo a pena descrita no enunciado ter sido menor que 4 anos e o agente não ser 
reincidente, o inciso III autoriza a aplicação da medida restritiva de liberdade nos crimes 
cometidos no âmbito da Lei Maria da Penha. 
b) ERRADA. A lei é expressa em não permitir os benefícios da lei 9099/95. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
d/e) ERRADAS. É INCONDICIONADA a referida ação, conforme entendimento jurisprudencial, 
e, portanto, não caberá, em nenhum momento, a retratação. 
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 29 
 
e) ERRADA. O STF firmou o entendimento de que o crime de lesão corporal resultante de 
violência doméstica contra a mulher é publica incondicionada. 
Súmula 542 - A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência 
doméstica contra a mulher é pública incondicionada. (Súmula 542, TERCEIRA SEÇÃO, 
julgado em 26/08/2015, DJe 31/08/2015) 
AÇÃO PENAL – VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER – LESÃO CORPORAL – 
NATUREZA. A ação penal relativa a lesão corporal resultante de violência doméstica contra 
a mulher é pública incondicionada – considerações. Vistos, relatados e discutidos estes 
autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal em julgar procedente a ação 
direta para, dando interpretação conforme aos artigos 12, inciso I, e 16, ambos da Lei nº 
11.340/2006, assentar a natureza incondicionada da ação penal em caso de crime de lesão 
corporal, pouco importando a extensão desta, praticado contra a mulher no ambiente 
doméstico, nos termos do voto do relator e por maioria, em sessão presidida pelo Ministro 
Cezar Peluso, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas taquigráficas. 
(STF, ADIN 4.424; RELATOR: MIN. MARCO AURÉLIO) 
Desta forma, sendo INCONDICIONADA, a titularidade da ação é do Ministério Público, não 
tendo a vítima ingerência sobre o ajuizamento e o prosseguimento da ação. Contudo, poderá a 
vítima requerer a revogação das medidas protetivas, o que será analisado pelo magistrado. 
 
GABARITO E. 
 
 
2. (2018 – FGV – OAB) 
 
Bruna compareceu à Delegacia e narrou que foi vítima de um crime de ameaça, delito este 
de ação penal pública condicionada à representação, que teria sido praticado por seu 
marido Rui, em situação de violência doméstica e familiar contra a mulher. Disse, ainda, ter 
interesse que seu marido fosse responsabilizado criminalmente por seu comportamento. 
O procedimento foi encaminhado ao Ministério Público, que ofereceu denúncia em face de 
Rui pela prática do crime de ameaça (Art. 147 do Código Penal, nos termos da Lei nº 
11.340/06). Bruna, porém, comparece à Delegacia, antes do recebimento da denúncia, e 
afirma não mais ter interesse na responsabilização penal de seu marido, com quem 
continua convivendo. Posteriormente, Bruna e Rui procuram o advogado da família e 
informam sobre o novo comparecimento de Bruna à Delegacia. 
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 30 
 
Considerando as informações narradas,o advogado deverá esclarecer que 
a) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é irrelevante e não 
poderá ser buscada proposta de suspensão condicional do processo. 
b) a retratação de Bruna, perante a autoridade policial, até o momento, é válida e suficiente 
para impedir o recebimento da denúncia. 
c) não cabe retratação do direito de representação após o oferecimento da denúncia; logo, 
a retratação foi inválida. 
d) não cabe retratação do direito de representação nos crimes praticados no âmbito de 
violência doméstica e familiar contra a mulher, e nem poderá ser buscada proposta de 
transação penal. 
 
Comentários: 
 
a) CORRETA. Veja como a Lei Maria da Penha dispõe sobre a retratação da vítima. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que 
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público. 
Note que se trata apenas de crime de ameaça (art. 147 CP), mas no âmbito de incidência da Lei 
Maria da Penha. Tal crime é processável mediante Ação Penal Pública Condicionada à 
Representação da Vítima, e de acordo com o artigo supracitado, pode haver a retratação, EM 
AUDIÊNCIA ESPECIAL PERANTE O JUIZ, ouvido o MP e antes do recebimento da denúncia. 
Portanto, a retratação somente perante a autoridade policial (Delegado de Polícia), é irrelevante 
antes de passar pelo crivo o Poder Judiciário. 
Noutro giro, ressalta-se que não poderá se buscar a proposta da suspensão condicional do 
processo, uma vez que descabe a aplicação dos benefícios da lei 9099/95, conforme 
determinado pelo art. 41 da Lei. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
Cumpre-nos trazer, inclusive, o verbete da Súmula 536 do STJ no mesmo sentido. 
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 31 
 
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam 
na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (Súmula 536, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015) 
b) ERRADA. Mesma fundamentação da alternativa anterior. 
c) ERRADA. Segundo o art. 16 da lei, a retratação poderá ocorrer até o recebimento da 
denúncia, ou seja, depois do recebimento é que não caberá a representação. Ademais, a 
retratação só é válida após a audiência especial em juízo, o que ainda não ocorreu no caso 
narrado. 
d) ERRADA. Segundo o art. 16 da lei, cabe a retratação nos crimes de ação pública condicionada 
a representação no âmbito da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
GABARITO A. 
 
