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principios contratuais

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Princípios do Direito Contratual
1. PRINCÍPIO DA LIBERDADE DAS PARTES (OU AUTONOMIA DA VONTADE)
O direito de contratar, então, estava sob a égide da autonomia da vontade, sendo as partes livres para contratar, vedada qualquer interferência estatal sobre o direito individual das partes contratantes, nascendo assim contratos atípicos, surgindo direitos e obrigações livres entre as partes acordadas, mesmo que esses direitos não sejam ilimitados pois obedecem a um ordenamento jurídico voltados à defesa da parte economicamente mais fraca do contrato, objetivando igualar os contratantes no que diz respeito ao acesso às informações necessárias para a realização do negócio jurídico.,
E com isso não sendo admitidos aqueles provenientes de erro, dolo, coação ou outros vícios, podendo ser anulados como prevê o artigo 171 , II, do Código Civil2002.
Por fim, o princípio da liberdade das partes encontra limites voltados à defesa da parte economicamente mais fraca do contrato, objetivando igualar os contratantes no que diz respeito ao acesso às informações necessárias para a realização do negócio jurídico.
2- PRINCÍPIO DA FORÇA OBRIGATÓRIA DOS CONTRATOS (PACTA SUNT SERVANDA)
O princípio da força obrigatória dos contratos traz ao contrato a vinculação das partes, (pacta sunt servanda- os pactos devem ser cumpridos).
O contrato, observados a sua legalidade, constitui-se em lei entre as partes, o que só através de outro contrato que altere o anterior ou alguma causa que a lei extinga , estando sujeitos às sanções cabíveis, pela responsabilidade contratual.
Assim, na intenção de fazer valer a igualdade entre as partes, o Estado atenuou o radicalismo do princípio da obrigatoriedade, admitindo a intervenção estatal, através de meios judiciais, no conteúdo do contrato, com o objetivo de adequá-lo à situação concreta formada após a celebração do contrato.
3-PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS CONTRATUAIS
O contrato, em regra, por força da obrigatoriedade dos contratos, vincula exclusivamente as partes contratantes, não aproveitando nem prejudicando terceiros à relação jurídica. Assim, os direitos e obrigações assumidos em um contrato se limitam apenas aos contratantes não podendo atingir terceiros estranhos ao contrato com algumas exceções dos herdeiros universais (artigo1.792 do Código Civil/2002) ;porém, a obrigação assumida pelo de cujus não lhes será transmitida além da herança; e da estipulação em favor de terceiros, (como é o caso do seguro de vida).
A concepção de que as estipulações do contrato só tem efeito entre os contratantes é coerente com o modelo clássico de contrato, uma vez que gera a satisfação de necessidades exclusivamente individuais das partes[20].
Entretanto, com a nova perspectiva do direito civil, inclusive com o Código Civil de 2002, essa concepção passa a ser inspirada não mais no individualismo da ideologia liberal, mas no princípio da socialidade, com objetivo de enfraquecer a ideia do contrato apenas como instrumento da satisfação dos interesses egoísticos das partes, reconhecendo o valor social dos contratos.
Nesse sentido, Diogo Leonardo Machado de Melo entende que
[...] dada a função social do contrato, terceiros a ele estranhos possam nele influir, em razão de serem direta ou indiretamente por ele atingidos, impondo-se assim revisão do princípio da relatividade dos efeitos do contrato.
Assim, coloca-se como limite da liberdade contratual a função social dos contratos, um dos princípios modernos, admitindo, portanto, a possibilidade dos feitos dos contratos recair também sobre terceiros alheios à relação contratual.
4 - PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA
Para que haja segurança jurídica nos contratos, faz-se imprescindível que as partes celebrem o negócio com lealdade, honestidade, probidade, honradez, confiança recíproca, ou seja, procedam com boa-fé.
Dessa forma, decidiu-se adjetivar o conceito, distinguindo boa-fé subjetiva e objetiva. Para Fábio Ulhoa Coelho, a boa-fé subjetiva corresponde à virtude de dizer o que acredita e acreditar no que diz, ou seja, é o estado interno do sujeito; já a boa-fé objetiva é representada pela conduta do contratante que demonstre seu respeito à outra parte
O Código Civil de 2002 prevê a boa-fé em três artigos, quais sejam: (i) artigo 187, sobre o exercício do direito art. 113, sobre a interpretação da norma jurídica art. 422, que se refere à boa-fé contratual.