 
3. (2018 – FGV – MP/RJ – ESTÁGIO FORENSE) 
 
Ana e seu namorado Romeu, enquanto estavam no cinema, iniciaram uma discussão em 
razão de ciúmes, não se conformando Romeu com o fato de Ana ter cumprimentado Jorge, 
seu colega de trabalho. Durante a discussão, Romeu ameaçou sua namorada de morte. 
Ana, inconformada com a conduta daquele com quem mantinha relacionamento há mais de 
três anos, comparece à Delegacia e narra o ocorrido. 
Sobre a situação narrada e as previsões da Lei nº 11.340/06, é correto afirmar que: 
a) os crimes de ação penal pública condicionada à representação, quando praticados no 
contexto da Lei nº 11.340/06, admitem a retratação do direito de representação, desde 
que antes do recebimento da denúncia, em audiência especial, na presença do juiz e 
ouvido o Ministério Público; 
b) o juiz, através de medidas protetivas de urgência requeridas por quem de direito, 
poderá determinar a proibição de contato e aproximação com a vítima, mas não a 
suspensão de posse regular de arma de fogo ou afastamento do lar quando as partes 
convivam; 
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c) a ofendida deverá ser intimada das audiências que precisa comparecer, não sendo 
necessária, porém, sua notificação dos demais atos processuais, das decisões sobre 
medidas protetivas ou ingresso e saída do autor do fato da prisão. 
d) aos crimes praticados no contexto da Lei nº 11.340/06 não se admite composição civil 
dos danos ou transação penal, tão só sendo possível proposta de suspensão condicional do 
processo; 
e) a relação de namoro de Ana, por não constituir casamento ou união estável, não justifica 
a aplicação da Lei nº 11.340/06, ainda que o delito tenha sido praticado em razão de 
violência de gênero. 
 
Comentários: 
 
a) CORRETA. Conforme dispõe o art. 16 da Lei. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que 
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público. 
b) ERRADA. Ambas as medidas protetivas de urgência mencionadas na alternativa, estão 
elencadas na lei. 
 
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor 
Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos 
desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, 
as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão 
competente, nos termos da Lei no10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo 
de distância entre estes e o agressor; 
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 33 
 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio de 
comunicação; 
c) freqüentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e 
psicológica da ofendida; 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de 
atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
c) ERRADA. 
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao agressor, 
especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo da intimação 
do advogado constituído ou do defensor público. 
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao agressor. 
d) ERRADA. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam 
na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (Súmula 536, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015) 
e) ERRADA. Outro dispositivo bastante importante é o que prevê a definição para o que se 
entendem como violência doméstica e familiar contra a mulher. Memorizem esse artigo também. 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar 
nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidadeformada por indivíduos que 
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido 
com a ofendida, independentemente de coabitação. 
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Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação 
sexual. 
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de 
violação dos direitos humanos. 
Nesse passo, verificamos que para a configuração dos crimes no âmbito da Lei Maria da Penha, 
não é obrigatório que a relação ocorra em virtude de casamento ou união estável, sendo a 
incidência da norma bastante abrangente para as relações que nela se enquadre. 
 
GABARITO A. 
 
 
4. (2018 – FGV – TJ/SC - ANALISTA) 
 
Lauro foi denunciado pela prática do crime de lesão corporal leve praticada no contexto de 
violência doméstica e familiar contra a mulher (art. 129, § 9º, CP – pena: 3 meses a 3 anos 
de reclusão). Antes do recebimento da denúncia, veio a ser denunciado em outra ação 
penal, dessa vez pelo crime de ameaça, também praticado no contexto da Lei nº 
11.340/06, após a vítima ter comparecido à Delegacia, narrado o ato e afirmado que 
desejava ver Lauro processado, nos termos exigidos pelo Código Penal para 
responsabilização criminal, pleiteando medidas de urgência. Após o oferecimento das 
denúncias, mas antes do recebimento, a companheira de Lauro, Joana, suposta vítima, 
comparece ao cartório do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, 
informando não mais ter interesse em ver Lauro responsabilizado criminalmente pelos 
fatos. 
Diante da informação de Joana, o servidor poderá esclarecer que a vontade da vítima: 
a) não poderá ensejar retratação da representação em relação a ambos os delitos, tendo 
em vista que, por serem praticados em contexto de violência doméstica e familiar contra a 
mulher, a responsabilização penal independe da vontade da ofendida; 
b) poderá justificar a retratação da representação em relação a ambos os delitos, mas tal 
retratação deverá ocorrer em audiência especial, na presença do magistrado, ouvido o 
Ministério Público; 
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c) não poderá ensejar retratação da representação em relação a ambos os delitos, tendo 
em vista que, ainda que a vontade da ofendida possa ser relevante, já houve oferecimento 
das denúncias; 
d) poderá justificar retratação da representação em relação ao crime de ameaça, 
observadas as exigências legais em audiência especial, mas não do crime de lesão corporal; 
e) poderá justificar a retratação da representação em relação a ambos os delitos, sendo 
válida, para tanto, mera declaração da ofendida nos autos. 
 
Comentários: 
 
Novamente a FGV aborda o tema da retratação no que tange à Lei Maria da Penha. 
O crime de ameaça é processável mediante Ação Penal Pública Condicionada à Representação, 
conforme o art. 147, parágrafo único do CP. 
Ameaça 
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio 
simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
Agora repare no art. 16 da Lei Maria da Penha que trata da retratação. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que 
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público. 
Assim sendo, a vítima poderá se retratar da representação em relação ao crime de ameaça, 
desde que o faça em audiência especial na presença do juiz, e somente até o recebimento da 
denúncia. 
Da mesma forma, o crime de lesão corporal leve também se procede mediante Ação Penal 
Pública Condicionada à Representação, a teor do art. 88 da Lei 9099/95. 
 Art. 88. Além das hipóteses do Código Penal e da legislação especial, dependerá de 
representação a ação penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e lesões culposas. 
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No entanto, tendo em vista a gravidade do contexto envolvendo os crimes praticados contra a 
mulher no raio de incidência da Lei Maria da Penha, o STJ firmou o entendimento de que, nesses 
casos, a lesão corporal leve será processável mediante Ação Penal Pública Incondicionada. 
Súmula 542 STJ – “A ação penal pública relativa ao crime de lesão corporal leve resultante 
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. 
Portanto, descabe falar em retratação nesse caso, já que a retratação é incompatível com o 
sistema das ações penais públicas incondicionadas. 
Assim, em suma, a vítima poderá se retratar em relação ao crime de ameaça, mas não poderá 
fazê-la em relação à lesão corporal leve cometida no âmbito de incidência da Lei Maria da 
Penha. 
 
GABARITO D. 
 
 
5. (2018 – FGV – ALERO – CONSULTOR LEGISLATIVO) 
 
Deputados estaduais agendaram reunião para debater providências que poderiam adotar 
em conjunto com o objetivo de esclarecer às mulheres sobre os direitos advindos a partir 
da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06). Para que não houvesse equívocos, realizaram 
consultas sobre as previsões do diploma legal em questão e do Código de Processo Penal. 
Diante disso, deverá ser esclarecido que: 
a) mesmo diante de crime de ameaça praticado por agente tecnicamente primário, cuja 
pena é inferior a 4 anos, poderá ser decretada a prisão preventiva do agente se houver 
descumprimento de medida protetiva anteriormente aplicada; 
b) uma vez comparecendo em sede policial para noticiar crime de ameaça, delito esse de 
ação penal pública condicionada à representação, não mais poderá a vítima se retratar, 
ainda que em audiência especial antes do recebimento da denúncia, na presença do juiz e 
ouvido o Ministério Público; 
c) a lei será aplicada sempre que o crime for praticado em desfavor de pessoas do sexo 
feminino como forma de preconceito, ainda que não exista relação íntima de afeto com o 
autor do fato; 
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d) não será admitida aplicação dos institutos despenalizadores previstos na Lei 9.099 (Lei 
dos Juizados Especiais), ainda que a pena máxima do delito seja inferior a 02 anos, mas 
poderá haver substituição da pena privativa de liberdade unicamente por prestação 
pecuniária; 
e) as vítimas poderão requerer a aplicação de medidas protetivas de urgência, mas não 
existe possibilidade de o juiz conceder acesso prioritário à remoção quando servidora 
pública. 
 