Assim, se os contratantes não agirem com a boa-fé objetiva em qualquer das fases do contrato, estarão descumprindo uma obrigação imposta por lei, incorrendo em ato ilícito, tendo como consequências as mesmas de qualquer ilicitude.
5. PRINCÍPIO DO EQUILÍBRIO ECONÔMICO( ou da equivalência material)
O valor de justiça hoje prestigiado pelo direito contratual trouxe ao contrato o princípio do equilíbrio econômico, que consiste na isonomia entre os contratantes no que toca às condições para defender seus interesses.
Se os contratantes forem economicamente iguais, o equilíbrio se dará pela isonomia (nesse cenário, nenhum deles poderá titularizar direito contratual que não seja reconhecido pela ordem jurídica também para o outro). Já entre os contratantes desiguais, o equilíbrio não se estabelecerá pela isonomia, mas sim através da lei, que deverá atribuir à parte mais fraca da relação contratual direitos e prerrogativas negados à outra, com o objetivo de equalizar as condições com que negociam.
Dessa forma, para que não haja o esmagamento das partes economicamente mais fracas, imprescindível que o direito contratual estabeleça o equilíbrio entre as partes, com o objetivo de atingir o máximo de igualdade de condições para a celebração do negócio jurídico.
6. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DOS CONTRATOS
Para tanto, os contratantes, embora sejam livres para ajustar os termos do contrato, deverão agir sempre dentro dos limites que se fazem necessários para evitar que o seu negócio prejudique injustamente terceiros alheios ao contrato.
 Mônica Yoshizato Bierwagen as classifica em três principais, quais sejam: (i) a função econômica, uma vez que representa um instrumento de circulação de riquezas e difusão de bens; (ii) a função regulatória, pois reúne direitos e obrigações assumidos pelas partes voluntariamente; e (iii) a função social, já que o exercício do contrato dirige-se para a satisfação dos interesses sociais
O Código Civil de 2002 , art. 421 celebra a função social dos contratos limitando, o contrato em função social do negócio contratual.
O princípio da função social dos contratos, então, é de suma importância para que os interesses individuais não ultrapassem os interesses coletivos e sociais, levando para as relações contratuais mais justiça e igualdade podendo acarretar indenizações contratuais e até sua anulação.
7. Princípio da conservação do contrato. 
Segundo o princípio da conservação ou aproveitamento do contrato, entende-se que se uma cláusula contratual permitir duas interpretações diferentes, prevalecerá a que possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os contratantes tenham celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade.
Critérios práticos para interpretação dos contratos (Maria Helena Diniz – Tratado teórico e prático dos contratos)
· a melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo como vinham executando o contrato, de comum acordo;
· * deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor;
· * as cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais; 
· * qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, não o foi; 
· * na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exeqüível (princípio da conservação do contrato); 
· * em relação aos termos do contrato, considerar-se-á que, por mais genéricos que sejam, só abrangem os bens sobre os quais os interessados contratarem e não os de que não cogitaram; 
· * nas cláusulas duvidosas, prevalecerá o entendimento de que se deve favorecer quem se obriga;· * nos contratos gratuitos, a interpretação deve proceder-se no sentido de fazê-lo o menos pesado possível para o devedor; nos onerosos, deve-se buscar interpretar de modo a alcançar um equilíbrio eqüitativo entre os interesses das partes; 
· * na dúvida entre a gratuidade e a onerosidade do contrato, presumir-se-á esta e não aquela; 
· * nas convenções que tiverem por objeto uma universalidade de coisas, compreendem-se nela todos os bens particulares que a compõem, mesmo aqueles de que os contraentes não tiverem conhecimento; 
· * no contrato de locação que apresentar dúvidas, resolver-se-á contra o locador; 
· * no contrato seguido de outro, que o modifica parcialmente, a interpretação deverá considerar ambos como um todo orgânico. 
bibiografia
https://mlu25.jusbrasil.com.br/artigos/450052172/direito-civil-contratos-principios-contratuais-dos-principios-tradicionais-aos-modernos> acesso em 20/03/2021

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