Comentários: 
 
a) CORRETA. 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas 
nesta Lei: (Incluído pela Lei nº 13.641, de 2018) 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. (Incluído pela Lei nº 13.641, de 
2018) 
§ 1o A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz que 
deferiu as medidas. 
O fato do crime precedente ser menos ou mais grave, não influi na penalidade relativa ao 
descumprimento das medidas protetivas aplicadas pelo juiz. Se o agente descumprir as medidas, 
poderá ser aplicada a pena acima elencada. 
b) ERRADA. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que 
trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação peranteo juiz, em audiência 
especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o 
Ministério Público. 
É cabível a retratação da vítima, antes do recebimento da denúncia, nos crimes de Ação Penal 
Pública Condicionada a Representação, desde que analisado em audiência especial perante o 
juiz. Cabe ressaltar que a lesão corporal leve, a teor do verbete da Súmula 542 do STJ, é 
considerado pela jurisprudência como sendo de Ação Penal Pública Incondicionada. Nesse caso, 
não caberia a retratação. 
Súmula 542 STJ – “A ação penal pública relativa ao crime de lesão corporal leve resultante 
de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada”. 
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c) ERRADA. Para que seja configurada a incidência da Lei Maria da Penha, é necessário que o 
crime seja praticado no contexto definido pela lei, a saber: 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher 
qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, 
sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: (Vide Lei complementar 
nº 150, de 2015) 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que 
são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade 
expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido 
com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de orientação 
sexual. 
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas de 
violação dos direitos humanos. 
Não basta que ocorra crime contra a mulher tendo como fundamento o preconceito, é 
necessário que o mesmo seja cometido em um dos contextos elencados pela lei. 
d) ERRADA. A alternativa começa bem e acerta ao dizer que não serão admitida a aplicação dos 
institutos despenalizadores da Lei 9099/95. É o que prevê a legislação e a jurisprudência. 
 Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, 
independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro de 
1995. 
Súmula 536 STJ – A suspensão condicional do processo e a transação penal não se aplicam 
na hipótese de delitos sujeitos ao rito da Lei Maria da Penha. (Súmula 536, TERCEIRA 
SEÇÃO, julgado em 10/06/2015, DJe 15/06/2015) 
No entanto, erra a questão ao aduzir que poderá haver a substituição da pena privativa de 
liberdade por prestação pecuniária, contrariando a legislação. 
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de 
pena que implique o pagamento isolado de multa. 
e) ERRADA. Ao arrepio do art. 9º, §2º, I da Lei. 
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 39 
 
Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar será prestada 
de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na Lei Orgânica da 
Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, 
entre outras normas e políticas públicas de proteção, e emergencialmente quando for o 
caso. 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração 
direta ou indireta; 
 
GABARITO A. 
 
 
6. (2017 – FGV – MPE/BA - ANALISTA) 
 
Desde que foi criada, em 2006, a Lei Maria da Penha tem sido reconhecida pela maioria 
dos brasileiros como importante instrumento de punição aos homens que agem com 
violência contra as companheiras. 
A lei também prevê programas que visam à reabilitação e reeducação do agressor, tendo 
como objetivos, EXCETO: 
 a) estimular o rompimento do ciclo de violência; 
 b) prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher; 
 c) fomentar a responsabilização da mulher pela violência; 
 d) contribuir para a equidade de gênero; 
 e) refletir sobre a ideologia patriarcal e as relações de poder. 
 
Comentários: 
 
A lei prevê uma série de medidas integradas de prevenção, as quais encontram-se elencadas no 
art. 8º da Lei. 
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO 
Telma Vieira, Tulio Lages
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Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher far-
se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria 
Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, educação, trabalho e 
habitação; 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações relevantes, com a 
perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às conseqüências e à 
freqüência da violência doméstica e familiar contra a mulher, para a sistematização de 
dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação periódica dos resultados das 
medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais da pessoa e 
da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exacerbem a 
violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso III do art. 1o, 
no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, em particular 
nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da violência 
doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em geral, e 
a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros instrumentos de 
promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades não-
governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de erradicação da 
violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, do Corpo 
de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enunciados no inciso I 
quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos de irrestrito 
respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os conteúdos 
relativos aos direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia e ao problema da 
violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Repare que a norma é recheada de diretrizes voltadas à promoção da igualdade de gênero e 
outras voltadas para a diminuição e a ideal cessação dos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. Portanto, pela norma, é possível extrair o conteúdo apresentado nas 
alternativas, exceto a da alternativa C, a qual é ilógica e irrazoável no contexto apresentado pela 
lei. 
Telma Vieira, Tulio Lages
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GABARITO C. 
 
 
7. (2016 – FGV – MPE/BA - ANALISTA)

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